CURIOSIDADES

Gênio Culto e Macabro: A Perturbadora História de Anatoly Moskvin e suas Bonecas Humanas

bonecamor topo2022 - Quando nos deparamos com relatos de crimes hediondos, atrocidades e maldades que ultrapassam os limites do cotidiano, é comum a sensação de que se trata de um enredo de cinema, uma história de terror, quase uma lenda, algo fictício narrado em livros, numa tentativa de se distanciar da realidade. É difícil acreditar que um ser humano, alguém semelhante a nós, possa ser capaz de tais atos. Contudo, quando falamos da natureza humana, estamos distantes de compreender plenamente até onde a mente e ações humanas podem chegar.

Em última análise, muitas vezes a arte imita a vida, e todas essas narrativas têm suas raízes em pessoas e situações reais. Não é meu propósito adentrar nas motivações por trás de tais atos, seja por questões de saúde mental, condições psiquiátricas ou pura crueldade. Hoje, trago à tona um caso para reflexão, um relato que choca, causando dúvidas, arrepios e incitando uma incredulidade, nos levando a questionar como um ser humano poderia realizar tais ações. Mais do que isso, reforço a ideia de que o mal não possui uma face específica, um estilo ou um tipo definido, mas permeia o nosso convívio, coexistindo naturalmente conosco.

Anatoly Moskvin, originário da Rússia e nascido em 1966, era reconhecido como um intelectual, erudito, um homem de extenso conhecimento, professor universitário, historiador, jornalista, doutor em cultura celta, fluente em treze idiomas, autor de várias obras e estudos sobre onomástica e toponímia. Ele se tornou uma das principais autoridades em estudos de cemitérios russos, inclusive redigindo um guia após visitar 752 cemitérios em toda a região de Nizhney Navgorod. Ele se autointitulava um "necropolista" genuíno. Moskvin aparentava ser um cidadão tranquilo e solitário, com um extenso currículo, porém escondia um perturbador interesse: a transformação de crianças e adolescentes do sexo feminino em múmias, criando bonecas humanas.

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"Os responsáveis (pais) negligenciaram suas filhas na exposição ao frio, enquanto eu as resgatei e as abriguei para aquecê-las."

Para compreender o contexto e a origem deste incidente, é necessário retroceder no tempo e seguir os eventos em ordem cronológica, ou quase. Por volta de 2009 e 2010, algumas famílias observaram que os túmulos de seus entes queridos haviam sido alvo de violações. Este caso ganhou destaque, pois os atos de vandalismo não se limitavam a um único local, mas se estendiam a vários outros cemitérios na região de Nizhney Navgorod.

Inicialmente, tanto a polícia quanto o governo não possuíam suspeitos ou pistas sobre o que estava ocorrendo. Contudo, à medida que os atos de violação aumentavam, surgiu a suspeita da existência de uma seita satânica. Assim, o departamento de crimes violentos do ministério do interior russo deu início a uma investigação. Verificou-se uma coincidência entre os atos de vandalismo e as datas em que Anatoly Moskvin visitava os cemitérios. Entretanto, Moskvin logo foi descartado como suspeito, uma vez que suas visitas aos locais estavam relacionadas a propósitos acadêmicos.

No dia 2 de novembro de 2011, as autoridades encontraram uma boneca na garagem de um prédio onde um suspeito residia, em Leninsky. Ao adentrarem o apartamento do suspeito, depararam-se com uma desordem intensa: o ambiente estava extremamente bagunçado, repleto de livros espalhados pelo chão, pilhas e mais pilhas de livros em todos os cômodos. Além disso, havia várias "bonecas" de tamanho real, posicionadas de diversas maneiras, algumas deitadas, outras sentadas, colocadas sobre pilhas de livros, cada uma com sua peculiaridade, envoltas em tecidos de estilos distintos. Ao todo, havia 28 "bonecas", uma delas inclusive trajada como um ursinho de pelúcia.

Durante a recolha das bonecas, uma delas emitiu som, revelando conter uma caixinha de música em seu interior, ativada ao ser manipulada. Mais tarde, após uma análise mais aprofundada, descobriu-se que essas "bonecas" na verdade eram corpos humanos transformados em forma de bonecas. Ficou evidente que o proprietário daquele local fabricava bonecas a partir de cadáveres. Não demorou para as autoridades russas estabelecerem a ligação e concluir que as "bonecas" eram feitas a partir de corpos de crianças e adolescentes, com idades entre 2 e 15 anos. O homem desenterrava os corpos de túmulos em cemitérios de toda a região, os levava para seu apartamento, os mumificava e então os transformava em "bonecas".

Como o título desta postagem indica e conforme mencionado ao descrever Anatoly Moskvin, o apartamento investigado pertencia a ele. Moskvin, que anteriormente fora descartado como suspeito devido às suas visitas de caráter acadêmico, tornou-se o principal suspeito. Ele chegou até mesmo a ser visto vandalizando fotografias de muçulmanos falecidos. Seus vizinhos descreviam Moskvin como alguém respeitável e inteligente. No meio acadêmico, ele era considerado um gênio e um estudioso notável, extremamente dedicado e distante de qualquer suspeita. No entanto, ocultava uma obsessão pela morte e um hobby mórbido e estranho. A polícia revelou que Moskvin havia coletado informações pessoais detalhadas sobre cada uma das vítimas que desenterrara, conduzindo um estudo exaustivo sobre elas.

A origem dessa obsessão pela morte e fascínio por figuras femininas jovens e falecidas permaneceu uma incógnita. Seis dias antes de ser preso, Moskvin publicou um artigo descrevendo um evento incomum que o marcou aos 13 anos e como isso o afetou. Em 1979, a caminho da escola, ele foi abordado por um grupo de pessoas vestidas de preto em um funeral. Ele foi conduzido até o caixão e obrigado a beijar a testa de uma jovem falecida, uma menina de 11 anos chamada Natasha Petrova. Este ritual místico, no qual ele foi forçado a participar, culminou com a mãe da jovem colocando anéis de casamento nos dedos dele e da falecida.

Levado a julgamento, Moskvin colaborou prontamente com a polícia em todos os aspectos. Foi acusado nos termos 1 e 2 do artigo 244 do Código Penal russo: violação de cadáveres e profanação de túmulos. Estima-se que ele tenha violado pelo menos 150 túmulos ao longo dos anos. Seu julgamento ocorreu em 25 de maio de 2012, e durante o processo, Moskvin foi mantido em custódia dentro de uma jaula. A promotoria solicitou a internação compulsória de Moskvin em um hospital psiquiátrico para tratamento, considerando-o insano conforme relatório apresentado por uma equipe de psiquiatras, que também diagnosticou nele esquizofrenia paranoide.

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Durante o julgamento, foi concedido a Moskvin o direito de se expressar, e do que foi entendido em seu discurso confuso, é que ele nutria um profundo afeto pelas crianças falecidas, e sua intenção era trazê-las de volta à vida. Ele mantinha uma rotina com as figuras, interagindo com elas, sentando-se para assistir à televisão. Elas possuíam uma linguagem própria, uma hierarquia e até mesmo canções... Embora se tenha levantado a possibilidade de haver conotação sexual em sua relação com as figuras, isso não foi descartado, mas também não foi comprovado.

Moskvin foi hospitalizado sob estrita observação em uma unidade psiquiátrica em Nizhny Novgorod. Lá, exames serão realizados anualmente para avaliar seu estado mental. Conforme as leis russas, ele permanecerá internado por um período indefinido. Se a sua condição estiver controlada, é possível que receba alta e retome uma vida considerada "normal". Ele expressou o desejo de ter uma filha e de ensinar inglês para crianças, caso seja libertado.

Ao longo dos anos desde sua internação, Moskvin teve sua sentença prorrogada. Em outubro de 2020, ele solicitou retornar ao tribunal para cuidar de sua mãe doente, mas ao ser questionado, não demonstrou remorso por seus atos, como expresso na seguinte declaração:

"Essas meninas são meninas. Não existem pais, na minha opinião. Eu não conheço nenhum deles. Além disso, eles enterraram suas filhas, e é aqui que eu acredito que seus direitos sobre elas terminam. Então, não, eu não me desculparia."

Apesar de uma equipe médica alegar que sua esquizofrenia está controlada e até mesmo recomendar sua liberação, o juiz responsável pelo caso estendeu sua condenação por mais seis meses. Até onde se sabe, Moskvin continua internado na instituição psiquiátrica até hoje.

REFERENCIAS:   WIKIPÉDIA

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