O Caso dos Artistas Baianos e os Milhões dos Contribuintes

O Caso dos Artistas Baianos e os Milhões dos Contribuintes

Quem nunca ouviu falar da Máfia do Dendê ? Pois é, esse termo, cunhado por ninguém menos que Paulo Francis, ecoa como um trovão até hoje. Ele se referia à turma liderada por Caetano Veloso e outros artistas baianos de renome – Gilberto Gil, Maria Bethânia e Gal Costa – que, sob o disfarce de liberais intelectuais, supostamente controlam boa parte da produção musical brasileira. Mas não para por aí. Esses astros, outrora ícones da resistência cultural contra a ditadura militar, agora são acusados de operar uma espécie de "ditadura invertida" na música popular brasileira.

A Ditadura Invertida

Vamos começar com essa expressão: ditadura invertida . Parece forte, né? Mas é exatamente assim que muitos enxergam o modus operandi desse grupo. No lugar de tanques e armas, eles usam microfones e câmeras. Em vez de prisões arbitrárias, promovem o ostracismo profissional – músicos e jornalistas que ousam criticar sua hegemonia simplesmente somem do mapa. Não têm espaço no mercado, perdem empregos, patrocínios… É quase como se fossem banidos de um reino onde o dendê é moeda corrente.

Caetano, por exemplo, já protagonizou episódios emblemáticos dessa suposta tirania artística. Conta-se que, em 1993, quando um jornalista foi procurá-lo em Londres para uma entrevista, ele foi direto ao ponto: só concederia a conversa mediante uma condição específica. Qual seria? Bom, você pode imaginar… O pobre repórter saiu correndo e, ironicamente, quase perdeu o emprego por conta disso. Isso mesmo: a "tortura" imposta pela Máfia do Dendê pode ser sutil, mas seus efeitos são devastadores.

A Propaganda Como Arma de Dominação

Mas não pense que essa influência se limita apenas ao meio artístico. A máquina de propaganda desses artistas é implacável. Semana sim, outra também, lá estão eles estampando cadernos culturais, sendo ovacionados em shows milionários e colecionando elogios de celebridades internacionais – de Susan Sontag a Pedro Almodóvar. E quem são os financiadores dessa farra? Nós, claro, os contribuintes brasileiros.

Em 2011, a cantora Maria Bethânia causou polêmica ao captar R$ 1,3 milhão do Ministério da Cultura para criar um blog chamado "O Mundo Precisa de Poesia" . A ideia era publicar diariamente vídeos dela interpretando grandes obras literárias. Sim, você leu certo: um blog milionário . Enquanto isso, pequenos produtores culturais lutam para viabilizar projetos com orçamentos infinitamente menores. Cadê a justiça nisso?

E Bethânia não está sozinha. Outros integrantes da Máfia do Dendê também mamaram nas tetas do governo. Em 2007, Caetano Veloso usou a Lei Rouanet para bancar a divulgação de seu álbum "Zii e Zie" , levando impressionantes R$ 1,7 milhão dos cofres públicos. Já Gilberto Gil, em 2009, recebeu R$ 445 mil para produzir o DVD "Gil Luminoso" . Ivete Sangalo, a rainha do axé, também entrou na dança, captando cerca de R$ 2 milhões para realizar seis shows. Tudo isso enquanto artistas iniciantes mal conseguem aprovar seus projetos.

A Máquina do Silêncio

Mas o que mais chama atenção nessa história toda é o silêncio ensurdecedor da imprensa. Segundo o jornalista investigativo Cláudio Tognolli, há apenas um nome que realmente enfrenta essa máfia cultural: Luís Antônio Giron, considerado "o homem que mais entende de música". Porém, seus esforços parecem inúteis frente ao poderio dessa turma. Eles abafam vozes dissonantes com facilidade, usando uma combinação mortal de influência política e mídia complacente.

É como se fosse uma escola de samba gigante, onde todos marcham no mesmo ritmo, repetindo as mesmas fórmulas recicladas. Na sala de aula, nossos filhos aprendem sobre Caetano como se ele fosse um poeta erudito; nos jornais, lemos que esses artistas representam o ápice do bom gosto. Mas será que essa narrativa não está ultrapassada? Há décadas a mesma turma domina o cenário musical, afogando novas ideias e criatividade genuína.

O Caso dos Projetos Confusos

Agora, vamos falar de algo que parece saído de um roteiro de comédia absurda. Quando questionado sobre a aprovação desses projetos milionários, o Ministério da Cultura soltou pérolas dignas de stand-up. Primeiro, afirmaram que "não há problema em um artista consagrado receber recursos públicos". Depois, tentaram justificar que a captação via Lei Rouanet não configura "dinheiro público", mas sim "renúncia fiscal". Ah, vá! Quem eles pensam que enganam?

Aliás, tem mais: em meio à confusão envolvendo os projetos de Bethânia, descobriu-se que houve uma troca de leis na hora de liberar o dinheiro. O projeto foi aprovado inicialmente pela Lei do Audiovisual, mas a nota oficial do ministério citava a Lei Rouanet. Ou seja, nem eles sabiam direito o que estavam fazendo. É risível, mas também triste. Afinal, estamos falando de milhões de reais que poderiam estar indo para projetos realmente relevantes.

O Brasil e Suas Contradições

No fundo, tudo isso reflete uma característica intrínseca do Brasil: nossa capacidade de aceitar absurdos como se fossem normais. Aqui, vigaristas são cultuados, enquanto honestos passam fome. Milhões de brasileiros continuam comprando CDs e ingressos de shows desses artistas, sem perceber que já tiveram suas carteiras batidas antes mesmo de chegar ao caixa.

Será que não está na hora de acabar com essa festa regada a dinheiro público? Afinal, o mundo pode precisar de poesia, mas certamente não precisa de mais hipocrisia. E, cá entre nós, Bethânia cantando poemas num blog milionário? Desculpe, mas isso não é cultura – é luxo desnecessário.

Conclusão: Para Onde Vai a Música Brasileira?

A verdade é que a Máfia do Dendê não é apenas um grupo de artistas talentosos; ela representa um sistema opressor que sufoca a diversidade cultural e perpetua privilégios. Enquanto isso, jovens músicos e produtores independentes lutam para sobreviver em um mercado dominado por egos inflados e interesses financeiros.

Portanto, fica o alerta: está mais do que na hora de discutirmos seriamente o papel do Estado no financiamento da cultura. Será que devemos continuar sustentando vaidades de artistas milionários? Ou será que podemos abrir espaço para novas vozes, novas histórias e novas formas de expressão?

O futuro da música brasileira depende disso.