Fatos Ocultos

A Criatura da Ilha Jekyll. O Sistema da Reserva Federal - Parte 2

sistema_financeiroEssencialmente, esta é a razão por que o governo gosta do Mecanismo Mandrake — acesso fácil e instantâneo a qualquer quantidade de dinheiro sem que o contribuinte esteja diretamente envolvido no esquema. Mas e o lado dos bancos? É aqui que as coisas realmente ficam interessantes.  Vamos voltar ao cheque de um bilhão de dólares.  

O Secretário do Tesouro deposita o cheque na conta corrente do governo e, de repente, os computadores começam a indicar que o governo tem um depósito de um bilhão de dólares, o que significa que o governo agora pode emitir até um bilhão de dólares em cheques por causa daquele depósito, o que eles começam a fazer bem depressa.

Para facilitar nossa análise, vamos apenas seguir $100 daquele bilhão, em um cheque que, por alguma razão, eles enviaram para o carteiro que entrega a correspondência na sua rua. O carteiro recebe um cheque de $100; ele olha para o cheque e não pode imaginar nem em sonhos que aquele dinheiro não existia dois dias atrás em lugar algum no universo.

 Mas, é um dinheiro que ele pode gastar, de modo que ele não está nem um pouco interessado em saber se você quisesse lhe contar. Ele deposita o cheque em sua conta pessoal. Agora, finalmente saímos da Reserva Federal e entramos no sistema bancário privado. Estamos finalmente naquela parte da parceria que está envolvida no cartel. Um depósito de $100 foi efetuado no banco local e o banqueiro vê isso e corre até o balcão de empréstimos e anuncia: "Atenção, todos. Temos dinheiro para emprestar; alguém acaba de depositar $100." Todos ficam alegres com a notícia, porque esta é uma das razões por que eles foram ao banco, para pedir dinheiro emprestado.

Este é um sinal de saúde da nação; se você está precisando de dinheiro, então está ansioso para saber que o banco tem dinheiro para emprestar; as pessoas fazem fila para pegar empréstimos. Elas ouviram o banqueiro, porém acham que $100 não é muita coisa. Entretanto, o banqueiro lhes diz para não se preocuparem, pois o banco pode emprestar $900 com base naquele depósito de $100. Como pode ser? O modo como eles fazem isso é um pouco complicado, de modo que vou explicar em termos bem simples. O Sistema da Reserva Federal requer que os bancos tenham no mínimo 10% de seus depósitos em reserva. O banco retém 10% daqueles $100 em reserva, isto é, $10, e empresta para o primeiro cliente na fila os $90. O que esse cliente faz com o dinheiro? Ele quer gastar, de modo que deposita o dinheiro em sua conta corrente. Na verdade, o dinheiro provavelmente vai direto para a conta corrente. Entretanto, vamos assumir que o banco entregue o dinheiro e o cliente o deposite em sua conta; quando ele deposita, isto é um depósito, certo? Portanto, o processo se repete novamente e um segundo cliente pode receber seu empréstimo. Em seguida, o processo se repete uma terceira vez; depois uma quarta vez, e assim diante, mas sempre com valores decrescentes.

Houve somente um depósito inicial de $100, mas que resultou em $900 em empréstimos e aquele depósito ainda está ali. De onde os $900 vieram? A resposta é a mesma — o dinheiro não existia antes. Ele passou a existir precisamente no momento em que o empréstimo foi feito. Observe a diferença, uma importante distinção é quando o dinheiro é criado a partir do nada para o governo — ele é gasto pelo governo. Entretanto, no lado dos bancos, quando ele é criado a partir do nada ele não é gasto pelos bancos, mas é emprestado para vocês e para mim e nós gastamos. Observe que quando os bancos nos emprestam dinheiro, temos de pagar juros. Pense nisto por um instante. O dinheiro é criado a partir do nada e mesmo assim os bancos cobram juros, o que significa que eles cobram juros com base em algo que não existe! Que conceito! Por que não pensei nisto antes? Eu gostaria de ter um talão de cheques mágico como esse em que eu simplesmente pudesse passar o dia inteiro somente preenchendo e assinando cheques, sem precisar ter o dinheiro, apenas cheques, emprestar para as pessoas e esperar que elas me paguem os juros. É assim que funciona.

Agora você vê que o benefício para o cartel bancário estar envolvido no sistema da Reserva Federal é receber juros com base em nada. Entretanto, o processo não termina aqui. Ele tem conseqüências para você e para mim. Já ouvi algumas pessoas dizerem: "Não é interessante? Esses banqueiros são certamente muito inteligentes; acredito que eles mereçam ser ricos." É como se você estivesse fora do esquema, ele não nos afeta, eles se tornam mais ricos, mas tudo bem. Mas não é exatamente assim. Eles enriquecem, mas é tomando um pouco de cada um de nós. Como é que funciona? Vamos seguir isto.

Esse dinheiro recém-criado entra na economia e dilui o valor dos dólares que já existem em circulação. É como derramar água em uma panela com sopa; a água dilui a sopa. Portanto, injetando mais e mais dinheiro na economia, o dinheiro torna-se cada vez mais fraco e ocorre um fenômeno chamado inflação, que é o aparecimento da elevação dos preços. Enfatizo a palavra "aparecimento" porque na realidade os preços não estão subindo coisa nenhuma. O que estamos vendo é que o valor do dólar está declinando, esse é o lado real da equação. Se tivéssemos dinheiro real baseado em ouro, prata ou qualquer outra coisa tangível, que não pudesse ser criada a partir do nada, o governo e os bancos não poderiam simplesmente criar com uma canetada, e você então veria que os preços permaneceriam estáveis por muito tempo.

Para ilustrar este ponto, é interessante saber que se tivéssemos vivido na antiga Roma, com uma moeda de uma onça de ouro, poderíamos comprar uma elegante toga, um cinto feito à mão e um par de sandálias — este era o preço desses produtos em Roma. Hoje, se tivermos uma onça de ouro, o que podemos comprar? Poderíamos entrar em uma loja de artigos masculinos e comprar um terno elegante, um cinto feito à mão e um par de sapatos. Os preços desses itens não mudaram em milhares de anos quando expressos em termos de dinheiro real, mas quando expressos em termos dessas cédulas que carregamos em nossas carteiras, chamadas de notas da Reserva Federal, que não é dinheiro coisa alguma, apenas um dinheiro fajuto criado a partir do nada, por um passe de mágica, os preços continuam subindo constantemente porque o valor dessas unidades continua caindo à medida que mais e mais delas são criadas e despejadas na sopa da economia.

Isto ainda não é o fim do processo. Perdemos certo poder de compra por meio desse processo chamado inflação. Perdemos alguma coisa e pouquíssimas pessoas perguntam: "Quem ficou com aquilo que perdemos?" É como se ninguém tivesse ganho, todos nós perdemos, como se aquilo tivesse evaporado e ido para a atmosfera. Não, alguém ficou com aquilo. Para todo perdedor existe um ganhador. Ou, talvez devamos dizer que para cada cinqüenta perdedores existe um ganhador que recebe tudo. Alguém recebeu. Quem? As pessoas que ficaram com nosso poder de compra perdido são aquelas que estavam bem no ponto em que o dinheiro fresco foi injetado na panela da sopa econômica. Aqueles que receberam o dinheiro primeiro ganharam porque tinham total poder de compra no instante em que o dinheiro foi criado. Ao tempo em que eles o gastaram e deram para vocês e vocês também o gastaram e o deram a outra pessoa e ao tempo que ele sai da borda da panela onde a maioria de nós está, ele está diluído. Aqueles que estavam bem no bico da panela ficaram com nosso poder de compra perdido. Quem são eles? Obviamente o governo estava lá primeiro. Lembra-se do cheque de um bilhão de dólares? O início desse processo foi para o governo, que gastou instantaneamente e aquele dinheiro entrou na economia e esse foi o início do efeito cascata. Quem mais? Os próximos foram as pessoas que estavam no balcão de empréstimos do banco. Elas receberam o dinheiro que tinha acabado de ser criado pelo sistema bancário porque estavam tomando os empréstimos. Todos sabemos que em tempos de inflação, os tomadores de empréstimos ganham, isto não é mistério. Todos dizem que é bom contrair empréstimos e permanecer em dívidas porque você toma emprestado em dólares mas, por causa da inflação, acaba pagando bem menos.

Portanto, todos conhecem esta parte da equação. O que eles esquecem é que os supostos benefícios de fazer isso são entregues ao banco na forma de pagamento de juros. Na realidade, eles não estão ganhando muito. O ganho obtido por meio do processo inflacionário eles têm de pagar ao banco na forma de juros sobre nada. E parece que eles estão ganhando porque eles têm esses lucros no papel. O valor dos imóveis está subindo, subindo, subindo e o valor das minhas ações está subindo, subindo, subindo, mas é tudo papel. No que se refere ao poder de compra, ele não está subindo absolutamente. Apesar disso, eles ainda têm de pagar por essa ilusão na forma de pagamento de juros sobre nada.

Em seguida, vem a inevitável contração da economia. As pessoas não percebem que a economia move-se tradicionalmente como os dentes de uma serra — ela cresce gradualmente por um longo período de tempo e parece que para sempre continuará subindo, você pode planejar que isso continuará para sempre e nunca se preocupar e então ocorre o estouro! A economia cai muito rapidamente e depois inicia a próxima longa subida e as pessoas se esquecem que de vez em quando a economia cai de forma abrupta. Quando a economia se contrai, as pessoas estão comprometidas com dívidas e não conseguem honrar e fazer os pagamentos, de modo que perdem seus bens.

Outra coisa interessante é que quando o banco empresta dinheiro que ele criou a partir do nada, que não custou nada para produzir, ele quer algo em troca. Ele quer que você assine as linhas pontilhadas e comprometa sua casa, seu carro, seus bens, seu patrimônio, para que, se por alguma razão você não conseguir efetuar os pagamentos, eles possam tomar seu patrimônio. Eles não perdem nada. Seja expansão ou contração, inflação ou deflação, os bancos estão protegidos e nós, como ovelhas, seguimos com eles, porque não compreendemos e não sabemos que isto é uma fraude. Logicamente, não temos escolha agora, porque tudo é feito na forma da lei. Não temos como escapar. Não temos escolha, mas é ainda melhor que não compreendamos, porque assim não podemos reclamar.

Os dois grupos que ficaram com nosso poder de compra perdido — alguma surpresa? São os dois membros da parceria, o governo e o cartel dos bancos. Os dois grupos que constituem o Sistema da Reserva Federal.

Esse nosso poder de compra perdido é um tributo. Não pensamos nele como um tributo, mas é. Você não tem como escapar. Na verdade, é mais tributo do que o imposto de renda ou imposto sobre o consumo, dos quais você pode dar um jeito de escapar. Não é possível escapar desse tributo. Não existem deduções, isenções, todos pagam e é o tributo mais cruel e injusto de todos, porque incide com mais força sobre aqueles que menos poderiam pagar. Ele incide sobre aqueles que têm rendimentos fixos, como os aposentados. Qualquer pessoa que tenha poupado seu dinheiro está pagando esse tributo em proporção direta ao grau em que foi frugal. É um tributo, embora não pensemos nele como um tributo, mas é hora de pensar nele assim, como um tributo. É um tributo que vai de nós para o governo e para o cartel dos bancos.

Vamos resumir. Qual é o benefício para os membros da parceria? O governo é beneficiado porque consegue tributar a população em qualquer proporção que desejar por meio de um processo que a população não compreende, chamado de inflação. As pessoas não percebem que estão sendo tributadas, o que é realmente útil para os políticos que querem concorrer à reeleição. No lado dos bancos, eles conseguem ganhar juros perpétuos com base em nada. Enfatizo aqui a palavra "perpétuo" porque lembre-se que quando o empréstimo é pago, o dinheiro desse pagamento é emprestado para outra pessoa. Uma vez que o dinheiro é criado, o objetivo do banco é continuar "emprestado", como eles dizem. Na realidade, o banco nunca fica 100% emprestado e essa proporção varia bastante, mas o objetivo é permanecer emprestado o máximo que for possível. Falando em termos gerais, uma vez que esse dinheiro é criado no processo de empréstimo, ele entra na economia para sempre, gerando juros perpetuamente para um dos membros do cartel bancário que criou aquele dinheiro.

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Aqui está de forma condensada um curso intensivo sobre o Sistema da Reserva Federal e posso assegurar que vocês agora sabem mais sobre ele do que provavelmente aprenderiam se cursassem Economia por quatro anos, pois esta realidade não é ensinada nas faculdades.

E daí? Eles dizem. Você pode imaginar isto? Quando escrevi e publiquei meu livro, sabia que haveria alguma objeção, mas nunca imaginei qual seria. Eu não conseguia pensar em qualquer objeção ao livro, eu me preocupava com o que eles iriam dizer, o que os defensores do Sistema da Reserva Federal iriam dizer? Eu pensava que eles tentariam encontrar algum erro que cometi nos aspectos técnicos e tentariam então me fazer passar por um bufão. Mas nunca sonhei que a única oposição, pelo menos que a encontrei até aqui, foi a pergunta: "E daí?"

Estive no programa de rádio de Pat Buchanan cerca de um mês atrás e eles têm um co-apresentador que geralmente faz o papel de representante do ponto de vista oposto. Naquele dia eles tinham um indivíduo chamado Barry Lind (?), que era um intelectual poderoso, daquele tipo que defende a ACLU e eu estava um pouco nervoso pensando que talvez ficasse no papel de bobo diante de milhões de pessoas que ouvem aquele programa. Eu estava muito preocupado. É difícil nesses programas de rádio expor suas idéias, pois eles não lhe permitem falar muito. A maior parte do tempo fica com o apresentador Buchanan e então o co-apresentador tem a sua parte e depois entram os comerciais e você fica com apenas três minutos para expor sua visão e mesmo assim eles o interrompem. Fiz minha exposição da melhor maneira que pude e quando chegou a vez de Barry Lind falar, ele olhou para mim e disse: "Bem, o que você disse está certo, mas e daí?" Eu não conseguia acreditar. E então ele completou com o verdadeiro argumento: "Estamos vivendo bem, não estamos?"

Esta é uma pergunta interessante e desde então a tenho encontrado repetidas vezes. Do que você está reclamando? Estamos vivendo bem, não estamos? A implicação é que sem essa fraude não estaríamos vivendo bem, sem essa fraude estaríamos vivendo em cavernas. Não teríamos uma sociedade com um alto padrão de vida, não teríamos nenhuma das coisas que amamos sem essa fraude, esta é toda a implicação. Como então respondemos? E daí?

Primeiro de tudo, não estamos vivendo bem. Pessoas como Barry Lind estão sem dúvida vivendo muito bem e existem muitas pessoas no sistema que estão vivendo muito bem. Geralmente, essas são as pessoas que estão bem na ponta, perto de onde esse novo dinheiro entra no sistema, ou elas estão envolvidas no governo, ou recebem subsídios do governo. Para a maioria das pessoas, aquelas que estão mais afastadas da ponta, as coisas não estão tão bem, elas não estão vivendo tão bem. Na verdade, a única razão por que o povo americano conseguiu manter a aparência de um alto padrão de vida desde que o Sistema da Reserva Federal entrou em operação total, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, é por causa da transição para duas rendas por família. Agora, é necessário que o pai e a mãe trabalhem, apenas para manter a semelhança do que havia com apenas uma pessoa trabalhando na família. E, apesar das duas rendas na família, os salários reais estão menores para o homem comum hoje, salários reais em termos do número de horas que a pessoa precisa trabalhar para poder adquirir as coisas essenciais da vida. Os jovens casais que estão vivendo com uma única renda têm agora um padrão de vida inferior ao que seus pais tiveram. O tempo de lazer para o americano mediano está se reduzindo. A porcentagem de famílias que têm casa própria está caindo. A idade em que uma família adquire sua primeira casa própria está aumentando. O número de famílias que são contadas na classe média está caindo. O número de pessoas abaixo da linha da pobreza está aumentando. As falências pessoais hoje são quase três vezes o que eram nos anos 1960 e mais de 90% dos americanos estão falidos na idade de 65 anos. Portanto, não estamos vivendo bem como resultado dessa criatura da Ilha Jekyll.

Além disso, existe outra coisa errada com ela. Quando você tem um suprimento de dinheiro baseado no ar, ele não somente se expande, mas também se contrai. Se ele estivesse baseado em ouro, prata, ou microfones, o suprimento de dinheiro não poderia se expandir ou contrair. Mas quando ele é politicamente motivado, pode se contrair e essa é a causa principal de todas as expansões e estouros da bolha, que têm sido uma praga há tantos anos. Em outras palavras, este é o conceito que está por trás da recessão e da depressão e que é outra coisa que está errada com o sistema.

A terceira coisa que está errada é que o sistema é desonesto. Você realmente não precisa de nada mais do que isto, precisa? Mesmo se ele fosse o elemento que estava criando nossa prosperidade, mesmo se não causasse recessões e depressões, o fato de ser uma fraude, o fato de ser uma enganação, ser desonesto e ladrão é realmente uma boa razão em minha opinião para nos livrarmos dele. É o que está errado com essa fraude.

Vamos voltar para a Ilha Jekyll. Eles tinham um problema interessante ali: que nome dar à criatura? Essa parceria entre o governo e os bancos que estamos discutindo não era uma novidade com o Sistema da Reserva Federal. Na verdade, o conceito foi criado na Europa no século XVI. Ele foi aperfeiçoado com a formação do Banco da Inglaterra, em 1564 e, daquele ponto em diante, todos os governos na Europa tinham usado esse Mecanismo Mandrake. Obviamente, eles não o chamavam de Mecanismo Mandrake; eles o chamavam de "Banco Central" — esta é a frase técnica para a parceria. Se vocês quiserem pesquisar em um livro-texto ou enciclopédia, vocês o encontrarão sob o título "Banco Central".

Desde o Banco da Inglaterra em diante, todos os governos europeus tiveram bancos centrais por uma razão muito boa. Os reis e príncipes aprenderam da forma mais difícil possível que podiam elevar a carga tributária de seus súditos somente até certo nível e então tinham uma revolta em suas mãos e poderiam perder seus tronos (e suas cabeças). Parece que o nível natural girava em torno de 40-43%; as pessoas toleram esse nível máximo de carga tributária e então começam a fincar seus calcanhares no chão e não permitem um aumento maior. Mas com o mecanismo do banco central instituído, a tampa foi colocada para fora. Agora os governos podiam tributar a população em 50%, 60%, 70% e, em alguns casos, até 80% de tudo o que era produzido e o povo não se revoltava, pois não percebia que estava sendo tributado. As pessoas sabiam que os preços estavam subindo, mas não compreendiam o porquê; elas não sabiam quem estava ficando com seu poder de compra perdido.

O arranjo era excelente para os governos. Foi neste ponto na história que as guerras entre os governos começaram a aumentar. Eles sempre tiveram guerras, mas elas eram relativamente pequenas, porque as guerras são caras e a população não quer pagar mais de 40% de tudo, incluindo guerras. Mas agora que eles tinham um modo de tributar mais do que esse nível, eles podiam se envolver em guerras muito caras. Foi neste ponto na história que a Europa mergulhou de cabeça em guerras contínuas e muito, muito caras. A população pagava por elas sem reclamar por meio do processo da inflação.

Assim, quando chegou o tempo de transplantar esse conceito para os EUA, esses sete homens na Ilha Jekyll sabiam muito bem que estavam criando um Banco Central; essa era a razão por que a presença de Paul Warburg foi tão importante; ele era o homem com o conhecimento técnico profundo e detalhado de como os bancos centrais operam. Mas eles tinham um problema. Como poderiam ocultar isto do povo americano, pois o Congresso já tinha se manifestado que não queria um Banco Central nos Estados Unidos. Não creio que os congressistas sabiam o que essa expressão realmente significa, mas eles sabiam que a Europa tinha bancos centrais, seja lá o que eles fossem, e eles não queriam algo similar. Eles diziam que nos EUA, se era para ter uma reforma bancária, não queriam aquilo que existia na Europa; queriam algo que fosse singular para os princípios e a economia da América.

O problema diante desses homens na Ilha Jekyll era como chamar o Banco Central para que ninguém soubesse que ele era um Banco Central. E eles teorizaram sobre o assunto e esta foi a estratégia encontrada: Eles disseram: "Vamos lhe dar um nome e então acrescentar a palavra 'Federal' para fazer que pareça ser uma operação do governo. Em seguida, acrescentaremos a palavra 'Reserva' para fazer parecer que existem reservas em algum lugar, como se fosse um conceito bancário." Eles também acrescentaram a palavra 'Sistema', uma palavra muito importante embora possa parecer obscura agora, mas lembre-se que naquele tempo havia uma preocupação com a concentração do poder financeiro em Nova York, de modo que eles tinham de vender a idéia de um sistema de bancos regionais que difundiria esse poder por todo o país. Primeiro eles falaram sobre dez regiões, mas depois concluíram que não seriam suficientes, de modo que concordaram em doze regiões e doze bancos. Eles também disseram: "Construiremos grandes edifícios em todas essas regiões para que os caipiras locais possam ir e olhar para o edifício e dizer: 'Meu, temos um destes aqui.' A difusão de poder de Nova York; agora você pode ir e tocar os edifícios. A palavra 'Sistema' era muito importante.

Quando você olha de perto percebe que o que eles criaram não era federal, não havia reservas, não é um sistema no sentido de difusão de poder e esses bancos da Reserva Federal nem sequer são bancos. Em todas essas três palavras estamos lidando com aparências do quarto tipo. A estratégia foi brilhante.

A próxima coisa era vender a criatura para o público. O primeiro rascunho da Lei da Reserva Federal foi apresentado ao Congresso e foi chamada de Lei Aldrich, por causa de seu patrono, o senador Nelson Aldrich. Isso foi contra o bom conselho de Paul Warburg. Ele disse: "Nelson, não coloque seu nome na lei porque você está muito identificado com os interesses das grandes empresas e o Congresso rejeitará o projeto; a população também não o aceitará." Mas, aparentemente, o ego de Aldrich estava alto demais. Ele deve ter dito: "Não, não. Sou muito respeitado no Senado e sou o presidente da Comissão Monetária Nacional" e, por alguma razão, ele insistiu que seu nome estivesse na lei. Parece que ele queria entrar na história como o originador do Sistema da Reserva Federal. Warburg estava com a razão. Quando o projeto foi apresentado, o Congresso o rejeitou. Era o "Projeto de Lei das Grandes Empresas".

Eles pegaram o projeto de volta, pois sabiam que aquilo tinha sido apenas uma pequena derrota. Eles mudaram um pouco a ordem dos parágrafos, retiraram o nome de Aldrich e encontraram um par de Democratas para serem os patronos da lei. Desta vez foi diferente. Todos sabem que os Republicanos representam as grandes empresas, enquanto que os Democratas representam o homem comum, os fracos, o trabalhador da linha de montagem (como Ted Kennedy). Eles encontraram um par de Democratas milionários para serem os patronos do projeto de lei. Eles encontraram Carter Glass, na Câmara dos Representantes, e o senador Robert Owen, que era ele próprio um banqueiro. Agora, aquela era a lei Glass-Owen e ela era totalmente diferente e aceitável.

Em seguida, Aldrich e Vanderlip começaram a proferir palestras e conceder entrevistas para os jornais em que condenavam o projeto de lei. Eles diziam: "Esta lei será ruinosa para os bancos. Ela será terrível para o país." Quando as pessoas comuns liam isso nos jornais, diziam: "Acho que se esses banqueiros não gostam muito deste projeto de lei, então é porque ele deve ser muito bom."

Aqueles sujeitos não eram estúpidos. Precisamos dar crédito a eles. Eles não teriam chegado onde estavam se fossem palermas. Eles compreendiam a política, compreendiam a psicologia das massas e jogavam suas cartas extremamente bem. Enquanto isso, esses mesmos indivíduos, de seus próprios bolsos, estavam pagando a criação daquilo que chamavam de 'clubes de estudo de raiz' por todo o país. Eles patrocinaram esses clubes e realizavam encontros públicos e imprimiam livretos e panfletos exaltando as virtudes do Sistema da Reserva Federal. Eles doaram grandes somas de dinheiro para algumas das mais conhecidas universidades no país; elas criaram Departamentos de Economia com esse dinheiro; eles escolheram a dedo pessoas de sua confiança para serem professores catedráticos para chefiarem aqueles departamentos e, em seguida, esses professores, com todas suas credenciais acadêmicas, proferiram palestras e publicaram ensaios acadêmicos exaltando as virtudes do Sistema da Reserva Federal.

E então, por insistência de Paul Warburg, que sempre foi o estrategista-mestre, eles acrescentaram vários artigos muito sólidos, que restringiam seriamente a capacidade da Reserva Federal de criar dinheiro a partir do nada. Os associados de Warburg disseram: "Paul, o que você está fazendo? Não queremos esses artigos na nossa lei." E a resposta dele foi: "Relaxem, pessoal. Vocês não entendem? Nosso objetivo é fazer o projeto ser aprovado. Depois, poderemos fazer as correções." Estas foram as palavras exatas dele: "Depois poderemos fazer as correções." Ele estava certo. Foi por causa daqueles parágrafos que eles conseguiram ganhar o suporte de William Jennings Bryan, o líder do Movimento Populista, o último bastião contra o projeto de lei. Bryan estava preocupado que aquela lei seria um instrumento para arruinar o suprimento de dinheiro da nação, mas quando ele viu aqueles artigos e parágrafos, disse: "Estas prescrições são boas; acho que agora posso apoiar o projeto", sem sonhar que aquilo tudo era temporário. Na política, tudo é temporário. Quando as pessoas vão dormir as coisas são modificadas.

PARTE 3