GM Ignorou Defeito Fatal(causador de 124 mortes) por Anos: Saiba Toda a Verdade

GM Ignorou Defeito Fatal(causador de 124 mortes) por Anos: Saiba Toda a Verdade

Em 2014, a General Motors (GM), uma das maiores montadoras de automóveis do mundo, foi envolvida em um dos escândalos mais graves de sua história. A empresa emitiu um recall que afetou mais de 2,5 milhões de veículos devido a um defeito crítico em um pequeno componente da ignição, capaz de causar acidentes fatais. A situação ganhou destaque quando evidências apontaram que a GM já tinha conhecimento do problema anos antes, mas optou por ignorá-lo, priorizando a economia de custos em detrimento da segurança dos consumidores. O caso levantou questões sérias sobre ética corporativa, cultura empresarial e responsabilidade social.

A Tragédia de Brooke Melton

O estopim para a crise foi a tragédia de Brooke Melton, uma jovem enfermeira americana. Em 2010, Brooke morreu em um acidente envolvendo seu Chevrolet Cobalt 2005. Ela perdeu o controle do carro em uma rodovia, colidindo frontalmente com outro veículo. O laudo inicial da polícia atribuiu o acidente ao excesso de velocidade, mas a família de Brooke suspeitava de algo mais. Um dia antes do acidente, Brooke havia relatado problemas com o carro, mencionando que ele "simplesmente parava de funcionar".

General M logo

Insatisfeitos com o desfecho oficial, os pais de Brooke contrataram o advogado Lance Cooper, especialista em acidentes automotivos graves. Cooper comprou os destroços do veículo por 500 dólares e iniciou uma investigação detalhada. A análise da SDM (Sensing and Diagnostic Module), a “caixa preta” do carro, revelou dados alarmantes: poucos segundos antes do impacto, o motor havia sido desligado, mudando a configuração do carro para o modo “acessório”. Isso desativou sistemas cruciais, como os freios e airbags, tornando o acidente inevitável.

Com a ajuda de um mecânico, Charlie Miller, Cooper descobriu que a ignição do carro havia sido desligada acidentalmente. O problema foi rastreado a um interruptor defeituoso, tão sensível que até o peso de um chaveiro poderia acioná-lo. Miller também encontrou boletins internos da GM, datados de 2005 e 2006, que alertavam para a falha. Apesar disso, a montadora continuou negando qualquer responsabilidade.

O Defeito Ignorado e as Consequências

A ignição defeituosa era um problema conhecido dentro da GM desde 2003. Engenheiros da montadora identificaram o risco, mas as soluções propostas foram rejeitadas devido aos custos envolvidos. Alterar o design da chave de ignição teria custado menos de um dólar por carro, mas a empresa optou por não agir. Em 2007, a Delphi, fornecedora da peça, implementou um novo design da ignição, mas a GM falhou em alterar os números de identificação das peças. Isso causou confusão na linha de montagem, e muitos veículos novos ainda foram equipados com o componente defeituoso.

O problema afetou não apenas o Chevrolet Cobalt, mas também outros modelos, como o Pontiac G5 e o Saturn ION. Esses carros apresentavam falhas nos airbags, que não eram acionados durante acidentes, agravando as consequências das colisões.

General M cobalt 2005

Em 2014, quando o recall foi finalmente anunciado, mais de uma década de negligência já havia resultado em vários acidentes fatais. O número exato de vítimas ainda é incerto, mas um relatório do Detroit Free Press em 2017 estimou 124 mortes e mais de 250 feridos relacionados à falha.

O Escândalo Revelado

A exposição do caso ganhou força quando o advogado Lance Cooper conseguiu convencer um ex-engenheiro da GM a depor em um pré-julgamento. Este depoimento foi crucial para que a montadora finalmente admitisse o defeito. No entanto, antes disso, a GM tentou abafar o caso oferecendo 5 milhões de dólares à família Melton para encerrar o processo.

No Congresso americano, a diretora executiva da GM, Mary Barra, foi convocada a depor. Ela admitiu que a empresa falhou em reconhecer e corrigir o problema. Barra culpou a "cultura difícil" da corporação, que dificultava a comunicação interna e a resolução de problemas. Para demonstrar responsabilidade, 15 funcionários foram demitidos, incluindo Raymond DeGiorgio, o engenheiro que aprovou o interruptor defeituoso.

As Penalidades e o Fundo de Compensação

Em 2014, a GM foi multada em 35 milhões de dólares pela Agência Nacional de Segurança no Trâfego dos EUA, o valor máximo permitido por lei na época. A empresa também criou um fundo de compensação, gerido pelo advogado Kenneth Feinberg, destinando mais de 500 milhões de dólares para as vítimas e suas famílias. Além disso, os custos totais do recall ultrapassaram 1,5 bilhão de dólares.

General m Brooke Melton

O escândalo também gerou danos imensuráveis à reputação da GM. Apesar das tentativas de recuperar a confiança do público, o caso continua sendo um exemplo de como a negligência corporativa pode ter consequências fatais.

Reflexões Finais

O caso General Motors é uma história de tragédias evitáveis, onde a busca pelo lucro se sobrepôs à segurança dos consumidores. Ele serve como um lembrete para a indústria automotiva e outras corporações de que o custo de ignorar problemas pode ser muito maior do que enfrentá-los de forma ética e transparente. Para as famílias das vítimas, nenhuma multa ou compensação pode reparar as perdas sofridas. Mas o caso trouxe à luz a importância de se responsabilizar aqueles que falham em proteger o bem-estar público.