Dogmas e Mistérios Espirituais

Bárbara dos Prazeres: A Feiticeira que Amaldiçoou o Rio

Bárbara dos Prazeres: A Feiticeira que Amaldiçoou o Rio

Arco do Telles: O Casarão Assombrado da Boemia Carioca e os Mistérios de Bárbara dos Prazeres. Você já ouviu falar do Arco do Telles? Se não, prepare-se para uma viagem no tempo — e talvez até no sobrenatural. Localizado na Travessa do Comércio, na icônica Praça XV, o Arco é um marco histórico que carrega consigo não só o peso do passado colonial, mas também histórias de crimes, feitiçaria e lendas macabras. Hoje, a região é vibrante, cheia de restaurantes, casas de show e gafieiras lotadas nos fins de semana. Mas nem sempre foi assim. Por trás dessa fachada moderna e descolada, há algo sombrio escondido entre as pedras centenárias.

O nascer de um ícone carioca

Lenda feiticeira rio

O Arco do Telles foi construído em 1743 por Antônio Telles Barreto de Menezes, um juiz e proprietário de terras que resolveu investir no setor imobiliário quando a área em torno da Praça XV começou a se valorizar. Ele encomendou ao engenheiro Alpoim uma série de prédios para alugar, incluindo aquele que daria origem ao arco sobre a Travessa do Mercado do Peixe. A construção era monumental, garantindo que o comércio local continuasse fluindo sem interrupções. Na época, o lugar era frequentado pela alta sociedade carioca, um ponto nobre da cidade. Quem diria que esse mesmo espaço se tornaria palco de tragédias inimagináveis?

O incêndio que mudou tudo

Foi em 20 de julho de 1790 que o destino do Arco do Telles começou a se entrelaçar com o horror. Um violento incêndio criminoso devastou a loja térrea conhecida como "O Caga Negócios" (sim, você leu certo!) e consumiu o arquivo do Senado da Câmara, perdendo-se documentos inestimáveis que registram os primórdios da cidade. Além disso, duas pessoas morreram e muitas outras ficaram gravemente feridas. Esse evento marcou o início da decadência do local.

Com o passar dos anos, o Arco perdeu seu prestígio. Prostitutas, mendigos, bandidos e loucos tomaram conta das ruínas chamuscadas. Entre esses personagens excêntricos estava João Alberto Matias, o autoproclamado “Barão de Schindler”, que vagava pelas ruas trajando um fraque verde e um boné de soldado com plumas. Diziam ser descendente de nobres alemães, mas acabou internado em um manicômio. E foi nesse cenário caótico que surgiu uma figura ainda mais assustadora: Bárbara dos Prazeres , uma prostituta que se transformaria em uma das figuras mais sinistras da história carioca.

A ascensão e queda de Bárbara dos Prazeres

Lenda feiticeira rio antigo

Nascida em Portugal em 1770, Bárbara chegou ao Brasil aos 18 anos junto com o marido. Não demorou muito para que ela se apaixonasse por um mulato e cometesse o primeiro de seus assassinatos: matou o próprio esposo para viver livremente com o amante. Contudo, essa liberdade custou caro. Após algum tempo, o novo companheiro a explorou financeiramente e dissipou seus bens. Durante uma briga, Bárbara o matou também. Foi então que ela mergulhou de cabeça no submundo do Arco do Telles.

Inicialmente, Bárbara trabalhava como prostituta debaixo do arco, onde conquistou clientes ilustres, inclusive da nobreza. Era bonita, charmosa e sabia usar sua beleza a seu favor. No entanto, com o tempo, a vida desregrada cobrou seu preço: os cabelos embranqueceram, os dentes apodreceram e os encantos juvenis evaporaram. Sem dinheiro nem perspectiva, ela procurou soluções místicas para recuperar sua juventude perdida.

A feitiçaria e os sacrifícios humanos

Desesperada, Bárbara consultou casas de magia negra espalhadas pelo Rio de Janeiro. Fez um pacto — seja lá com quem fosse — e recebeu uma receita para rejuvenescer. O problema? A poção exigia sangue humano fresco, preferencialmente de crianças. E assim começou uma das mais terríveis ondas de crimes da capital brasileira.

Bárbara raptava meninos pobres, filhos de escravos e mendigos. Usava doces e brinquedos para ganhar sua confiança antes de levá-los para sua casa na Cidade Nova. Lá, realizava rituais horripilantes: pendurava as vítimas de ponta-cabeça e cortava suas gargantas, banhando-se no sangue quente enquanto gargalhava loucamente. Ao todo, estima-se que dezenas de crianças foram sacrificadas por ela.

A população entrou em pânico. Suspeitos eram linchados, comerciantes fugiam e mães trancavam seus filhos em casa. Apesar disso, ninguém suspeitava de Bárbara, que continuava a agir impunemente. Até que, supostamente embriagada, ela contou seus segredos a uma colega, que denunciou tudo à polícia. A partir daí, Bárbara virou a mulher mais procurada da cidade.

Lenda feiticeira arco teles

O desaparecimento e o legado amaldiçoado

Apesar da caçada, Bárbara conseguiu escapar. Cortou os cabelos, mudou de nome e sumiu sem deixar rastros. Há relatos de que tenha vivido até 1830, quando um corpo feminino irreconhecível foi encontrado boiando próximo ao Largo do Paço. Seria ela? Ninguém sabe ao certo.

Hoje, o Arco do Telles está revitalizado, cercado por turistas e moradores em busca de diversão. No entanto, dizem que em certas madrugadas silenciosas, quando os últimos bares fecham e a multidão vai embora, ainda é possível ouvir risadas ecoando pelos corredores sombrios do arco. Seria apenas imaginação? Ou será que Bárbara dos Prazeres, agora imortalizada como uma feiticeira poderosa, continua rondando aquelas pedras centenárias?

Conclusão: Quando o passado não descansa

Histórias como a de Bárbara dos Prazeres servem de lembrete de que, às vezes, os lugares mais vibrantes guardam segredos sombrios. O Arco do Telles, símbolo da boemia carioca, carrega consigo lembranças de tragédias e mistérios que nunca foram totalmente explicados. Então, na próxima vez que você passar por ali, pare por um momento e escute: será que aquela risada distante vem de outro cliente nos bares próximos? Ou será que Bárbara Onça finalmente voltou para reivindicar o que é dela?