A máfia tem controlado tudo desde o tráfico de drogas da esquina até os mais altos escalões do Estado. Glorificados no cinema e na televisão, perseguidos pelos órgãos de repressão ao crime, jurados de morte por seus inimigos, os mafiosos levam vidas violentas e, não raro, curtas. A máfia gira em torno de uma coisa: dinheiro. Mas os rituais secretos, as complexas regras e as emaranhadas redes de lealdade familiar exercem um papel importante na organização. Neste artigo nós descobriremos como as pessoas entram para a máfia, como ela age e o que os órgãos de repressão ao crime têm feito para combatê-la. Nós também vamos aprender sobre as pessoas e os importantes eventos que deram forma a esta sociedade nem tão secreta assim.
Máfia: visão geral - Hoje, a palavra "máfia" é empregada para se referir a praticamente qualquer organização criminosa e, em certos casos, até mesmo para descrever grupos sem qualquer ligação com o crime. Neste artigo, nós iremos nos concentrar no significado tradicional de "máfia": organizações criminosas à moda italiana ou siciliana.
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O crime organizado possui uma hierarquia em que as decisões tomadas pelos membros dos escalões mais altos vão descendo lentamente até os outros integrantes da família. A máfia não é um único grupo ou gangue - ela é composta de várias famílias que por vezes se enfrentaram em cruéis e sanguinárias guerras de gangues. Em outras ocasiões elas cooperaravam entre si em busca de lucros mais vantajosos, às vezes formando até uma "comissão" com poder para tomar decisões que afetavam todas as famílias (saberemos mais sobre a Comissão a seguir). Na maior parte do tempo, porém, elas simplesmente concordavam em não se meterem nos negócios umas das outras.
A condição de mafioso não é uma afiliação política nem religiosa. Devido às origens italianas, muitos mafiosos são católicos. No entanto, parte do juramento que o mafioso faz ao se tornar um "homem feito" - membro de uma família mafiosa - é que a máfia vem antes da família biológica e de Deus
Gírias da máfia
A Cosa Nostra - a expressão cosa nostra, às vezes traduzida do italiano como "coisa nossa", referia-se originalmente ao estilo de vida usual dos malfeitores organizados da Sicília. Quando a máfia foi para os Estados Unidos, agentes do FBI espionando por meio de escutas telefônicas ouviram a expressão e começaram a usar La Cosa Nostra (o que é gramaticalmente incorreto) para se referir à máfia. Com o tempo a expressão La Cosa Nostra passou a designar especificamente o mafioso americano, distinguindo-os de seus pares do Velho Mundo.
Omerta: na máfia, Omerta é a lei do silêncio.
Homem feito: homem que foi oficialmente iniciado em uma família mafiosa.
Capo: originalmente, era o cabeça de uma família na Sicília. Atualmente o capo é um subalterno a serviço do chefão da família.
Família: cada gangue individual dentro da máfia é conhecida como família. Nem todos os integrantes de uma família realmente têm parentesco uns com os outros, porém é comum que parentes de mafiosos sejam iniciados na mesma família de seus pais ou irmãos.
Espertalhão: alguém que tem envolvimento com a máfia.
A hierarquia da Cosa Nostra
A hierarquia descrita a seguir se refere especificamente à Cosa Nostra. Outros grupos possuem hierarquias semelhantes que, no entanto, podem se distinguir em alguns aspectos.
Cada grupo é formado por várias gangues, as chamadas famílias. O número delas pode variar de um pouco menos de 10 até mais de 100 famílias. Às vezes, o surgimento de uma nova família requer a aprovação dos cabeças das demais famílias, ao passo que, em outros casos, um grupo pode surgir da ramificação de outra família e consolidar o seu poder, sendo reconhecido como uma nova família com o passar do tempo. Embora cada família tenha seus próprios negócios, não é raro existir um alto grau de confusão entre eles dependendo da proximidade das famílias e da semelhança entre os empreendimentos.
O líder de cada família é conhecido como chefão ou dom. As decisões mais importantes são tomadas por ele e o dinheiro apurado pela família acaba fluindo em sua direção. A autoridade do chefão é indispensável para resolver diferenças e manter todo mundo na linha.
Logo abaixo do chefão está o subchefe. Ele é o segundo escalão da hierarquia. No entanto, o grau de influência que exerce pode variar. Alguns resolvem disputas sem passar pelo chefão. Já outros são preparados para substituir o chefão quando ele estiver velho ou correndo risco de ir parar na cadeia.
Abaixo do subchefe aparecem vários capos. O número de capos varia geralmente de acordo com o tamanho da família. O capo age como um gerente, controlando sua própria célula da família. Sua função é cuidar da operação de atividades específicas. O território do capo tanto pode ser definido geograficamente ("tudo que fica a oeste da 14th Street pertence ao Louie 'The Key' DiBartolo") como pelo tipo de negócio ilícito em questão ("Alfonze 'Big Al' Maggioli é quem manda na loteria clandestina"). A chave para se tornar um capo de sucesso é fazer dinheiro. Parte da receita desses negócios ilícitos fica com o capo, o que sobra é repassado para o subchefe e o chefão.
O "trabalho sujo" fica por conta dos soldados. O soldado ocupa o posto mais baixo entre os homens feitos. Eles fazem parte da família mas têm pouca autoridade e ganham relativamente pouco dinheiro. O número de soldados sob as ordens de um determinado capo é imensamente variável.
Além dos soldados, a máfia também se vale dos associados. Estes não são verdadeiros membros da máfia, porém cooperam com soldados e capos em diversos empreendimentos criminosos. Um associado é simplesmente uma pessoa que trabalha com a máfia, podendo ser arrombadores, traficantes, advogados, banqueiros de investimentos, policiais e até mesmo políticos.
Há ainda outra posição na família que tem algo de folclórica - trata-se do consigliere. O consigliere não é considerado parte da hierarquia da família: sua função é atuar como conselheiro e tomar decisões imparciais com base na justiça e não em sentimentos pessoais ou vendetas familiares. Via de regra, o posto deve ser preenchido pelo voto dos membros da família, não por indicação do chefão. Na prática, porém, os consiglieres às vezes são indicados e nem sempre são imparciais.
Divisões da máfia
A máfia em si não é uma organização concreta. Não existe nenhum cabeça da máfia. Ao contrário, a palavra máfia é um termo abrangente que designa um dentre vários grupos de gângsteres com origens que remontam à Itália ou Sicília.
Em linhas gerais, existem cinco grupos mafiosos que se distinguem basicamente pelas regiões em que operam ou nas quais tiveram sua origem. Todos os cinco grupos têm ligações com atividades criminosas espalhadas por todo o globo e colaboradores em diversos países. A máfia siciliana originou-se na ilha da Sicília, a Camorra teve início em Nápoles e a máfia calabresa surgiu na região italiana da Calábria. A Sacra Corona Unita é um grupo mais recente, baseado na região italiana da Puglia. Finalmente, a Cosa Nostra é a máfia norte-americana, embora este grupo deva suas origens às famílias sicilianas e a alguns dos outros grupos de procedência italiana.
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Não existe uma regra clara quando se trata de dar nome às famílias da máfia. As primeiras famílias herdavam o nome da região ou cidade da Itália onde surgiam. Às vezes, a família era batizada com o nome do chefão, especialmente se este fosse poderoso ou se estivesse há muito tempo na posição. Os nomes das cinco principais famílias de Nova Iorque foram divulgados através do depoimento do informante Joe Valachi diante de uma subcomissão do Senado em 1962 e 1963. As famílias recebiam o nome do chefão que estivesse no poder, embora em um determinado caso o nome de um chefão mais antigo e poderoso era utilizado. Estas cinco famílias chamavam-se Bonanno, Genovese, Gambino, Luchese e Profaci. Alguns anos depois, a família Profaci foi assumida por Joseph Colombo, que de tão famoso acabou dando nome à família que agora se chama Colombo. O mesmo quase aconteceu quando a família Gambino passou para o controle de John Gotti. Mas, antes que ela recebesse seu nome, Gotti foi preso e condenado por formação de quadrilha e homicídio, em grande parte graças à colaboração do traidor da máfia, Sammy "The Bull" Gravano, com a Justiça.
A maioria das outras famílias dos EUA simplesmente recebe o nome da cidade em que operam: a família da Filadélfia, a família de Buffalo, a família de Cleveland e assim por diante.
Iniciação na máfia
Os detalhes de uma cerimônia de iniciação na máfia foram guardados a sete chaves por décadas. Porém, no começo da década de 60, o depoimento de Joe Valachi a uma subcomissão do Senado trouxe a máfia para debaixo dos holofotes. A descrição a seguir se refere à cerimônia conduzida pela máfia siciliana e pela maioria das famílias mafiosas norte-americanas. Dependendo das circunstâncias, como uma iniciação feita na prisão ou uma rápida cerimônia em meio a uma disputa de gangues, alguns detalhes podem ser diferentes.
Primeiro, o candidato a gângster simplesmente recebe uma ordem para "se aprontar" ou "se vestir". Em seguida ele é levado para um local privado onde ocupará lugar em uma longa mesa, bem ao lado do chefão. Os outros mafiosos presentes unem as mãos e recitam juramentos e promessas de lealdade. Depois, o iniciando deve segurar um pedaço de papel em chamas. Em algumas famílias, o novo soldado fará dupla com um mafioso mais experiente que servirá de "padrinho", alguém que o guiará na vida mafiosa. O iniciando deve então jurar lealdade por toda a vida à família e, em seguida, retira-se uma gota de sangue de seu dedo indicador.
No entanto, é preciso mais do que um juramento e uma gota de sangue para fazer parte da máfia. Somente homens de ascendência italiana são admitidos. Em algumas famílias é preciso ter pai e mãe italianos, ao passo que outras exigem apenas pai italiano. O futuro gângster ainda deve demonstrar que tem uma queda por fazer dinheiro ou, no mínimo, disposição para cometer atos de violência se receber ordem para isso. Em geral, o criminoso deverá passar em um teste antes de ser considerado para a iniciação, o que, segundo rumores, envolve a participação em algum homicídio.
Há um último obstáculo que alguns gângsteres precisam vencer antes de se tornarem homens feitos: a Comissão. Nas décadas de 20 e 30, as famílias mafiosas dos Estados Unidos viviam quase constantemente em guerra umas com as outras. Era comum que elas recrutassem soldados às dúzias, de maneira que as famílias rivais não soubessem que eram inimigos. Os novos recrutas podiam facilmente se aproximar dos membros de outras famílias e assassiná-los. Para acabar com isso, a Comissão passou a exigir que todas as famílias fizessem uma lista de seus potenciais membros para circular entre as demais famílias. Além de eliminar a questão dos membros desconhecidos, a medida também permitiu que os chefões riscassem candidatos envolvidos em problemas com as outras famílias. Se estes candidatos se tornassem homens feitos, desavenças pessoais poderiam acabar em violentas disputas entre as famílias.
Atividades mafiosas
O objetivo primordial da máfia é fazer dinheiro. As famílias se valem de diversas atividades para conseguir esse objetivo. Uma das mais comuns é também uma das mais simples: a extorsão. Extorquir é exigir dinheiro das pessoas por meio de algum tipo de ameaça. Os "pedágios de proteção" da máfia são esquemas de extorsão. Eles dizem a um comerciante que este precisa pagar R$ 209 por semana para que possam "protegê-lo" de criminosos que poderão arrebentar a loja ou atentar contra sua família - insinuando que os próprios membros da máfia são esses criminosos.
A máfia ganha dinheiro com praticamente todo tipo de atividade ilícita que existe. Produtos clandestinos são caros, não pagam impostos e não estão sujeitos à mão reguladora do Estado. Os mafiosos já negociaram com tudo, da venda de álcool durante a Lei Seca até o tráfico de entorpecentes, prostituição e loterias clandestinas.
Às vezes são arrombamentos e contrabando que geram receitas, mas os capos sabem que precisam desenvolver atividades de maior escala para assegurar o máximo de lucratividade. Por essa razão, eles assaltam caminhões e se apoderam de cargas inteiras de produtos roubados. Outro método utilizado pelos mafiosos consiste em subornar motoristas ou estivadores, os quais "extraviam" caixotes e cargas que mais tarde vão parar nas mãos da máfia. Os produtos roubados podem ser de aparelhagem de som a roupas femininas (um dos itens favoritos de John Gotti no início de sua carreira).
Um dos mais conhecidos esquemas mafiosos consistia na infiltração em sindicatos de trabalhadores. Acredita-se que durante várias décadas todo grande empreendimento de construção civil na cidade de Nova Iorque era controlado pela máfia. Os mafiosos subornavam ou ameaçavam líderes sindicais para conseguir uma parcela do negócio sempre que um sindicato ficava com uma obra de construção, ou então eles próprios trilhavam caminho até a liderança do sindicato. Uma vez que tivesse firmado as garras em um sindicato, a máfia podia controlar todo aquele setor econômico. Os mafiosos poderiam fazer com que os operários diminuíssem o ritmo de trabalho ou suspendessem uma obra se os empreiteiros ou incorporadores não pagassem o que eles exigiam, isso sem falar do acesso que tinham aos gigantescos fundos de pensão dos sindicatos. Houve um momento em que a máfia poderia ter causado a paralisação total da construção civil e do transporte de cargas nos Estados Unidos. Os últimos 20 anos, porém, têm sido marcados por um combate linha dura e em larga escala do governo federal contra as conexões entre a máfia e os sindicatos.
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A atual estrutura da máfia levou séculos para se desenvolver. Continue a ler para aprender sobre a história da máfia e ver como os órgãos de repressão têm combatido o crime organizado no decorrer dos anos.
História
A atual estrutura da máfia levou séculos para se desenvolver. Tudo começou na ilha da Sicília. Apesar de existirem grandes facções criminosas organizadas em outras partes da Itália, é a máfia siciliana que normalmente é considerada a mãe de todas as outras organizações mafiosas.
Vários fatores singulares contribuíram para o desenvolvimento do crime organizado na Sicília. A ilha está localizada em ponto estratégico e de fácil acesso no Mar Mediterrâneo. Por essa razão, a Sicília foi palco de inúmeras invasões, conquistas e ocupação por forças inimigas. Esses fatos levaram a um descrédito generalizado nas autoridades centrais e nos sistemas legais codificados. A família substituiu o Estado como centro da vida siciliana e as disputas passaram a ser resolvidas por meio de um sistema em que as punições eram aplicadas além dos limites da lei.
No século XIX o sistema feudal europeu finalmente entrou em colapso na Sicília. Sem a presença de um governo ou autoridade concretos, a situação na ilha logo degenerou para um estado de desrespeito à lei. Certos proprietários de terras e outros homens poderosos começaram a ganhar renome e, com o tempo, passaram a ser vistos como líderes locais. Estes eram conhecidos como capos. Os capos usavam seu poder para cobrar tributos dos fazendeiros sob sua autoridade (exatamente como os senhores feudais). Sua autoridade era exercida com ameaças de violência, ou seja, pelo medo. As práticas criminosas dos capos jamais eram comunicadas nem mesmo por suas vítimas, devido ao temor de represálias. Este foi o princípio da máfia siciliana.
O desenvolvimento da máfia
Diversos aspectos da vida mafiosa que têm sobrevivido aos séculos nasceram durante a transição do sistema feudal para uma forma de governo moderno na Sicília. A expressão cosa nostra - "coisa nossa" - era utilizada na Sicília para descrever o estilo de vida de um mafioso. O manto de segredo que envolvia as atividades da máfia na Sicília tornou-se conhecido como omerta, a lei do silêncio. Este pacto servia de proteção aos chefões da máfia contra as atividades dos criminosos que ocupavam níveis inferiores na organização. A prática de recrutar garotos para a máfia, culminando com o teste final, também tem sua origem na Sicília.
No começo do século XX o crime organizado estava tão profundamente enraizado na vida siciliana que evitar qualquer contato com a máfia era algo impossível. O ditador Benito Mussolini combateu a máfia com mão de ferro utilizando métodos hostis e, não raro, violentos. No entanto, quando as tropas norte-americanas ocuparam a Sicília durante a Segunda Guerra Mundial, elas confundiram os criminosos encarcerados com prisioneiros políticos e não apenas os libertaram como também fizeram muitos deles prefeitos e chefes de polícia. Não demorou muito e a máfia já tinha firmado domínio sobre o Partido Democrata-Cristão italiano.
Nos anos do pós-guerra, as várias famílias rivais da Sicília chegaram à conclusão de que estavam perdendo dinheiro com suas constantes disputas. Elas convocaram um cessar-fogo e constituíram um grupo denominado a Cupola para supervisionar as operações de todas as famílias e aprovar todos os grandes empreendimentos e assassinatos. Um sistema semelhante seria colocado em prática pelas famílias norte-americanas durante a década de 50. Embora tenham conseguido sufocar as guerras entre gangues durante algum tempo, essas comissões deixavam os chefões vulneráveis a processos judiciais, pois, com a Cupola em atuação, eram eles que aprovavam pessoalmente os assassinatos.
A luta contra a máfia siciliana atingiu seu auge na década de 80. Dois importantes promotores de justiça, que tinham causado muito estrago à máfia, foram assassinados em atentados à bomba. A população ficou indignada e o governo finalmente respondeu com o chamado maxiprocesso. Mais de 400 mafiosos foram julgados em uma casamata especialmente construída para servir de tribunal. Os réus ficavam em grandes celas no fundo da sala de julgamentos, de onde freqüentemente gritavam e proferiam ameaças contra as testemunhas à medida que o julgamento seguia seu curso. No fim, 338 mafiosos foram condenados.
Isso, porém, não foi suficiente para erradicar a máfia da Sicília. Em 1992, o governo italiano ainda teve que enviar 7.000 soldados para a Sicília. Eles ocuparam a ilha até 1998. A máfia siciliana está na ativa até hoje, porém mais calma e menos violenta.
A máfia norte-americana
Os sicilianos e outros italianos começaram a imigrar para os Estados Unidos no século XIX, contudo, uma grande leva de imigrantes chegou em terras norte-americanas logo no início do século XX. Embora a maioria trabalhasse duro para construir uma nova vida para eles e sua família através de meios lícitos, alguns trouxeram consigo os modos da máfia siciliana.
O primeiro grande incidente envolvendo a máfia ocorreu na década de 1890, em Nova Orleans. Uma família de criminosos sicilianos estava sendo perseguida pelo chefe de polícia local, que acabou sendo assassinado. Durante o processo, os gângsteres subornaram testemunhas e foram considerados inocentes. O fato desencadeou um furor anti-italiano e uma turba seguiu em direção à cadeia pública para linchar os envolvidos. O episódio terminou com um saldo de dezesseis homens mortos a tiros ou enforcados pela multidão.
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As famílias mafiosas espalharam-se pelo país na primeira metade do século XX a partir de Nova Iorque, cidade dividida entre cinco famílias que disputavam a hegemonia. A era da Lei Seca fez com que enormes somas de dinheiro fossem despejadas nos cofres da máfia como resultado do comércio ilegal de bebidas alcoólicas por todo o país. Seu poder cresceu de forma exponencial durante esse período e foi nele também que estouraram guerras entre as famílias. No começo da década de 30, o país foi assolado por uma epidemia de violência associada à máfia: chefões e subchefes eram regularmente assassinados, sendo poucos os que exerciam o cargo por mais de alguns meses antes de serem mortos. Só no ano de 1930, a família Luchese teve três ou quatro chefões assassinados.
No centro deste banho de sangue, do qual também foi um dos maiores mentores, estava um gângster chamado Charles "Lucky" Luciano.
Luciano alcançou uma posição de grande influência dentro da Cosa Nostra e deu seu apoio a uma idéia que estava circulando nos meios mafiosos havia algum tempo - a criação de uma comissão multifamiliar que aprovasse as atividades mafiosas em território nacional.
Fonte: http://pessoas.hsw.uol.com.br/mafia-italiana.htm