QUALIDADE DE VIDA

Amaranto

amaranto1No dinâmico contexto da reeducação alimentar, de tempos em tempos, um novo alimento alcança o status de “novidade da vez” por conta de suas propriedades nutricionais superiores. Foi assim com a linhaça, a quinoa e, agora, o amaranto, nobre cereal cultivado na região dos Andes e do México, e que ganha cada vez mais adeptos nos grandes centros urbanos.O amaranto é um cereal rico em proteínas de alto valor biológico, minerais como cálcio, fósforo, potássio, vitaminas e aminoácidos essenciais ...

para o bom funcionamento do nosso organismo. Seus muitos benefícios se estendem aos mais diferentes perfis e necessidades específicas. O alto valor protéico de 14 a 20% a mais, quando comparado a outros cereais - e de minerais atuam na manutenção e no aumento da massa magra em atletas e esportistas amadores, além de contribuir para a diminuição do colesterol e a prevenção de doenças cardiovasculares, osteoporose e câncer na população de idosos e adultos em geral.

Rico em cálcio, o amaranto pode ser utilizado como substituto do leite animal, sendo indicado para crianças e pessoas com intolerância à lactose. Uma porção de amaranto contem mais cálcio do que um copo de leite e fornece quase o dobro de ferro do que o trigo, além de ser uma fonte excelente de fibras.

O alimento também funciona como uma ótima opção de variação nutritiva no cardápio dos celíacos, além de atuar no controle da glicemia em diabéticos, graças à alta concentração de fibras alimentares é maior do que as encontradas na aveia, milho e trigo.

O amaranto é uma fonte de tocotrienóis, tipo de vitamina E, que diminui os níveis de colestreol no sangue. Além disso contem óleo poliinsaturado ,encontrado principlamente no germe da semente.

É um óleo rico em ácido linoléico (um ácido graxo essencial) que auxilia no proceso antiinflamatório do organismo. Uma característica singular do amaranto é a grande concentração de esqualeno em sua composição, substância  somente encontrada em quantidades significativas nos óleos de fígado de animais marinhos. Suas propriedades  naturais incluem a ação antioxidante, no combate aos radicais livres, aumento da oxigenação do metabolismo e  proteção da membrana celular e sistema imunológico.

Comercializado em flocos naturais e com forma e consistência similares às da aveia , o amaranto  pode ser consumido com frutas e iogurte no café da manhã, como ingrediente de pães, bolos e doces, além de ser incorporado em sopas, vitaminas, entre outras receitas de pratos doces e salgados.


Uma opção nutritiva para reduzir o colesterol


Pesquisas recentes mostraram que o amaranto, um dos vegetais mais importantes da América pré-colombiana, além de altamente nutritivo, é um excelente redutor dos níveis de colesterol plasmático através de sua fração proteica que, ao ser digerida, inibe a enzima responsável pelo acúmulo de colesterol no organismo.

O estudo foi realizado pelo Laboratório de Bioquímica e Propriedades Funcionais dos Alimentos da Universidade de São Paulo (USP), que investiga os chamados alimentos funcionais. José Alfredo Gomes Arêas e colaboradores começaram a estudar o amaranto em 1996 para entender como a planta reduz as taxas de colesterol. Após induzirem o aumento do colesterol total e do LDL (o chamado mau colesterol) em coelhos, através de alimentos ricos em ácidos graxos saturados e outros compostos, os pesquisadores administraram uma dieta contendo o amaranto.

Os resultados mostraram que a fração protéica do amaranto é a responsável pela redução do colesterol, pois as proteínas, ao serem ‘quebradas’ na digestão, transformam-se em pequenas cadeias de aminoácidos capazes de inibir a enzima responsável pelo acúmulo do colesterol. Mas o mecanismo ainda não está completamente elucidado e a equipe continua investigando.

Em parceria com o Instituto do Coração (InCor) de São Paulo, foram feitos estudos com pacientes cuja taxa de colesterol estava elevada. A administração de amaranto, mesmo em pouca quantidade, junto com estatinas, diminuiu mais acentuadamente os níveis de colesterol dos pacientes. O pesquisador ressalta, entretanto, que mais estudos são necessários para que se possa avaliar a real participação do amaranto, uma vez que o número de pacientes testados era pequeno e eles também foram tratados com medicamentos.

Além da comprovada redução do colesterol em animais, o amaranto é naturalmente rico em proteínas de alto valor biológico, o que não é comum em vegetais - a maioria deles não têm alguns aminoácidos essenciais e seu aproveitamento é de 60% ou menos. A planta é ainda fonte de fibras, zinco, fósforo e cálcio biodisponível (pronto para ser assimilado pelo organismo), outro fato incomum nos vegetais. O amaranto também não contém glúten ou outras substâncias alergênicas em sua composição, o que o torna uma opção para os celíacos – pessoas com intolerância ao glúten.

A equipe da USP investiga formas de consumo da planta, que tem na semente a parte comestível mais importante, já que não é um alimento que faz parte da cultura alimentícia brasileira. Ele é conhecido como um pseudocereal. A semente, quando aquecida, estoura como pipoca e está sendo utilizada para a criação de barras de cereais, musli (mistura de cereais), pães, bolachas e saladas. A idéia é introduzir a semente em alimentos para os quais o paladar do brasileiro já está acostumado, assim como foi feito com a soja.

Atualmente, alguns produtores já cultivam o Amaranthus cruentus, espécie que tem se adaptado melhor às condições climáticas brasileiras.

O amaranto é um arbusto que pode atingir até 2 metros de altura, com folhas grandes e panículas (tufos semelhantes às espigas) que concentram as sementes. As folhas podem ser cozidas como a couve. Para a produção de farinha, é necessário extrair das sementes o óleo, que tem altos níveis de ácidos graxos insaturados e também poderia ser usado na alimentação.

Amaranto "dá o troco" na Monsanto

Efeito bumerangue na Monsanto por Sylvie Simons*, no site do MST - Nos EUA, agricultores precisaram abandonar cultivos de 5 mil hectares de soja trasngênica e outros 50 mil estão gravemente ameaçados. Esse pânico deve-se a uma erva “daninha” que decidiu se opor à gigante Monsanto, conhecida por ser a maior predadora do planeta. Insolente, essa planta mutante prolifera e desafia o Roundup, o herbicida total à base de glifosato, ao qual “nenhuma erva daninha resiste”.

Quando a natureza se recupera

Em 2004, um agricultor de Macon, situada a 130 km de Atlanta, no estado da Geórgia, EUA, notou que alguns brotos de amaranto resistiam ao Roundup que ele utilizava em suas lavouras de soja.

As lavouras vítimas dessa erva daninha invasora tinham sido semeadas com grãos Roundup Ready, que receberam um gene resistente ao Roundup ao “qual não resiste nenhuma erva daninha”.

amaranto2Desde então, a situação tem piorado e o fenômeno se estendeu a outros estados, como Carolina do Sul e do Norte, Arkansas, Tennessee e Missouri. Segundo um grupo de cientistas do Centro para A Ecologia e Hidrologia, organização britânica situada em Winfrith, Dorset, produziu-se uma transferência de genes entre a planta modificada geneticamente e algumas ervas indesejáveis como o amaranto. Essa constatação contradiz as afirmações peremptórias e otimistas dos que defendem os organismos modificados geneticamente (OGM), que afirmam que uma hibridização entre uma planta modificada geneticamente e uma não modificada é simplesmente “impossível”.Para o geneticista britânico Brian Johnson, especializado em problemas relacionados com a agricultura “basta que aconteça somente um cruzamento, que pode ocorrer entre várias milhões de possibilidades. Uma vez criada, a nova planta possui uma enorme vantagem seletiva e se multiplica rapidamente. O potente herbicida aqui utilizado, à base de glofosato e amônia, tem exercido uma pressão enorme sobre as plantas, que por sua vez aumentaram ainda mais a velocidade de adaptação”. Assim, ao que parece, um gene de resistência aos herbicidas deu origem a uma planta híbrida surgida de repente entre o grão que se supõe que ele protegeria e o amaranto, que por sua vez se torna impossível eliminar.

A única solução é arrancar à mão as ervas daninhas, como se fazia antigamente, mas isso já não é possível dadas as dimensões das áreas de cultivo. Além disso, por terem raízes profundas, essas ervas são extremamente difíceis de arrancar, razão pela qual simplesmente se abandonaram 5 mil hectares de soja.

Muitos agricultores pretendem renunciar aos OGM e voltar para a agricultura tradicional, ainda mais por que os cultivos OGM estão cada vez mais caros, e a rentabilidade é primordial para esse tipo de lavoura. Assim, Alan Rowland, produtor e vendedor de sementes de soja em Dudley, Missouri, afirma que já ninguém pede sementes do tipo Roundup Ready, da Monsanto, que ultimamente representavam o 80% do volume de seus negócios. Hoje as sementes OGM estão desaparecendo de seu catálogo e a demanda por sementes tradicionais não deixa de aumentar.

Já em 25 de julho de 2005, o jornal The Guardian publicava um artigo de Paul Brown que revelava que os genes modificados de cereais tinham passado para as plantas selvagens e criado uma “super semente”, resistente aos herbicidas, algo “inconcebível” para os cientistas do Ministério do Meio Ambiente. Desde 2008 os meios de comunicação ligados à agricultura dos EUA informam cada vez mais casos de resistência, ao mesmo tempo em que o governo daquele país tem realizado cortes importantes no orçamento da Secretaria da Agricultura, que o obrigaram a reduzir e depois interromper algumas de suas pesquisas nessa área.

Planta diabólica ou sagrada?

Resulta divertido constatar que o amaranto, essa planta “diabólica” para a agricultura genética, é sagrada para os incas. Pertence aos alimentos mais antigos do mundo. Cada planta produz uma média de 12 mil sementes por ano e as folhas, mais ricas em proteínas que as da soja, contém sais minerais e vitaminas A e C.

Assim, esse bumarangue, devolvido pela natureza à Monsanto, não neutraliza somente essa empresa predadora, mas instala em seus domínios uma planta que poderia alimentar a humanidade em caso de fome. Ela suporta a maioria dos climas, tanto as regiões secas, como as de monção e as terras altas tropicais, além de não ter problemas nem com os insetos nem com doenças, com o que nunca precisará de aplicação de agrotóxicos.

Assim, o amaranto enfrenta a muito poderosa Monsanto como David se opôs a Golias, e todo mundo sabe como acabou o combate, mesmo que muito desigual! Se esses “problemas” ocorrerem em quantidade suficiente, que é o que parece que vai acontecer, em seguida não restará opção à Monsanto do que fechar as portas. Além de seus empregados, quem realmente se compadecerá com essa fúnebre empresa?

*Tradução: Renzo Bassanetti


Biscoito de amaranto (ovo-lacto)

1 xícara de amaranto em grãos
1 xícara de farinha de amaranto
2 xícaras de amido de milho
3/4 de xícara de água ou leite
2 ovos
1/2 xícara de manteiga
1/2 xícara de açúcar
1 colher (sobremesa) de fermento químico
1 colher (sobremesa) de sal

Preparo

Deixe o amaranto em grãos de molho por uma noite. Moa no liquidificador, com água, e adicione os ovos, o sal e o açúcar. Despeje em uma tigela, bata com a manteiga, o amido e a farinha de amaranto. Adicione o fermento por último. Unte as bandejas e despeje em pequenas quantidades. Leve ao forno pré-aquecido a 180°C. Retire quando começar a dourar (20 a 30 minutos).


Fonte: www.aloevita.com.br
       http://www.news.med.br/
       Correio Braziliense