CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O que é vidro borossilicato?

vifroboro1O vidro é um material que possui características únicas, tanto por sua constituição natural quanto por seus variados processo de fabricação. Por ser um sólido bastante parecido com um líquido, cada alteração aplicada às gotas de vidro podem gerar novos materiais. A adição de outras substâncias ao vidro altera as propriedades originais da substância, resultando em variações pensadas para atender necessidades diferentes.

O óxido de chumbo, por exemplo, é o responsável por garantir um manuseio mais suave do vidro, produzindo os refinados cristais de vidro da fabricação de taças. A união entre os materiais que compõem o vidro e o boro também produz um material bem interessante, conhecido como vidro borossilicato.

O vidro borossilicato possui um coeficiente de dilatação menor que o do vidro comum, e, por isso, é menos maleável às variações de temperatura. Sua temperatura de fusão também é mais alta, fazendo dele menos vulnerável ao aquecimento. Essas características garantem mais resistência ao material, fazendo com que ele um utensílio perfeito para laboratórios e indústrias químicas. Projetos especiais de iluminação e modelos de janelas também podem se aproveitar do uso do vidro borossilicato.

Química curiosa

A composição do vidro é tão diferente que alguns fenômenos relacionados a ele são fantásticos quando registrados. A gota do príncipe Rupert, também conhecida como lágrima de vidro, é um fenômeno que demonstra a dinâmica da quebra de uma gota de vidro, retirada de uma temperatura altíssima e resfriada imediatamente em água, passando por um processo básico de têmpera. Trabalhando com câmeras de alta velocidade, o canal Smarter Every Day, do YouTube, mostra como ocorre a quebra do material, exibindo em slow motion todas as etapas do processo. Com filmagens a 100 e 130 mil quadros por segundo, o vídeo apresenta a fragilidade das quinas e bordas do vidro temperado.

 

História do Vidro Borossilicato

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Em uma noite chuvosa de inverno em 1901 um trem cortava rapidamente a escuridão. Ao notá-lo e sabendo que a sua frente um lento trem de carga seguia nos mesmos trilhos, um sinaleiro saiu do posto com uma lanterna a querosene para advertir o maquinista. Porem, quando a chuva atingiu o vidro da lanterna aquecido pela chama o mesmo se partiu apagando o fogo. Embora o sinaleiro tivesse feito de tudo para se comunicar com o maquinista, seus esforços foram em vão e um acidente de enormes proporções com perdas humanas e materiais veio a ocorrer. Numa época em que a grande maioria do transporte terrestre era realizada por vias férreas, acidentes como estes se repetiam frequentemente mostrando a necessidade de se desenvolver um vidro que pudesse resistir a choques térmicos.

Experiências antigas demonstravam que se as matérias-primas contivessem bórax, a resistência do vidro ao calor e a mudanças de temperaturas aumentava porem estes vidros se deterioravam na presença de água. Na busca por uma formulação balanceada dos componentes constituintes do vidro a fim de obter um material que alem de resistir a choques térmicos fosse durável, dois cientistas da empresa americana Corning Glass Works trabalharam arduamente. Nesta época o conhecimento científico do vidro era muito rudimentar e eles só podiam contar com o processo de tentativa e erro produzindo vidros de diferentes formulações e executando testes com eles. Finalmente em 1912 eles conseguiram atingir seu objetivo e logo depois as lanternas e recipientes de ácidos de baterias passaram a sere produzidos com este novo vidro conhecido cientificamente como “borosilicato” e patenteado comercialmente como Pyrex.

Como resultado da utilização deste vidro diminuíram significativamente as quebras de globos de lâmpadas e muitas vidas foram salvas. Da mesma forma o emprego em recipientes de bateria ácidas tornou-as mais eficientes contribuindo bastante para o desenvolvimento da telefonia e do telégrafo. Um ano depois um jovem físico se juntou ao grupo. Ele tinha uma teoria de que uma fôrma em vidro seria melhor que uma metálica para assar, pois o metal absorve o calor radiante. Para provar isto, cortou um recipiente de bateria, levou para casa e preparou nele um bolo.

O bolo foi um sucesso e dois anos depois, em 1915 começou a comercialização das fôrmas Pyrex. Este material também passou a ser empregado nos dispositivos de laboratórios que devem resistir ao calor e ao ataque de substâncias agressivas. Em 1953, a então Vidraria Santa Marina obteve licença da Corning e passou a produzir aqui no Brasil estes produtos. A licença se expirou em 1968, quando se deu o início da produção do vidro Marinex, também um vidro borossilicato com as mesmas características. Hoje a marca Marinex pertence à Nadir Figueiredo.

Fonte: https://www.anavidro.com.br/
           https://abceram.org.br/