2023 - Com o passar do tempo, até as grandes vozes da mídia, como o The New York Times, começam a revelar o que antes parecia impensável: as injeções de mRNA podem não ser a promessa perfeita que muitos imaginavam. Na semana passada, um artigo do jornal questionou: "Você deveria receber mais uma dose de reforço da Covid?" Enquanto outros países, como Reino Unido e Canadá, já aprovaram novas rodadas de reforços, nos Estados Unidos, a decisão tem sido mais cautelosa.
Os defensores mais apaixonados das vacinas mRNA agora encaram uma realidade diferente, como se um véu tivesse sido levantado. Até mesmo aqueles que sempre apoiaram fortemente essas vacinas, como a Dra. Celine Gounder, já não estão tão convictos. Gounder, que antes defendia veementemente a vacinação para todos acima de 50 anos, agora adota um tom bem mais ponderado: ela recomenda as doses apenas para quem realmente precisa – pessoas imunocomprometidas e residentes de lares de idosos.
É interessante observar como a perspectiva de Gounder mudou com o tempo. Para muitos, isso levanta a questão: se até mesmo especialistas antes tão confiantes começam a hesitar, o que isso significa para o futuro das vacinas mRNA? Para alguns, parece que as vacinas, antes vendidas como a "solução perfeita", já não mantêm o mesmo apelo.
Outro especialista citado no artigo do Times, o Dr. Paul Offit, também recua no entusiasmo inicial. Em 2021, ele descrevia as vacinas mRNA como um “marco da ciência”, uma criação quase milagrosa. Agora, sua postura é bem mais cautelosa. “Dada a falta de dados, não acho justo dizer às pessoas: ‘Injetem-se com um agente biológico’,” declarou ele. É como se, ao observar o desenrolar dos efeitos e limitações das vacinas, ele tivesse percebido que a "perfeição" de antes era, na verdade, uma promessa que talvez não possa ser cumprida.
Essas mudanças de opinião não são apenas surpreendentes; são quase simbólicas de uma narrativa maior em torno da ciência e da medicina. Num cenário em que as vacinas são vistas como "o caminho para a imunidade", a percepção de que nem todos devem segui-lo soa quase como uma reviravolta. Afinal, muitos já viam as campanhas de reforço anuais como inevitáveis, quase como a vacinação contra a gripe, que, embora nem sempre eficiente, é recomendada para grupos de risco.
Mas o próprio vírus também mudou, e com ele a necessidade de se repensar o papel dessas vacinas. Covid pode não ser mais tão ameaçador quanto já foi, ou talvez o perigo nunca tenha sido tão intenso quanto se imaginou. As dúvidas aumentam, e com elas, o futuro dos reforços anuais parece menos claro.
Por outro lado, também não se pode ignorar o impacto das decisões em torno das vacinas sobre a confiança do público. A imagem de uma vacina "perfeita" agora se mistura com questões e dúvidas que, inevitavelmente, fazem com que muitos pensem duas vezes antes de seguir adiante. E isso vale tanto para as autoridades quanto para o público. Afinal, em um mundo onde tudo parece injetável e modificável, o que acontece quando até os especialistas começam a hesitar?