Em 1794, na cidade de Estrasburgo, um jovem da burguesia local chamado Blumm teve a má sorte de cruzar o caminho do capitão Fournier, um tremendo encrenqueiro, que provocou o jovem e este cometeu o erro de desafiá-lo a um duelo... Blumm morreu. Ainda que o duelo tenha sido "legal" a população local culpou Fournier, mas nada podiam fazer contra ele, já que o desafio cumpriu todas as regras do código de honra existente naquela época. Dias depois o comandante em chefe deu uma recepção para as personalidades da cidade e ordenou a seu imediato, o capitão Dupont, que impedisse a entrada de Fournier para não inquietar os ânimos dos presente. Mas quem decidiu aparecer na festa? O próprio, bêbado como um gambá Fournier tentou entrar, mas Dupont impediu e se propuseram um duelo. Sabendo da ...
destreza que Fournier tinha com as armas de fogo, Dupont escolheu a espada e conseguiu ferir Fournier que enquanto rolava no chão voltou a desafiar Dupont. Dias depois, já restabelecido Fournier enfrentou Dupont novamente e desta vez ambos saíram feridos e desafiando um ao outro. Teve um terceiro duelo e... vendo que aquilo não tinha fim, estabeleceram um pacto:
Sempre que ambos se encontrassem a uma distância menor que trinta léguas, cada um deveria percorrer a metade da distância até se encontrarem e se enfrentarem com as espadas.
Se algum dos dois, por necessidades do serviço, não pudesse se deslocar, o outro deveria percorrer a distância que os separasse para se enfrentarem com as espadas.
Não haveria desculpas para que não duelassem, salvo que sua obrigação militar impedisse a luta.
Entabularam então uma relação epistolar na qual inclusive se felicitavam por seus sucessos militares e por suas promoções. A relação era mais que cordial até que chegava o momento de empunhar as espadas. Ademais, respeitavam que o primeiro golpe que fizesse o outro sangrar cessava a briga.
Todos os duelos eram com espadas, até que em 1813, e pouco antes de se casar, Dupont propôs que acabassem logo com aquilo duelando com pistolas (a arma preferida de Fournier). Para igualar a contenda estabeleceram algumas regras diferentes para o último duelo:
cada um levaria duas pistolas;
O duelo aconteceria em um bosque particular cercado e com duas portas (norte e sul);
Cada um entraria por uma e... "salve-se quem puder".
Durante algum tempo ficaram ali brincando de gato e rato, mas a ânsia de Fourier fez com que desperdiçasse os dois disparos sem acertar seu rival. Dupont conseguiu então cercar Fournier e colocou a arma em sua têmpora dizendo:
- "Pois é amigo, tenho sua vida em minhas mãos, vou te perdoar com a condição de que se voltarmos a duelar terei dois disparos antes de que você possa abrir fogo."
Fournier aceitou a condição e selaram a paz findando 19 anos de confrontos quando duelaram 30 vezes.
O roteiro de "Os duelistas" (1977), o primeiro filme de Ridley Scott, baseava-se no livro "O Duelo" de Joseph Conrad e este, por sua vez, se inspirou na história de Dupont e Fournier.
Fonte: http://www.napoleonics.net