02/02/2011 - Por Filomena Naves.Nada como uma boa sesta para retemperar forças, melhorar a aprendizagem e manter a tensão arterial em níveis óptimos. Nos últimos anos, vários estudos têm comprovado os benefícios de uma pequena sesta diária para a saúde e o desempenho cognitivo. Agora, um grupo de investigadores veio acrescentar mais uma boa razão para se cumprir este período diário de sono curto: ele contribui activamente para fixar na memória o que acabou de se aprender.A descoberta, que foi feita por investigadores alemães da Universidade de Lubeck, na Alemanha, e publicada esta semana na revista Nature Neuroscience, esclarece por que ...
motivo uma sesta impede que algo recentemente memorizado acabe por ser parcialmente esquecido. Ela favorece a sua migração para a memória definitiva. Estudos anteriores já haviam demonstrado que a memória recente, localizada no hipocampo, que armazena temporariamente a informação recente, não é definitiva. Por isso, reactivar os conteúdos pouco depois de eles terem sido "depositados" no hipocampo é essencial para que eles possam ser transferidos para a região da memória permanente no cérebro - o neocórtex - que funciona como o disco rígido de um computador: é para lá que vai tudo o que queremos guardar.
Mas o processo não é linear. Aquando desta reactivação dos conteúdos (um poema que se memorizou, por exemplo), se se lhe juntar algo mais para memorizar (um segundo poema), pode acontecer que a memorização de longa duração do primeiro poema acabe por se tornar mais difícil.
Partindo destes elementos, a equipa da Universidade de Lubeck, coordenada por Susanne Diekelmann, decidiu verificar como decorria o processo se incluísse um período de sesta. À partida, os investigadores não esperavam nenhuma diferença, mas acabaram por ter uma surpresa.
A equipa pediu a 24 voluntários para memorizar 15 pares de cartas com desenhos de animais ou objectos do dia-a-dia. Os voluntários foram divididos em dois grupos e, passados 40 minutos, o primeiro teve de memorizar outra série de cartas um pouco diferentes. Já o segundo grupo foi autorizado a fazer uma curta sesta antes de memorizar a outra série de cartas. Em seguida foram todos testados sobre a capacidade de memorização da primeira série de cartas.
Os resultados mostraram que o grupo da sesta teve resultados significativamente melhores do que o outro. Os voluntários da sesta lembravam-se em média de 85% das cartas, enquanto os outros se ficaram nos 60%.
Para os investigadores os resultados mostram que a transferência de memória do hipocampo para o neocórtex "começou logo nos primeiros minutos da sesta". No final do período de sono, "uma quantidade importante de dados já estava armazenada no neocórtex e não podia ser afectada por novos dados armazenados no hipocampo", afirmou a coordenadora do estudo.
Fonte: http://www.dn.pt