Fatos Desconhecidos

Fim do Colgate Clean Mint: o que aconteceu em 2025?

Fim do Colgate Clean Mint: o que aconteceu em 2025?

"Meu Lábio Inflou Depois de Escovar os Dentes. E Milhares Também." A Queda do Colgate Total que Ninguém Viu Vir – 2025. Você já escovou os dentes, cuspiu, olhou no espelho e pensou: “Poxa, meu lábio tá meio estranho…”? Pois é. Pra muita gente, essa cena virou pesadelo. Um simples ato matinal — tão automático quanto respirar — virou motivo de dor, vergonha e até dificuldade pra falar ou engolir. E o vilão? Um tubinho branco com listras verdes.

O Colgate Total Prevenção Ativa Clean Mint, aquele que prometia "proteção 12 horas", agora está na berlinda. Em março de 2025, a Anvisa entrou em alerta. Em abril, a Colgate-Palmolive tomou uma decisão rara: encerrar a produção do produto no Brasil. Sim, você leu certo. Parar de fabricar um dos xampus da linha Pantene seria grave. Mas interromper a produção de um creme dental icônico, presente em milhões de banheiros desde os anos 90? Isso é quase como dizer: “Desculpa, mas erramos feio.”

O Grito no Fórum do Reclame Aqui Que Virou Alerta Nacional

Tudo começou com um post. Só um. Uma mulher de São José dos Campos escreveu em fevereiro: "Usei o Colgate novo e meu lábio inchou como se tivesse levado uma picada de abelha. Nunca aconteceu antes." Ela anexou foto. A imagem era assustadora: lábios roxos, inchados, rachados. Parecia alergia alimentar ou reação a medicamento. Não era. Era pasta de dente. Nos dias seguintes, o fórum explodiu. Mais de 1.200 relatos similares apareceram em semanas. Pessoas de todas as idades — crianças, idosos, adultos saudáveis — relatavam ardência imediata, formigamento na língua, aftas explosivas, inchaço labial, salivação excessiva, até dificuldade pra engolir. Alguns disseram que sentiam como se tivessem passado pimenta no rosto. Outros, que parecia estar usando lixa nos dentes. O mais bizarro? Muitos usavam o mesmo produto há anos. Só que agora era diferente. O cheiro, a cor, a textura... algo mudou. E ninguém avisou.

A Mudança Silenciosa na Fórmula: Fluoreto de Estanho no Olho do Furacão

Aqui entra o detalhe técnico que parece coisa de filme de terror científico: em 2024, a Colgate reformulou parte da linha Total. E não foi só ajuste cosmético. Trocou o fluoreto de sódio — ingrediente antigo, conhecido, seguro e amplamente usado há décadas — pelo fluoreto de estanho (stannous fluoride). Na teoria, ótimo. O fluoreto de estanho tem vantagens: protege melhor contra cáries, combate sensibilidade e ainda age contra placa bacteriana. É usado em produtos premium nos EUA e Europa. Soa moderno, inovador, avançado. Mas tem um porém: é mais agressivo. Pode causar manchas nos dentes, alterar o paladar e, em pessoas sensíveis, provocar irritações orais. Só que a Colgate não atualizou o rótulo com um aviso claro. Não mandou comunicado. Não fez campanha explicando a mudança. Simplesmente colocou nas prateleiras um produto novo dentro da embalagem velha. Como se fosse o mesmo, mas não era. E o pior: o aromatizante. Especialistas da Anvisa apontam que o problema pode estar na combinação entre o fluoreto de estanho e os compostos aromatizantes — especialmente o mentol sintético usado no Clean Mint. Essa mistura, em certas concentrações, pode gerar uma reação inflamatória localizada. Tipo: seu corpo dizendo "Isso aqui não entra!".

Anvisa Intervém: Suspensão Vira Proibição Indefinida

Em 27 de março de 2025, a Anvisa suspendeu a venda do produto por 90 dias. Medida padrão. Tempo para investigar, analisar lotes, verificar denúncias. Mas o que aconteceu depois foi fora do roteiro. As reclamações não pararam. Pelo contrário. Mesmo com o produto retirado das prateleiras, consumidores continuaram ligando, reclamando, indo ao médico. Por quê? Porque tinham comprado antes da suspensão. Tinham estoque em casa. E alguns, mesmo vendo a notícia, acharam que era exagero. Até escovar… e sentir o lábio começar a crescer. Diante disso, em maio, a Anvisa prorrogou a suspensão por tempo indeterminado. Tradução: "Enquanto não provarmos que é seguro, não volta." E agora, em junho, a bomba: a Colgate anunciou o fim da produção no Brasil. Nem recuo. Nem ajuste. Fim. Encerrado. O produto não será mais fabricado no país enquanto as investigações continuarem. Recolhimento voluntário de lotes afetados já está em andamento — mas, claro, nem todos foram pegos a tempo.

Não é Só o Clean Mint: Carvão Ativado Também Sofre Queixas

O pesadelo não parou no mint. Outras versões da linha Total começaram a ser implicadas. O Colgate Total Carvão Ativado, por exemplo, famoso por prometer "dentes mais brancos", também acumula centenas de relatos de irritação oral, gengivas sangrando e aftas recorrentes. Coincidência? Talvez não. Ambos os produtos fazem parte da nova geração da linha Total, com a mesma base reformulada: fluoreto de estanho + novos agentes abrasivos + fragrâncias mais fortes. Ou seja, o problema pode não ser um ingrediente isolado, mas a nova fórmula como um todo. Consumidores que trocaram o Clean Mint pelo Carvão Ativado esperavam alívio. Muitos encontraram o mesmo sofrimento. Virou piada amarga nas redes: "Troquei o veneno verde pelo preto e continuei morrendo devagar."

Você Foi Afetado? Pode Pedir Reembolso (e Justiça)

Se você ou alguém da sua família teve reação após usar esse creme dental, tem direito a ressarcimento. O Procon-SP já emitiu orientações claras:

Você pode pedir reembolso dos gastos médicos (consultas, exames, remédios) com comprovação.
Basta ter nota fiscal do produto e documentação médica ligando os sintomas ao uso da pasta.
O pedido pode ser feito diretamente no portal do Procon ou via consumidor.gov.br.
Para danos morais — tipo ficar dias sem conseguir comer ou falar — só pela Justiça. Aí entra advogado, processo, tudo.

Importante: guarde tudo. Nota fiscal, embalagem, fotos do produto, laudos médicos, recibos. Tudo. Porque quando a Colgate diz que "cada caso é analisado individualmente", traduzindo: eles vão tentar descartar o máximo possível.

A Colgate Se Defende: “Pesquisa de 10 Anos, Produtos Seguros”

Claro que a empresa não ficou calada. Em comunicado oficial, a Colgate-Palmolive afirmou que: "Todos os nossos produtos seguem rigorosas normas internacionais de segurança e eficácia. A nova linha Total é fruto de mais de uma década de pesquisa científica e testes clínicos. Continuamos colaborando com as autoridades sanitárias e analisando cada relato com extrema seriedade." Legal. Mas tem um detalhe: esses testes clínicos foram feitos onde? Em quem? Será que incluíram pessoas com mucosa oral sensível? Com histórico de alergia? Será que simularam uso diário por meses? Porque, na prática, milhares de brasileiros estão vivendo um experimento humano não planejado. E os resultados são preocupantes. Além disso, a própria Anvisa já admitiu que os protocolos de liberação de produtos no Brasil podem ser menos rígidos que em outros países. Enquanto na União Europeia, por exemplo, mudanças na fórmula exigem nova aprovação completa, aqui, muitas vezes, basta uma notificação. E isso abre brecha.

O Que Isso Diz Sobre o Mercado de Higiene Pessoal no Brasil?

Vamos além do Colgate. Esse caso é um espelho sujo de um sistema que prioriza marketing sobre transparência. Pense: quantas vezes você viu um comercial mostrando pessoas sorrindo em câmera lenta, com dentes perfeitos, e pensou: "Quero isso"? Quantas vezes leu os ingredientes? Quantas marcas mudam fórmulas sem avisar, só pra cortar custos ou seguir tendências? O Brasil é um dos maiores mercados de produtos de higiene do mundo. E as empresas sabem disso. Sabem que o consumidor médio confia no nome da marca, não questiona muito, repete a compra por anos. E é exatamente essa confiança que foi quebrada. Esse não é só um caso de alergia. É um caso de crise de credibilidade.

E Agora? O Que Fazer com o Tubo que Sobrou no Armário?

Se você ainda tem o Colgate Total Prevenção Ativa Clean Mint ou Carvão Ativado em casa:

Pare de usar imediatamente, mesmo que nunca tenha sentido nada.
Verifique o lote — a Colgate divulgou os números afetados no site oficial.
Guarde a embalagem e a nota fiscal — pode ser útil pro reembolso.

Substitua por uma pasta com fluoreto de sódio tradicional, de marcas menores ou genéricas, até a situação se esclarecer. E sim, pode parecer exagero. Mas imagine perder sete dias com aftas gigantes porque quis prevenir cárie. O custo-benefício virou uma tragédia.

Conclusão: Quando o Remédio Vira Veneno

O Colgate não é o primeiro, e certamente não será o último. Histórias assim acontecem com shampoos, desodorantes, protetores solares. Produtos que prometem cuidar de nós, mas acabam nos machucando. O que torna esse caso diferente é o alcance. O Colgate é símbolo. É tradição. É aquilo que sua mãe passava em você criança. E agora, de repente, ele está associado a inchaços, dor e processos judiciais. A lição? Nunca confie cegamente em embalagem bonita e slogan fácil. Leia os rótulos. Observe mudanças. Questione. E, principalmente: seu corpo sabe quando algo está errado. Escute ele antes de escovar. Se você chegou até aqui, provavelmente já parou pra pensar duas vezes antes de abrir aquele tubo no banheiro. E se compartilhar essa matéria, talvez salve alguém de passar pelo que milhares já passaram. Porque às vezes, o perigo não vem de longe. Vem direto do seu nécessaire.