Uma das melhores, entre as mais famosas e bem sucedidas aviadoras do mundo, foi a alemã Hanna Reitsch (1912-1979). Sua fama como piloto de nível mundial baseia-se em mais de 40 recordes de ...
todas as classes e tipos de avião. Entre outros, ela foi a primeira mulher capitã de aviação, primeira mulher a voar em um helicóptero e a primeira a voar com um helicóptero dentro de um local coberto. Uma heroína real - Hanna Reitsch nasceu a 29 de março de 1912, como segunda criança do oculista Willy Reitsch e sua esposa Emy Helff-Hibler de Alpenheim, em Hirschberg (Silésia). Seu pai dirigiu uma clínica que era coligada como clínica particular à Diaconia local. Seu irmão mais velho chamava-se Kurt (nascido em 1908), sua irmã mais nova, Heidi (nascida em 1916). Com quatro anos de idade, Hanna queria pular do terraço da casa dos pais de braços abertos. Quando sua mão a impediu e disse “Criança – então você estaria morta”, Hanna perguntou: “Eu estaria então junto ao bom Deus? Ele ira me perguntar: Hannazinha, vamos fazer chover granizo?” Naquela época nada a impressionava mais do que chuva de granizo.
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Embora Hanna tivesse facilidade em aprender, ela permaneceu uma aluna regular. Sua ousadia lhe conferiu algumas anotações no diário da classe. Certa vez durante a aula, ela empreendeu uma caçada a um rato, embora não existisse rato algum na classe. Tarefas de casa eram feitas por uma Hanna atlética e sem medo de altura, embaixo da copa de uma árvore.
Já com 13 ou 14 anos, Hanna queria tornar-se uma médica missionária aviadora. O sonho de poder voar nunca mais a deixou. Em seu tempo livre, ela escapulia freqüentemente às escondidas para Grunau/Riesengebirge e via os alunos de planadores no Galgenberg. Em 1931, a garota de 19 anos concluiu o Abitur no Ginásio Real, em Hirschberg. Em 1931/32, a garota franzina de 1,54m visitou a “Koloniale Frauenschule” (escola feminina colonial), em Rendsburg.
A partir de 1932, Hanna Reitsch estudou medicina em Berlim e Kiel, porque ela queria se tornar médica voadora na África. Ela adquiriu em 1932 o brevê de piloto para planador e para aviões motorizados, em Grunau e Berlim-Staaken. No mesmo ano, ela conquistou seu primeiro recorde na duração de vôo com planadores para mulheres, que durou cinco horas e meia.
Em 1933, Hanna Reitsch interrompeu seus estudos e acompanhou o pioneiro em vôos com planadores, Wolfram (“Wolf”) Hirth (1900-1959), como instrutora de vôo na nova escola de planadores em Hornberg, Gmünd suábica. Em 1933 e 1934, ela participou de uma expedição com planadores no Brasil e na Argentina, se dedicou de corpo e alma à aviação e terminou seus estudos de medicina no quarto semestre.
Em junho de 1934, Hanna Reitsch entrou como piloto de teste e pesquisa no “Deutsche Forschungsanstalt für Segelflug”, em Darmstadt, onde permaneceu como funcionária até 1945. Em 1936, ela foi coroada com o recorde feminino de distância para planadores com mais de 305 quilômetros.
O General Ernst Udet (1896-1941) convocou Hanna Reitsch, em 1937, como piloto de teste na “Flugerprobungsschule der Luftwaffe” (escola de vôos experimentais das Forças Aéreas), em Rechlin, junto ao Muritzsee (Mecklenburg), onde ela testou Stukas, bombardeios e caças. Udet nomeou-a em 1935 – com 25 anos – a primeira mulher do mundo a ter a patente de capitã de aviação, depois que ela apresentou a ele os novos breques dos vôos a pico (Sturzflugbremsen). Em outubro daquele mesmo ano, Melitta Condessa Schenk Von Stauffenberg (1903-1945), nascida Schiller, recebeu também o título de “Flugkapitän”.
Como primeira mulher piloto do mundo, Hanna Reitsch atravessou em 1937 os Alpes com um planador. Além disso, ela voou como primeira mulher o helicóptero “Focke Wulf 61”, construído pelo Professor Heinrich Focke (1890-1979). No enorme pavilhão berlinense “Deutschlandhalle”, ela ousou, em 1938, o primeiro vôo de helicóptero dentro de um recinto fechado. Naquele mesmo ano ela venceu o concurso “Deutschen Segelflug-Strecken-Wettbewerb”, da ilha de Sylt (noroeste alemão) até Breslau (Silésia).
Em 1939, Hanna Reitsch registrou o recorde mundial de vôo com objetivo em planadores. No mesmo ano ela voou o planador “DFS 230”, que foi feito para as tropas aerotransportadas da Wehrmacht. Além disso ela conduziu cerca de 150 testes com o “DO 17” e com o “HE 111”. Tratava-se aqui em cortar com um dispositivo apropriado os cabos de aço dos balões barragem britânicos.
Em outubro de 1942, Hanna Reitsch voou na Messerschmitt, em Ausgburg, o primeiro jato do mundo, o “ME 163 A”, e depois o “ME 163 B”. Estas máquinas desenvolvidas pelo construtor de aviões Alexander Lippisch (1894-1976), alcançavam cerca de 10.000 metros de altura em um minuto e meio, em um ângulo de 60 até 70 graus. Ela também atuou nos teste do “V1”, que em agosto de 1943 foi transformado em um foguete surpresa.
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Como piloto de testes, Hanna Reitsch era mais destemida e intrépida que muitos de seus colegas masculinos. Por seus desempenhos como piloto de testes, nos quais ela sofreu alguns sérios ferimentos, ela recebeu altas condecorações durante a Segunda Guerra Mundial. Foi dado a ela a “Eiserne Kreuz II” (Cruz de Ferro Classe II) e a “EK I” – esta última ela recebeu como a primeira e única mulher da história alemã – assim como a “distinção militar para aviadores dourada com diamantes”.
A 26 de abril de 1945, Hanna Reitsch sobrevoou a Berlin sitiada pelos russos, juntamente com o General Robert Ritter von Greim (1892-1945). O motivo desta perigosa missão foi a decisão do ditador nacional-socialista Adolf Hitler (1889-1945) em nomear pessoalmente Greim como sucessor de Hermann Göring (1893-1945) no comando supremo da Luftwaffe.
À noite, o “Führer” chamou Hanna Reitsch à Chancelaria do Reich e explicou que a grande empreitada pela qual ele viveu e lutou parece estar perdida, caso o exército do General Wenck, que está próximo, não rompa o cerco dos russos e reverta a situação. Ele concedeu à aviadora uma ampola com veneno. Somente com muito esforço Hanna Reitsch conseguiu sair de Berlim sã e salva. Hitler cometeu suicídio a 30 de abril de 1945.
Hanna Rietsch foi aprisionada com o grupo de Kesselring em Zell am See (Áustria). De maio de 1945 até novembro de 1946, ela foi prisioneira dos norte-americanos na Alemanha.
Memorável foi a reação de Hanna Reitsch diante de seu inquisidor norte-americano, capitão Cohn. Torturada psicologicamente, ela afirmou tranquilamente “eu não tenho nada a revelar e não tenho nada contra meu país e seu governo”. Em uma entrevista para a impressa, Cohn pergunta a ela: “Como você avalia este criminoso Adolf Hitler?” Sua resposta: “Se você descreve nosso governante como um criminoso, me surpreende que seus governantes tenham fechado tratados com ele e tenham sentados junto a ele”.
Em 1952 Hanna Reitsch conseguiu como única participante feminina no campeonato mundial de planadores na Espanha, entre os 40 melhores aviadores do mundo, conseguiu conquistar o terceiro lugar. A partir de 1954, ela trabalhou como piloto de teste da “Deutschen Versuchsanstalt für Luftfahrt” (DVL) em Darmstadt.
Em 1955, Hanna Reitsch foi vencedora do campeonato alemão de planadores. Em 1956, ela conseguiu quebrar o recorde feminino alemão de vôo a distância com 370 quilômetros. Em 1957, ela quebrou o recorde alemão de altura em planadores, com 6.848 metros e ganhou a “1ª Diamante” da classe “Ouro-C”. Em 1958, ela não pode participar do campeonato de planadores na Polônia, pois o visto de entrada lhe foi negado.
Em 1959, Hanna Reitsch construiu um planador especial na índia. Ela foi convidada especial do Primeiro-Ministro Jawaharlal (Pandit) Nehru (1889-1964) e voou com ele. Em 1960 ela conseguiu em vôo triangular de 300 km a “2ª Diamante” da classe “Ouro-C”. Em 1961 ela foi convidada para ir aos EUA, e recebida na “Casa Branca” pelo presidente John f. Kennedy (1917-1963).
Em 1962, Hanna Reitsch montou com dois colegas aviadores uma escola de aviação em planadores em Guana, que dirigiu até 1966. Em 1970, ela ainda conquistou mais um recorde feminino, recebeu a “3ª Diamante” (trecho de 500 km) da classe “Ouro-C” e a vitória na classe de damas do campeonato alemão de planadores. Em setembro de 1971, ela foi primeiro lugar não primeiro campeonato mundial de Helicópteros, na classe feminina.
Em maio de 1972, Hanna Reitsch registrou um novo recorde feminino alemão do trecho triangular de 300 km, em 1977 um outro recorde feminino alemão (ida e volta em mais de 644 km) e em 1978 o recorde mundial feminino em planadores. Em 1972, a “Society of Experimental Test Pilots”, da Califórnia, nomeou Hanna Reitsch membro de honra. Um mês depois ela foi escolhida, no Arizona, pela “International Order of Characters” como “Piloto do ano de 1971”. Em1975 ela recebia a “Internationale Kette der Windrose”.
Hanna Reitsch escreveu os livros “Fliegen – Mein Leben” (Voar – minha vida, 1951), “Ich flog für Kwame Nkrumah” (Eu voei para Kwame Nkrumah, 1968), “Das Unzerstörbare in meinem Leben” (O indestrutível em minha vida, 1975) e “Höhen und Tiefen – 1945 bis zur Gegenwart” (Altos e baixos – 1945 até o presente, 1978). Em palestras, raramente ela utilizava a forma “Eu”, mas sim falava de “nós” estendendo aos aviadores de todas as nações. Quando ela foi questionada em 1978 por quanto tempo ainda queria voar, ela respondeu “enquanto viver”. E ela fez isso também.
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A 24 de agosto de 1979, Hanna Reitsch faleceu do coração após uma breve doença, com 67 anos, em Frankfurt junto ao Main. Segundo seu desejo, ela foi enterrada em todo o silêncio no cemitério de Salzburg, junto ao seu pai e sua mãe.
http://fliegerinnen.blogspot.com/2008/03/hanna-reitsch-die-pilotin-der.html
A liberdade proporcionada às mulheres durante o regime nacional-socialista ainda terá seu devido reconhecimento, sem qualquer tipo de linchamento moral em público. A mulher alemã foi elevada ao lugar mais alto da sociedade, ao lugar que fornece toda a estrutura moral, espiritual e física às vindouras gerações, ou seja, à família. Seu papel como portadora da cultura do povo, como educadora das futuras gerações, finalmente, como mãe, não tem paralelo algum nas ditas modernas democracias. E isso não impedia de forma alguma que elas assumissem papéis de destaque na sociedade. Hanna Reitsch e muitas outras são a maior prova da emancipação feminina, bem antes da “revolução feminina” que aconteceria de forma distorcida somente muitos anos depois – NR.
Publicado originalmente em 18 de junho de 2009.