CIÊNCIA E TECNOLOGIA

Cientistas extraem o RNA de um tigre da Tasmânia que não existe mais, pela primeira vez

tigretas12023 - Esta marca o pioneirismo de pesquisadores ao analisar o RNA de um animal que já foi extinto. A descoberta pode desvendar novos detalhes acerca desta espécie. O último exemplar conhecido do tigre da Tasmânia faleceu em cativeiro no ano de 1936. Posteriormente, alguns representantes da espécie foram preservados em instituições museológicas. Agora, conforme relatado em um estudo publicado na revista científica Genome Research, cientistas alcançaram o sequenciamento do seu RNA. Foram utilizadas amostras de tecido muscular e pele de um espécime do tigre da Tasmânia de 132 anos, que estava armazenado no Museu de História Natural de Estocolmo desde 1891. Graças ao RNA, agora é possível investigar e obter uma nova camada de informações sobre essa espécie.

Procedimento realizado

Ao contrário do DNA, que é notoriamente estável, o RNA se deteriora rapidamente em fragmentos menores quando fora de células vivas. Segundo o autor do estudo, Marc Friedländer, em declaração à revista Nature, acredita-se que ele se degrade ou seja destruído em questão de minutos. Mesmo assim, os cientistas conseguiram isolar milhões de sequências de RNA do tigre da Tasmânia, também conhecido como tilacino ou Thylacinus cynocephalus. Este feito marca a inédita análise do RNA de uma espécie animal já extinta. Para realizá-lo, foi necessário adaptar o método convencional. No total, foram extraídos e purificados 81,9 milhões de fragmentos do genoma do músculo do animal e 223,6 milhões de fragmentos da sua pele.

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Posteriormente, os duplicados e sequências muito curtas foram eliminados. Dessa forma, foram identificadas 1,5 milhão de sequências de RNA a partir do tecido muscular e 2,8 milhões de sequências a partir da pele. De forma geral, a equipe de pesquisa encontrou sequências correspondentes a 236 genes nas amostras de músculo. Por outro lado, nos fragmentos de pele, encontraram sequências correspondentes a 270 genes.

Aprofundando o entendimento sobre a espécie

O RNA oferece insights acerca das variações na expressão genética entre diferentes tecidos. No tecido muscular, por exemplo, uma parte dos genes encontrados codifica actina e titina, proteínas que possibilitam o alongamento e a contração muscular. Nas amostras de pele, foi identificado o gene que codifica a proteína estrutural queratina. Desta maneira, em vez de examinar exclusivamente o genoma do animal, os pesquisadores agora podem investigar como o genoma funciona. Além disso, os resultados também podem contribuir para pesquisas em outras áreas. Durante o sequenciamento do RNA do tigre da Tasmânia, os cientistas também detectaram um reduzido número de moléculas virais que já tiveram relação com o animal, ou o infectaram. Essa descoberta abre oportunidades para o estudo de vírus antigos.

REFERENCIAS:                   UOL
                                          GI
                                          SUPERINTERESSANTE