VERDADES INCONVENIENTES

Obsolescência Programada - Parte 2

ConsumismoMe senti especialmente encorajada pela maneira com que os espectadores do documentário reagiram às imagens do lixão em Gana. Uma vez que sabemos que é lá que os nossos aparelhos velhos tendem a acabar, é mais fácil de nos sentirmos motivados a fazê-los durar um pouco mais. Se eu usar o meu celular por dois anos em vez de usá-lo por um – e isso não é um grande sacrifício –, e se todos fizermos isso, significa que apenas metade dos telefones em desuso seriam enviados para lixões ilegais. Como consumidores, podemos fazer uma grande diferença porque somos muitos e o mercado depende de nós. Por isso, se começarmos a demandar produtos duráveis ou aparelhos que podem ser consertados mais facilmente, o mercado seguirá essas indicações.

Mudanças políticas também estão acontecendo e nós somos parte da solução possível – neste momento o governo europeu em Bruxelas está revendo as leis que podem proibir a exportação ilegal de lixo eletrônico de maneira que sejam mais efetivas. Mas enquanto isso, o número de contêineres chegando a Gana todo mês quase triplicou, apesar da crise econômica. E esse é um crescimento muito preocupante.

Vamos agora a transcrição do documentário:


OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA
The Light Bulb Conspiracy

Marcos

Mensagem_da_Impressora

Mensagem_da_Impressora2


Marcos, de Barcelona, Poderia ser qualquer um, em qualquer lugar. Ele vai se deparar com algo que acontece todos os dias, em escritórios e lares de todo o mundo. Uma peça de sua impressora falhou e o fabricante recomenda levá-la a uma oficina autorizada.

Marcos: "O meu técnico faz um diagnóstico prévio, porém isso custa 15 euros mais IVA."

Tcnico_1

Técnico 1: "Consertá-la custará uns 110 ou 120 euros. Eu te aconselharia a ver impressoras novas."

Tcnico_2

Técnico 2: "Será dificil encontrar as peças para poder consertá-la. Temos impressoras a partir de 39 euros."

Tcnico_3

Técnico 3: "Realmente, consertá-la não lhe vai sair muito barato.. Sem dúvida eu compraria uma nova."

Não foi por acaso que os três vendedores sugeriram comprar uma nova impressora. Caso aceite, Marcos será mais uma vítma da OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA, o motor secreto da nossa sociedade de consumo. O Nosso papel parece limitar-se a pedir empréstimos e comprar coisas que não necessitamos. Nossa sociedade esta dominada por uma economia de crescimento, cuja lógica não é crescer para satisfazer as necessidades, mas crescer por crescer. Se as pessoas não comprarm, a economia não cresce.

Obsolescência programada, o desejo do consumidor de possuir algo um pouco mais novo, um pouco antes do necessário. Neste documentário revelaremos como a obsolescência planejada definiu as nossas vidas desde os anos 20 quando os fabricantes começaram a diminuir a vida útil dos produtos para aumentar as vendas. Descobriremos que designers e engenheiros se viram forçados a adotar novos valores o objetivos. Tiveram que começar de novo para criar algo mais frágil.

Produtos_1

Uso_e_Descarte

Conheceremos uma nova geração de consumidores que avançam na direção contrária a dos fabricantes. É viável uma economia sem Obsolescência programada? E sem o seu impacto sobre o meio ambiente? A posteridade não nos perdoará. Vão vir a saber sobre o estilo de vida despediçador dos paises avançados. Comprar, tirar, comprar: A história secreta da Obsolescência programada.

Funcionando a mais de 100 anos

Bombeiros1

Bombeiros2

Lampada1

Bem vindos a Livermore, Califórnia, lar da lâmpada mais antiga do mundo. Sou Lynn Owens, presidente do Comite da Lámpada. Em 1972 descobrimos que uma lãmpada do corpo de bombeiros era uma lãmpada importante. A lãmpada de Livermore esta funcionando ininterruptamente desde 1901. Até agora, ja se estragaram duas webcams, e a lâmpada ja vai para a terceira webcam. Em 2001, quando a lâmpada chegou a um século, Livermores organizou uma grande festa de aniversário, ao estilo americano. Eram esperadas umas 200 pessoas, mas no fim vieram 900. Imagine cantar Feliz Aniversário para uma lâmpada...pois foi isso mesmo que aconteceu.

Lampada2

Aniversario

A origem da lâmpada, ela foi fabricada em Shelby, Ohio, em meados de 1895, montaram-na estas damas e alguns cavalheiros, acionistas da Companhia (fotos abaixo)

Damas

Cavalheiros

O filamento é uma invenção de Adolphe Chaillet. Ele inventou esse filamento para que durasse.

Steve_Bunn

Steve Bunn, colecionador de lampadas: "Por que dura tanto? Não sei. O segredo de como fez foi com ele para o túmulo."

O domínio Global

A fórmula para um filamento de longa duração não é o único mistério na história das lâmpadas. Um segredo muito maior é como e porque este humilde produto se tornou a primeira vítima da Obsolescência programada.

Markus_Krajewski

Markus Krajewski, Universidade Bauhaus de Weimar: "O dia de Natal de 1924 foi um dia especial. Em Genebra, vários cavalheiros bem vestidos reuniram-se com um plano secreto. Criaram o primeiro Cartel mundial para controlar a produção de lâmpadas e dividirem o bolo do mercado mundial. O CArtel chamou-se Phoebus. " Phoebus incluia os principais fabricantes de lâmpadas da Europa e dos EUA, Inclusive de longínquas colonias na àsia e Àfrica.

Dominio1

Dominio2

Dominio3

Dominio4

Markus Krajewski, Universidade Bauhaus de Weimar: "O objetivo era inercambiar patentes, controlar a produção e, sobretudo, controlar o consumidor. Queriam que as pessoas comprassem lâmpadas com regularidade. Se as lâmpadas durassem muito, era uma desvantagem econômica."

No início, a meta dos fabricantes era uma longa duração para suas lâmpadas.

Thomas

Thomas A. Edison, inventor: "Em 21 de outubro de 1871, numerosas experiências deram como resultado uma pequena lâmpada de enorme resistência, com um filamento de grande estabilidade."

Em 1881, Edison pôs a venda sua primeira lâmpada. Durava 1500 horas. Em 1924, quando se fundo o Cartel Phoebus, anunciava-se com orgulho 2500 horas de vida útil e os fabricantes destacavam a longevidade das suas lâmpadas.

Markus Krajewski, Universidade Bauhaus de Weimar: "De modo que em Phoebus pensaram em limitar a vida útil das lâmpadas a 1000 horas. Em 1925 criou-se o "Comite das 1000 horas de Vida" para reduzir tecnicamente a vida útil das lâmpadas."

Mais de 80 anos depois, Helmut Hegel, um historiador de Berlim, encontra provas das atividades do comite, ocultas nos documentos internos dos membros do cartel. Empresas como a Philips, na Holanda, Osram, na Alemanha, E lâmpadas Teta na Espanha.

Hemut

Helmut HOge, historiador de lampadas: "Aqui temos um documeto do cartel. A vida média das lâmpadas de iluminação geral não deve ser garantida ou oferecida por outro valor que não seja 1000 horas."

Pressionados pelo cartel, os fabricantes realizaram experiências para criar uma lâmpada mais fragil, para cumprir com a nova norma das 1000 horas. A fabricação estava rigorosamente controlada para que a norma.

Markus Krajewski, Universidade Bauhaus de Weimar: "Montaram-se estantes co muitos bocais para lâmpadas, nos quais enroscavam amostras de cada série produzida. Companhias como Osram registravam meticulosamente a duração dessas lampadas. "

Phoebus criou uma complicada burocracia para impor as duas regras: Os fabricantes eram multados severamene caso se desviassem dos objetivos acordados.

Helmut HOge, historiador de lampadas: "Temos a tabela de multas de 1929, que mostra quantos francos suiços deviam pagar os membros do cartel se as suas lâmpadas durassem, por exemplo, mais de 1500 horas. "

1000_horas

A medida que a Obsolescência programada surtia efeito, a vida útil começou a cair. Em apenas 2 anos passou de 2500 horas para menos de 1500. Nos anos 40, o cartel ja tinha conseguido o seu objetivo. uma lâmpada comum durava 1000 horas.

Werner_Philips

Warner Philips, bisneto dos fundadores da Philps: "Entendo que isto fosse tentado em 1932. Na época, a sustentabilidade era menos importante, porque não viam que o planeta tinha recursos finitos. Viam=no por uma perspectiva de abundância."

Nicols_Fox

Nicols Fox, jornalista: "Ironicamente, a lâmpada, que sempre foi um símbolo de idéias e de inovação, é um dos primeiros exemplos de obsolescência programada."

Nas décadas seguintes, foram patenteadas dezenas de novas lâmpadas, inclusive uma que durava 100.000 horas. Porém, nehuma cheogu a ser comercializada.

Markus Krajewski, Universidade Bauhaus de Weimar: "Oficialmente, Phoebus nunca existiu, porém, o seu rastro nunca desapareceu. A sua estratégia era ir mudando de nome. Chamou-se "Cartel Internacional de Eletricidae", je depois tornaram a mudá-lo. O importante é que essa idéia, como instituição, continua a existir."

PARTE 3