Hoje, enquanto você lê este artigo, 278 milhões de pessoas na África enfrentam a desnutrição. É como imaginar um país inteiro vivendo sem acesso ao básico para sobreviver. Pior: 55 milhões de crianças menores de cinco anos têm seus corpos e sonhos atrofiados pela fome severa. Não é só um dado estatístico; são vidas, futuros, sorrisos que desaparecem diante de nossos olhos.
E a situação vai além das manchetes. Desde 2019, três quartos dos governos africanos cortaram investimentos na agricultura, a base da segurança alimentar do continente. Imagine: um lugar que já foi celeiro do mundo agora precisa importar alimentos para sustentar sua população. Por quê? Políticas de austeridade, dívidas bilionárias e acordos injustos têm transformado terras férteis em desertos de esperança.
A Fome Global: O Que Está em Jogo?
Não pense que essa crise é apenas "problema de lá". Em 2022, uma pessoa morria de fome a cada quatro segundos. É assustador, não? Desde 2019, o número de pessoas subnutridas cresceu em 150 milhões, como se uma população inteira fosse empurrada para o abismo da fome. Enquanto isso, bilhões de dólares em armas fluem para conflitos globais, como na Ucrânia, enquanto as mesas de milhões permanecem vazias.
Nos Estados Unidos, um país considerado símbolo de abundância, 30 milhões de pessoas enfrentam o que os especialistas chamam de 'penhasco da fome', com cortes drásticos na assistência alimentar federal. Na Inglaterra, 100 mil crianças não têm acesso a refeições escolares gratuitas. É um contraste cruel: dinheiro e recursos para guerras, mas não para comida.
O Sistema Alimentar: Uma Máquina de Ganância
Você já parou para pensar por que a comida parece estar cada vez mais cara, menos saudável e, ao mesmo tempo, irresistivelmente viciante? A resposta está em um sistema projetado para gerar lucro acima de tudo. Empresas gigantes de alimentos, fertilizantes e carne, por exemplo, distribuíram mais de US$ 53 bilhões em lucros para acionistas entre 2020 e 2021, enquanto o mundo enfrentava uma crise alimentar sem precedentes.
Essas corporações não só controlam o que chega à sua mesa, mas também ditam como o sistema funciona, sempre em favor de seus próprios interesses. Alimentos ultraprocessados, geneticamente modificados e sintéticos estão sendo empurrados como soluções para "alimentar o mundo", mas o que realmente fazem é aumentar os lucros enquanto deixam um rastro de doenças, como obesidade e diabetes tipo 2.
Uma Alimentação que Adoece
O Dr. Paul Marik, ex-professor de medicina, foi enfático: "O diabetes tipo 2 não é inevitável, é o resultado de um estilo de vida e alimentação ruins." Ele alerta sobre como a indústria alimentícia criou um sistema em que comida processada, rica em amido e açúcar, é mais viciante que cocaína, alimentando um ciclo vicioso de fome, consumo e doença. Até o final desta década, quase metade da população mundial será obesa, e 25% viverão com diabetes tipo 2.
E o que dizer das gerações passadas? Alimentos frescos e ricos em nutrientes foram substituídos por produtos empacotados, cheios de aditivos químicos. Entre 1940 e 2002, a qualidade mineral dos alimentos despencou, contribuindo para uma epidemia global de doenças relacionadas à dieta, como problemas cardíacos, infertilidade e até doenças mentais.
O Caminho para a Mudança: Agroecologia e Soberania Alimentar
Diante de tanta desigualdade, existe uma saída. A agroecologia surge como uma luz no fim do túnel. É mais do que uma prática agrícola; é um movimento que prioriza comunidades, sustentabilidade e segurança alimentar. Ao contrário do modelo corporativo, que visa lucro, a agroecologia promove autonomia, resiliência e uma relação equilibrada com o meio ambiente.
Mas, claro, essa solução não agrada aos gigantes do agronegócio, que fazem de tudo para manter o controle. Narrativas de "emergência climática" e "tecnologias revolucionárias" são usadas para empurrar soluções que só aprofundam a dependência global e o monopólio corporativo. É um jogo perigoso, onde os interesses de poucos prevalecem sobre as necessidades de muitos.
A Verdade Cruel: Um Sistema Alimentar Sem Moralidade
A ironia é amarga. Durante a pandemia de COVID-19, fomos bombardeados com mensagens sobre "cuidar da saúde" e "proteger vidas". Mas onde estava essa moralidade quando corporações do agronegócio, apoiadas por governos, continuavam a lucrar com práticas que destroem tanto o meio ambiente quanto a saúde humana?
Esse sistema não só alimenta corpos, mas também doenças. Ele cria uma dependência perversa entre alimentos ultraprocessados e a indústria farmacêutica, que lucra com os problemas de saúde gerados por esses mesmos produtos.
Conclusão: E Agora?
O sistema alimentar global está em colapso. Mas isso não é uma fatalidade. É resultado de escolhas, políticas e interesses. Enquanto houver resistência, enquanto houver agroecologia, enquanto houver pessoas questionando, há esperança.
A pergunta que fica é: o que você vai fazer com essa informação? Porque a mudança começa no prato de cada um de nós, mas também nas vozes que exigem justiça, igualdade e um futuro em que ninguém precise escolher entre comer e sobreviver.