Em 2008, "Busca Implacável" ("Taken", no original) explodiu nas telonas como um daqueles filmes que pegam o público de surpresa. Dirigido por Pierre Morel e estrelado pelo carismático e imponente Liam Neeson, o longa misturou ação e suspense de uma forma que, de alguma maneira, redefiniu o conceito de "herói de ação" para a nova geração.
A história segue Bryan Mills, um ex-agente do governo dos Estados Unidos, especializado em operações secretas. Aquele tipo de homem que passou tanto tempo nas sombras que, mesmo aposentado, ainda carrega o peso de um passado cheio de segredos. Bryan não é um cara qualquer – ele é a personificação de alguém que já viu o pior da humanidade e, por isso, tem uma desconfiança natural.
E quem o culparia? Sua filha adolescente, Kim (interpretada por Maggie Grace), está no centro da sua vida. Embora viva com a mãe, Lenore (Famke Janssen), e o padrasto milionário, Stuart (Xander Berkeley), é claro que Bryan ainda quer ser o protetor número um da filha. E quando ela lhe conta seus planos de viajar para Paris com a amiga Amanda (Katie Cassidy), o alarme soa imediatamente em sua cabeça. Bryan hesita, preocupado com os perigos que duas jovens americanas poderiam encontrar em uma cidade estrangeira. Mas, ah, o poder de persuasão de uma filha... Ele cede, mas não sem antes dar uma lista de condições de segurança. Claro, porque que pai superprotetor não faria isso, né?
O que se segue, entretanto, é o pesadelo de qualquer pai. Pouco depois de chegarem à França, Kim e Amanda são sequestradas por uma quadrilha de tráfico humano albanesa. E agora, Bryan não é só um ex-agente tentando viver uma vida comum. Ele é um pai em uma missão. Com apenas 96 horas até que sua filha desapareça no submundo do tráfico para nunca mais ser vista, ele entra em ação. Aquele Bryan aposentado? Esquece. O que vemos agora é uma verdadeira máquina de destruição, movida pela força mais primitiva: o amor paternal.
A perseguição de Bryan pelos sequestradores transforma a cidade de Paris em um verdadeiro campo de batalha. Ele passa por cima de qualquer um que cruze seu caminho, sem piedade. Aliás, esse é um dos pontos que mais ressoou com o público. A frieza calculada com que ele elimina seus inimigos nos lembra que Bryan não é um herói tradicional. Ele é um homem de moral questionável, mas totalmente compreensível, dado o contexto. E Neeson? Bem, sua performance é nada menos que icônica. Ele traz uma intensidade crua ao personagem, especialmente nos diálogos marcantes, como aquele telefonema que se tornou lendário: "Eu não sei quem você é. Não sei o que você quer. Mas se você não liberar minha filha, eu vou te procurar, eu vou te encontrar, e eu vou te matar."
"Busca Implacável" não é só um filme de ação – é quase uma carta de amor (ou de ódio, dependendo do ponto de vista) aos pais protetores. Em termos de curiosidades, é interessante saber que o filme abriu caminho para uma nova fase na carreira de Liam Neeson. Até então, ele era conhecido por papéis mais dramáticos, mas "Busca Implacável" o catapultou ao status de estrela de ação, aos 56 anos! Além disso, quem poderia imaginar que um filme com um orçamento relativamente modesto de 25 milhões de dólares faturaria mais de 226 milhões ao redor do mundo? Isso só reforça como a narrativa conectou com o público.
O sucesso foi tanto que gerou uma franquia, com mais dois filmes e até uma série de TV derivada. E, claro, Liam Neeson se tornou o rosto de uma nova era de heróis de ação: homens comuns, com habilidades extraordinárias, que não têm medo de sujar as mãos.
Curiosamente, o filme também gerou discussões sobre os perigos do tráfico humano, trazendo à tona questões importantes, mesmo que de forma indireta. As cenas em que Bryan invade esconderijos dos traficantes, descobrindo o que acontece com as jovens raptadas, adicionam um toque sombrio à trama, nos fazendo refletir sobre uma realidade muitas vezes invisível.
Por fim, "Busca Implacável" se firmou como um daqueles filmes que, uma vez assistido, não sai facilmente da cabeça. Cada golpe, cada tiro, cada diálogo cheio de tensão nos prende à tela, nos fazendo torcer para que Bryan Mills vença o tempo e traga sua filha de volta. É uma montanha-russa de emoções, que não só fez história, mas também redefiniu o papel de herói de ação no cinema moderno.