O Horror Escondido: Como Mao Zedong Liderou o Maior Assassinato em Massa da História

O Horror Escondido: Como Mao Zedong Liderou o Maior Assassinato em Massa da História

Imagine um país vasto, com paisagens tão diversas quanto sua história, onde uma utopia foi prometida, mas o que se seguiu foi um pesadelo inimaginável. Este cenário não é fruto de ficção, mas sim de um dos episódios mais trágicos e desconhecidos da história: o Grande Salto Adiante, a política de Mao Zedong que resultou na morte de cerca de 45 milhões de pessoas. O que aconteceu na China entre 1958 e 1962 ultrapassa em números qualquer outro assassinato em massa já registrado. Incrível, não é?

Quando pensamos em genocídios, a imagem que vem à mente geralmente é a do Holocausto, e com razão, já que as atrocidades cometidas pelos nazistas são dolorosamente gravadas na memória mundial. Mas, surpreendentemente, as mortes causadas por Mao superam até mesmo as de Adolf Hitler e Joseph Stalin, dois dos mais temidos ditadores da história. Vamos entender melhor como isso aconteceu.

Uma utopia que se transformou em um pesadelo

Mao Zedong acreditava que poderia acelerar o desenvolvimento da China, transformando-a em uma potência econômica global com sua política do "Grande Salto Adiante". Ele idealizou um sistema em que os camponeses, que constituíam a maior parte da população, seriam organizados em comunas populares gigantes. Todos os recursos – desde as terras até os alimentos – seriam compartilhados. Mao imaginou que, ao unir as forças de milhões de trabalhadores, a China deixaria para trás as potências ocidentais.

Mas o plano rapidamente começou a desmoronar. As pessoas foram privadas de suas casas, de suas terras e de seus meios de subsistência. A comida, que deveria ser uma fonte de vida, tornou-se uma ferramenta de controle. Em cantinas coletivas, a alimentação era racionada de acordo com o "mérito" dos trabalhadores. O problema? Com os incentivos destruídos, ninguém queria ou conseguia trabalhar da forma exigida, e a produção agrícola entrou em colapso. A fome logo se instalou.

Mao, entretanto, parecia cego à realidade. Ele acreditava tanto em sua visão utópica que, mesmo diante de uma catástrofe crescente, persistiu. O resultado? Milhões morreram de fome enquanto os campos ficavam negligenciados e o país mergulhava no caos. O "salto" que deveria levar a China ao progresso acabou levando milhões de vidas ao abismo.

A cruel verdade por trás dos números

A fome foi terrível, mas não foi a única causa das mortes durante o Grande Salto Adiante. O historiador Frank Dikötter, autor de Mao's Great Famine, revelou que entre dois a três milhões de pessoas foram torturadas até a morte ou executadas por crimes menores. Para Mao, qualquer forma de desobediência era um ataque ao partido. Relatos de crueldade extrema, como o de um pai forçado a enterrar o próprio filho vivo por roubar um punhado de grãos, pintam um quadro de desumanidade chocante. O próprio partido documentou esses horrores, mas apenas recentemente esses registros começaram a vir à tona.

O esquecimento conveniente

Agora você deve estar se perguntando: "Como uma tragédia tão colossal não é amplamente conhecida?" A resposta é complexa. Em parte, porque as vítimas eram camponeses chineses, uma população distante da elite intelectual ocidental que muitas vezes molda a narrativa histórica. E também porque, para muitos no Ocidente, o comunismo – apesar de todos os seus horrores – ainda não carrega o mesmo estigma cultural que o nazismo.

Além disso, o regime chinês, mesmo admitindo que Mao cometeu "erros", nunca reconheceu totalmente a escala das atrocidades, e as discussões sobre o assunto são ainda hoje limitadas e censuradas na China. O Partido Comunista Chinês, que ainda governa o país, continua a se apoiar no legado de Mao, apesar de ter rejeitado muitas de suas políticas.

E por que isso ainda importa?

É fácil olhar para o passado e pensar: "Isso não vai acontecer de novo". Mas será? Veja o que está acontecendo na Venezuela, onde o governo socialista, em sua busca por controlar a economia e a sociedade, impôs trabalho forçado a parte da população. Embora não estejamos testemunhando uma catástrofe da mesma magnitude do Grande Salto Adiante, as semelhanças são inquietantes. A história, quando esquecida, tem uma tendência perigosa de se repetir.

O Grande Salto Adiante deveria ter desacreditado o socialismo assim como o nazismo desacreditou o fascismo. Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. Hoje, muitos ainda ignoram ou subestimam os horrores causados por políticas socialistas radicais, focando apenas nos problemas de governança ou administração.

Reflexões finais

Se há algo que a história do Grande Salto Adiante nos ensina, é que as ideias, quando mal executadas e seguidas cegamente, podem se transformar em pesadelos. O sonho de Mao de criar uma sociedade perfeita acabou sendo um dos maiores horrores já testemunhados. E, como todas as grandes tragédias, merece ser lembrado.

Talvez o motivo pelo qual não falamos tanto sobre isso é porque é difícil de compreender – ou até de aceitar – que milhões de pessoas possam morrer, não por ódio racial, mas por algo tão simples quanto uma política mal planejada. Mas, assim como o Holocausto, o Grande Salto Adiante nos lembra do poder destrutivo da ideologia quando ela é levada ao extremo. E, se queremos evitar futuros desastres, é fundamental que não esqueçamos o passado.

Então, quando juramos "nunca mais", devemos nos lembrar que essa promessa se aplica a todos os genocídios, não importa sua origem. O passado pode parecer distante, mas suas lições são mais próximas do que imaginamos.