A Era Vitoriana, que durou de 1837 a 1901, foi um período de grandes mudanças sociais e industriais na Inglaterra. No entanto, muitas leis e práticas dessa época podem parecer estranhas e assustadoras aos olhos modernos. Aqui estão algumas das leis mais bizarras e detalhadas: Leis Contra a Homossexualidade -  Buggery Act de 1533: Embora promulgada bem antes da Era Vitoriana, esta lei continuou a ser aplicada durante o período vitoriano. A homossexualidade era considerada um crime grave e punível com a pena de morte até 1861, quando a Lei de Ofensas Contra a Pessoa substituiu a pena de morte por prisão. Oscar Wilde, um famoso escritor vitoriano, foi condenado por "gross indecency" (indecência grave) em 1895 e sentenciado a dois anos de trabalhos forçados.

Leis de Blasfêmia:

Blasphemy Act de 1697: Outra lei anterior à Era Vitoriana, mas vigorosa durante ela. Insultar ou questionar a Igreja da Inglaterra podia resultar em penas severas, incluindo prisão. Embora não fossem frequentemente aplicadas, essas leis refletiam a rigidez moral e religiosa da época.

Leis de Vestuário:

Em algumas regiões, existiam leis informais que regulavam o que as pessoas podiam ou não podiam usar, particularmente em relação a roupas associadas a diferentes gêneros. As mulheres, por exemplo, podiam ser presas por se vestirem como homens, o que era considerado um comportamento indecoroso e potencialmente perturbador da ordem social.

Leis de Mendicância:

Vagrancy Act de 1824: Esta lei foi usada para criminalizar a pobreza e o desemprego. Qualquer pessoa sem meios visíveis de subsistência ou que pedisse esmolas podia ser presa e condenada a trabalhos forçados. A lei visava "limpar" as ruas das cidades vitorianas, mas muitas vezes punia injustamente os pobres.

Leis de Saúde Pública:

Contagious Diseases Acts de 1864, 1866 e 1869: Essas leis permitiam a prisão e exame forçado de mulheres suspeitas de serem prostitutas, sob a justificativa de combater doenças venéreas. As mulheres eram submetidas a exames médicos invasivos e, muitas vezes, humilhantes, sem necessidade de prova concreta de envolvimento em prostituição.

Leis de Crianças Trabalhadoras:

Factory Act de 1833: Embora visasse proteger crianças, esta lei reflete a realidade brutal do trabalho infantil. Permitia que crianças a partir de nove anos trabalhassem até nove horas por dia e seis dias por semana. A fiscalização era fraca e muitas crianças continuavam a trabalhar em condições perigosas e insalubres.

Leis de Enterro:

Burial Acts de 1852 a 1857: Essas leis surgiram devido à superlotação dos cemitérios. Elas exigiam o fechamento de cemitérios dentro das cidades e a criação de novos cemitérios fora das áreas urbanas. O desrespeito a estas leis podia levar a punições, e o tratamento dos corpos às vezes era negligente, refletindo a preocupação com a saúde pública mais do que com a dignidade dos falecidos.

Leis de Bem-Estar Animal:

Cruelty to Animals Act de 1835: Embora introduzida com a intenção de proteger animais, a lei permitia práticas que hoje seriam consideradas cruéis, como a caça ao urso e brigas de cães, desde que fossem consideradas tradicionais. A definição de crueldade era muito limitada pelos padrões modernos.

Essas leis ilustram a tensão entre o progresso e a moralidade rígida da Era Vitoriana. Embora algumas visassem a manutenção da ordem social e a saúde pública, muitas refletiam atitudes discriminatórias e punitivas que hoje são vistas como injustas e desumanas.

Costumes

A Era Vitoriana é rica em costumes peculiares e curiosos que refletem a moralidade, as crenças e o estilo de vida da época. Aqui estão alguns dos costumes mais estranhos e interessantes:

1. Fotografia Post-Mortem

Descrição: Tirar fotografias de entes queridos falecidos era uma prática comum. Essas fotos, conhecidas como post-mortem, eram muitas vezes a única lembrança visual de um membro da família. Os mortos eram arrumados para parecerem vivos, com olhos abertos (pintados ou manipulados na foto) e em poses naturais.

Razão: A fotografia era cara e raramente usada para retratos em vida. As famílias queriam uma última recordação de seus entes queridos, e a fotografia post-mortem oferecia isso.

2. Sessões Espíritas e Espiritismo

Descrição: O espiritismo ganhou enorme popularidade durante a Era Vitoriana. Sessões espíritas eram eventos sociais onde médiuns tentavam se comunicar com os mortos. As sessões incluíam mesas girantes, materializações de espíritos e escrita automática.

Razão: O espiritismo oferecia consolo a muitos que perderam entes queridos e também refletia a curiosidade da época sobre o além e o paranormal.

3. Parques de Atrações e Freak Shows

Descrição: Parques de atrações e freak shows (shows de aberrações) eram entretenimentos populares. Pessoas com deformidades físicas, condições médicas raras ou habilidades incomuns eram exibidas ao público.

Razão: Esses espetáculos eram vistos como formas de entretenimento e curiosidade científica. Figuras como Joseph Merrick, conhecido como o Homem Elefante, se tornaram famosas através dessas exibições.

4. Etiquetas Rigorosas

Descrição: A sociedade vitoriana tinha regras de etiqueta extremamente rígidas. Havia diretrizes específicas para tudo, desde como cumprimentar alguém até a maneira correta de se vestir para diferentes ocasiões.

Razão: Essas regras refletiam a moralidade conservadora e a estrutura social da época, enfatizando a distinção entre as classes e o comportamento apropriado.

5. Cabelos e Joias de Luto

Descrição: Durante o período de luto, era comum usar joias feitas de cabelo humano do falecido. Estas joias eram trançadas ou moldadas em formas ornamentais e usadas como broches, pulseiras ou anéis.

Razão: Era uma maneira de manter uma parte física do ente querido próximo. O cabelo, sendo duradouro, simbolizava a memória eterna.

6. Asfixia e Tratamentos de Saúde

Descrição: Tratamentos médicos bizarros eram comuns. Por exemplo, sangrias (remoção de sangue para curar doenças) e o uso de sanguessugas eram práticas comuns.

Razão: A medicina estava em seus primórdios e muitas práticas se baseavam em teorias antiquadas ou superstições.

7. Modismos Alimentares

Descrição: Dietas vitorianas incluíam pratos curiosos como tartarugas, sopas de carne de vitela, e geléias de carne. Havia também uma obsessão por alimentos em conserva e gelatinas ornamentais.

Razão: A culinária da época refletia tanto a experimentação com novos métodos de conservação de alimentos quanto a ostentação das classes altas.

8. Banhos e Higiene

Descrição: A higiene pessoal era muito diferente da moderna. Banhos eram considerados prejudiciais se muito frequentes. Muitas pessoas tomavam apenas um banho por semana, ou até menos.

Razão: Havia uma desconfiança generalizada sobre os efeitos da água e banhos frequentes. Em vez disso, perfumes e pós eram usados para mascarar odores.

9. Fotografia de Fadas

Descrição: Fotografias que supostamente capturavam fadas eram populares. As mais famosas são as Fotografias das Fadas de Cottingley, onde duas meninas alegaram ter fotografado fadas reais em 1917.

Razão: O fascínio pelo sobrenatural e a credulidade na autenticidade de tais imagens refletem o desejo da época por magia e mistério, especialmente em contraste com a crescente industrialização.

10. Roupas de Luto

Descrição: O luto era um período rigoroso e tinha seu próprio código de vestimenta. As viúvas, por exemplo, usavam preto por um ano e um dia após a morte do marido, seguido por roupas de luto parcial.

Razão: As roupas de luto eram uma forma visível de mostrar respeito e tristeza pela perda, refletindo as normas sociais sobre a expressão pública de emoções.

11. Tratamento dos Defuntos

Descrição: Em algumas famílias, os defuntos eram mantidos em casa por um período antes do enterro. As famílias velavam os corpos em suas casas e muitas vezes tiravam fotos com o falecido.

Razão: Isso permitia tempo para que amigos e parentes visitassem e se despedissem, além de ser uma prática que refletia a intimidade e a aceitação da morte na vida diária.

12. Curiosidade Científica e Excentricidade

Descrição: Colecionar curiosidades científicas e naturais, como espécimes taxidermizados, fósseis e conchas, era uma prática comum entre as classes médias e altas.

Razão: Refletia o interesse crescente pela ciência e pelo mundo natural, além de servir como um símbolo de status intelectual e social.

Esses costumes fornecem um vislumbre fascinante de uma época de contrastes, onde tradições antigas coexistiam com avanços tecnológicos e mudanças sociais significativas.