No Japão, é comum encontrar prédios, especialmente hospitais, que não possuem os andares 4 e 9. Essa peculiaridade é resultado de crenças culturais e tradições profundamente enraizadas no país, muitas delas relacionadas à linguagem e à simbologia. Vamos explorar as razões por trás dessa prática e como ela reflete o respeito do povo japonês por suas tradições.
O Papel da Linguagem e da Superstição
A ausência dos andares 4 e 9 está ligada à fonética das palavras na língua japonesa e aos significados associados a elas:
O Número 4 ("shi")
O número 4, em japonês, pode ser pronunciado como "shi" (四), que soa semelhante à palavra "morte" (死). Por essa razão, o número é considerado de mau agouro.
Impacto na arquitetura: Assim como em alguns países ocidentais o número 13 é evitado, no Japão, prédios, elevadores e até hospitais frequentemente pulam o número 4 para evitar associações negativas.
O Número 9 ("ku")
O número 9, em japonês, pode ser pronunciado como "ku" (九), que também significa "sofrimento" ou "agonia" (苦). Isso é particularmente relevante em hospitais, onde a associação com dor ou sofrimento pode ser psicologicamente desconfortável tanto para pacientes quanto para funcionários.
Hospitais: Espaços de Cura e Conforto
Hospitais são lugares onde as pessoas buscam recuperação e tranquilidade. Assim, eliminar qualquer elemento que possa causar desconforto ou ansiedade, mesmo que simbólico, é uma prioridade.
Design arquitetônico: Muitos hospitais projetam seus edifícios de forma a pular os andares 4 e 9, renomeando-os como 3A, 5 ou 8A para preencher a lacuna.
Psicologia dos pacientes: Essa medida ajuda a reduzir o estresse psicológico, especialmente entre os pacientes mais supersticiosos.
Além dos Hospitais
A superstição não se limita aos hospitais. Em muitos prédios residenciais, comerciais e hotéis no Japão, os andares 4 e 9 também são evitados, seguindo a mesma lógica.
Na venda de apartamentos: Propriedades localizadas no quarto andar tendem a ser menos valorizadas ou mais difíceis de vender, especialmente para famílias mais tradicionais.
Comparação com Outras Culturas
A prática japonesa de evitar certos números não é única. Em outros países, crenças semelhantes também moldam a arquitetura:
Nos Estados Unidos, muitos prédios não têm o 13º andar, por superstição relacionada ao número 13.
Na China, o número 4 é igualmente evitado por razões linguísticas semelhantes ao japonês.
O Equilíbrio entre Tradição e Modernidade
Com o avanço da modernização, algumas empresas e instituições no Japão têm desconsiderado essas superstições para simplificar a numeração de seus edifícios. Porém, em setores como saúde e hospitalidade, a tradição ainda prevalece como uma forma de respeito cultural e consideração pelo bem-estar das pessoas.
A ausência dos andares 4 e 9 em hospitais japoneses é um exemplo fascinante de como a cultura influencia a arquitetura e o design urbano. Mais do que uma simples superstição, essa prática demonstra o respeito dos japoneses pela psicologia e pelo simbolismo. Em um país onde tradição e modernidade coexistem, entender esses detalhes culturais ajuda a apreciar a rica tapeçaria que define o Japão.