HISTÓRIA E CULTURA

Massacre de Mỹ Lai

matancav topoFoto ao lado - O piloto Hugh Thompson, Jr. teve um papel importante no fim do massacre de Mỹ Lai e depois testemunhou contra os criminosos responsáveis.Thompson, por outro lado, foi considerado um traidor durante anos, recebendo até ameaças de morte. O reconhecimento pelo ato de heroísmo só aconteceu quando seu nome entrou para o Hall da Fama da Aeronáutica norte-americana.

O massacre de Mỹ Lai (em vietnamita: thảm sát Mỹ Lai) foi um assassinato em massa de civis sul-vietnamitas desarmados por tropas dos Estados Unidos no distrito de Sơn Tịnh, província de Quảng Ngãi, Vietnã do Sul, considerado um crime de guerra dos Estados Unidos, onde em 16 de março de 1968 cerca de 504 civis sul-vietnamitas, sendo 182 mulheres (17 grávidas) e 173 crianças, foram executados por soldados do exército dos Estados Unidos no maior massacre de civis cometido por tropas americanas durante a Guerra do Vietnã.

Operação

“As ordens eram para matar tudo que se mexesse.”

Na véspera da operação, integrantes da Companhia Charlie, da 11ª Brigada da 23ª Divisão de Infantaria (Americana) foram mandados à região por denúncias de que a área estaria servindo de refúgio para guerrilheiros vietcongs da FNL (Frente Nacional para a Libertação do Vietnã) que após o início da Ofensiva do Tet, em janeiro de 1968, estariam se retirando e se refugiando nestas áreas. Foram informados pelo comando norte-americano que os habitantes de My Lai e das aldeias vizinhas saíam para o mercado da região as sete da manhã para compra de comida e que, consequentemente, aqueles que ficassem na área seriam guerrilheiros vietcongs ou simpatizantes. A área das aldeias em torno de My Lai era inicialmente chamada de Pinkville pelas tropas americanas.

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Mulheres e crianças do Vietnã do Sul em Mỹ Lai antes de serem mortas no massacre, em 16 de março de 1968. Segundo o testemunho do tribunal, elas foram mortas segundos após a foto ser tirada. A mulher à direita está ajustando os botões da blusa após uma agressão sexual que ocorreu antes do massacre.

A Companhia Charlie, 1º Batalhão, 20º Regimento de Infantaria, 11ª Brigada da 23ª Divisão de Infantaria chegou ao Vietnã do Sul em dezembro de 1967. Embora seus três primeiros meses no Vietnã tenham passado sem nenhum contato direto com as forças do Exército Popular do Vietnã ou do Vietcong (VC), em meados de março, a companhia havia sofrido 28 baixas envolvendo minas ou armadilhas. Dois dias antes do massacre de My Lai, a companhia havia perdido um sargento popular para uma mina terrestre. Como consequência, integrantes de um dos pelotões da companhia, comandados pelo tenente William Calley, rumaram para o local.

Assassinatos

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Na manhã de 16 de março de 1968, às 7h30, cerca de 100 soldados da companhia Charlie, liderados pelo capitão Ernest Medina, após uma pequena barragem de artilharia, aterrissaram em helicópteros na área de Sơn Mỹ, um amontoado de retalhos de assentamentos, arrozais, valas de irrigação, diques e estradas de terra, conectando uma variedade de aldeias e sub-aldeias. As maiores dentre elas eram as aldeias Mỹ Lai, Cổ Lũy, Mỹ Khê e Tu Cung. Quando as tropas penetraram nas aldeias, o tenente Calley, lhes disse: "É o que vocês estavam esperando: uma missão de procurar e destruir". Calley diria mais tarde ter recebido ordens para "limpar My Lai", considerada um feudo dos combatentes da FNL. "As ordens eram para matar tudo o que se mexesse", diria mais tarde um dos militares americanos ao jornalista Seymour Hersh, que daria a conhecer ao mundo o horror praticado pelo exército dos Estados Unidos naquela aldeia. Os aldeões, que estavam se preparando para um dia de compra de comida, a princípio não entraram em pânico ou fugiram, pois foram levados para as áreas comuns da aldeia.

Harry Stanley, um artilheiro da companhia Charlie, disse durante o inquérito da Divisão de Investigação Criminal do Exército dos Estados Unidos que os assassinatos começaram sem aviso prévio. Ele primeiro observou um membro do 1º Pelotão atacar um homem vietnamita com uma baioneta. Então, o mesmo soldado empurrou outro aldeão para um poço e jogou uma granada no poço. Em seguida, viu quinze ou vinte pessoas, principalmente mulheres e crianças, ajoelhadas em torno de um templo com incenso em chamas. Elas estavam orando e chorando. Todas foram mortas por tiros na cabeça. Um grande grupo de aproximadamente 70 a 80 aldeões foi reunido pelo 1º Pelotão e levados a uma vala de irrigação a leste do assentamento.

Eles foram empurrados para a vala e mortos a tiros por soldados após ordens repetidas de Calley, que também estava atirando. PFC Paul Meadlo testemunhou que gastou vários cartuchos do seu fuzil M16. Ele lembrou que as mulheres estavam constantemente dizendo "No VC!" e estavam tentando proteger seus filhos.[10] Ele lembrou que estava atirando em mulheres com bebês nas mãos, pois estava convencido de que todas elas estavam presas com granadas e estavam prontas para atacar. Sob o comando de Calley, o pelotão não poupou ninguém. Em apenas quatro horas, mataram os animais, queimaram as choupanas, violaram, mutilaram e fuzilaram as mulheres e trucidaram homens e crianças. Para sobreviver, alguns habitantes tiveram que fingir-se de mortos, passando horas no meio dos cadáveres. No final do derramamento de sangue, havia 504 cadáveres dos aldeões, em sua grande maioria idosos, mulheres e crianças (cerca de 170), todos desarmados e assassinados a sangue frio. Ron Haeberle, fotógrafo militar que acompanhava o pelotão, encarregou-se de imortalizar a chacina.

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Nguyễn Thị Tẩu (chín T chu), morta por soldados dos Estados Unidos.

No Ocidente, o episódio é conhecido como o massacre de Mỹ Lai, e no Vietnã, como massacre de Sơn Mỹ, o nome do povoado a que pertenciam as quatro aldeias, entre elas My Lai, que serviram de cenário para a orgia matinal de atrocidades, celebrada pelos homens da Companhia Charlie, dirigida pelo capitão Ernest Medina.

Intervenção da tripulação de helicóptero

O massacre só foi interrompido graças à iniciativa do piloto de helicóptero, Hugh Thompson, Jr., que vendo do alto a matança, marcou a área com fumaça verde e pousou sua aeronave Hiller OH-23 Raven no campo e ordenou que sua tripulação abrisse fogo com suas metralhadoras laterais contra qualquer soldado americano da companhia Charlie em terra que se recusasse a obedecer a ordem de cessar-fogo contra um grupo de civis e crianças que ele estava tentando persuadir a segui-lo. Thompson então deu ordens a outros dois helicópteros UH-1 Huey que o acompanhavam naquele momento e sobrevoavam a área, que pousassem no campo e fizessem a evacuação de onze civis feridos que ele havia persuadido e retirado de um assentamento.

Após levantarem voo para fora da aldeia, um dos tripulantes da aeronave de Thompson, Glenn Andreotta, viu movimentos numa vala de irrigação entre os corpos no solo e Thompson desceu novamente, Andreotta teve que andar sobre vários corpos gravemente mutilados para chegar aonde estava indo. Ele levantou um cadáver ensanguentado com vários buracos de bala no tronco e ali, deitada embaixo dos corpos, havia uma criança de cinco ou seis anos, coberta de sangue e obviamente em estado de choque.

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Mulher e criança vítimas do massacre

A criança, Do Ba, foi retirada da vala de irrigação por Andreotta, Lawrence Colburn, o segundo tripulante da aeronave de Thompson recorda que Andreotta voltou com a criança em seu colo andando na vala de irrigação sobre uma pilha de cadáveres que chegavam à altura de sua cintura, Colburn estendeu o seu rifle para ajudar Andreotta a voltar para a aeronave com a criança. Depois de não encontrar mais sobreviventes e vendo que estavam ficando sem combustível, a equipe de Thompson transportou a criança para um hospital mais próximo em Quảng Ngãi.

Relatórios, encobrimento e investigação

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O crime só veio a público um mês depois, devido a denúncias saídas de dentro do exército, por soldados que testemunharam ou ouviram os detalhes do caso – e um deles, Ronald Ridenhour, escreveu a diversos integrantes do governo estadunidense, inclusive ao presidente Richard Nixon – e chegaram a órgãos de imprensa e às televisões. Jornalistas independentes conseguiram fotos dos assassinatos e as estamparam na mídia mundial, ajudando a aumentar o horror e os esforços dos pacifistas a pressionar o governo Nixon a se retirar do Vietnã.

Em março de 1970, 25 soldados foram indiciados pelo exército dos Estados Unidos por crime de guerra e ocultação de fatos e provas no caso de My Lai. Comparado pela mídia aos genocídios de Oradour-sur-Glane e Lídice durante a Segunda Guerra Mundial, que causou a condenação e execução de diversos oficiais nazistas, apenas o tenente William Calley, comandante do pelotão responsável pelas mortes foi indiciado e julgado.

Condenado à prisão perpétua, Calley foi perdoado dois dias depois da divulgação da sentença pelo presidente Nixon, cumprindo uma pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar na base militar de Fort Benning, na Geórgia.

Implicados no massacre

Oficiais:

William L. Calley. 2º Tenente. Líder do 1º Pelotão da Companhia Charlie. Foi o único a ser condenado pelo massacre.

Frank A. Barker. Tenente-Coronel, comandante da Força-Tarefa Barker. Ordenou a destruição da aldeia e de seus habitantes. Foi morto em combate no dia 13 de junho de 1968.

Stephen Brooks. Tenente. Líder do 2º Pelotão da Companhia de Charlie.

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Corpo não identificado no interior do poço da aldeia.

Oran K. Henderson. Coronel. Sobrevoou a aldeia em seu helicóptero e ordenou o ataque.

Samuel W. Koster. General, comandante da Divisão Americana. Cuidou de encobrir o que acontecera em My Lai.

Eugene Kotouc. Capitão da inteligência militar. Forneceu as informações sobre a aldeia atacada. Suspeito de ter participado de torturas e execuções sumárias, após o episódio de My Lai.

Ernest Medina. Capitão, comandante da Companhia Charlie. Planejou, autorizou e supervisionou as operações em My Lai.

Michael Bernhardt. Sargento. Por ter se recusado a participar da matança dos civis em My Lai, recebeu ameaças do capitão Medina. A partir de então, foi designado para várias missões muito arriscadas, mas saiu ileso delas. Foi uma das testemunhas no inquérito sobre o massacre. Em 1970, recebeu o prêmio "Humanista Ético".

Herbert Carter. Feriu-se acidental ou intencionalmente (recebeu um tiro no pé), sendo retirado do local onde ocorria o massacre.

Dennis Conti. No inquérito, declarou que, inicialmente, recusou-se a atirar contra os camponeses de My Lai, mas depois disparou com seu lançador de granada M79 sobre um grupo de pessoas que tentava fugir do massacre.

James Dursi. Matou uma mulher e sua criança, mas depois (segundo seu depoimento no Inquérito) negou-se a continuar matando.

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Soldado Capezza pondo fogo a uma casa da aldeia.

Ronald Grzesik. Líder de equipe. Participou do agrupamento dos moradores de My Lai, mas alegou ter se recusado a matá-los.

Robert Maples. Afirmou, no Inquérito, ter se recusado a participar do massacre.

Paul Meadlo. Inicialmente negou, mas depois admitiu sua participação na carnificina.

David Mitchell. Sargento. Apesar do depoimento de testemunhas que afirmaram tê-lo visto atirando sobre os civis de My Lai, foi declarado inocente no Inquérito.

Varnado Simpson. Suicidou-se em 1997, alegando não suportar o sentimento de culpa por ter cometido vários assassinatos em My Lai.

Harry Stanley. Alegou ter se recusado a participar da matança.

Ezequiel Torres. Torturou um velho aldeão de My Lai que ele encontrou com uma perna enfaixada (considerada suspeita). Atirou contra um grupo de dez mulheres e cinco crianças em uma cabana. Depois, recebeu ordens de Calley para disparar sua M60 contra os civis da aldeia. Ele teria disparado um única vez e depois se recusado a continuar. Então, Calley lhe teria tirado a arma das mãos, disparando ele próprio.

Frederick Widmer. No inquérito, descreveu com detalhes ter matado um menino de My Lai que estava com um braço despedaçado por um tiro. Ele olhou bem na cara da criança e disparou. “Gosto de pensar que pratiquei um ato de clemência. Mas sei que não foi direito” - declarou.

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Soldados Mauro, Carter, e Widmer (Carter foi ferido por um tiro "acidental").

Golpe no discurso pró-guerra

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A situação no Vietnã já era frágil em1968: sem resultados claros, o governo do democrata Lyndon Johnson se via sob pressão crescente para ordenar o retorno de seus militares, há mais de uma década envolvidos em uma guerra sem resultados do outro lado do mundo. As imagens da execução de um jovem líder vietcongue pelo general do Sul Nguyen Ngoc Loan, aliado dos EUA, já chocavam em 1968. Enquanto isso, o movimento pacifista só crescia, e jovens queimavam em público seus cartões de convocação para servir na guerra — na época, o serviço militar era obrigatório.

A ofensiva do Tet, na qual o Norte forçou amplos recuos do Sul pró-Ocidente durante 1968, foi amplamente mostrada in loco por figuras como o ultrapopular âncora Walter Cronkite, da CBS, indicando que a tática do então presidente de declarar avanços fracassava. De acordo com o site thevietnamwar.info, a cobertura noticiosa de vitórias dos EUA caiu de 62% para 44% na ofensiva, influenciando o sentimento de frustração.

— Devemos nos reservar o direito de exigir a responsabilização das pessoas que estão mandando os homens para a ação. Funciona. Funcionou no passado. Acho que funcionou no Vietnã — definiu Peter Arnett, um dos principais repórteres no Vietnã durante a guerra, na qual trabalhou principalmente para a agência Associated Press.

Outros episódios de violações das regras da guerra por forças americanas no Vietnã haviam sido noticiados — incluindo outros massacres semelhantes com menos vítimas, naquele mesmo ano de 1968 —, mas nada naquela escala. Os relatos de My Lai só confirmaram os cenários de horror que a imprensa denunciava de longa data.

— Ocasionalmente me pergunto: se as fotos não existissem, nós americanos poderíamos acreditar que tudo isso de fato aconteceu? — questionou Lynn Novick, cineasta que dirigiu uma série documental sobre a guerra, ao site “IndieWire”.

No fim de 1969, após a tardia divulgação do massacre e já com o republicano Richard Nixon no poder, o pouco apoio popular à guerra só erodia: jorravam críticas de ativistas e de políticos críticos da manutenção do conflito. Protestos que já viviam o auge com eventos como Woodstock começaram a tratar ações americanas como genocídio, e a guerra como imoral. Um mês após imensas manifestações pelo país e logo depois das revelações de Hersh, centenas de milhares de pessoas (dentre elas muitos veteranos) foram às ruas em 15 de novembro em Washington e em São Francisco, bastiões da mobilização contra a guerra. No fim do ano, pesquisas mostravam que quase 70% dos estudantes do país se classificavam como pacifistas. Mas não sem uma "contrarresistência".

— Em resposta, os defensores da guerra defenderam cada vez mais o envolvimento dos EUA no Vietnã em termos morais, ou como uma "causa nobre", como Ronald Reagan disse mais tarde — revela ao GLOBO o professor Edward Miller, especialista da Dartmouth College sobre a guerra e a História do Vietnã.

A pressão levou o Exército a levar adiante em 1970 as acusações formais, há muito abafadas: 26 militares foram indiciados por crime de guerra e ocultação de fatos e provas em My Lai. Apenas Calley acabaria condenado — à prisão perpétua —, mesmo sempre responsabilizando o capitão Medina pelas ordens para o massacre.

— Não há um único dia em que eu não sinta remorso pelo que aconteceu naquele dia em My Lai. Sinto remorso pelos vietnamitas que foram mortos, por suas famílias, pelos soldados americanos envolvidos e suas famílias. Lamento muito. Se você está perguntando por que eu não resisti a eles quando me deram as ordens, eu vou ter que dizer que eu era um segundo tenente recebendo ordens do meu comandante, e eu as segui. De maneira tola, acho — explicou-se, numa fala pública em 2009.

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Menino protegendo seu irmão....nenhum deles sobreviveu.

Num julgamento à parte no qual foi acusado de homicídios e ocultação, Medina garantiu não ter coordenado a ação, mas admitiu ter mentido sobre o número de vítimas relatadas. Ainda assim, acabou ileso na corte marcial, enquanto Calley acabou perdoado dias depois da sentença por Nixon, cumprindo pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar numa base militar na Geórgia.

— Os militares evitaram investigar. Não queriam punir ninguém. Não queriam saber o que aconteceu. E isso é profundamente perturbador. Deveria ser perturbador para todos os americanos o fato de que não tivemos a coragem moral naquele momento, e nossa liderança não queria expor isso — destacou o cineasta Lynn.

Depoimentos

"Eram muitos soldados, aproximaram-se da casa atirando nas galinhas e os patos. Matavam tudo o que viam. Sentimos um medo atroz. Na casa, estávamos minha mãe, minha filha de 16 anos, meu filho de seis e eu, que estava grávida. Apontaram suas armas para nós e pediram que saíssemos e fôssemos até o açude. (...) Havia muita gente no açude. Empurraram-nos para dentro dele a coronhadas. Juntávamos as mãos e implorávamos para que não nos matassem, mas eles começaram a disparar. Senti como se as balas me mordessem nas costas e na perna, vi como elas arrancaram metade do rosto de minha filha, e então desmaiei. O frio me devolveu a consciência. Meu filho pequeno jazia a meu lado. Não conseguia andar. Arrastei-me para chegar à minha casa e beber água porque estava com uma sede terrível. No caminho encontrei os corpos nus de muitas jovens. Eles as haviam violado e assassinado". Ha Thi Quy, 83 anos em 2008.

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Soldado Dustin queimando uma choupana da aldeia.

"Ainda ouço com nitidez os gritos dos soldados que irromperam em minha casa naquela manhã. ‘Tudi maus, tudi maus!’ Não sei o que isso queria dizer. Nem sei se era inglês ou uma imitação de vietnamita, mas era o que gritavam enquanto apontavam para nós e faziam sinais para sairmos. ‘Tudi maus, tudi maus!’ Minha mãe me disse para fugir e me esconder. Minhas irmãs corriam atrás de mim seguidas pela minha mãe com meus dois irmãos pequenos; o menor, tinha dois anos. Quando íamos entrar no abrigo, nos metralharam. Seus corpos caíram sobre mim". Cong Pham Thanh, que tinha onze anos no dia do massacre.

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Esta foto tirada pelo soldado do Exército dos Estados Unidos e integrante da Companhia Charlie, Ronald Haeberle, após o massacre, mostrando principalmente mulheres e crianças mortas em uma estrada, foi divulgada na imprensa de todo mundo em 1969, causando comoção internacional. Entre 347 e 504 pessoas foram mortas.

"Sobrevoamos uma vala em que haviam sido mortos mais de cem vietnamitas. Andreotta percebeu movimentos, então Thompson aterrissou novamente. Andreotta foi diretamente até a vala. Teve que caminhar entre cadáveres que chegavam à altura de sua cintura para resgatar uma criança pequena. Eu fiquei de pé, em campo aberto. Ele se aproximou e me entregou a criança, mas a vala estava tão cheia de cadáveres e de sangue que ele não conseguia sair. Estendi o meu rifle para ele e o ajudei a sair". Lawrence Colburn, artilheiro do helicóptero pilotado por Hugh Thompson.

“Eu vi um velho no meio do arrozal acenando amigavelmente, e então sendo assassinado pelos GIs (soldados americanos)… entrando na vila eu não vi nenhum VietCong, apenas camponeses fugindo de suas casas em chamas e imediatamente sendo mortos pelos GIs. Alguns GIs estão particularmente interessados em matar pessoas. A cada corpo que caía, eles gritavam: “deem-me outro alvo” Relato do soldado americano Herbert Carter

“Não se passa um só dia que seja em que eu não sinta remorsos pelo sucedido em My Lai. Se me perguntar porque eu fiz aquilo, só posso dizer que eu não passava de um segundo tenente a receber ordens do meu superior hierárquico, e que obedeci”. Depoimento de William Calley para um jornal local de Georgia

Fonte: https://pt.wikipedia.org
           https://oglobo.globo.com
           http://mundosemfim.com