Você já parou para pensar em como o medo se tornou parte do nosso dia a dia? Parece que, por mais seguros que estejamos em termos reais — afinal, vivemos em uma era com avanços tecnológicos e médicos sem precedentes —, ainda assim, sentimos aquele friozinho na barriga ao sair de casa, pegar transporte público ou até mesmo ao abrir a porta para um entregador. Mas será que tudo isso é real ou estamos sendo influenciados por algo maior? Ah, isso faz todo sentido quando você para para pensar!
A mídia tem um papel fundamental nisso. Ela não apenas informa, mas também cria um imaginário coletivo sobre o que devemos temer. E sabe aquela sensação de “não estou seguro nem dentro da minha própria casa”? Pois é, esse medo muitas vezes nasce ali, na telinha da TV ou no feed das redes sociais.
A Mídia e o Jogo do Medo
Desde pequenos, aprendemos a temer o escuro, monstros debaixo da cama e histórias assustadoras contadas por tios engraçadões nas reuniões de família. Mas, conforme crescemos, esses fantasmas infantis dão lugar a outros bem mais concretos: criminosos mascarados, terroristas anônimos, desastres naturais e até colegas de trabalho que parecem meio suspeitos. E quem está alimentando essa troca de medos? Adivinhe... a mídia!
Telejornais, por exemplo, têm investido cada vez mais em notícias violentas e sensacionalistas. Por quê? Porque chamam atenção, prendem o olhar e, claro, garantem audiência — e lucro. É quase como se fosse um reality show do horror, onde as tragédias humanas viram entretenimento. E o pior? Não estamos falando apenas de fatos isolados, mas de uma narrativa construída diariamente que nos faz acreditar que o mundo lá fora é muito mais perigoso do que realmente é.
Quem nunca assistiu a um telejornal e pensou: “Caramba, parece que só acontecem crimes hediondos por aqui!” ? A verdade, no entanto, é que os índices de criminalidade podem não ser tão alarmantes quanto parecem. Mas a forma como esses dados são apresentados pela mídia gera uma impressão distorcida, amplificando nossa sensação de insegurança. Ou seja, enquanto relaxamos no sofá comendo pipoca, somos bombardeados com imagens de violência que criam um cenário fictício de caos.
O Ciclo Vicioso do Medo
Agora, imagine isso: você vê uma notícia sobre um assalto brutal em um bairro próximo. No dia seguinte, resolve evitar sair à noite, instala câmeras de segurança na entrada de casa e começa a cogitar morar em um condomínio fechado. Parece exagero? Não tanto. Esse comportamento é resultado direto da chamada “cultura do medo” , um fenômeno estudado por especialistas como Silveira (2013).
Essa cultura nos leva a adotar medidas extremas de proteção, muitas vezes desnecessárias, porque acreditamos estar constantemente sob ameaça. Construímos muros altos, contratamos seguranças particulares e evitamos espaços públicos, mesmo sabendo que, estatisticamente, estamos mais seguros do que nossos antepassados. Curioso, né?
Além disso, essa mentalidade de “todos contra todos” acaba exacerbando as desigualdades sociais. Enquanto pessoas economicamente privilegiadas se refugiam em bairros nobres e condomínios vigiados 24 horas, as camadas mais pobres da população ficam relegadas a áreas negligenciadas pelo Estado, perpetuando um ciclo de exclusão e preconceito. É como se o medo fosse usado como ferramenta para separar literalmente quem tem recursos dos que não têm.
O Papel da Mídia na Construção do “Inimigo”
Outro ponto importante é como a mídia contribui para rotular certos grupos como “ameaça”. Na maioria das vezes, os criminosos retratados nos noticiários são pobres, jovens e negros. Essa representação não apenas reforça estereótipos, mas também legitima políticas de segurança que priorizam a repressão em vez da prevenção. Resultado? Um verdadeiro “Estado Penal”, onde o sistema carcerário se expande sem resolver de fato os problemas sociais que levam ao crime.
E aí vem outra reflexão: será que precisamos ter medo de todos os jovens negros e pobres que encontramos pelo caminho? Claro que não! Mas, graças à manipulação midiática, acabamos associando características físicas ou socioeconômicas a comportamentos criminosos. Isso é cruel, injusto e profundamente equivocado.
Afinal, Quem Controla o Medo?
Vivemos em um mundo líquido, segundo Bauman (2008), onde tudo é incerto e mutável. Nesse contexto, o medo surge como uma resposta natural à falta de clareza sobre o futuro. Mas, diferentemente de outras épocas, hoje ele não está mais restrito às histórias de bruxas e lobisomens. Agora, o medo é fabricado industrialmente pela mídia, transformado em mercadoria e vendido como entretenimento.
Por trás dessa indústria do medo, há interesses comerciais claros. Quanto mais inseguros nos sentimos, mais consumimos produtos relacionados à segurança: alarmes, câmeras, planos de monitoramento, etc. E adivinhe quem sai lucrando com isso? Exatamente, as empresas que patrocinam os próprios programas que nos deixam apavorados!
Superando o Medo
Mas calma, nem tudo está perdido! Embora o medo seja inevitável — afinal, é parte da condição humana —, podemos aprender a lidar melhor com ele. Uma boa maneira de começar é questionando a veracidade das informações que recebemos. Será que aquela notícia sensacionalista é realmente confiável? Ou será que foi editada para gerar cliques e compartilhamentos?
Também é fundamental buscar fontes diversas de informação e desenvolver um senso crítico aguçado. Não podemos deixar que a mídia decida por nós o que devemos pensar ou como devemos agir. Somos protagonistas das nossas vidas, e cabe a nós decidir até que ponto vamos permitir que o medo domine nossas escolhas.
Reflexão Final
Então, qual é o recado principal aqui? Simples: viver com medo não precisa ser a nossa única opção. Podemos tomar precauções sem perder a capacidade de sonhar, arriscar e viver plenamente. Afinal, o que seria da vida se nos escondêssemos atrás de muros invisíveis, paralisados pelo terror do que poderia acontecer?
Portanto, da próxima vez que ligar a TV ou rolar seu feed, lembre-se: nem tudo o que reluz é ouro. Nem toda história contada pela mídia reflete a realidade. E, acima de tudo, você tem o poder de escolher como vai reagir ao medo. Use esse poder com sabedoria!