Inovações e Descobertas

Tecnologia GLSDB: Como Pequenos Foguetes Estão Gerando Grandes Impactos

Tecnologia GLSDB: Como Pequenos Foguetes Estão Gerando Grandes Impactos

A Bomba Lançada do Solo de Pequeno Diâmetro (GLSDB) é uma inovação que promete transformar o campo de batalha moderno. Fruto de uma colaboração entre a Boeing e o grupo sueco Saab, essa arma foi projetada para dar nova vida à Bomba GBU-39, que originalmente era lançada a partir de aeronaves. A grande sacada aqui foi torná-la compatível com lançadores terrestres, como o HIMARS e o M270, utilizando o foguete M26 como base para o lançamento. Isso abre um leque enorme de possibilidades, permitindo que a GLSDB seja disparada de diferentes plataformas, inclusive a partir do mar.

Arsenal reaproveitado: o M26 ganha nova vida

Um dos pontos mais interessantes sobre a GLSDB é o uso do foguete M26, que, apesar de ser considerado obsoleto, tem uma grande quantidade em estoque. Até 2001, foram produzidos mais de 500 mil desses foguetes, e boa parte deles acabou sendo estocada, com alguns até mesmo destinados à destruição em 2007. A Boeing e a Saab viram nisso uma oportunidade. Em vez de simplesmente descartar esse recurso, eles desenvolveram um "adaptador entre estágios" que une o M26 ao GBU-39. Resultado? Um novo tipo de munição com uma capacidade impressionante, dando aos exércitos uma ferramenta de longo alcance com um custo-benefício muito atraente.

Como funciona?

A Bomba Lançada tecnologia especificações

A magia acontece quando o foguete M26 lança a GLSDB a uma altitude e velocidade suficientes, permitindo que a bomba se separe e ative suas asas, deslizando até o alvo. Isso permite que o GLSDB percorra até 150 km, cobrindo terrenos complexos e até acertando alvos em áreas ocultas, como atrás de montanhas ou construções. Imagine a cena: enquanto mísseis convencionais seguem uma trajetória previsível, essa arma pode contornar obstáculos, surpreendendo o inimigo com um ataque de 360 graus.

Além disso, a GLSDB pode ser configurada para detonar no ar ou após penetrar profundamente em estruturas. Isso oferece flexibilidade dependendo do tipo de alvo – desde veículos até bunkers subterrâneos.

Uma solução econômica

A Bomba Lançada tecnologia GLSDB

Se compararmos os custos, a GLSDB oferece uma vantagem significativa. A bomba GBU-39, que é um dos principais componentes do sistema, custa cerca de US$ 40 mil. Isso parece alto, mas fica pequeno se comparado ao preço de um míssil M31, que pode chegar a meio milhão de dólares. Ao usar foguetes M26 de estoques antigos e uma bomba já existente, o custo final por unidade acaba sendo consideravelmente menor, o que atrai o interesse de vários países. De fato, um dos objetivos dessa arma é oferecer uma capacidade de ataque de precisão a nações que não têm a infraestrutura ou o orçamento de forças aéreas mais avançadas.

Uso em combate: Ucrânia na vanguarda

A Bomba Lançada no Solo lançamento

O conflito entre Rússia e Ucrânia trouxe o GLSDB para o centro das atenções. Em fevereiro de 2023, os EUA anunciaram que enviariam essa arma para a Ucrânia, dobrando o alcance que o país poderia atingir com os sistemas HIMARS e MLRS. Isso colocou várias linhas de abastecimento russas no leste da Ucrânia e até partes da Crimeia ocupada ao alcance das forças ucranianas. O GLSDB oferece uma vantagem crucial: sua capacidade de voar de forma imprevisível, dificultando a defesa contra ele. Além disso, como o sistema é baseado em um planador, sua assinatura de infravermelho é baixa, tornando-o quase invisível para mísseis guiados por calor, como os MANPADS.

Uma curiosidade interessante: a GLSDB é mais difícil de ser interceptada porque pode ser programada para se aproximar do alvo de qualquer direção, inclusive por trás. Isso significa que não segue a trajetória previsível de outros mísseis, o que deixa as defesas inimigas em uma situação complicada.

Impacto estratégico global

Além da Ucrânia, outros países também estão de olho nesse sistema. Taiwan, por exemplo, mostrou interesse no GLSDB para defender-se de uma possível invasão anfíbia pelo PLA (Exército Popular de Libertação da China). O estreito de Taiwan, com seus 130 km de largura, está bem dentro do alcance da GLSDB, o que tornaria ainda mais difícil para o PLA montar uma ofensiva.

Outro fato interessante é que o desenvolvimento dessa arma visava, inicialmente, dar a países menores e com menos recursos uma capacidade de ataque semelhante à de forças aéreas robustas. Não à toa, a GLSDB tem despertado a atenção global, pois combina inovação, eficiência e economia, algo raro em tecnologias de defesa.

Ação em campo: atrasos e primeiros usos

A Bomba Lançada no Solo nos caças

Embora a Boeing tenha prometido que a GLSDB estaria pronta para entrega em 2023, alguns atrasos ocorreram. Em março de 2024, reportagens indicaram que a arma finalmente estaria pronta para ser implantada na Ucrânia. E já em fevereiro de 2024, surgiram imagens na mídia russa de destroços da GLSDB, supostamente encontrados na região de Luhansk, confirmando seu uso em combate.

Mas o que torna essa arma realmente especial é sua capacidade de adaptação e inovação contínua. Em um teste de 2017, por exemplo, o GLSDB acertou um alvo móvel a 100 km de distância, algo impressionante para uma arma que combina um foguete terrestre com uma bomba aérea. E os desenvolvimentos não pararam por aí: em 2019, um teste no mar estendeu o alcance para 130 km, e a bomba foi capaz de acertar alvos se movendo a 80 km/h.

A GLSDB representa o futuro da artilharia de precisão, combinando tecnologia antiga e moderna de uma maneira brilhante. Com um alcance considerável, flexibilidade de uso e um custo muito mais acessível do que mísseis comparáveis, ela está destinada a se tornar uma peça chave nos arsenais de muitos países. Seja em conflitos de alta intensidade ou como dissuasão estratégica, a GLSDB certamente continuará a fazer história.

REFERÊNCIAS: youtube, wikipédia, defesanet, uol, exame