Quem foram os Tigres Voadores?

tivoa topoPor Roberto Navarro, 04/07/2018 - Eram pilotos americanos que deixaram as forças armadas do seu país para lutar pela China, como mercenários, entre dezembro de 1941 e julho de 1942. Oficialmente, eles se chamavam Grupo Voluntário Americano, mas passaram para a história como Tigres Voadores, nome dado pelo jornalista americano Robert McGrath por causa das carrancas de tigres pintadas nos capôs dos caças. Tudo começou em julho de 1937, quando tropas japonesas invadiram o território chinês. Na época, os Estados Unidos estavam oficialmente em paz com o Japão, não queriam envolver-se de forma direta no conflito, mas, ao mesmo tempo, precisavam manter sua presença no Oriente, o que exigia conter o expansionismo japonês. Para dissimular sua participação nos combates, os EUA estimularam pilotos do Exército, da Marinha e dos ...

Fuzileiros Navais a pedir demissão e a se apresentarem como voluntários na China (que ainda não era comunista).

Eles formaram uma equipe de 100 pilotos e 200 mecânicos, armeiros, operadores de rádio, fotógrafos e meteorologistas. Ganhavam uma fortuna para a época: mais de 250 dólares por mês para o pessoal de terra e quase 700 dólares para os pilotos – sem falar no bônus de 500 dólares por avião abatido. Apesar de voarem em aeronaves ultrapassadas, levavam algumas vantagens sobre os caças inimigos – blindagem na cabine, tanques de combustível seguros e maior velocidade de mergulho.

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Em 31 batalhas aéreas, esses chineses de araque destruíram 217 aviões japoneses. Mesmo assim, a operação não pôs fim à sanha conquistadora do Japão, que lutava na Segunda Guerra Mundial ao lado da Alemanha e da Itália. Quando os Estados Unidos entraram no conflito, a missão clandestina dos Tigres Voadores deixou de fazer sentido e foi desativada – mas alguns de seus pilotos retornaram ao campo de batalha reintegrados às forças americanas.

Aviões soviéticos de baixa qualidade

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Devido à baixa qualidade dos caças fornecidos à China pela União Soviética, os resultados da aviação chinesa na luta aérea contra os japoneses ficava muito abaixo do esperado e quando os soviéticos retiraram seu apoio aéreo em 1940, Chiang pediu a seu conselheiro que conseguisse junto ao governo norte-americano o fornecimento de esquadrões de combate para substituir os aviões soviéticos e a permissão para que pilotos americanos fossem recrutados para pilotá-los, devido a escassez de pilotos chineses treinados para combate aéreo.

Como os Estados Unidos não estavam em guerra, essa operação deveria ser feita de forma clandestina para não comprometer os americanos com os aliados do Eixo, mas mesmo assim ela teve a aprovação do Presidente Roosevelt. Os pilotos recrutados deram baixa das forças armadas americanas para pilotar e lutar como mercenários contratados pela Força Aérea da República da China. Oficialmente, eram contratados de uma empresa privada americana, que os empregou como “instrutores de treinamento” com um salário de U$600, quase três vezes mais que o soldo normal de um oficial americano da Força Aérea dos Estados Unidos na época, e um adicional, prometido pelos chineses, de U$500 por cada avião inimigo derrubado.

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Identificação carregada pelos Tigres Voadores durante suas missões aéreas. Em chinês está escrito: "Este estrangeiro veio à China para ajudar nosso esforço de guerra. Todos os soldados e civis devem ajudá-lo, protegê-lo e lhe providenciar cuidados médicos se necessário" .

Divididos em três esquadrões de caça, dois deles baseados na China e o outro nas proximidades de Rangum, sua principal missão era proteger o porto da capital e a vital linha de suprimentos dos exércitos e do povo chinês (a Estrada da Birmânia), que ligava o norte da Birmânia à China central (cujas regiões costeiras ao leste estavam sob ocupação japonesa) por onde eram escoados os suprimentos mais básicos e necessários ao esforço de guerra chinês.

Combate

Os Tigres Voadores entraram em combate contra a aviação japonesa em 20 de dezembro de 1941, com um total de 79 aeronaves e 82 pilotos, treze dias após o ataque a Pearl Harbor, que iniciou a Guerra do Pacífico. O sucesso de suas primeiras missões, destruindo mais de trezentas aeronaves inimigas contra a perda de apenas doze defendendo Rangum, a capital birmanesa, dos bombardeiros japoneses, foi uma injeção de moral aos Aliados no período inicial de constantes derrotas para os nipônicos, e deu aos americanos a esperança de que eles poderiam ter sucesso na guerra contra o Japão.

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As notícias de suas vitórias iniciais, usando táticas revolucionárias de combate aéreo á época, eram as únicas boas novas recebidas numa América sombreada pelas constantes derrotas sofridas por suas tropas no Sudeste Asiático e no Pacífico. Após a queda de Rangum e a ocupação da Birmânia pelo Japão em março de 1942, a base dos Tigres foi transferida para o norte do país e finalmente para o interior da China.

Malandragens do tigrão

O mais famoso dos Tigres Voadores foi o general Claire Chennault (1893-1958), que conseguiu passar a perna nos japoneses em várias ocasiões. Foi dele a idéia de alterar os números pintados na fuselagem dos aviões, para fazer os japoneses acreditarem que o inimigo tinha milhares deles em ação. Outra loucura que deu certo foi a dos alvos falsos – aviões de bambu e papelão colocados nas pistas para fazer com que os invasores gastassem sua escassa munição. Quando a guerra acabou, ele formou uma companhia aérea, usada mais tarde pelo serviço de espionagem dos EUA como fachada para operações clandestinas.

 

"Tigres Voadores", 75 anos de um mito da História

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Os "Tigres Voadores", o corpo de pilotos voluntários americanos que combateu na China contra a invasão japonesa, completaram 75 anos como um verdadeiro mito da História. Levados à fama pela mística das aventuras no Oriente, e uma imprensa e cinema empenhados em consagrar heróis bélicos, os Flying Tigers, nome assumido pelo Grupo de Voluntários Americanos (American Volunteer Group, AVG), se transformaram rapidamente em símbolo da resistência contra o Japão. Imortalizados no cinema por figuras como John Wayne e Fred Astaire, os "Tigres", um grupo de aventureiros e mercenários, chegaram rapidamente ao imaginário popular graças à imprensa e à Disney, autora do desenho do tigre voador pintado em seus aviões.

"O AVG tinha boa aparição na imprensa porque era o único ponto brilhante em um período muito obscuro de nossa História", afirmou à Agência Efe Larry Jobe, presidente da Associação Histórica dos Tigres Voadores. O grupo foi criado após a invasão japonesa de 1937, quando os modernos aviões japoneses liquidaram rapidamente a pequena e antiquada força aérea chinesa dentro da ofensiva das tropas nipônicas. O líder chinês, Chiang Kai-shek, recrutou a preço de ouro alguns assessores americanos, liderados pelo comandante na reserva Claire Louis Chennault, para formar novos pilotos. Chennault, grande piloto e pioneiro no desenvolvimento de táticas de combate aéreo, formou recrutas chineses e alguns mercenários, mas em 1940 voltou a Washington junto com o cunhado de Chiang (T.V. Soong, um graduado em Harvard).

Embora os EUA eram então neutros, o presidente Franklin Roosevelt, impressionado com as rápidas vitórias nazistas na Europa, queria fazer o possível para conter Alemanha e Japão. Assim, Washington autorizou um empréstimo à China para comprar material bélico e de saúde (incluindo aviões) e permitiu a pilotos militares pedir licença e se alistar na Força Aérea da China, que lhes pagava o triplo de seu salário americano mais um prêmio por avião inimigo destruído. Finalmente, Chennault e sua organização recrutaram cem pilotos e cerca de 250 técnicos, e conseguiram caças para tentar resistir aos bombardeiros japoneses que atacavam com impunidade as cidades chinesas.

O avião escolhido foi o Curtiss P-40 Tomahawk, menos operacional que os ligeiros caças japoneses, mas também mais robusto e resistente ao fogo inimigo. As fuselagens foram decoradas com um símbolo que se tornou universal, embora não fosse original: uma boca de tubarão mostrando dentes ferozes. Tinham nascido os "Tigres Voadores". Após vários meses de transporte e preparação, em 20 de dezembro de 1941 (com os EUA já na guerra após o ataque japonês a Pearl Harbor), aconteceu seu primeiro combate: os "Tigres" frearam um bombardeio sobre a cidade de Kunming, derrubando três dos 12 aparelhos japoneses.

No entanto, a guerra fez com que Washington os integrasse em suas forças regulares, o que ocorreu em 4 de julho de 1942. "Os 'Tigres' entraram para a História", escreveu Chennault, que continuou à frente do grupo, apesar de vários rejeitarem a disciplina militar e voltarem à vida civil. Nesse período, os "Tigres" combateram na China e em Mianmar e foram quase o único freio às ofensivas japonesas no sudeste da Ásia. Receberam o crédito de derrubar 296 aviões, embora o número real seria de 114. Além disso, 22 de seus cem pilotos morreram ou foram feitos prisioneiros.

Este contingente "cobriu o vazio da Força Aérea chinesa", explicou à Efe Xu Haiyun, catedrático de História da Universidade Renmin, de Pequim, ressaltando o impulso à moral que deram às forças chinesas.

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A China comunista minimizou o papel dos nacionalistas de Chiang Kai-shek na guerra contra o Japão, embora recentemente o tenha avaliado e com isso ressurgiu o interesse chinês pelos "Tigres", lembra Xu. Por exemplo, em março passado foi inaugurado um museu em sua memória em Guilin. Embora o sobrenome continuou sendo usado na nova "China Air Task Force" até o final do conflito em 1945, os pioneiros do grupo disseram que eles foram os autênticos "Tigres", lendários também por suas jaquetas, ainda hoje na moda.

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O investigador e autor Daniel Ford ressalta em seu livro "Flying Tigers" (2007) o caráter aventureiro deste contingente, às vezes com casos de indisciplina, saque e contrabando. Um dos pilotos foi Albert "Ajax" Baumler, mercenário da República na Guerra Civil espanhola, e o primeiro americano a derrubar aparelhos das três potências do Eixo. Ainda sobrevivem três "Tigres" originais e bastantes "sucessores", segundo Jobe, que acompanhou alguns deles, convidados pela China para os festejos de 2015 do 70º aniversário da derrota do Japão.

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Fonte: https://super.abril.com.br
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