2022 - Certamente, nem todos os que percorrem áreas desconhecidas estão desorientados. Contudo, quando você se vê circulando por longas horas, e sua jornada diurna se prolonga até a noite, esse provérbio oferece um conforto gélido. A solução? Evitar se perder desde o início. Adquirir habilidades na utilização de um mapa e uma bússola é fundamental para todos os praticantes de caminhada e mochileiros.
Mesmo os mochileiros experientes ocasionalmente negligenciam suas aptidões de navegação, mas quando a trilha se esgota ou fica coberta de neve, saber como abrir seu próprio caminho é absolutamente crucial. Mesmo na era do GPS e dos smartphones, a forma mais segura de assegurar que você permaneça na rota correta. Com a ascensão do GPS, a navegação por meio da bússola tornou-se uma habilidade quase esquecida. Isso é compreensível: em condições de céu claro, os receptores GPS modernos podem determinar a localização de um usuário com precisão e rapidez, exigindo pouca ou nenhuma habilidade do usuário. Entretanto, é importante ressaltar que as unidades de GPS são dispositivos eletrônicos, e a eletrônica falha nos momentos mais inconvenientes. Em determinadas situações, eles podem ficar sem bateria; em outros casos, após anos de uso, apresentam falhas. Ademais, geralmente, apenas indicam a direção para a qual você está voltado quando está em movimento.
Já as bússolas são praticamente indestrutíveis. Elas dispensam o uso de baterias, não possuem telas suscetíveis a quebras e não requerem atualizações de software. Ao serem protegidas com revestimentos à prova d'água ou armazenadas com cuidado, os mapas raramente apresentam falhas. Manter esses dois instrumentos simples em sua mochila – e entender como utilizá-los – representa um pequeno passo que pode prevenir muitos contratempos. Uma dica: após aprender a navegar da maneira tradicional, é possível utilizar aplicativos como o Gaia GPS para verificar seu trabalho ou obter informações mais especializadas, como o ângulo de inclinação.
Conheça
Uma bússola representa o meio de orientação mais confiável, embora sua eficácia dependa do conhecimento em sua utilização. Os elementos constituintes da bússola variam conforme o modelo em posse. A seguir, são apresentados alguns componentes frequentes.
Partes
Placa principal: Um componente traseiro transparente que possibilita a visualização do mapa por baixo. A margem delineada auxilia na triangulação e no direcionamento.
Indicador de orientação: Indica a direção para a qual alinhar a bússola ao tomar um curso.
Traço indicador: Uma extensão do indicador de orientação que aponta para o local onde se deve ler os rumos.
Estrutura giratória: Uma região circular marcada com graus numéricos de (no sentido horário) 0 a 360.
Agulha magnetizada
Seta de orientação: Ajuda a alinhar o bisel com as direções no mapa.
Escala de declinação: Marcas de hash na parte interna do painel que são projetadas para ajudar a ajustar a declinação. (Não sabe como fazer isso? Continue lendo.)
Corrigindo para Declinação
Uma das partes desafiadoras ao utilizar uma bússola reside no fato de que o norte magnético não coincide com o norte verdadeiro. A disparidade entre esses dois pontos, conhecida como declinação, apresenta variações conforme a localização geográfica. Além disso, essa discrepância evolui gradualmente ao longo do tempo, influenciada pelas mudanças nas placas tectônicas da Terra. Caso não efetue ajustes na bússola para corrigir essa divergência, há o risco de se deslocar erroneamente.
Uma maneira prática de determinar o valor da declinação é consultar seu mapa, pois a maioria deles inclui diagramas específicos sobre essa informação, acompanhados da data da última atualização. Como a declinação está sujeita a alterações temporais, mapas mais recentes oferecem números mais precisos. O mapa deve indicar um ângulo específico e a direção, como, por exemplo, 8 graus a leste.
Caso esteja utilizando um mapa mais antigo, é possível realizar verificações online. Diversos serviços disponíveis utilizam a sua localização para calcular a declinação. Após obter esse valor, subtraia-o da direção da bússola para oeste e adicione-o para leste. Para facilitar a memorização dessa regra, pode-se recorrer a um mnemônico: "Mapas dizem quase tudo" (Tradução: Magnético para Verdadeiro: Adicione ao Leste).
Curiosidade histórica: As bússolas tiveram sua origem na China por volta de 200 a.C. e, inicialmente, eram utilizadas para práticas adivinhatórias. A descoberta da declinação só ocorreu aproximadamente em 720 d.C.
Bússulas diferentes
Apesar da existência de uma variedade de bússolas no mercado, a opção mais comum para os entusiastas de mochilas é a bússola de placa de base. Esta consiste em uma bússola repleta de líquido fixada a uma superfície plana e transparente de plástico. Além de ser economicamente acessível e simples, a transparência do design das bússolas de placa de base facilita sua utilização em conjunto com mapas.
O Suunto M-3 NH é uma escolha sólida de bússola de placa de base, adequada tanto para iniciantes quanto para orientadores experientes.
Outro tipo popular são as bússolas lensáticas, que se assemelham a medalhões quando abertas. Elas empregam um fio de mira na tampa e uma lente traseira para alcançar rolamentos altamente precisos. Embora ofereçam a vantagem da precisão e durabilidade, as bússolas lensáticas demandam um aprendizado um pouco mais extenso.
O nosso editor digital, um entusiasta dedicado de bússolas lensáticas, sugere o Brunton Modelo 9077, uma bússola de estilo militar clássica e resistente com uma longa vida útil.
Dado que as bússolas de placa de base são as mais utilizadas, as instruções a seguir se concentrarão nesse tipo específico. Caso esteja utilizando uma bússola lensática, os passos podem variar ligeiramente. É importante notar que objetos metálicos podem interferir nas agulhas magnéticas das bússolas, portanto, é recomendável evitar estender seu mapa sobre o capô do carro.
Descobrindo sua localização
Determinar sua posição com auxílio de um mapa e uma bússola pode ser realizado de maneira descomplicada, embora algumas precauções se façam necessárias. Inicialmente, é imperativo identificar pelo menos dois pontos de referência conhecidos, sendo montanhas e lagos opções viáveis. A inclusão de um terceiro ponto de referência, caso possível, otimiza o processo. Sempre atente-se para realizar ajustes na declinação.
-
Utilizando a bússola, oriente o mapa de modo que a direção norte aponte para o norte verdadeiro. (Dica especializada: assegure-se de que as linhas de grade estáticas em sua bússola estejam alinhadas com as linhas de grade norte-sul em seu mapa).
-
Sinalize o primeiro ponto de referência: alinhe a seta de direção de deslocamento com o ponto de referência e gire o anel até que a agulha esteja em conformidade com as marcações do norte. (O valor ao lado da linha de índice representa o rumo).
-
No mapa, posicione um dos cantos da régua da bússola no ponto de referência e gire a bússola por completo até que a agulha esteja alinhada com o norte no painel. Utilizando um lápis, trace uma linha ao longo da borda.
-
Repita os procedimentos 2 e 3 para os demais pontos de referência. O ponto de interseção entre todas as linhas representa sua localização aproximada.
Rolamentos
Caso você já tenha identificado a sua posição, é possível utilizar o instrumento de orientação conhecido como bússola para determinar a rota até qualquer ponto indicado no mapa. Após realizar a devida correção para ajustar a bússola à declinação magnética, inicie o processo alinhando o mapa com o norte verdadeiro, conforme exemplificado anteriormente.
-
Posicione o canto da placa de base da bússola sobre a sua localização e gire todo o dispositivo até que a régua estabeleça uma linha direta entre o seu ponto inicial e o destino desejado.
-
Ajuste a moldura até que as linhas de grade presentes na placa de base coincidam perfeitamente com as linhas de grade do mapa.
-
Observe o número ao lado da linha de índice, pois este representa a direção a seguir, também conhecida como rumo.
-
Mantenha a bússola nivelada à sua frente e gire o corpo até que a seta norte presente no bisel esteja alinhada com a agulha da bússola. Nesse momento, a seta que indica a direção de deslocamento estará apontando precisamente para o seu destino.
Smartphone como uma bússola
Seu dispositivo móvel é capaz de desempenhar diversas funções, e não é surpreendente que inclua uma bússola integrada. Com o aplicativo apropriado (experimente o Digital Field Compass para dispositivos Android, ou para uma experiência mais abrangente, o Gaia GPS para dispositivos iPhone e Android), é viável utilizar seu telefone como um instrumento de orientação, dispensando a necessidade de GPS. Esses aplicativos fazem uso do magnetômetro presente no seu dispositivo. Após realizar uma simples calibração, o telefone não apenas pode realizar as funções de uma bússola convencional, mas também tem a capacidade de manter um curso o suficientemente preciso para indicar quando houve desvio.
Entretanto, é importante ressaltar que as bússolas baseadas em smartphones apresentam algumas considerações significativas. A mais notável é que, assim como o GPS do dispositivo, todos esses aplicativos requerem uma bateria carregada para operar. Por essa razão, aconselhamos que todos adquiram habilidades no uso de uma bússola analógica convencional, pois esta continuará funcionando independentemente das circunstâncias. Após dominar essas habilidades, você pode utilizar o GPS do seu telefone sem o receio de ficar sem energia.
REFERENCIAS: YOUTUBE
WIKIPÉDIA
BLOG DE ESCALADA
PALPITE DIGITAL
FDSM