CURIOSIDADES

007, o agente que inspirou a criação do Uber

uberagente122/06/2019 - O Uber é muito mais do que um aplicativo que surgiu para revolucionar o transporte urbano e apresentar uma alternativa ao serviço de táxi. Através da tecnologia, o Uber protagonizou o advento da chamada “nova economia”, abrindo caminho para novas startups mergulharem na “uberização” dos mais variados tipos de serviço. Hoje avaliado em mais de US$ 120 bilhões, o Uber supera empresas como Ford e General Motors. Isso sem comprar nenhum carro que aparece na tela do celular.

O que pouca gente sabe é que a ideia de criar um aplicativo, com o qual você pode chamar um carro para te transportar através de um simples toque no smartphone, surgiu quando Garrett Camp assistiu, em 2008, ao DVD do filme “Casino Royale”, em que o agente James Bond, interpretado por Daniel Craig, utiliza um aparelho celular para verificar a localização do seu carro. Com o tempo, Garrett ficou obcecado em transformar essa ideia em realidade. Ele comentava sobre isso com todos seus amigos, inclusive com o empresário Travis Kalanick, que não se empolgou muito num primeiro momento. Mas tudo mudou quando, numa noite em Paris, Garric e Kalenick acabaram pegando um taxi após uma bebedeira.

Agindo como dois típicos embriagados, eles irritaram o taxista com bobagens alcoólicas ditas em voz alta (quem nunca?). Foi quando o impaciente motorista os xingou e até ameaçou expulsar os bêbados do taxi. Era tudo o que Kalanick precisava para entender que a ideia de Garrett, trazida de um filme de James Bond, merecia engatar a primeira marcha. Ainda inspirado no agente 007, Garrett queria comprar uma frota inteira de Mercedes de alto luxo. Mas Kalenick discordava dessa ideia pois, para ele, o certo seria disponibilizar o aplicativo para os motoristas utilizarem seus veículos, em vez da empresa ter sua própria frota.

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Reza a lenda que Garrett até chegou a reservar um estacionamento inteiro para carros de luxo, sendo impedido pelo sócio. O aplicativo do “UberCab” então foi oferecido por motoristas que já prestavam serviço “concorrente ao taxi” com seus carrões. Sem frota de carros e sem vínculo empregatício com motoristas, a empresa conseguiu driblar a regulamentação e se posicionou como uma “facilitadora” na conexão entre passageiros e condutores, e não uma empresa de transporte. Inicialmente funcionando apenas na cidade de São Francisco, o Uber logo expandiu-se para o mundo todo e se tornou o fenômeno que todos conhecem hoje.

Agora vamos engatar a ré e voltar um pouco nessa história para observar um fato curioso: o filme que serviu de inspiração para Garrett ter a grande ideia de sua vida foi produzido em 2006 (o DVD que Garrett assistiu só foi lançado em março de 2007). É o 21º da vasta franquia de filmes do mundialmente famoso agente 007. Acontece que esse título em específico, Cassino Royale, é o que leva o nome do livro original escrito por Ian Fleming, autor do personagem que veio a se tornar o espião mais famoso dos cinemas. Esse livro foi publicado em 1953 e, curiosidamente, levou mais de 50 anos para ser adaptado oficialmente na telona. “Oficialmente” porque chegamos a ter duas versões consideradas “não oficiais” de Cassino Royale em 1954 e 1967.

O motivo é uma longa e confusa disputa judicial entre as produtoras que pode ser resumida da seguinte forma: o título da obra “Casino Royale” pertencia à Sony, mas o personagem James Bond pertencia à EON, que concedia à MGM o direito de distribuição da franquia. Ou seja, a MGM poderia produzir quantos filmes quisesse com o espião sexy de smoking intocável, mas a obra original de Ian Fleming permanecia no colo da Sony. Esse climão só começou a ser solucionado quando um famoso super-herói dos quadrinhos entrou em cena: o Homem-Aranha, da Marvel Comics, estava solto na pista. Com a Marvel mergulhada em crise, o super-herói mais famoso do estúdio foi colocado à venda para adaptações cinematográficas. A MGM chegou a adquirir esses direitos nos anos 1990, antes de também ficar mal das pernas. No meio de muita confusão, vai-e-volta e disputas judiciais, a Marvel acabou vendendo os direitos do Homem-Aranha para a Sony, mas a MGM ainda se via no direito de produzir um filme do super-herói aracnídeo, chegando a ameaçar fazer exatamente isso.

A Sony revidou dizendo que faria o mesmo com 007, a franquia mais lucativa da MGM (como já havia feito em 1967), gerando um tremendo climão entre as duas produtoras. No meio da treta, até o diretor James Cameron apareceu na jogada sendo cotado para dirigir um filme do Homem-Aranha que teria o ator Leonardo DiCaprio no papel de Peter Parker e Arnold Schwarzenegger no papel do Doutor Octopus (!). Não se sabe a veracidade dessa história, mas dá calafrios só de pensar, né? O resultado desse embate entre Sony e MGM foi um acordo de cavalheiros, dando um sinal verde para que a MGM pudesse, enfim, produzir Casino Royale. A Sony produziu o primeiro filme da trilogia do Homem-Aranha em 2002, sob a direção de Sam Raimi e com Tobey Maguire no papel de Peter Parker, o que encheu seus cofres de dinheiro.

Em 2005, a mesma Sony entrou num consórcio para abocanhar 20% da MGM e, adivinha, James Bond e Cassino Royale estavam, finalmente, debaixo do mesmo guarda-chuva! Era tudo que precisava acontecer para que o primeiro livro de Ian Fleming, com seu icônico personagem, fosse finalmente adaptado de forma oficial para o cinema, tendo a própria EON na produção.

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Foi uma novela de bastidores, mas também foi importante para que as cosias acontecessem na hora certa e no lugar certo. Essa confusão toda, que teve até participação do Homem-Aranha, possibilitou que “007 – Cassino Royale” fosse produzido em 2006, lançado em DVD em 2007 e chegado à casa de Garrett Camp em 2008. Foi assistindo a esse filme que o empresário e investidor canadense teve a ideia que revolucionaria para sempre o transporte nas grandes cidades e a economia criativa no Século XXI.

Fonte: https://futuroexponencial.com/