Inovações e Descobertas

Glifosato pode estar associado ao câncer de tireoide, revela estudo

glifocancer05/12/2022 - Segundo o estudo, agrotóxicos à base de glifosato agem como um desregulador do sistema endócrino.Trabalho conduzido por equipe de Campinas demonstrou que o agrotóxico comercializado em todo mundo à base de glifosato apresenta um duplo efeito deletério – tóxico e proliferativo – em células da tireoide humana, agindo como um desregulador do sistema endócrino. Desreguladores endócrinos são componentes químicos que imitam os hormônios e alteram sua produção. “O uso de herbicidas à base de glifosato está aumentando paralelamente ao aumento de casos de câncer de tireoide, que é o quinto câncer mais comum em mulheres no Brasil. É muito preocupante, precisamos que os órgãos reguladores tenham mais fiscalização sobre os produtos agrícolas”, comenta Dra. Laura Sterian Ward, endocrinologista da ...

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP) e coordenadora do estudo que foi publicado no importante periódico Frontiers of Endocrinology.

Na pesquisa, foram analisados os níveis de Exposição Ocupacional Aceitável e o de Ingestão Diária Aceitável determinados pela Anvisa. Foram utilizadas 2 linhagens de células tumorais – células que derivam do tumor mais frequente da tireoide, o carcinoma papilifero – e uma linhagem controle, e testadas 15 diferentes concentrações do herbicida original.

Como resposta dos experimentos, as células obtiveram um comportamento não-linear: enquanto altas concentrações do herbicida causaram morte significativa de células boas, baixas concentrações resultaram na proliferaçãode células doentes.

Na lista dos ingredientes do herbicida estudado, o glifosato representa 25% da composição, sendo que os 75% que restam estão descritos no rótulo como “outros ingredientes”. De acordo com os pesquisadores, os efeitos desreguladores endócrinos e carcinogênicos do glifosato são observados há bastante tempo, mas pouco se sabe sobre o efeito de compostos usados na vida real em concentrações diferentes, nem em células normais nem em células tumorais da tireoide, que podem ter diferentes sensibilidades ao efeito do produto contendo glifosato (sendo o ingrediente ativo sozinho ou combinado com outras substâncias).

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“Esses resultados nos mostram os riscos do uso de herbicidas à base de glifosato para a saúde humana e evidenciam a necessidade de realizar mais trabalhos sobre o assunto”, finaliza Dra. Laura.

Glifosato no Brasil

No Brasil, a lei permite que a contaminação da água por glifosato seja 5.000 vezes superior ao máximo que é permitido na água potável dos países da União Europeia. Para o feijão e a soja, a quantidade é 400 e 200 vezes superior, respectivamente. Os dados são do estudo “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, realizado por Larissa Bombardi no Laboratório de Geografia Agrária da USP.

Diversos países como a Colômbia, o Sri Lanka, a Holanda e a Áustria já proibiram o uso do glifosato. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o uso da substância, bastante conhecida como “mata mato”, é potencialmente cancerígena.

Fonte: https://ciclovivo.com.br