Covid: O Que os Números Não Contam Sobre Hospitalizações

Covid: O Que os Números Não Contam Sobre Hospitalizações

Todo dia, cerca de 400 americanos perdem a vida para a covid. (2023) Parece assustador, não? Mas aqui vai uma questão que muitos ignoram: essas pessoas estão realmente morrendo de covid ou com covid? Pode parecer um detalhe, mas a diferença é fundamental para entender o impacto real do vírus hoje. Afinal, dados precisos não só ajudam a moldar nossas atitudes, mas também guiam as ações das autoridades de saúde.

Por que isso importa tanto? Pense no seguinte: saber se uma infecção por covid tem altas chances de levar a uma hospitalização ou até à morte é essencial para cada um de nós avaliar nossos próprios riscos. Além disso, é assim que os cientistas identificam quando as vacinas precisam ser atualizadas ou reforços devem ser aplicados.

Dois especialistas em doenças infecciosas trouxeram uma perspectiva interessante. Robin Dretler, médico assistente no Emory Decatur Hospital, estima que 90% dos pacientes diagnosticados com covid no seu hospital estão, na verdade, internados por outros motivos. Sim, 90%! Como todos os pacientes hospitalizados são testados para covid, muitos acabam tendo um resultado positivo – mesmo que o vírus não seja o motivo principal da internação.

Imagine isso: uma pessoa que levou um tiro ou teve um infarto testa positivo para covid ao dar entrada no hospital. Mesmo assim, o motivo da internação é bem diferente, não é? Dretler ainda explica que pacientes com outras complicações graves – como pneumonia bacteriana ou gangrena – também podem estar com covid, mas não é a infecção viral que está colocando suas vidas em risco.

Agora, aqui vai algo que pode surpreender: mesmo quando a covid aparece em um atestado de óbito, muitas vezes ela não foi o principal fator. Então, por que esses números acabam inchados? Segundo Dretler, isso não tem nada a ver com teorias da conspiração. Ninguém está tentando inflar os números propositalmente. Mas exagerar o risco pode deixar os ansiosos ainda mais aflitos e dar mais motivos para os céticos duvidarem.

Mortes por covid tabela

E aqui entra Shira Doron, epidemiologista do Tufts Medical Center, que vem estudando formas mais precisas de atribuir mortes à covid. Sua equipe descobriu que o uso de dexametasona, um medicamento padrão para pacientes com baixos níveis de oxigênio devido à covid, é um bom indicador para identificar quem realmente está no hospital por causa do vírus. Se um paciente que testou positivo não recebeu o medicamento, provavelmente está internado por outro motivo.

Graças a esse trabalho, Massachusetts ajustou a forma como relata as hospitalizações. Hoje, o estado separa pacientes internados com covid daqueles internados por causa da covid. O resultado? Apenas 30% das hospitalizações relacionadas à covid são, de fato, devido ao vírus. Em alguns dias, esse número chegou a apenas 10%.

Então, o que isso significa para você e para mim? Primeiro, uma leitura mais clara dos dados ajuda a prever a capacidade hospitalar. Se os leitos estão lotados, mas não por covid, o problema pode persistir mesmo após uma queda nos casos do vírus. Além disso, entender quem está realmente vulnerável nos permite proteger melhor essas pessoas com vacinas e tratamentos mais eficazes.

Claro, não podemos minimizar a gravidade da covid. Mesmo que o número real de mortes seja 30% do relatado, ainda estamos falando de perdas humanas inaceitavelmente altas. Mas ajustar a lente com que olhamos esses dados ajuda a combater o alarmismo, encoraja escolhas informadas e fortalece a confiança nas vacinas.

No final das contas, precisamos de clareza. Saber o que está realmente acontecendo não é só uma questão de estatística – é uma maneira de trazer paz de espírito e, acima de tudo, salvar vidas. Assim como o ditado diz, "conhecimento é poder". E agora, mais do que nunca, precisamos usar esse poder com sabedoria.