Em 1974, a humanidade deu um grande passo na busca por vida extraterrestre, enviando a primeira mensagem destinada a possíveis vizinhos no cosmos. Essa transmissão histórica, conhecida como Mensagem de Arecibo, foi um sinal de rádio repleto de informações essenciais, como a figura de um ser humano, representações do nosso DNA, a localização do sistema solar e até o próprio telescópio que lançou essa mensagem.
O objetivo? Alcançar um alvo a incríveis 25 mil anos-luz de distância. Quase poético, né? Como se jogássemos uma garrafa no vasto oceano do universo, esperando por uma resposta, mesmo que ela leve séculos pra chegar.
Agora, em pleno século XXI, com a tecnologia em constante evolução, cientistas da NASA decidiram dar um “upgrade” nessa comunicação interestelar. Em um estudo recente (ainda não revisado por pares) publicado no servidor arXiv, o astrofísico Jonathan Jiang, do Jet Propulsion Laboratory da NASA, revela que o novo plano é enviar uma mensagem ainda mais detalhada e, claro, com mais esperança de ser compreendida. “Queremos dizer: ‘Ei, estamos aqui!’”, afirma Jiang, em entrevista à Live Science.
O que mudou nessa nova mensagem?
Batizada de Farol na Galáxia, a nova tentativa vai muito além da simplicidade da antiga mensagem de Arecibo. Ela inclui mais detalhes sobre matemática, ciência, figuras humanas masculinas e femininas mais realistas, a estrutura e composição da Terra, além de um convite explícito para que extraterrestres respondam. É como se estivéssemos atualizando o nosso “currículo cósmico” – agora com mais detalhes e um toque moderno.
Um fato curioso é que, assim como na mensagem de 1974, os cientistas utilizaram o formato bitmap, que transforma dados binários em uma imagem pixelizada. Uma espécie de “código visual” que, se os aliens conseguirem decifrar, revelará uma grande quantidade de informações sobre quem somos e de onde viemos.
Mas, por que fazer isso agora? Segundo Jiang, com os avanços da tecnologia digital, temos a capacidade de transmitir muito mais informações de forma mais eficiente. Ou seja, a “versão 2.0” da mensagem de Arecibo é mais robusta e precisa, com o intuito de maximizar o potencial de compreensão por uma possível civilização extraterrestre.
Será que eles vão entender?
Essa é a grande pergunta, e a resposta ninguém sabe. Alguns cientistas, inclusive o renomado físico teórico Stephen Hawking, sempre foram cautelosos em relação a esse tipo de contato. Em 2015, Hawking alertou que, ao tentarmos nos comunicar com formas de vida alienígenas, poderíamos estar arriscando demais. “A história da humanidade mostra que quando uma civilização mais avançada encontra uma mais primitiva, as coisas geralmente não acabam bem para a segunda”, disse ele. Não dá pra negar que esse pensamento ecoa um certo temor coletivo de que poderíamos estar chamando atenção indesejada.
Para onde vai a mensagem?
Os pesquisadores sugerem que a nova transmissão seja enviada para uma região da Via Láctea a aproximadamente 13 mil anos-luz do centro galáctico. Por quê? De acordo com estudos anteriores, essa área tem o maior potencial de abrigar vida, sendo uma espécie de “hotspot galáctico” para o desenvolvimento de civilizações.
Além disso, eles planejam enviar a mensagem em duas datas específicas: 30 de março ou 4 de outubro, quando a Terra estará em um alinhamento perfeito para transmitir o sinal. E os pontos de envio? O Allen Telescope Array, localizado na Califórnia, e o impressionante FAST (Five-hundred-meter Aperture Spherical Telescope), na China, são os principais candidatos.
O que esperamos disso?
A meta final desse ousado experimento é simples e ao mesmo tempo ambiciosa: iniciar um diálogo com uma inteligência extraterrestre (ETI), não importa quanto tempo isso leve. Os autores do estudo enfatizam que a humanidade tem uma história rica e fascinante pra compartilhar, e que agora estamos equipados com a tecnologia necessária para lançar essa mensagem ao universo.
A ideia de que, em algum ponto no futuro distante, poderíamos estar trocando informações com seres de outros mundos é tanto emocionante quanto assustadora. Isso desperta aquela velha curiosidade sobre quem mais pode estar olhando para as estrelas e se perguntando sobre nós.
Curiosidade: o legado de Arecibo
Infelizmente, o radiotelescópio que enviou a primeira mensagem para o cosmos, o Observatório de Arecibo, foi desativado em 2020 após o colapso de sua estrutura. Esse colosso científico, localizado em Porto Rico, foi um marco na astronomia por décadas. A transmissão de 1974 foi apenas uma de suas muitas contribuições. Arecibo investigou pulsares, ajudou a entender buracos negros e até caçou asteroides. Seu impacto vai muito além da mensagem interestelar, e seu legado certamente continuará vivo nas futuras gerações de cientistas.
Agora, com a nova geração de telescópios, como o FAST, estamos mais preparados do que nunca para gritar ao cosmos. Será que alguém vai responder? Bem, só o tempo (e talvez milhares de anos-luz) dirá.