A educação no Brasil é um tema crítico e, ao longo dos anos, tem sido sinônimo de abandono e descaso por parte das autoridades. Enquanto vemos exemplos brilhantes de escolas pelo mundo que oferecem uma educação de ponta, nossas escolas públicas parecem estar presas em um ciclo de degradação e abandono. A realidade é que, enquanto os políticos continuam desviando recursos e enchendo os próprios bolsos, o futuro de milhões de brasileiros está sendo comprometido nas salas de aula sucateadas.
E o mais revoltante? O Brasil tem dinheiro para mudar essa situação. A educação pública poderia ser um verdadeiro exemplo de transformação social, mas, infelizmente, esse potencial se perde na corrupção e na má gestão.
A triste realidade brasileira: números que falam por si
Vamos começar com números: o Brasil investe cerca de 6% do PIB em educação, o que à primeira vista parece adequado, até superior à média de alguns países desenvolvidos. Porém, a questão não está apenas no quanto se investe, mas no como. Países como a Coreia do Sul e Finlândia também investem percentuais próximos do PIB em educação, mas os resultados são incomparavelmente superiores. Enquanto o Brasil amarga posições vergonhosas em rankings internacionais, como o PISA (Programme for International Student Assessment), a Coreia do Sul e Finlândia figuram entre os melhores.
De acordo com os dados mais recentes do PISA, que avalia a proficiência dos alunos em leitura, matemática e ciências, o Brasil ficou na 58ª posição em leitura, 72ª em ciências e 70ª em matemática, entre 79 países avaliados. Enquanto isso, nossos vizinhos do Chile e Uruguai apresentaram desempenhos significativamente melhores. Isso mostra que a questão não é falta de recursos, mas de prioridade e gestão.
Estruturas que desabam: escolas em estado crítico
Nas escolas públicas brasileiras, a situação de abandono é visível a olho nu. Banheiros destruídos, tetos que caem e salas de aula depredadas fazem parte do cotidiano de muitos alunos. Segundo o Censo Escolar 2023, 34% das escolas públicas no Brasil não possuem acesso adequado à água potável, e mais de 20% não têm redes de esgoto. Esses números chocam quando lembramos que estamos falando de um dos maiores países do mundo, com uma das maiores economias globais.
Além disso, 40% das escolas públicas ainda não possuem internet em suas dependências, o que limita severamente o acesso dos alunos às ferramentas tecnológicas, algo essencial para o desenvolvimento em um mundo digital. O Brasil ainda luta para colocar computadores nas escolas, enquanto países desenvolvidos já estão em fases muito mais avançadas, com programação, robótica e educação financeira inseridos desde o ensino fundamental.
Comparando com o resto do mundo: Walnut Grove High School como exemplo
Se olharmos para exemplos internacionais, fica claro o tamanho do abismo educacional entre o Brasil e outros países. A Walnut Grove High School, nos Estados Unidos, é um desses exemplos. A escola oferece uma infraestrutura impressionante: laboratórios de última geração, biblioteca digital e uma oferta curricular que inclui desde ciências biomédicas até design de games e esportes eletrônicos. E o mais chocante: é uma escola pública. Lá, os alunos têm 109 opções de cursos técnicos, preparando-os para áreas que realmente fazem a diferença no mercado de trabalho.
No Brasil, infelizmente, o cenário é o oposto. De acordo com o Ministério da Educação, apenas 15% das escolas públicas oferecem algum tipo de curso técnico ou profissionalizante. E, mesmo quando esses cursos estão disponíveis, eles muitas vezes carecem de infraestrutura básica, como laboratórios e equipamentos modernos. O resultado disso é uma geração de jovens que sai das escolas sem qualquer qualificação prática para o mercado de trabalho.
Professores mal remunerados e desvalorizados
Outro dado alarmante é o salário dos professores. Nos Estados Unidos, em uma escola como a Walnut Grove High School, os professores recebem entre 55 mil e 75 mil dólares por ano — algo em torno de R$ 300 mil. No Brasil, a realidade é completamente diferente. O salário médio de um professor de ensino básico é de cerca de R$ 2.886,00 por mês, o que representa R$ 34.632 por ano. Para piorar, atrasos salariais e falta de valorização são comuns, o que contribui para a desmotivação desses profissionais.
Além disso, 45% dos professores brasileiros relatam sofrer algum tipo de desrespeito ou violência no ambiente de trabalho, seja verbal ou física, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Isso reflete uma sociedade que não valoriza seus educadores, criando um ambiente de hostilidade que inviabiliza a qualidade do ensino.
Educação financeira? No Brasil, isso ainda é um sonho distante
Enquanto países desenvolvidos já incorporaram matérias como educação financeira e programação no currículo escolar, no Brasil essas disciplinas ainda estão engatinhando. Na Walnut Grove High School, os alunos aprendem desde cedo como gerenciar suas finanças pessoais, entender investimentos e planejar suas carreiras. Já aqui, muitos alunos se formam sem saber o que é uma nota promissória ou como abrir uma conta bancária.
Somente em 2020, com a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a educação financeira começou a ser incorporada de forma tímida no currículo das escolas brasileiras. No entanto, a implementação é lenta, e muitas escolas sequer têm professores qualificados para ensinar o tema.
Corrupção e descaso: um ciclo vicioso
Então, onde está o problema? Por que o Brasil, um país com tantos recursos, não consegue oferecer uma educação de qualidade? A resposta está na corrupção e na falta de prioridade. A cada ano, bilhões de reais são destinados à educação, mas uma parcela significativa desse dinheiro desaparece antes de chegar às escolas. Segundo a Transparência Internacional, o Brasil perde cerca de R$ 200 bilhões por ano devido à corrupção em todas as esferas do governo. Imagine o que poderia ser feito com esse dinheiro.
O pior de tudo é que essa falta de investimento afeta diretamente o futuro do país. Sem uma educação de qualidade, o Brasil continua preso em um ciclo de pobreza, desigualdade e estagnação econômica. Países que priorizam a educação, como a Finlândia e a Coreia do Sul, conseguiram transformar suas economias e elevar o padrão de vida de suas populações em poucas décadas.
O que precisa ser feito: uma revolução educacional
Para reverter esse quadro, o Brasil precisa de uma revolução educacional. Isso não significa apenas aumentar os salários dos professores ou construir mais escolas, mas realizar uma reforma profunda, que inclua a valorização dos educadores, a modernização das escolas e a inclusão de disciplinas que preparem os alunos para o século XXI.
A educação é a base para o desenvolvimento de qualquer nação, e, sem ela, o Brasil continuará estagnado. Precisamos parar de tratar a educação como uma piada e começar a vê-la como a solução para os nossos problemas. Caso contrário, continuaremos sendo o país da gambiarra, da improvisação e da ignorância, enquanto o mundo avança sem olhar para trás.
Se não acordarmos agora, quem pagará o preço serão as próximas gerações, que herdarão um país sem perspectivas e sem oportunidades. A educação é o primeiro passo para salvar o Brasil, e precisamos agir antes que seja tarde demais.