Leonice Fitz: A menina Poltergeist de Santa Rosa / RS

Leonice Fitz: A menina Poltergeist de Santa Rosa / RS

Em 1988, a pacata cidade de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, foi abalada por acontecimentos que mais pareciam saídos de um filme de terror. Tudo começou com uma menina de apenas 13 anos, Leonice Fitz, que, segundo relatos, conseguia mover objetos com a mente, explodir lâmpadas e produzir ruídos inexplicáveis nas paredes de sua casa.

A fama da garota cresceu rapidamente, e logo ela foi apelidada de "a menina Poltergeist", título que se espalhou pelas bocas e manchetes da região.

Leonice não era uma criança como as outras. Desde muito pequena, ela mostrava comportamentos estranhos, que deixavam seus pais intrigados e, muitas vezes, apavorados. Havia algo sobre bonecas que a perturbava profundamente. Bastava ver uma para que seu rosto ficasse arroxeado, como se estivesse sufocada por uma força invisível.

No ambiente escolar, sua peculiaridade se manifestava de forma ainda mais intensa: Leonice fazia bonés voarem das cabeças dos meninos e até pedras rolarem pelo chão enquanto caminhava para a escola com os colegas. Para alguns, essas eram travessuras inofensivas; para outros, algo muito mais sombrio estava em jogo.

O Medo Chega à Família Fitz

Mas as "brincadeiras" de Leonice não pararam por aí. De repente, o que antes parecia divertido começou a se transformar em pesadelo. O pai de Leonice, Arnildo Fitz, lembrava-se bem de como tudo começou a desandar no ano anterior, em 1987. Foi nessa época que pedaços de papel começaram a aparecer misteriosamente debaixo da cama da menina, e os ruídos nas paredes se tornaram cada vez mais frequentes.

O Medo Chega à Família Fitz

Mas o pior estava por vir. Lâmpadas explodiam sem explicação, baldes de água se moviam sozinhos, e até os colchões da casa pareciam contorcer-se como se fossem vivos.

Aqueles que conheciam a família juravam que os relatos eram verdadeiros. Leonice parecia se divertir com o caos que causava, mas respeitava a autoridade do pai, que conseguia manter algum controle sobre ela.

Leonice parecia se divertir com o caos que causava

No entanto, fora de casa, o caso começou a ganhar proporções assustadoras. Os vizinhos, curiosos e temerosos, formavam vigílias do lado de fora da casa dos Fitz, especulando sobre a origem dos "poderes" da jovem. Quem era essa garota e o que ela realmente conseguia fazer?

O Caso nas Manchetes

A situação só piorou quando a história de Leonice chegou aos jornais. A matéria publicada pelo Zero Hora, um dos principais jornais do estado, e a subsequente reportagem no Fantástico, da Rede Globo, fizeram com que a fama da menina explodisse de vez. Parapsicólogos e médiuns de todos os cantos do Brasil passaram a procurar a família Fitz, ansiosos para estudar o fenômeno que cercava Leonice. Era como se, de repente, todos quisessem um pedaço daquela história.

O Caso nas Manchetes

Mas nem toda essa atenção trouxe soluções. Pelo contrário, Leonice passou a ser vista como uma aberração, alguém diferente demais para se encaixar no mundo ao seu redor. A prefeitura de Santa Rosa, preocupada com o que estava acontecendo, pediu ajuda ao padre e parapsicólogo Edvino Friderichs, que tentou tratá-la. Seu diagnóstico? Leonice sofria de um desequilíbrio físico e psíquico, mas, segundo o padre, a jovem parecia achar graça em tudo aquilo. O tratamento, infelizmente, não surtiu efeito.

O Tratamento de Leonice 

A Vida Após a Fama

Com o tempo, Leonice foi se afastando da vida pública. As pessoas começaram a esquecer do caso, e ela tentou levar uma vida normal. Trabalhou como empregada doméstica, mas a fama de "menina Poltergeist" sempre a perseguia. Quando suas patroas descobriam quem ela era, logo vinham as demissões, por medo do que ela poderia fazer. E, de fato, Leonice não conseguia escapar de seus "poderes". Em uma ocasião, o ferro de passar roupa esquentou sozinho, mesmo desligado; em outra, as bocas do fogão se acenderam sem que ninguém as tocasse.

Apesar de tudo, Leonice casou-se com Armindo Herzog e viveu uma vida simples. Por dez anos, ela deu consultas espirituais, atendendo pessoas que vinham de longe para ouvir seus conselhos. Em suas últimas entrevistas, já perto do fim da vida, Leonice afirmou que seus dons nunca desapareceram. Ela relatou curar pessoas com distúrbios e, inclusive, exorcizar um jovem que ateava fogo em galpões apenas com o poder do pensamento. Se tudo isso era verdade ou não, ninguém jamais saberá ao certo.

Armindo Herzog

Em uma matéria publicada em 2010 pelo jornal Zero Hora, pouco tempo antes da morte de Leonice, ela afirmou que seus poderes jamais diminuíram. Nessa matéria ela assegurou que usava seus dotes para curar pessoas com distúrbios, pessoas possessas, que vinham até do Paraguai e da Argentina. Um dos pacientes mais endiabrados foi um rapaz de Porto Mauá, que atearia fogo em galpões tendo por combustível a força do pensamento.

Em 2008 Leonice surpreendeu o marido, o jardineiro Armindo Herzog, 57 anos. Os dois foram ao supermercado, Armindo trancara a porta da casa e metera a chave no bolso. Durante as compras, ela avisou:

— Ó, acabei de abrir a nossa casa.
— Não pode. A chave está comigo — protestou o marido.

Ao voltarem, o boquiaberto Armindo deparou com a porta escancarada.

O Fim de Leonice Fitz

Em 26 de junho de 2010, aos 35 anos, Leonice faleceu vítima de um câncer nos ossos. Em suas últimas palavras à imprensa, ela questionou o porquê de ter sido tão diferente dos outros. A menina Poltergeist de Santa Rosa, que um dia causou tanto espanto e curiosidade, partiu sem encontrar respostas para o mistério que era sua própria vida.

Leonice Fitz acabou falecendo vítima de um câncer nos ossos

Túmulo de Leonice Fitz

Seriam os "poderes" de Leonice uma Fraude?

Pratos decolavam da mesa de jantar, levitavam como disco-voadores, depois se espatifavam contra a parede. Luzes piscavam na roça de milho, mas não eram vaga-lumes. Espíritos apareciam para um bate-papo, comunicando-se por meio de batidinhas e toques, num código morse de arrepiar os cabelos. Cadeiras se arrastavam sozinhas, colchões se retorciam, lâmpadas estouravam fulminadas pelo olhar. Seriam todos esses fantásticos relatos dos familiares e amigos apenas uma fraude?

Uma repórter que presenciou a famosa cena do colchão sendo movido da cama, confessou depois de 23 anos para a RBS TV Gaúcha, que ela só pode entrar no quarto para gravar a cena quando a garota já estava deitada na cama coberta, e que Leonice não saiu da cama até todo saírem do quarto. Possível fraude este fenômeno específico? Pode ser, mas e os outros, testemunhados por centenas de pessoas?

Fontes: Medo Sensitivo, Assombrado, Zero Hora