Em seu livro “Worst Pills - Best Pills, o Diretor do Grupo de Pesquisa em Saúde Pública, Dr. Sidney M Wolfe e a farmacêutica Rose-Ellen Hope, descrevem 119 medicamentos que nós nunca deveríamos ingerir e as 245 alternativas seguras. Eles nos fornecem uma idéia da gravidade do problema nos Estados Unidos: todos os anos, mais de 9,6 milhões de americanos apresentam reações adversas a algum tipo de droga prescrita pelo médico. Dois milhões de idosos estão viciados ou sob grande risco de assim se tornarem devido estarem ingerindo tranquilizantes menores ou pílulas para dormir há pelo menos 1 ano. E muito importante, 73.000 idosos ao ano desenvolvem discinesia tardia, a reação colateral séria e geralmente irreversível dos anti-psicóticos. Os autores nos mostram que ...
61.000 idosos desenvolvem parkinsonismo provocado por drogas anti-psicóticas prescritas pelos médicos, como o Haldol, Torazina, Melaril, Stelazine, Reglan, Fenergan, Prolixin e Compazine e pior, 80% destes idosos não têm esquizofrenia ou outras condições que justifiquem o uso de drogas tão poderosas.
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Em 1990, estimou-se que 659.000 americanos com idade superior a 60 anos, foram hospitalizados por reações adversas a drogas. Dentro dos hospitais, a cada ano 28.000 pacientes apresentam intoxicação digitálica com risco de vida e o pior, mais de 40 % destes pacientes estão recebendo o medicamento desnecessariamente. Todos os anos 41.000 idosos são hospitalizados devido à úlcera péptica provocada pelos anti inflamatórios não hormonais. Morrem, 3.300 deles.
Cerca de 250 mil pessoas morrem por ano nos Estados Unidos devido aos efeitos colaterais de drogas farmacêuticas: metade por “erro médico” e metade por efeitos tóxicos da droga, mesmo quando bem indicadas e adequadamente administradas. É o que nos afirma Thomas J. Moore , autor do livro " Prescription for Disaster". A seguir enumeramos algumas situações clínicas e drogas com os seus principais efeitos colaterais. Nós clínicos não podemos nos esquecer que nos idosos e até nos jovens, muitas vezes o melhor tratamento consiste em suspender medicamentos e não administrar mais um.
Drogas que podem provocar depressão:
Antibióticos : metronidazol, isoniazida, cicloserina, etionamida
Corticosteroide sistêmico : corticotropin, triancinolona, betametasona., hidrocortisona, dexametasona, prednisona, metilprednisolona, prednisolona
Drogas gastrointestinais : cimetidine, ranitidine
Drogas para os olhos : levobunolol
Drogas para o Coração e Vasos Sanguíneos :
Antiarrítmicos: procainamida, disopiramida
Betabloqueadores: timolol, nadolol, propanolol, metoprolol, acebutolol, atenolol, labetalol, pindolol
Diuréticos: clortiazida, hidroclortiazida, clortalidona
Outras: metildopa, clonidina, prazosin, reserpina
Drogas que afetam o sistema nervoso central:
Barbituratos : fenobarbital, secobarbital, pentobarbital
Tranquilizantes e pílulas para a insônia:diazepam, alprazolan, lorazepan, buspirona, flurazepam, triazolan, clordiazepoxido,
Drogas neurológicas:
Anticonvulsivantes: fenobarbital, fenitoina, clonazepam, primidona, etosuximide
Antiparkinsonianos: levodopa, selegiline,deprenil, bromocriptina, carbidopa/levodopa
Analgésicos / Narcóticos : ibuprofen, naproxen, fenilbutazona, sulindac, piroxicam, indometacina, Diclofenac, pentazocina, naloxone, fenoprofen, meclofenamate, diflunisal
Outras : anfetaminas( durante a suspenção), disulfiram, metrizamida
Drogas que podem provocar alucinações. Resumo das Drogas mais comuns causando problemas;
Hypericum perfuratum
Dentro deste contexto, algumas centenas de pessoas são afetadas pelos fitoterápicos; não é por ser planta que não faz mal, alertam os farmacologistas. Assim, o Hypericum perfuratum, anti - depressivo muito usado pelos clínicos, pode piorar quadros de insuficiência cardíaca, por interferir com a digoxina, pode interagir com o inibidor de protease anti- HIV, “indinavir”, diminuindo a sua eficácia e não deve ser usado em conjunto com o “Prozac” ou Cloridrato de fluoxetina.
Bloqueadores de canais de cálcio: aumento da incidência de infarto e câncer
Elevado número de pacientes hipertensos tomam diariamente esta classe de medicamentos, por prescrição médica. Recentemente foi levantada uma dúvida sobre o efeito a longo prazo destes medicamentos: aumento do risco de infarto em pacientes sem história prévia de doença do coração.
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Psaty, em 1995, encontrou em hipertensos, controlados com somente uma droga, um risco de apresentar infarto do miocárdio de 1,08 naqueles que tomavam beta bloqueadores, 1,07 naqueles tomando bloqueadores da ECA, 1,05 naqueles tomando vasodilatadores e 1,25, naqueles tomando bloqueadores de canal de cálcio. Nos pacientes que ingeriam os bloqueadores de canal de cálcio e diuréticos, o risco aumentava para 1,95. Maiores doses dos bloqueadores de cálcio aumentavam o risco de infarto para 2,2 e maiores doses dos beta bloqueadores diminuía o risco de infarto para 0,65. O autor concluiu que os bloqueadores de canal de cálcio usados como antihipertensivo aumenta o risco de infarto do miocárdio e, mais importante e inédito, em pessoas sem moléstia cardíaca prévia.
Pahor, em 1996, descreve os resultados de estudo envolvendo 750 idosos com idade variando de 71 a 96 anos, em 4 anos de seguimento, tomando ou bloqueadores de cálcio ou beta bloqueadores ou inibidores da enzima de conversão. Dos 202 pacientes tomando bloqueadores de cálcio para hipertensão, 13,4% desenvolveram câncer, comparando com somente 6,6% dos 424 pacientes tomando betabloqueadores e 4,8% dos 124 pacientes tomando inibidores da ECA.
O risco de câncer foi maior com a nifedipina, porém também foi significante com o verapamil e o diltiazem. A possível explicação é que o bloqueio farmacológico dos canais de cálcio inibe a apoptose ( morte celular programada ), processo que organismo utiliza para eliminar as células indesejáveis, por ex: células neoplásicas, células lesadas etc.
Os trabalhos acima requerem maior número de observações para conclusões mais seguras, porém, conseguimos encontrar mais de 40 trabalhos na literatura médica sobre o perigo de câncer com o uso prolongado de bloqueadores de cálcio (Felippe - 2004).
Podemos seguir o “guideline” americano ( Arch Intern Med, 1993; 153: 154-183 ) que recomenda o uso de diuréticos e betabloqueadores como primeira linha de tratamento de hipertensos e assim evitarmos o uso de um medicamento suspeito de provocar doença grave.
Fonte: Livro Worst Pills - Best Pills, Dr. Sidney M Wolfe
Solange Christtine Ventura
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