Para entender o impacto da pandemia de COVID-19, é essencial lembrar a história de outra crise global de saúde: a epidemia de AIDS. Antes de começarmos a mergulhar neste tema, lembremos de uma frase bem conhecida de Karl Marx: “A história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. Essa citação ecoa profundamente, pois a história humana parece seguir ciclos incansáveis de erros e aprendizados incompletos.
Outro filósofo alemão, Hegel, complementa essa reflexão: “O que a história ensina é que governos e pessoas nunca aprendem com a história”. E por que tudo isso? Porque, para compreender a pandemia recente, temos que olhar para trás, para a AIDS, uma crise que deixou cicatrizes ainda bem vivas. Desde meados da década de 80, a AIDS causou um impacto devastador, com cerca de 40 milhões de mortes até hoje, de acordo com a UNAIDS. Isso representa mais da metade das vítimas da Segunda Guerra Mundial, evento que sempre ocupa um lugar de destaque na cultura popular.
Apesar de uma proporção trágica de óbitos, a narrativa cultural sobre a AIDS ainda é uma sombra, tímida, diante da infinidade de filmes, livros e documentários que retratam o cenário bélico. Se a Segunda Guerra é um vasto mosaico na memória coletiva, a história da AIDS é quase como um retrato esquecido na parede. Algumas produções cinematográficas, no entanto, conseguiram captar os dramas humanos de forma extraordinária, como "Philadelphia" (1993), que trouxe Tom Hanks no papel de um advogado portador do HIV e que enfrentava o estigma da sociedade. Hanks levou o Oscar por essa atuação marcante, e a música "Streets of Philadelphia", de Bruce Springsteen, ganhou um merecido prêmio também.
Ainda assim, esses filmes focam nos dramas individuais, sem tocar nas complexas tramas de interesses, preconceitos e, por vezes, conspirações que cercavam a epidemia. É como se contássemos histórias de vítimas do Titanic sem falar no iceberg. Entre as poucas obras que se aventuram no cerne do problema, "Clube de Compras Dallas" é um exemplo brilhante. Matthew McConaughey interpreta Ron Woodroof, um eletricista diagnosticado com AIDS que se recusa a aceitar o tratamento padrão com AZT, que era caro e ineficaz, e busca alternativas para sobreviver. A história real de Woodroof expôs o lado sombrio da indústria farmacêutica, que parecia mais preocupada com lucros do que com salvar vidas.
Esse filme não se limita a mostrar um homem lutando pela vida, mas revela uma batalha maior, contra um sistema que parecia engavetar alternativas eficazes para favorecer tratamentos lucrativos. Ron Woodroof personifica a resistência; ele é o herói improvável que desafia o status quo e mostra como algumas vidas foram literalmente “vendidas” enquanto outras tentavam sobreviver à margem do sistema.
Quando a COVID-19 surgiu, qualquer tentativa de tratamento que envolvesse medicamentos genéricos era imediatamente rotulada como “ineficaz” pela mídia. Estudos e resultados concretos eram contestados com uma linguagem hermética de “rigor científico” e “fator de impacto”, distanciando o público da realidade vivida por médicos da linha de frente. Dr. Brian Procter, um médico americano, desafiou a censura e divulgou em suas redes sociais os resultados de seu tratamento contra a COVID-19, mostrando que, com uma abordagem direta, era possível reduzir drasticamente as mortes. Mas, assim como Ron, Procter foi silenciado.
Na linha de frente da COVID-19, médicos de diferentes países relataram uma eficácia impressionante de tratamentos alternativos. Médicos como Dr. Didier Raoult, na França, e Dr. George Fareed e Dr. Brian Tyson, nos EUA, conseguiram resultados notáveis com coquetéis de medicamentos acessíveis e sem patente. No Brasil, o Dr. Cadegiani também relatou taxas baixíssimas de mortalidade em seus pacientes. Mesmo assim, muitos desses profissionais enfrentaram resistência e foram vistos como “negacionistas” pela academia.
A ironia é clara. A mesma história se repete: médicos que ousam desafiar o sistema são marginalizados e, enquanto isso, tratamentos caros e patenteados são promovidos sem a mesma resistência. Como Hegel bem disse, parece que nunca aprendemos com o passado.
Agora, anos após a pandemia, os números falam por si: dos 18.525 pacientes tratados por esses médicos de forma independente, apenas 17 morreram, representando uma taxa de mortalidade de 0,09%. Esse número contrasta fortemente com os dados oficiais de mortalidade, e nos faz questionar os caminhos tomados durante essa crise.
A história da AIDS e a história da COVID-19 são como espelhos em que a sociedade pode enxergar seus próprios erros e falhas. Seja por uma falta de empatia, seja por interesses comerciais, a repetição desses ciclos mostra que é preciso mais do que medidas de saúde pública para enfrentar pandemias. É necessário coragem para questionar, desafiar e, sobretudo, aprender com o passado.
Para aqueles que testemunharam ou até viveram essas histórias, é doloroso perceber que, mais uma vez, os interesses econômicos podem ter falado mais alto. A sensação é a mesma de assistir a “Clube de Compras Dallas”: ficamos na torcida pelos mocinhos enquanto, ao mesmo tempo, sentimos uma indignação profunda pelos vilões que nunca se mostram completamente, mas estão sempre lá, nos bastidores. É uma história que se repete — com rostos diferentes, mas com a mesma essência.