2024 - A história da Expedição Franklin, liderada por Sir John Franklin, é uma das mais trágicas e misteriosas da exploração ártica. Em 1845, a expedição partiu da Inglaterra em busca da Passagem do Noroeste, uma rota marítima pelo Ártico que ligaria o Atlântico ao Pacífico. No entanto, a expedição acabou em desastre, com todos os membros da tripulação perecendo em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas.
Anos depois, expedições de busca encontraram evidências perturbadoras da tragédia. Além dos destroços dos navios Erebus e Terror, foram descobertas as chamadas "múmias de gelo" ou "corpos congelados", que são corpos extremamente bem preservados pela ação do frio intenso e do gelo perpétuo do Ártico.
A Descoberta
A primeira descoberta significativa foi feita em 1850, quando uma expedição liderada por Sir John Ross encontrou um túmulo improvisado em uma pequena ilha na região do Ártico canadense. Este túmulo continha os restos mortais de três membros da expedição de Franklin. Os corpos estavam bem preservados, com sinais de que foram enterrados rapidamente e em circunstâncias desesperadas. Ao longo dos anos, outras expedições encontraram mais corpos, alguns enterrados, outros espalhados pelo gelo. Esses achados forneceram valiosas informações sobre as últimas horas dos membros da expedição e as condições extremas que enfrentaram.
As Teorias
O que torna as múmias de gelo tão fascinantes são as perguntas que levantam sobre os eventos finais da Expedição Franklin. Diversas teorias foram propostas para explicar o destino trágico da tripulação, e as múmias de gelo desempenham um papel importante em muitas delas.
Envenenamento por Chumbo: Alguns pesquisadores sugeriram que a tripulação foi envenenada por alimentos enlatados contendo altos níveis de chumbo, levando a uma deterioração mental e física que contribuiu para o desastre.
Exposição ao Frio: Outra teoria é que os membros da expedição foram vítimas da exposição prolongada ao frio extremo do Ártico, o que teria levado à hipotermia e à morte.
Escorbuto e Outras Doenças: A falta de vitamina C na dieta dos exploradores pode ter causado escorbuto, uma doença debilitante que enfraqueceria a tripulação e os tornaria mais suscetíveis a outras enfermidades.
Canibalismo: Há evidências de que os sobreviventes podem ter recorrido ao canibalismo para sobreviver, o que é corroborado por marcas de corte nos ossos encontrados.
O Legado
As múmias de gelo da Expedição Franklin continuam a ser estudadas até hoje. Com o avanço da tecnologia forense, os cientistas têm sido capazes de extrair informações valiosas dos restos mortais, incluindo detalhes sobre a dieta, saúde e causa da morte dos exploradores. Além disso, as descobertas da expedição despertaram um interesse renovado na história da exploração polar e na busca por respostas sobre o destino da Expedição Franklin. A descoberta dos destroços dos navios Erebus e Terror em 2014 e 2016, respectivamente, trouxe à tona novas pistas e evidências que ajudam a reconstituir os eventos da tragédia.
Em última análise, as múmias de gelo da Expedição Franklin são mais do que apenas corpos congelados no tempo; elas são testemunhas silenciosas de uma das maiores aventuras e tragédias da era da exploração polar, e continuam a desafiar e intrigar os cientistas e historiadores até os dias de hoje.