Quando as vacinas contra a Covid-19 foram lançadas, a esperança brilhava como um farol no meio da tempestade. Afinal, elas prometiam reduzir significativamente as chances de hospitalização e morte. Para muitos, como eu, era claro: tomar ao menos uma dose parecia um ato de responsabilidade coletiva, uma barreira contra a tragédia. Sobretudo para os grupos mais vulneráveis – idosos e pessoas com doenças crônicas – a vacina parecia indispensável. Já para jovens saudáveis, a lógica era clara: proteger os mais frágeis, reduzindo a transmissão.Isso foi no final de 2020. Mas, como dizem, "a ciência avança, e nós aprendemos". Hoje, sabemos muito mais.
A Verdade Revelada: Proteção em Declínio e Imunidade Natural
Com o passar do tempo, aprendemos que, embora as vacinas continuem eficazes na redução de casos graves, sua capacidade de impedir infecções ou transmissões é limitada. Sim, elas ajudam, mas não são a armadura impenetrável que imaginávamos. Além disso, estudos apontam que a imunidade adquirida após contrair a Covid é tão robusta quanto – ou até mais duradoura – que a conferida pelas vacinas. Essa realidade muda a maneira como enxergamos a pandemia, as vacinas e, especialmente, uns aos outros. Ainda assim, há uma resistência em aceitar que uma pessoa não vacinada pode ser tão inofensiva para a sociedade quanto uma triplamente vacinada. E isso, infelizmente, alimenta preconceitos desnecessários.
O Rótulo dos "Não Vacinados": Uma Nova Marginalização
Ah, os "não vacinados". Como um mantra moderno, esse termo carrega o peso de um estigma, quase como um sinônimo de irresponsabilidade ou perigo. Mas será justo? A história nos ensina que rótulos podem ser armas perigosas. Assim como os "intocáveis" de outras eras ou os "indocumentados" de hoje, "não vacinados" virou uma etiqueta que justifica exclusões, divisões e preconceitos.
Curiosamente, as áreas que deveriam ser redutos de inclusão – universidades, centros culturais, organizações comunitárias – muitas vezes lideram essa exclusão. E o que dizer dos dados? Nos Estados Unidos, por exemplo, grande parte dos não vacinados pertence a comunidades negras e jovens, grupos historicamente marginalizados. Combater esse rótulo, portanto, não é apenas uma questão de saúde pública; é uma questão de justiça social.
Mandatos de Vacinas: Solução ou Problema?
Ao longo dos últimos anos, os mandatos de vacinas foram abraçados como um escudo protetor. Mas, será que ainda fazem sentido? De acordo com órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), esses mandatos não são mais recomendados. Então, por que algumas instituições ainda os mantêm?
É hora de questionar essas práticas. Será que estamos tomando decisões baseadas em evidências ou em medos desatualizados? As vacinas, embora valiosas, não garantem proteção absoluta contra infecção. Logo, excluir alguém com base no status vacinal parece mais punitivo do que protetivo.
Caminhos para a Conscientização
Se queremos avançar, precisamos mudar a narrativa. Aqui estão algumas ações para construir um futuro mais equilibrado e informado:
Repensar o vocabulário: Vamos abandonar termos como "não vacinados" usados de forma pejorativa. Cada pessoa tem suas razões, e essas escolhas não fazem delas uma ameaça pública.
Contestar mandatos ultrapassados: Instituições que ainda impõem mandatos de vacinas devem revisar suas políticas e se alinhar com a ciência atual.
Educar para evoluir: O conhecimento sobre a Covid-19 está em constante evolução. Precisamos nos manter atualizados, evitando políticas baseadas em medos ou suposições antigas.
Reflexão Final: Do Medo à Unidade
Nos últimos anos, vivemos sob a sombra de políticas e discursos moldados pelo pânico. Mas a ciência é como um rio: flui, muda e encontra novos caminhos. Já é tempo de deixarmos para trás os resquícios de um pensamento coletivo movido pela histeria e caminharmos para uma convivência mais justa e informada. Afinal, não somos todos passageiros no mesmo barco? Em vez de nos dividirmos em vacinados e não vacinados, que tal remarmos juntos rumo a um futuro onde a empatia e a ciência guiem nossas decisões? Só assim poderemos transformar o medo em aprendizado e a desinformação em esperança.