Imagine-se voltando no tempo, para quando você era um adolescente, cheio de sonhos e imaginações sobre o primeiro amor. Agora, acrescente um toque surreal a essa lembrança: um encontro com uma criatura de outro mundo. Pois é exatamente isso que David Huggins, hoje com 74 anos, afirma ter vivido. Em sua versão, sua primeira experiência íntima não foi em um lugar comum, como o banco de trás de um carro, mas sim nas profundezas de uma floresta na Georgia, nos braços de uma extraterrestre.
Huggins conta essa história com um desarmante tom de normalidade. Para ele, o encontro, ocorrido em 1961, foi o início de um relacionamento de outro mundo. Ele afirma que o nome de sua amante alienígena era "Crescente" e que, desde aquela noite na floresta, ela continuou a visitá-lo. As memórias desses encontros não se apagaram com o tempo. Ao contrário, se tornaram tão vívidas que ele decidiu retratá-las em pinturas que, como ele próprio afirma, são uma espécie de terapia e uma forma de entender o que aconteceu em sua vida.
Quando o “Inacreditável” se Torna Cotidiano
Os relatos de Huggins começaram cedo. Aos oito anos, ele já avistava seres estranhos rondando a fazenda onde morava. Ele conta que estava sentado sob uma árvore quando ouviu uma voz atrás dele: “David, atrás de você.” Ao se virar, ele viu uma pequena criatura de aparência bizarra com olhos brilhantes. Com o passar dos anos, essas aparições se tornaram mais frequentes. Mas o que começou como encontros misteriosos e aparentemente inofensivos, evoluiu para uma experiência completamente nova e intensa quando ele conheceu Crescente.
Segundo Huggins, Crescente se tornou uma constante em sua vida. Mesmo depois que ele se mudou para Nova York para estudar artes, os encontros continuaram. Para ele, Crescente não era apenas uma alienígena: ela era sua namorada. No documentário Love and Saucers, ele descreve o relacionamento como "carinhoso e amigável", embora, claro, muito diferente de qualquer outro romance. “Era uma relação nada convencional”, admite.
O Poder da Arte como Terapia
Em 1987, ao ler o livro Intruders, de Budd Hopkins, Huggins diz que uma onda de lembranças começou a surgir. O livro parecia abrir uma porta em sua mente, desencadeando imagens e memórias dos encontros que ele achava estarem perdidos no tempo. Confuso e sem saber como processar essa enxurrada de memórias, ele pegou pincel e tinta e começou a pintar. Ele criou dezenas de quadros que retratam cenas dos encontros com Crescente e outros seres que, segundo ele, o visitaram ao longo da vida.
Essas pinturas se tornaram uma maneira de lidar com o desconhecido, uma “terapia” que ele utiliza até hoje para dar forma e sentido às suas experiências. O diretor do documentário, Brad Abrahams, acredita que, para Huggins, pintar esses momentos foi uma forma de exorcizar o que ele não conseguia explicar — ou, talvez, de reafirmar para si mesmo que aquilo que ele viveu é real.
Ciência, Religião e a “Verdade” dos Encontros Extraterrestres
O caso de Huggins chama a atenção de estudiosos como Jeffrey Kripal, professor de filosofia e pensamento religioso na Rice University, no Texas. Kripal aponta que, ao longo da história, a humanidade sempre narrou histórias de encontros com o desconhecido, sejam elas interpretadas como visões de anjos ou deuses. Na era moderna, essas experiências são frequentemente interpretadas como encontros extraterrestres. Para Kripal, o relato de Huggins pode ser uma continuação desses arquétipos ancestrais de encontros com o divino ou com o sobrenatural.
E Huggins não está sozinho. Inúmeras pessoas ao redor do mundo afirmam ter passado por experiências sobrenaturais ou visto seres de outro mundo. Kripal defende que essas pessoas não estão mentindo, mas que talvez suas experiências não devam ser tomadas literalmente. Para ele, o que Huggins viveu, seja real ou uma projeção do inconsciente, carrega uma verdade que não deve ser ignorada.
Uma História que Desafia a Compreensão
Quando perguntado por que acha que esses seres apareceram para ele, Huggins tem uma resposta intrigante: “Acredito que milhões de pessoas, talvez até centenas de milhões, tiveram experiências semelhantes. Muitas delas na infância.” Ele vê seu caso como parte de algo maior, uma ligação misteriosa entre a humanidade e o desconhecido.
Gostando ou não de acreditar na veracidade de sua história, uma coisa é certa: David Huggins acredita plenamente no que conta. Seus relatos e pinturas são um lembrete de que o universo é vasto e cheio de mistérios que talvez nunca compreendamos totalmente. Quem sabe o que mais pode estar à espreita nas profundezas do cosmos?
Seja você cético ou não, a história de Huggins provoca uma reflexão sobre os limites de nossa compreensão e sobre o poder das histórias que contamos para explicar aquilo que, por ora, permanece além do nosso alcance.