Transcrição de uma palestra proferida por G. Edward Griffin, com base em seu livro The Creature from Jekyll Island — A New Look on the Federal Reserve. Quem cria o dinheiro? De onde ele vem e para aonde vai? Os segredos dos magos do dinheiro são revelados. Examine de perto os espelhos, as máquinas de fumaça, as roldanas, rodas dentadas e polias que criam a grande ilusão chamada dinheiro.
Longe de ser uma leitura árida e maçante, este artigo o deixará fascinado logo nas primeiras páginas. Parece uma história de detetive, mas é tudo verdade. A criação do Sistema da Reserva Federal, uma parceria entre o governo americano e um cartel de grandes bancos internacionais, é uma das maiores fraudes da história. Está tudo explicado aqui: a causa das guerras, dos ciclos de expansão e crises, inflação, depressão e prosperidade. Griffin expõe o problema do dinheiro fajuto, criado a partir do nada, por um passe de mágica, que ele chama de "Mecanismo Mandrake". Após ler este artigo, sua visão do mundo mudará definitivamente; você também nunca mais confiará nos políticos e nos banqueiros.
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Começaremos bem no passado para darmos certa perspectiva histórica ao assunto; iremos ao primeiro século antes de Cristo, ao pequeno reino da Frígia. Houve ali um filósofo chamado Epicteto, que disse: "Existem quatro tipos de aparências: As coisas são como parecem ser; ou nem são nem parecem ser; ou são, mas não parecem ser; ou não são, mas parecem ser." Quando li essa afirmação pela primeira vez, ri muito e pensei que, com toda a certeza, se Epicteto estivesse vivo hoje, ele provavelmente seria um professor de Teoria Monetária e Sistema Financeiro na Universidade de Harvard; essa frase dele soa como tantas explanações que já li sobre vários aspectos do Sistema da Reserva Federal. O que ele fez foi pegar um conceito bem simples, mas ao tempo em que ele o explicou, ninguém fez a menor idéia sobre o que ele estava falando. Tudo o que Epicteto disse é que as aparências podem às vezes ser enganosas.
Entretanto, pensei que talvez acidentalmente, Epicteto tinha me dado uma trilha a seguir. Na verdade, isto poderia ser o tema, pois se existe alguma coisa enganosa no mundo, isto é o Sistema da Reserva Federal. Na verdade, ele é uma daquelas aparências do quarto tipo, aquelas que não são, mas que parecem ser. Vou usar isto como uma espécie de gancho para o assunto. Voltaremos ao tema de tempos em tempos porque ele nos diz algo no nível mais fundamental sobre o Sistema da Reserva Federal — que as aparências podem ser enganosas.
Quando fiz minha pesquisa sobre este assunto cheguei à chocante conclusão que o Sistema da Reserva Federal não precisa ser auditado, ele precisa ser abolido. É muito intrigante achar que devemos auditar o Fed, mas descobri que provavelmente, se o Fed fosse auditado, nada de irregular seria descoberto porque ele está fazendo exatamente o que deve fazer de acordo com a lei. O que ele deve fazer de acordo com a lei é a justificativa para aboli-lo, de modo que tudo o que precisamos fazer é compreender o que o Sistema da Reserva Federal faz e ficaremos bastante decepcionados com isto. O fato é que a maioria das pessoas não tem a mínima idéia sobre o que o Fed na verdade faz.
Cheguei à conclusão que a Reserva Federal precisa ser abolida por sete razões. Gostaria de lê-las para vocês agora apenas para que tenham uma idéia de onde estou vindo, como se diz. Coloquei essas razões na forma mais concisa possível para torná-las bem chocantes e talvez então vocês consigam memorizá-las:
A Reserva Federal é incapaz de cumprir seus objetivos declarados;
Ela é um cartel que opera contra o interesse público;
Ela é o supremo instrumento da usura;
Ela gera o tributo mais injusto que temos;
Ela incentiva a guerra;
Ela desestabiliza a economia;
Ela desestimula a formação de capital privado.
Não sei o que vocês pensam sobre esses pontos. Sei que muitos de vocês concordam com eles, mas presumo que existam alguns céticos aqui nesta noite e espero realmente que existam, pois, caso contrário, serei como um pregador falando somente para convertidos na igreja. Na verdade, sei que sempre existem alguns céticos que vêm a esses encontros e, francamente, é para vocês que estou falando hoje à noite. Uma vez, não muito tempo atrás, eu estava nessa mesma estrutura mental. Eu teria pensado comigo mesmo que estas são afirmações muito extremistas e acharia que elas não possam ser fundamentadas de forma factual. Embora o tempo não me permita abordar todos esses pontos aqui nesta noite, gostaria de explorar os quatro primeiros tópicos por certo tempo e mostrar que existe na verdade razão suficiente para uma pessoa racional concluir que essas afirmações são verdadeiras.
Acho que o melhor lugar para iniciar é com a formação da "criatura da Ilha Jekyll"; a criação da Reserva Federal. Isto me leva de volta ao título do meu livro, "The Creature from Jekyll Island" e se alguém aqui veio pensando que vamos exibir um filme que é a continuação de Jurassic Park, então você está no lugar errado. Obviamente, o título foi escolhido para atrair a atenção, mas também tem um grande significado. Para aqueles de vocês que nunca tiveram a oportunidade de se aprofundar no assunto, devo explicar que a Ilha Jekyll é uma ilha real, situada na costa do Estado da Geórgia. Foi naquela ilha, em 1910, que o Sistema da Reserva Federal foi criado em um encontro altamente secreto que ocorreu ali. O que eu gostaria de fazer é ilustrar para vocês que o encontro realmente ocorreu e mostrarei alguns dos documentos que estão disponíveis para provar que o sigilo era total e então chegaremos à pergunta: "Por que o segredo?" Quando as coisas são feitas em segredo, freqüentemente há algo a esconder e exploraremos o que eles queriam esconder. Uma vez que chegarmos a uma compreensão disso, então finalmente compreenderemos um aspecto muito importante do Sistema da Reserva Federal que geralmente não é compreendido pelas pessoas.
Em 1910, a Ilha Jekyll era particular; ela pertencia a um pequeno grupo de milionários de Nova York. Estamos falando de pessoas como J. P. Morgan, William Rockefeller e seus associados. Havia um clube chamado "The Jekyll Island Club". Eles eram os donos da ilha e suas famílias iam para lá nos meses de inverno. Havia uma magnífica estrutura ali, a sede do clube, que era o centro das atividades sociais. A propósito, essa sede ainda existe lá. A ilha foi comprada pelo Estado da Geórgia e transformada em um parque estadual e a sede foi restaurada e está aberta à visitação. Acho que vocês ficariam bastante impressionados se a visitassem. Ao caminhar pelos corredores, vocês encontrarão uma porta em que há uma placa de bronze, com os seguintes dizeres: "Nesta sala foi criado o Sistema da Reserva Federal." Isto já não é mais segredo; é uma questão de registro público. Em volta da sede existem diversos chalés, como eles eram chamados, construídos por algumas das famílias para se hospedarem. Eles são bem engraçadinhos; são exemplos magníficos da arquitetura na virada para o século 20. Em um dos chalés pelo quais eles fazem os passeios guiados, se vocês estiverem interessados nisso, se posso lembrar bem, o guia nos disse que existiam 14 banheiros naquele chalé — não é exatamente o que chamaríamos hoje de chalé!
A sede é onde o Sistema da Reserva Federal foi criado. Vamos descrever essa história em detalhe e ver como tudo aconteceu. O ano era 1910, três anos antes da Lei da Reserva Federal ser sancionada. Em novembro daquele ano, o senador Nelson Aldrich enviou seu vagão particular à estação de trem em New Jersey e ali ele ficou de prontidão para a chegada do senador e de seis outros homens, que foram instruídos a virem em condições de estrito sigilo. Por exemplo, eles foram instruídos a chegarem um de cada vez, a partir de certo horário, e a não jantarem juntos na noite da partida. Caso eles chegassem à estação ao mesmo tempo, deveriam fingir que não se conheciam. Eles foram instruídos a evitarem os repórteres dos jornais a todo o custo porque eles eram bem-conhecidos e, se fossem vistos, os repórteres fariam perguntas. Além disso, se dois ou três deles fossem vistos juntos, isso levantaria suspeitas e os repórteres fariam muitas perguntas. Um dos homens carregava uma espingarda dentro de um grande estojo preto para que, se fosse abordado e interpelado por algum repórter, ele estava preparado para responder que estava viajando para caçar patos. A coisa interessante sobre esta parte da história é que descobrimos mais tarde por meio de seu biógrafo que esse homem nunca disparou um único tiro em toda a sua vida; na verdade ele pediu emprestada aquela espingarda apenas para carregar consigo nessa viagem como parte da dissimulação e camuflagem.
Uma vez que eles embarcaram no vagão particular, esse padrão continuou. Eles foram instruídos a usar somente os primeiros nomes e evitar usar os sobrenomes. Alguns deles até mesmo adotaram codinomes. A razão para isto é que os funcionários a bordo do trem não sabiam quem eram aqueles homens. Eles receavam que se os empregados falassem sobre isso, a notícia vazaria e poderia chegar à imprensa. Eles viajaram por duas noites e um dia a bordo desse vagão e chegaram a Brunswick, na Geórgia, após uma viagem de cerca de 1.600 km. Dali, embarcaram em uma balsa, atravessaram o estreito e chegaram à Ilha Jekyll, à sede do clube, onde pelos próximos nove dias eles se assentaram à mesa e definiram todos os detalhes importantes daquilo que eventualmente se tornou o Sistema da Reserva Federal. Quando eles terminaram, voltaram para Nova York.
Por mais alguns anos esses homens negaram que esse encontro tivesse ocorrido. Somente após o Sistema da Reserva Federal ter sido firmemente estabelecido é que eles começaram a falar abertamente sobre sua viagem e o que eles realizaram. Vários deles escreveram livros sobre o assunto, um deles escreveu um artigo para uma revista e eles deram entrevistas aos jornais, de modo que agora é possível entrar no registro público e documentar claramente e em detalhes o que aconteceu ali.
Quem eram esses sete homens? O primeiro, já mencionado, o senador Nelson Aldrich, era o líder Republicano no Senado e presidente da Comissão Monetária Nacional, que era um comitê especial do Congresso criado para o propósito de fazer uma recomendação de uma legislação proposta para o Congresso reformar a atividade bancária. O público estava bastante preocupado naqueles dias com o que estava acontecendo no setor bancário; muitos bancos estavam fechando, as pessoas estavam perdendo seus investimentos, os bancos tinham quebrado a promessa de preservar o patrimônio dos depositantes, ocorreram corridas aos bancos, e estes não conseguiam devolver o dinheiro aos clientes. Em particular, o Congresso estava preocupado com a concentração de riqueza nas mãos de alguns grandes bancos em Nova York, em Wall Street. Isto é o que eles chamavam de "truste do dinheiro" naquele tempo, mas hoje dizemos apenas "poder econômico". 'Truste do dinheiro' era uma frase comum. Alguns políticos foram eleitos por causa de suas promessas de campanha de quebrar o poder do truste do dinheiro. O presidente Wilson foi um dos políticos que baseou sua campanha nessa promessa, embora ele próprio tenha sido escolhido a dedo pelo poder econômico, financiado pelo poder econômico e cercado pelo poder econômico — todos os seus assessores e aliados políticos. O público não sabia disso naquele tempo e essa era uma questão popular. Se você baseasse sua campanha no combate ao poder econômico, estaria bastante apto a ser eleito e isto é o que chamo de "poder econômico das pessoas que você gosta de odiar".
Este era um dos propósitos da Comissão Monetária Nacional, que deveria propor uma legislação para quebrar o poder dos trustes financeiros e o senador Aldrich era o presidente da comissão. Ele também era um sócio comercial importante de J. P. Morgan. Ele foi o sogro de John D. Rockefeller Jr., o que significa que eventualmente ele se tornou o avô de Nelson Rockefeller, ex-vice-presidente dos EUA. Você deve se lembrar que o nome completo dele era Nelson Aldrich Rockefeller; seu nome do meio era derivado de seu famoso avô.
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O segundo homem importante ali era Abraham Andrew, que era Secretário Assistente do Tesouro. Posteriormente, ele se tornou um congressista e foi muito importante nos círculos bancários.
Frank Vanderlip foi outro dos participantes. Ele era o presidente do National City Bank of New York, que era o maior de todos os bancos americanos, representando os interesses financeiros de William Rockefeller e da firma de investimentos internacionais Kuhn, Loeb & Company.
Henry Davison também participou; o sócio sênior da J. P. Morgan Company. Charles Morton esteve presente; ele era o presidente do First National Bank of New York, que era outro dos gigantes. Benjamin Strong esteve no encontro; ele era o chefe do Banker's Trust Company, de J. P. Morgan e, a propósito, três anos depois ele se tornou o primeiro presidente da Reserva Federal.
Finalmente, outro participante foi Paul Warburg, que provavelmente era o mais importante no encontro, por causa de seu conhecimento da atividade bancária conforme ela era praticada na Europa. Warburg nasceu na Alemanha e mais tarde tornou-se um cidadão americano naturalizado. Ele era sócio da Kuhn, Loeb & Company e era um representante da dinastia bancária dos Rothschild na Inglaterra e França, onde mantinha ligações profissionais muito íntimas com seu irmão, Max Warburg, que era o chefe do consórcio bancário Warburg na Alemanha e na Holanda. Paul Warburg era um dos homens mais ricos do mundo. Na verdade, aqueles de vocês que foram fãs de Little Orphan Annie se lembram de Daddy Warbucks. Daddy Warbucks era a caracterização de Paul Warburg e todos naquele tempo tinham conhecimento disso. Tenho uma fotografia dele em meu livro e, se vocês compararem a fotografia com o personagem na revista em quadrinhos (banda desenhada), verão a semelhança entre Paul WARburg e Daddy WARbucks. A propósito, já que estamos falando de personagens em quadrinhos, se você jogou Banco Imobiliário quando era criança, lembra-se do desenho do capitalista com o grande bigode branco e o charuto? Este é J. P. Morgan.
Estes eram os sete homens a bordo daquele vagão de trem que viajaram até à Ilha Jekyll. Por mais impressionante que possa parecer, eles representavam aproximadamente 25% da riqueza de todo o mundo. Esses homens assentaram-se em volta de uma mesa e criaram o Sistema da Reserva Federal. Para o cético que está pensando que isto não aconteceu desse modo e certamente Griffin está exagerando, deixe-me tranqüilizá-lo e dizer que aconteceu assim mesmo, mas talvez não de forma tranqüila, mas em um estado de tensão.
Como sabemos? Por exemplo, Frank Vanderlip, que esteve no encontro, escreveu um artigo que apareceu no Saturday Evening Post em 9 de fevereiro de 1935 e eu gostaria de ler para vocês apenas um pequeno excerto daquele artigo. Isto foi o que Vanderlip escreveu: "Não acho que seja exagero falar da nossa expedição secreta à Ilha Jekyll como a ocasião da verdadeira concepção daquilo que eventualmente tornou-se o Sistema da Reserva Federal. Fomos instruídos a deixar de usar nossos sobrenomes. Fomos também orientados a evitar jantar juntos na noite do embarque. Fomos orientados a chegar um de cada vez e da forma mais discreta possível no terminal da estação de trem no litoral de New Jersey, onde o vagão particular do senador Aldrich já estaria engatado na parte traseira de um trem que ia para o sul. Uma vez a bordo do vagão particular, começamos a observar o tabu que tinha sido fixado para os sobrenomes.
Nós nos tratamos um ao outro pelo primeiro nome, como Ben, Paul, Nelson e Abe. Davison e eu adotamos disfarces ainda maiores, abandonando nossos primeiros nomes. Na teoria de que sempre estávamos certos, ele se tornou Wilbur e eu me tornei Orville, em homenagem aos dois pioneiros da aviação, os irmãos Wright. Os funcionários e a tripulação do trem poderiam conhecer a identidade de um ou dois de nós, mas não conheciam todos nós e os nomes de todos impressos juntos é que teria feito nossa jornada misteriosa significativa em Washington, em Wall Street, ou em Londres. Sabíamos com certeza que a descoberta não poderia acontecer."
Por que não? Por que o segredo? Qual é o problema em um grupo de banqueiros se reunir de forma particular e conversar sobre a atividade bancária ou até mesmo sobre a legislação bancária? A resposta é fornecida pelo próprio Vanderlip no mesmo artigo. Ele disse: "Se fosse exposto publicamente que nosso grupo em particular tinha se reunido e redigido uma lei bancária, essa lei não teria a menor chance de ser aprovada no Congresso." Por que não? Porque o propósito da lei era o de quebrar o poder do truste financeiro e ela foi redigida pelo truste financeiro. Se esse fato tivesse sido conhecido, nunca teríamos o Sistema da Federal Reserve porque, como disse Vanderlip, a legislação não teria a menor chance de ser aprovada no Congresso. Portanto, foi essencial manter tudo em segredo, como tem permanecido um segredo até hoje. Não exatamente um segredo que você não possa descobrir, pois qualquer um pode ir à biblioteca e pesquisar o assunto, mas ele certamente não é ensinado nos livros-texto dos estudantes de Economia ou de História. Não ficamos sabendo de nada na literatura oficial do Sistema da Reserva Federal porque isto seria como pedir para a raposa construir o galinheiro e instalar um sistema de segurança.
Esta foi a razão para o segredo no encontro. Agora sabemos algo muito importante sobre a Reserva Federal que não conhecíamos anteriormente, mas ainda há muito mais. Considere a composição do grupo. Lá estavam os Morgans, Rockefellers, Kuhn, Loeb & Co., os Rothschilds e os Warburg. Há algo estranho na mistura? Esses homens eram concorrentes. Eles eram grandes concorrentes no campo dos investimentos e bancos naquele tempo; eles eram os gigantes do setor. Antes desse período, eles estavam dando cabeçadas uns contra os outros, lutando ferozmente no campo de batalha para conseguirem a supremacia nos mercados financeiros mundiais. Não somente em Nova York, mas também em Londres, Paris e em toda a parte. E aqui eles estão assentados em volta de uma mesa e entrando em um algum tipo de acordo. O que está acontecendo aqui? Precisamos fazer alguns questionamentos.
Isto é muito significativo porque aconteceu precisamente em um ponto na história dos EUA em que as empresas estavam passando por uma grande e fundamental mudança de ideologia. Antes deste ponto, as empresas americanas estavam operando dentro dos princípios da livre empresa — a livre concorrência entre as empresas é o que fez os EUA crescer, prosperar e superar todos os outros países do mundo. Entretanto, uma vez que atingimos esse pináculo de desempenho, foi atingido o ponto na história em que a transição estava se afastando da concorrência para o monopólio. Isto foi descrito em muitos livros-texto como a aurora da era dos cartéis e isto é o que estava acontecendo. No período anterior de quinze anos antes do encontro na Ilha Jekyll, os mesmos grupos de investimentos sobre os quais falamos estavam se juntando mais e mais e se envolvendo em joint ventures (empreendimentos conjuntos), em vez de competir uns com os outros. O encontro na Ilha Jekyll foi meramente o ponto culminante dessa tendência em que eles se juntaram completamente e decidiram não competir mais — eles formaram um cartel.
Preciso definir essa palavra para que vocês saibam o que quero dizer quando uso a palavra cartel. Cartel é um grupo de empresas privadas e independentes que se unem para o propósito de reduzir ou eliminar a concorrência entre elas de modo a aumentar a margem de lucro ou garantir suas participações no mercado. As empresas fazem isto de várias formas, uma das quais é a fixação de preços — não há competição em preços. Existem outras formas. Se estivermos formando um cartel aqui, posso insistir em ficar com a região norte e você fica com o sul e não competimos mais. Ou, poderíamos combinar que eu fabricarei as porcas e você fabricará os parafusos e não competiremos mais, ou compartilharemos nossas patentes e processos industriais, ou qualquer outra coisa que combinarmos, de modo a eliminar a concorrência entre nós mesmos. Quanto mais camadas de acordo colocarmos uma sobre a outra, melhor ficamos envolvidos nessa estrutura de cartel e nos tornamos um no que se refere ao mercado, embora dentro desse agrupamento sejamos empresas de donos diferentes.
Isto é tão verdadeiro com um cartel bancário quanto é com qualquer outro setor da economia. Quando analisamos a natureza do Sistema da Reserva Federal, estudamos como ele opera, lemos a Lei da Reserva Federal, e o colocamos no contexto do pano de fundo histórico, chegamos à conclusão que o Sistema da Reserva Federal, embora se mostre como se fosse uma operação do governo de algum tipo, é meramente um cartel de bancos debaixo de nossos narizes e está protegido pela lei. Algumas vezes tenho a impressão que ele sempre esteve por ai, operando durante todos estes anos sem que nem ao menos soubéssemos. Alguns anos atrás assisti a um documentário sobre os rios subterrâneos de lava que existem no Havaí. Eles são impressionantes e, de vez em quando, o solo simplesmente arrebenta, um buraco se forma e você pode olhar para dentro e ver que existe um rio de lava fluindo alguns metros abaixo de seus pés e você nem sente, a não ser que mais um pedaço do solo arrebente e queira Deus que não arrebente na parte em que você está. Tenho a impressão que é assim que a Reserva Federal vem operando bem debaixo de nossos pés; esse cartel está em operação e nós nem ao menos sabíamos que ele existia porque esse fato tem sido cuidadosamente escondido de nós.
Conclusão número 2 sobre o Sistema da Reserva Federal, uma coisa muito importante que não sabíamos que ele é um cartel. Todavia, ainda há mais do que apenas isto. Talvez o terceiro ingrediente seja o mais importante de todos e é a compreensão que esse cartel entrou em parceria com o governo. Agora, temos algo extremamente significativo. Os cartéis freqüentemente entram em parceria com o governo porque precisam da força da lei para impor o acordo do cartel.
Sempre que uma parceria é formada é preciso existir algum benefício para os parceiros, caso contrário eles não a formarão. Assim, precisamos perguntar qual é o benefício, a vantagem, para esses dois parceiros? Por que eles entraram em parceria? Por que o governo e o cartel bancário entraram nessa parceria? Em resposta a essas perguntas, temos finalmente de lidar com a realidade do que é essa criatura da Ilha Jekyll. Vejamos então qual é a vantagem para esses dois parceiros. De modo a ver isto teremos de examinar em algum detalhe o mecanismo por meio do qual a Reserva Federal cria dinheiro. Este é um estudo bem interessante. Eu o chamo de "Mecanismo Mandrake", em homenagem ao personagem de histórias em quadrinhos dos anos 1940, "Mandrake, o Mágico", que podia criar alguma coisa a partir do nada e depois acenar sua cartola e fazer o objeto desaparecer novamente. Esta é uma frase bem descritiva do modo como a Reserva Federal opera.
Vamos dar uma olhada e ver como eles criam dinheiro por meio do Mecanismo Mandrake. Vou fazer isto de uma forma muito simplificada. Quero adverti-los que isto vai parecer simples demais. Não é. Vou remover toda a terminologia bancária, todos os jargões usados pelos banqueiros, todas as frases contábeis que precisam ser definidas e falar em linguagem comum que todos possam compreender. Talvez pareça para alguns que simplifiquei demais e quero garantir que apesar de linguagem simples, tudo o que vou dizer é 100% tecnicamente exato. A outra coisa sobre a qual quero advertir vocês é não tentarem fazer sentido disso, pois isso não pode ser feito; não faz sentido e vocês queimarão seus neurônios se tentarem que faça sentido. Apenas se lembrem que é uma fraude e, se vocês mantiverem esse fato em mente, então não terão dificuldades em compreender o que está acontecendo.
Eis como funciona. Tudo começa com o lado do governo da parceira; começa com o Congresso que está gastando dinheiro de forma adoidada. O governo gasta muito mais do que arrecada em impostos. O governo gasta mais do que ganha. Como ele consegue fazer isto? Basicamente isto é o que acontece. Vamos dizer que o Congresso precise de um bilhão de dólares adicionais hoje, então eles vão ao Tesouro e dizem: "Queremos um bilhão de dólares." O funcionário do Tesouro diz: "Os senhores devem estar brincando. Não temos dinheiro aqui; os senhores gastaram tudo muito tempo atrás; tudo o que foi coletado na forma de impostos os senhores gastaram por volta do mês de julho." O Congresso diz: "Achávamos que isto é o que tinha acontecido, mas pensamos em passar aqui apenas para saber se alguém enviou mais algum dinheiro." Eles se juntaram e desceram até a rua e tiveram a idéia de tomar emprestado o dinheiro. Assim, eles pararam na gráfica oficial, mas não imprimiram o dinheiro ali, eles imprimiram belos certificados, com bordas elegantes nas laterais e uma águia no alto e um selo na parte inferior, com as inscrições "Título do Governo", ou "Nota do Tesouro", dependendo do prazo de vencimento. Eles imprimem esses certificados de aspecto muito impressionante, e então os oferecem ao setor privado; eles esperam que as pessoas venham e emprestem dinheiro para o governo federal e muitas pessoas fazem isto e estão ansiosas para emprestar dinheiro ao governo. Por quê? Porque elas foram instruídas por seus gurus financeiros que essa é a aplicação mais sólida que pode ser feita. Por quê? Todos já ouvimos dizer que esses empréstimos são suportados pela fé e crédito plenos do governo. As pessoas não têm muita certeza sobre o que isto realmente significa, mas certamente a expressão é bonita. Gostaria de explicar para vocês que estão em dúvida o que isto significa. Fé e crédito plenos do governo significam que o governo promete solenemente devolver o empréstimo mais os juros, mesmo que para isso tenha de elevar a carga tributária da população. O governo fará tudo o que for necessário para cumprir a promessa. As pessoas não percebem que estão se colocando na corda bamba; elas vão receber seu dinheiro de volta com a dedução de uma substancial tarifa operacional.
Muito dinheiro é emprestado ao governo, mas nunca é o suficiente. O Congresso sempre precisa de mais dinheiro. Eles dizem, não se preocupem. Eles vão mais um pouco à frente na rua, até o edifício da Reserva Federal. O Fed está esperando por eles; afinal esta é uma das razões pelas quais ele foi criado. Quando eles entram no edifício da Reserva Federal, o presidente do Fed já está abrindo a gaveta de sua mesa. Ele sabia que eles iriam ali e está preparado, de modo que pega seu talão de cheques e preenche um cheque ao Tesouro dos EUA, no valor de um bilhão de dólares, ou qualquer outra quantia que eles necessitem. Ele assina o cheque e o entrega ao Secretário do Tesouro.
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Precisamos parar aqui por um minuto e fazer uma pergunta: De onde o Fed obtém o bilhão de dólares para entregar ao Tesouro? Quem colocou esse dinheiro na conta do Sistema da Reserva Federal? A resposta incrível é que não há dinheiro algum na conta do Sistema da Reserva Federal. Na verdade, tecnicamente, não há nem mesmo uma conta; há somente um talão de cheques. Isto é tudo. Esse bilhão de dólares passa a existir precisamente no momento em que o presidente do Fed assina o cheque, o que é chamado de "monetização da dívida" — esta é a expressão que eles usam. Isto significa que eles simplesmente preenchem um cheque, um grande cheque sem fundos. Se algum de nós fizesse isto, iríamos presos, mas eles podem fazer porque o Congresso quer que eles façam.
Na verdade, esta é a vantagem; o benefício para o lado do governo da parceria; é assim que o governo recebe instantaneamente qualquer quantidade de dinheiro, a qualquer tempo, sem ter de recorrer aos contribuintes diretamente, justificar a necessidade da cobrança dos impostos adicionais, ou pedir para elevar a carga tributária. Caso contrário, eles teriam de ir até os contribuintes e dizer que vão elevar a carga tributária de cada família em mais US$3.000 neste ano e, é claro, se fizerem isto, não conseguirão se reeleger nas próximas eleições. Os políticos gostam do Mecanismo Mandrake porque é uma fonte de dinheiro que não envolve perguntas. Você pode ter observado que há muitos anos que o Congresso não discute os preços das coisas; preço não é problema. O custo não faz a menor diferença porque, independente do valor a mais, eles sabem que podem ir ao edifício da Reserva Federal e por lei o presidente do Fed tem de preencher aquele grande cheque e entregar para eles fazerem o que quiserem.
PARTE 2