A NASA e a Fé: O Que a Ciência Busca no Cosmos?

A NASA e a Fé: O Que a Ciência Busca no Cosmos?

Imagine a cena: um céu infinito, silencioso, e de repente... sinais de vida em algum ponto distante do cosmos. Não é roteiro de filme; é a possibilidade que a NASA está levando a sério. E, surpresa: quem está ajudando nessa empreitada não são apenas cientistas com jalecos brancos, mas também teólogos — sim, aqueles que passam horas refletindo sobre as questões mais profundas da existência humana.

Por que a NASA chamou teólogos? A resposta vai além do que os olhos podem ver. Descobrir vida extraterrestre não é apenas um evento científico, mas algo que pode virar de cabeça para baixo nossa forma de pensar sobre criação, fé e o significado de estar vivo. Afinal, se há vida lá fora, como isso mexeria com nossas crenças e narrativas religiosas?

Construindo pontes entre ciência e espiritualidade

A NASA investiu US$ 1,1 milhão para apoiar um programa no Centro de Investigação Teológica (CTI), em Princeton. Desde 2016, o CTI reúne teólogos, cientistas e pensadores de diferentes áreas para debater questões que parecem saídas de um livro de ficção científica: o que significa estar vivo? Onde traçamos a linha entre humano e alienígena? É como se a humanidade estivesse se preparando para uma das maiores revelações de sua história.

Entre os participantes, está o reverendo Andrew Davison, teólogo da Universidade de Cambridge com um histórico em bioquímica. Ele acredita que estamos muito próximos de encontrar vida fora da Terra. Para Davison, a descoberta não precisa causar pânico: as tradições religiosas, segundo ele, podem assimilar essa ideia com tranquilidade. “Por que Deus teria criado vida só aqui?”, questiona a astrônoma Duilia de Mello, reforçando que a ciência e a fé, ao contrário do que muitos pensam, podem andar de mãos dadas.

A ciência no limite do tempo

Enquanto isso, a NASA continua sua corrida para explorar o universo. Com dois rovers em Marte e várias sondas espiando os gigantes Júpiter e Saturno, a estrela do momento é o Telescópio Espacial James Webb. Lançado para ser o sucessor do Hubble, o Webb promete ser uma verdadeira “máquina do tempo”. Ele não só vai investigar as galáxias que surgiram logo após o Big Bang, como também pode ser capaz de identificar sinais de vida em planetas distantes.

Quer um dado impressionante? Pesquisadores da Ohio State University calcularam que o Webb pode detectar sinais químicos, como amônia, gerados por formas de vida em exoplanetas gasosos em apenas algumas órbitas. Isso significa que, em menos de cinco anos, podemos ter provas de que não estamos sozinhos.

A fé diante do desconhecido

Mas e a religião? Como lidamos com a ideia de “irmãos extraterrestres”? O Vaticano já se posicionou. O astrônomo-chefe da instituição, padre José Gabriel Funes, declarou que a existência de vida fora da Terra não contradiz a fé cristã. “Por que excluir a possibilidade de vida em outros lugares do universo? O cosmos é grande demais para descartarmos isso.” Em contraste, há quem discorde, como Albert Mohler, teólogo batista que acredita que a narrativa cristã se aplica exclusivamente ao planeta Terra.

Essa dualidade reflete o que faz da humanidade algo tão fascinante: somos, ao mesmo tempo, céticos e sonhadores. Enquanto alguns olham para o céu e enxergam apenas estrelas, outros veem a promessa de novas histórias esperando para serem contadas.

O futuro bate à porta

O James Webb é mais do que um telescópio; é um símbolo da nossa eterna curiosidade. Ele vai operar tão longe da Terra que, se algo der errado, não há como consertar. Mesmo assim, o investimento de mais de US$ 8 bilhões reflete a aposta da humanidade em sua capacidade de desvendar os mistérios do cosmos. O que descobrirmos lá fora não será apenas sobre alienígenas ou galáxias; será também sobre quem somos aqui.

E se o Webb, em sua precisão quase poética, detectar vida? As religiões terão novos capítulos, a ciência um novo horizonte, e a humanidade, talvez, uma nova forma de entender seu lugar no universo. Prepare-se: o céu pode estar prestes a nos dar mais do que apenas estrelas.