"Seu filho não é um amigo, é um filho. E se ele manda em casa, você já perdeu." Pare tudo o que está fazendo. Sério. Pare. Leia isso agora. Porque daqui a dez minutos, você pode olhar pra sua casa, pro seu filho, pros seus hábitos de pai ou mãe… e perceber que tá criando um monstro. Só que sem querer. Com amor. Com carinho. Com muita culpa. E pior: achando que tá fazendo certo.
O carro da vida tá desgovernado — e os pais estão no banco de trás com fones de ouvido
Imagina só: um carro novo, potente, zero quilômetro. Dentro dele, um garoto de 13 anos, sentado no banco da frente, segurando o volante. Sem carteira. Sem aula. Sem freio. A estrada? Cheia de curvas, buracos, outros carros, animais cruzando...
No banco de trás? Os pais. De costas. Olhando pro celular. "Ah, deixa ele aprender na prática!" A escola? Também atrás, gritando: "Reduza a velocidade! Não entre nessa estrada!" Ninguém escuta. Esse carro tem nome: vida. E quem deveria estar dirigindo? Você. O pai. A mãe. Não o adolescente. Nem o pré-adolescente. Muito menos o bebê com Wi-Fi.
Porque aqui vai uma verdade que ninguém quer dizer: Criança não nasce pronta. Diferente do bezerro que levanta e corre logo depois de nascer, diferente do filhote de coruja que abre os olhos e já sabe onde cagar, diferente da girafa que em 20 minutos tá andando como se fosse fazer um comercial da Nike... O ser humano nasce meio cru. Incompleto. Dependente. Frágil. Precisando de tutoria, disciplina, limites, orientação, cobrança. É assim desde que o mundo é mundo. É biologia. É instinto. É criação. Mas hoje? Hoje o pai vira "amigo". A mãe vira "colega de sofrência". E a autoridade parental virou coisa de "ditador", de "velho retrógrado".
"Liberdade" virou desculpa para ausência
Fala sério: quantas vezes você já ouviu isso? "Ah, eu quero ter um relacionamento aberto com meu filho. Quero que ele confie em mim." Ótimo. Confiança é essencial. Mas confiança não significa ausência de hierarquia. Você confia no seu chefe, mas ainda assim ele manda em você. Você confia no médico, mas ele decide o remédio. Você confia no professor, mas ele dá nota. Então por que, com o filho, virou pecado ser o chefe da família? A tal "liberdade" que os pais dão hoje em nome do "bem-estar emocional" muitas vezes é só covardia disfarçada de modernidade. É medo de brigar. Medo de ouvir "eu te odeio". Medo de parecer "rigoroso demais".
Resultado? Crianças decidindo até que horas vão dormir. Adolescentes escolhendo se vão à escola. Pais implorando: "Filho, por favor, toma banho." Isso não é liberdade. É abandono disfarçado de amor.
O pacote de salgadinho às 6h30 da manhã é só o começo
Tem uma cena clássica nos lares brasileiros: Criança acorda às 6h da manhã. Vai direto pra geladeira. Abre um pacote de salgadinho. Come feito um zumbi, enquanto assiste TikTok. A mãe nem questiona. "Ai, deixa ela... ela tá com fome." Não tá com fome. Tá acostumada. E esse pacote de salgadinho? É só a ponta do iceberg. É o sintoma. O sinal vermelho piscando: "Aqui dentro, ninguém manda." Porque se a criança manda na alimentação, provavelmente também manda:
Na hora de dormir (ou de não dormir),
No volume do som,
Na roupa que veste,
Nos jogos que joga (até 3h da manhã),
Nas redes sociais que consomem (inclusive pornô aos 10 anos),
E, claro, em quem entra e sai de casa.
E aí vem o drama:
"Meu filho tá agressivo."
"Minha filha tá deprimida."
"Eles não respeitam ninguém!"
Claro que não respeitam. Respeito não nasce do nada. Respeito é ensinado com atitude, não com PowerPoint emocional.
Por que as crianças de hoje parecem adultos perdidos?
Dado assustador: Segundo o IBGE (2023), quase 40% dos adolescentes brasileiros entre 12 e 17 anos já consumiram drogas ilícitas. Entre os jovens de 18 a 24 anos, o número sobe para mais de 50%. Outro dado: A obesidade infantil no Brasil cresceu 300% nas últimas duas décadas. E sabem quem dá acesso ao fast-food, ao refrigerante, ao delivery de pizza às 22h? Os pais. Ou melhor: os ex-pais que agora são "colegas".
E os desafios mortais nas redes sociais?
Quem nunca viu um vídeo de adolescente engolindo produto de limpeza pra ganhar curtidas? Isso tudo tem um denominador comum: falta de tutela. A criança não tem maturidade neurológica pra tomar decisões complexas antes dos 25 anos. O cérebro dela — principalmente a parte do julgamento e controle de impulsos — ainda tá em construção. Mas a gente entrega o volante pra ela aos 10.
Ser pai ou mãe não é ser besta-bobo
Olha, ninguém tá falando de regime militar em casa. Ninguém quer que você bata, grite, humilhe ou transforme a vida do seu filho num campo de concentração afetivo. Mas ser pai ou mãe não é ser empregado doméstico com diploma de psicólogo gratuito. Você não é obrigado a agradar. Você é obrigado a formar um ser humano funcional.
E isso inclui:
Dizer "não",
Impor horários,
Cobrar responsabilidade,
Dar consequência,
Ser inconveniente,
Fazer o papel chato de adulto.
Se seu filho te odeia porque você tirou o celular dele depois das 22h? Ótimo. Significa que você ainda tá no jogo. Se ele te ama todo dia porque você deixa ele fazer tudo? Cuidado. Pode ser o começo do fim. A escola não substitui você. Nem o terapeuta. Nem o tio rico. Tem pai que larga tudo na escola: "Educação moral? Lá ensina." "Comportamento? Isso é com o colégio." "Psicólogo? Contratamos um pra ele falar tudo que não fala com a gente."
Ai, meu Deus. A escola tá lá pra ensinar matemática, português, ciências. Não pra criar caráter. Não pra dar limite. Não pra dizer "corta esse cabelo", "põe essa camisa", "desliga esse jogo". Isso é função parental. E se você delegou, você desistiu. O terapeuta ajuda, sim. Mas não substitui um pai que olha nos olhos do filho e diz: "Você errou. Vamos consertar. Mas aqui, quem manda sou eu."
E sobre o amor? Ah, o amor tá presente — mas não basta
Claro que você ama seu filho. Claro que faria tudo por ele. Claro que passaria fome pra ele comer. Mas amar não é o mesmo que educar. Você ama seu cachorro, mas ainda assim dá ração, impõe regras, leva no veterinário, não deixa ele roer o sofá. Com o filho, muitos perdem o controle. Viram reféns do "bom moço". Têm medo de estragar a relação. De perder o afeto. Só que o afeto verdadeiro não se perde com disciplina. Se fortalece.Criança que cresce com limites sabe que é amada porque foi guiada, não porque foi deixada à deriva.
O que fazer agora? Cinco passos pra voltar pro banco da frente
Assuma o volante. Hoje. Pare de pedir. Comece a determinar. "Aqui quem decide sou eu." Ponto final. Estabeleça regras claras — e cumpra. Horário de sono, uso de telas, alimentação, responsabilidades. E quando quebrarem, tem consequência. Sem drama. Sem chantagem. Seja inconveniente. Dizer "não" dói. Mas é seu trabalho. Se for fácil, você tá errado. Converse, mas não negocie tudo. Explicar é importante. Mas negociar regra básica ("posso dormir fora hoje?") vira brecha. Hierarquia não é ditadura — é proteção. União entre os pais. Se um manda e o outro desmanda, o sistema despenca. Tem que ter aliança. Caso contrário, vira circo.
Conclusão: Se você não é autoridade, alguém vai ocupar esse lugar
E esse alguém não é bom. Pode ser o chefe de gangue. O influencer que prega rebeldia. O traficante da esquina. O namorado tóxico. O algoritmo do TikTok. Criança sem autoridade busca autoridade. E quando não encontra em casa, vai procurar onde tem. Então, pai. Mãe. Levanta dessa poltrona. Sai do banco de trás. Vem pra frente. Porque esse carro da vida não dirige sozinho. E se ninguém segurar o volante, o abismo tá logo ali.