VERDADES INCONVENIENTES

Blackwater e a atuação de mercenários pelo mundo - Parte 2

mercek9 topo 2Mercenários de Obama atacam Síria, 26/11/2014 - Segundo o Washington Post, o governo dos EUA está discutindo um aumento no número de mercenários treinados pela CIA, na Síria: O governo Obama analisa planos para ampliar o papel da CIA para armar e treinar mercenários para lutarem na Síria, movimento que visa a acelerar o apoio clandestino que os EUA continuam a dar a facções rebeldes, enquanto o Pentágono ...

prepara-se para estabelecer suas próprias bases de treinamento, disseram funcionários do governo Obama. A avançada da CIA será ampliação de missão clandestina que cresceu substancialmente ao longo do ano passado, disse um funcionário.

A Agência agora seleciona e treina cerca de 400 mercenários por mês – a mesma quantidade de mercenários que o Pentágono espera poder treinar, quando seu programa alcançar capacidade máxima, no próximo ano. A matéria fala de campos de treinamento na Jordânia e no Qatar. Hurriyet noticia que o treinamento será iniciado também na Turquia:

Oficiais do Comando Europeu dos EUA [orig. United States European Command (EUCOM)] e do Comando Central dos EUA [orig. U.S. Central Command (CENTCOM)] e oficiais militares turcos de alta patente acertaram vários detalhes sobre o treinamento a ser oferecido na Turquia, a mercenários a serviço da oposição síria. Membros do Exército Sírio Livre, inclusive turcomenos sírios, serão treinado no centro de treinamento do quartel de Hirfanli em Kirsehir, informaram as fontes ao diário Hürriyet Daily News. Oficiais militares dos EUA também participarão do treinamento. Basicamente, os EUA fornecerão armas e munição para a oposição síria, e os custos do treinamento, pelo que se espera, serão pagos por Washington. Estima-se que cerca de 2 mil combatentes sírios receberão treinamento militar, que deve começar no final de dezembro.

Nenhum jornalista, até agora, parece ter-se interessado por perguntar ao governo Obama qual a base legal para que os EUA insistam em treinar e infiltrar esses mercenários em território sírio, para lutarem contra o governo sírio. O que diz a lei internacional ou, mesmo, a lei norte-americana, sobre presidente dos EUA que, sem declaração de guerra, manda um exército de mercenários lutar contra o estado sírio, ou qualquer outro estado?!

O governo Obama sabe muito bem que a base legal sobre a qual tenta manter-se empoleirado é muito, muito frágil. O pessoal que está sendo treinado são criminosos e não estão sendo treinados para respeitar as leis que regem as guerras nem, sequer, os direitos humanos. A solução que o governo dos EUA encontrou, para continuar a desrespeitar a lei é... tentar mudar a lei: O governo Obama pediu repetidas vezes ao Congresso que seus esforços militares contra o Estado Islâmico sejam excluídos de uma lei que há muito tempo proíbe que os EUA deem assistência a torturadores e criminosos de guerra (...)

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Dois pedidos de isenção semelhantes foram discretamente rejeitados no Congresso, numa lei da Defesa aprovada em setembro, informou um auxiliar do Senado. Aquela lei garantiu $500 milhões para treinar mercenários para lutar na Síria, e um fundo antiterrorismo de $1 bilhão destinado ao Oriente Médio. Nos dois casos, o governo Obama tentou excluir os beneficiados pelos financiamentos da obrigação de prestar contas a inspetores de direitos humanos e de respeitar limitações nesse campo – como mostra o histórico da tramitação. Até agora, o Congresso continua a rejeitar qualquer alteração ou exceção nos termos da Emenda: A Lei Leahy de 1997, que recebeu o nome do senador Democrata por Vermont Patrick Leahy, impede que os EUA financiem unidades suspeitas de “violações graves de direitos humanos” (assassinato, tortura e aprisionamento extrajudicial).

Todos os grupos do Exército Sírio Livre que CIA e Pentágono estão treinando cometeram esses crimes e atualmente colaboram com grupos terroristas. Recentemente, a Reuters elogiou o sucesso do Exército Sírio Livre no sul, onde, como noticiamos há dois meses, mercenários do Exército Sírio Livre treinados pela CIA vieram da Jordânia e, protegidos pela artilharia israelense, capturaram a colina de Golan para, dali, avançar em direção a Damasco. Visando a enganar, não a informar, a Reuters escreve que: As forças de Assad controlam Damasco, a costa mediterrânea e grande parte da área entre esses dois pontos. O Estado Islâmico, braço recém brotado da al Qaeda, controla o leste, e a al-Nusra controla boa parte do noroeste e está expandindo-se, ganhando território dos moderados.

As províncias do sul próximas da fronteira da Jordânia são exceção; ali, rebeldes que se se autodenominam “Frente Sul” ainda controlam território e estão conseguindo resistir a Assad, ao mesmo tempo em que têm evitado confrontos diretos com al-Nusra. A CIA/ESL no sul não apenas evitaram “confrontos diretos com a al-Nusra”: eles cooperaram intensamente com a Frente al-Nusra. Os terroristas de al-Nusra são os atacantes da linha de frente em todas as batalhas no sul. (O Exército Aírio iniciou ampla contraofensiva contra esses ataques no sul, e logo conseguirão detê-los completamente, antes que cheguem a ameaçar Damasco.) Violações extensivas de direitos humanos documentadas desde o início de 2012 e forte cooperação com grupos terroristas são a marca dos mercenários anti-Síria que CIA e Pentágono estão treinando. Esse treinamento é, portanto, ilegal, nos termos da lei norte-americana. Obama sabe disso, motivo pelo qual insiste, até agora sem sucesso, em que seja modificada a lei que rege o financiamento, pelo governo dos EUA, de grupos terroristas.

A atitude de Obama, reincidente nesse tipo de infração à lei, não seria boa base para um processo de impeachment contra o presidente? A lei internacional proíbe ataques contra o estado soberano sírio. Obama só faz reincidir no mesmo crime, cada vez que manda mercenários para lutar contra o estado sírio. O próprio Obama, ontem mesmo, disse o seguinte: Acreditamos que nações e povos têm o direito de viver em segurança e em paz; que uma ordem segura efetiva (...) deve ser baseada – não em esferas de influência cou coerção ou intimidação nas quais grandes nações violentam as menores – mas em alianças para segurança mútua, lei internacional e normas internacionais que têm de ser respeitadas, e na resolução pacífica das disputas. Só as platitudes de sempre, típicas de Obama, é claro. Mas a questão é: Por que nenhum jornalista da imprensa-empresa dominante, para começar, não questionou o presidente? Afinal o governo dos EUA faz exata e precisamente o contrário do que o presidente proclama...


O exército privado da Monsanto

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Por Adair Tavaeres, 05/11/2014 - Faltava algo à Monsanto. Produzir venenos para a agricultura, alterar o DNA das planta cultivadas, tudo bem, são coisas que dão satisfação. Mas havia algo, como uma nota desafinada... E eis que este "algo" aparece, para completar a obra-prima: um pequeno exército. E não um qualquer, mas o mais famigerado exército privado do planeta: Blackwater. Da Monsanto nem vale a pena falar. Sabemos que controla a distribuição de alimentos em metade do planeta, partilha activos e actividades com grandes empresas de farmacêutica, armas nucleares e biológicas, mais recentemente inseriu-se no novo jogo da vacina para o vírus Ébola.

Mas quem é a Blackwater?

Como afirmado, a Blackwater é um pequeno exército privado, nomeadamente o maior exército mercenário do mundo. Anteriormente denominada como Xe Services e hoje como Academi, a mais familiarmente conhecida Blackwater é o exército privado perfeito para a defesa das grandes corporações. Tem um serviço de espionagem, manchou-se de muitos crimes e violações da lei (em especial durante o conflito no Iraque, onde mercenários da Blackwater foram acusados ??de ter levado a cabo massacres contra civis), trabalha em vários teatros de operação, no Médio Oriente e na África. É o principal contractor privado do Departamento de Estado dos EUA, ideal para operações "sujas" que não podem ser executadas pelas forças oficiais do governo.

As ligações entre CIA e Blackwater são fortes: muitos ex (?) funcionários da CIA e ex-militares trabalham na empresa ou numa das associadas; estes mercenários vendem os seus serviços que vão desde a recolha ilegal de informações até as técnicas de infiltração, lobby políticas, treino paramilitar em nome de governos, bancos e corporações multinacionais. Conforme relatado pelo jornalista Jeremy Schaill numa investigação para o diário The Nation, existe uma corrente que liga os negócios da Monsanto com a empresa petrolífera Chevron e os gigantes financeiros Barclays e Deutsche Bank; esta corrente passa através dos contratos para duas outras empresas, Total Intelligence Solutions (TSI) e Terrorism Research Center(TRC), ambas de propriedade de Erik Prince, dono da Blackwater.

Mais: estas duas organizações compartilham oficiais e diretores com a Blackwater. Um dos diretores, chamado J. Cofer Black, tornou-se famoso pela sua brutalidade quando era diretor do contra-terrorismo da CIA e foi ele que contactou a Monsanto já em 2008, estando na altura à frente da TSI. Monsanto desejava utilizar os seus serviços para espionar e infiltrar as organizações para a proteção dos direitos humanos, dos animais e contra os produtos transgénicos, além de exercer o controle sobre outras empresas que lidam com biotecnologia e fármacos.

Schaill tem entrado na posse da correspondência electrónica de Kevin Wilson, gerente da Monsanto: este antes recusou comentar a investigação do jornal, enquanto mais tarde negou ligações entre a sua empresa e a TSI, afirmando que a Monsanto tinha contactado a TSI em 2008 e 2009 apenas para criar um database dos adversários.
Todavia, na cópia das e-mails enviada para agentes da CIA, é o mesmo Wilson que enfatiza o papel da TSI como "braço operativo" para espiar outras empresas e infiltrar agentes nos grupos adversários. A Monsanto pagou Blackwater 127.000 Dólares em 2008 e 105 mil em 2009 para estes serviços. Tudo isso não deve surpreender: no passado a Monsanto produzia venenos tóxicos, como o "Agente Laranja" (usado pelos EUA no Vietnam), substâncias PCBs (bifenilos policlorados), pesticidas, hormonas, sementes geneticamente modificadas e, como referido, participa de forma indirecta em empresas que produzem armas nucleares.

Onde o mercado da Ciência encontra a morte, aí podemos encontrar a Monsanto. Portanto, Blackwater é o natural complemento dela. Como nota final, lembramos que a Fundação Bill e Melinda Gates adquiriu 500.000 acções da Monsanto em troca de 23 milhões de Dólares. Normal: Bill Gates é um filantropo, controla mais de 90% do mercado de patentes informáticas, promove e apoia campanhas de vacinação; Monsanto controla 90% do mercado mundial das sementes transgénicas e uma boa fatia do mercado dos medicamentos (com a Pfizer, via Pharmacia & Upjohn). Difícil encontrar outro monopólio destas dimensões. E ainda há quem chame isso "Capitalismo".


Estados depositam segurança global nas mãos de mercenários

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Por Vivian Fernandes, 22/12/2011 - A Organização das Nações Unidas (ONU), através do Grupo de Trabalho sobre o Uso de Mercenários, sinaliza para um quadro alarmante: o ressurgimento das empresas privadas militares e de segurança em conflitos bélicos representa uma ameaça aos direitos humanos e à autodeterminação dos povos. Durante reunião do Conselho de Direitos Humanos da entidade, em setembro deste ano, em Genebra (Suíça), a relatora da pasta Faiza Patel pediu aos países membros uma maior regulação da atividade dessas empresas, e a responsabilização dos mercenários por abusos cometidos.

Foram analisadas pela ONU as experiências de uso de mercenários em conflitos sociais na África do Sul, Guiné Equatorial e Iraque, em 2010 e 2011. Segundo a relatora, elas representam exemplos distintos de um mesmo problema: o Iraque como um palco de atuação de multinacionais da segurança privada; a África do Sul como uma fonte de combatentes com experiência profissional e militar na área – que não encontram emprego desde o fi m do apartheid, em 1994 ; e a Guiné Equatorial com o envolvimento de grupos de mercenários na tentativa de um golpe de Estado, em 2004.

“Dupla face”

Esses exemplos ajudam a ilustrar o que o professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Reginaldo Mattar Nasser, chama de a “dupla face da privatização da segurança”. Segundo ele, “um dos primeiros argumentos que justificam o aparecimento dessas empresas é que elas ocorriam onde os Estados eram ‘fracos’, principalmente aqueles que entraram em colapso na África ou no Oriente Médio. A outra face da moeda é que as grandes potências passaram a utilizar cada vez mais essas forças para suas ações”. Destaca-se, nesse contexto, o uso de mercenários, pelos Estados Unidos, nas invasões do Iraque e Afeganistão.

No cenário internacional, tais empresas contratam para o seu corpo de funcionários ex-combatentes militares de qualquer lugar do mundo e passam a vender seus serviços para clientes, também, de qualquer parte do globo – são consideradas multinacionais nesses aspectos. Em situações de conflito, elas atuam em diversas áreas, como logística, serviços de inteligência, treinamento de tropas e combate de fato. Algumas das grandes multinacionais do ramo são a Blackwater (que mudou de nome para Xe), DynCorp e Triple Canopy. Estima-se que o mercado global da segurança privada movimente cerca de 100 bilhões de dólares anuais. A edição de 2011 da “Pesquisa sobre Armas Leves”, publicada em julho pelo Instituto de Graduação em Estudos Internacionais e do Desenvolvimento (Genebra, Suíça), com base em dados da ONU, registra que entre 19,5 e 25,5 milhões de pessoas são empregadas em segurança privada no mundo, número que ultrapassa o de policiais em nível global.

Por que usá-las?

A explicação de Nasser para a questão do uso das forças privadas de segurança ajuda a compreender a preocupação da ONU com a violação dos direitos humanos decorrente da atuação de mercenários. Para ele, entre as “vantagens” que servem como justificativa para o uso de empresas de segurança está a de que, nos combates, os mercenários não entram nas estatísticas de baixas dos exércitos. “Quando morre alguém em combate ele não volta no caixão com a bandeira de seu país, porque não está formalmente combatendo pelo seu país, ele foi contratado”, sintetiza o professor – fazendo referência ao que se convencionou chamar de “Síndrome do Vietnã”, ou seja, o repúdio que tomou conta da opinião pública estadunidense quando os caixões com os corpos dos soldados que morriam na guerra no Sudeste Asiático começaram a desembarcar no país.

Outro ponto que preocupa a ONU diz respeito à falta de regulamentação do direito internacional para os crimes cometidos nesse tipo de conflito. Os seguranças contratados não são passíveis de serem julgados por tribunais de guerra, pois eles não são soldados que compõem as Forças Armadas de uma nação. Nasser explica que diante disso “os trabalhos chamados de ‘serviços sujos’ ficam nas mãos dos mercenários, como torturas e execuções”.

Outra ameaça é a “privatização da segurança” se chocar com a democracia. Como esse é um serviço terceirizado, quem contrata, por vezes, é o próprio Estado. Desse modo, tal custo entra no orçamento sem a necessidade de passar pela aprovação do Congresso, o responsável por liberar ou não os recursos públicos para as guerras. “Isso é uma ‘vantagem’ também porque não expõem [a questão do uso de mercenários] ao debate público. Nesse sentido, chama a atenção a questão da democracia. São fatos e acontecimentos da maior importância que não aparecem em público”, conclui Nasser.

Entre os diversos casos possíveis de relato, as guerras do Iraque e do Afeganistão – no contexto de “guerra global ao terror” – são os mais emblemáticos. No livro “Blackwater – A ascensão do exército mercenário mais poderoso do mundo”, o jornalista Jeremy Scahill relata como essa empresa faturou 1 bilhão de dólares somente com os contratos firmados com o Departamento de Defesa estadunidense para atuar no Iraque até 2007. De acordo com o autor, os mercenários da Blackwater não foram punidos judicialmente por nenhum das dezenas de crimes cometidos contra civis iraquianos.

Para além das guerras

A relatora da ONU para a questão, Faiza Patel, afirmou em outro painel da entidade, realizado em novembro deste ano, que as preocupações do órgão não podem se restringir ao uso de seguranças privados em guerras. Ela sinaliza que “não são apenas os governos que se aproveitam dos seus serviços, mas também as ONGs, empresas privadas e até as Nações Unidas”, como nos casos das ajudas humanitárias ou em conflitos como na Bósnia e na República Democrática do Congo. Entram também na gama de atividades do setor a atuação em um número crescente de países que combatem o narcotráfico, a exemplo da Colômbia, e em programas de reconstrução pós-conflito.

O uso de milícias privatizadas por empresas transnacionais, que atuam no ramo de extração de minério e petróleo, para proteger seus funcionários e instalações, como em vários países africanos, é relatado pelo professor da PUC como mais um exemplo de possibilidades do setor. “As empresas de segurança atuam diretamente no funcionamento de economias do tipo de extração de recursos e de circulação de mercadorias, qualquer que seja a empresa, independentemente do país a que pertença. É como contratar um segurança para uma agência bancária, só que em dimensões muito maiores. Inclusive, as empresas de segurança participam com o fornecimento de veículos, armas e assim por diante”, observa Reginaldo Nasser.

Megaeventos

“Se nós pensarmos quais são as percepções a respeito de ameaça – em todo e qualquer lugar onde se tem fluxo de pessoas, bens e mercadorias, que está passível de ser alvo de ataques e, portanto, deve ser protegido –, qualquer que seja o tipo de atividade, ela vai passar a ter uma atuação maior dessas empresas privadas. Inclusive, alguns analistas já têm feito a especulação a respeito das consequências das Olimpíadas e da Copa do Mundo que ocorrerão no Brasil”. O apontamento feito por Nasser sinaliza para um possível efeito que os megaeventos esportivos que serão sediados pelo Brasil podem trazer ao mercado da segurança no país e, também, para a entrada de grupos multinacionais do setor em seu território.

À medida que as concessões do governo para a atuação de empresas do ramo de segurança vão sendo garantidas através de mudanças nas leis, os cuidados com a fiscalização e controle por parte do Estado deveriam acompanhar essas alterações. Segundo Nasser, essa abertura do uso de meios de violência – antes monopólio estatal – para a atuação empresarial devem soar como um alerta de perigo, uma vez que “corroem os princípios que sustentam o estado democrático de direito”, pois, embora estejam sobre a vigência da lei do país, o acionamento de mecanismos de proteção dos direitos humanos em relação a esse tipo de atividade fica comprometido.

Ele acrescenta que o crescimento da atuação de empresas de segurança “é uma tendência muito forte” e que “se deve ter o máximo de cuidado no Brasil com essas atividades, porque, além de tudo, a linha que separa o que é passível de ser reprimido ou sofrer ação dessas forças e outras situações é muito tênue. E, por vezes, elas podem estar atuando contra movimentos sociais, movimentos políticos ou até no cotidiano da vida das pessoas”.


Fundador da Blackwater vai formar exército de mercenários nos Emirados Árabes Unidos

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15/05/2011 - Erik Prince, o fundador da Blackwater Worldwide (uma empresa militar privada americana), recebeu 592 milhões de dólares (419 milhões de euros) do Governo dos Emirados Árabes Unidos para construir um exército mercenário, divulgou o diário "The New York Times". Erik Prince, o fundador da Blackwater Worldwide (uma empresa militar privada americana), recebeu 592 milhões de dólares (419 milhões de euros) do Governo dos Emirados Árabes Unidos para construir um exército mercenário, divulgou o diário "The New York Times". A criação e treino desta força foi já, entretanto, confirmada pelas autoridades dos EAU, precisando que a mesma visa “fornecer apoio operacional, de treino e planeamento” ao exército do país, consensualmente considerado inadequado.

As autoridades de Abu Dahbi explicam, numa declaração divulgada através da agência noticiosa oficial do país, que os Emirados Árabes Unidos dependem “extensivamente de contratos com estrangeiros para reforçar as [suas] capacidades militares” e que todo o trabalho desenvolvido com estas empresas estrangeiras “cumpre a lei internacional e todas as convenções relevantes”. O jornal citava na sua edição de ontem ex-empregados da Blackwater, responsáveis da Administração americana e documentos secretos que referem a constituição de uma força militar formada por 800 estrangeiros (colombianos e sul-africanos, entre outros) que está a ser treinada por ex-soldados americanos e veteranos de unidades de operações especiais da Alemanha, França e Reino Unido.

No comunicado divulgado ainda ontem à noite, o general Juma Ali Khala al-Hamiri, confirmou que os Emirados Árabes Unidos assinaram um contrato com a nova empresa de Prince, mas não faz qualquer menção às centenas de colombianos, sul-africanos e mercenários oriundos de outros países que o "NYT" garantia estarem já a treinar na Cidade Militar de Zayed, num campo cercado de muros altos e arame farpado no meio do deserto, a uns 30 quilómetros de Abu Dhabi – depois de terem entrado no país oficialmente com o estatuto de trabalhadores do sector da construção.

Esta força, escreve o "NYT", deverá realizar operações especiais dentro e fora do país, defender oleodutos petrolíferos e arranha-céus de ataques terroristas e travar revoltas internas – eventuais protestos da vasta população de trabalhadores imigrantes ou manifestações pró-democracia semelhantes às que estão a varrer vários países árabes. Peritos norte-americanos e alguns membros da Administração dos Estados Unidos sugeriram ao “NYT” que algumas das pessoas integradas neste batalhão de mercenários podem estar a violar leis federais norte-americanas, as quais proíbem expressamente os cidadãos do país de treinar tropas estrangeiras sem uma licença emitida pelo Departamento de Segurança. Em 2010, Erik Prince vendeu a Blackwater, visada então em vários processos legais relacionados com a sua actuação no Iraque. A sua nova empresa chama-se Reflex Responses.

PARTE 3