A ordem executiva de 12 de setembro de 2022, assinada por Joe Biden, não só reforça o apoio do governo federal à biotecnologia e biomanufatura, mas também, de certa forma, parece abraçar o transumanismo. Esse movimento, outrora visto como uma ideia de ficção científica, agora se apresenta como algo mais real, quase palpável. E é isso que preocupa muita gente.
Você pode até não ouvir muito sobre isso na mídia tradicional, mas a conexão é clara para quem olha de perto. Patrick Wood, editor do site Technocracy.news, foi direto ao ponto: "Se o transumanismo é uma religião, então Biden acabou de instituir uma religião estatal, o que seria uma clara violação da Primeira Emenda". A acusação é pesada, e levanta a questão de até que ponto a tecnologia e a política se misturam com a cultura e até mesmo com a espiritualidade nos dias de hoje.
Mas o que exatamente é o transumanismo?
O que é o Transumanismo?
Transumanismo é uma filosofia que propõe o uso da ciência e da tecnologia para aprimorar a condição humana. No fundo, é a ideia de que podemos transcender nossas limitações biológicas, talvez até conquistar a morte. E isso não é apenas uma fantasia nerd; alguns dos maiores cérebros do Vale do Silício e da academia estão por trás dessa corrente de pensamento. Mas, ao contrário das religiões tradicionais, que buscam um relacionamento com um ser superior, o transumanismo prega o aperfeiçoamento de nós mesmos, por nós mesmos. Em vez de buscar a salvação através de crenças ou práticas espirituais, a nova fé propõe a tecnologia como o caminho para a redenção.
Curioso, não? Parece uma inversão daquilo que sempre acreditamos. E isso traz um certo desconforto para muitos, já que mexe em pilares que estão na base de nossa sociedade.
A Singularidade – O Apogeu do Transumanismo
Os seguidores do transumanismo acreditam que estamos nos aproximando da "Singularidade", um momento em que a tecnologia avançará tanto que a própria definição de ser humano mudará. Imagine isso: um futuro em que a morte pode ser derrotada, onde você pode "fazer upload" da sua mente para um computador e viver para sempre em uma realidade digital. Para os transumanistas, isso não é ficção. É o futuro.
E eles não estão sozinhos. Gente como Ray Kurzweil, um dos maiores defensores da Singularidade, acredita firmemente que esse momento está mais perto do que pensamos. Parece surreal, não? Mas, para muitos, é uma questão de tempo até que os avanços tecnológicos tornem isso possível.
Entre a Vida e a Mente
O transumanismo traz uma mudança profunda na forma como vemos o corpo e a mente. Enquanto as religiões tradicionais valorizam o corpo e a alma, o transumanismo praticamente ignora a alma e se concentra na mente. Para os adeptos dessa nova filosofia, somos basicamente máquinas biológicas, e a mente é apenas um conjunto de processos químicos e elétricos que podem, eventualmente, ser replicados e aprimorados.
Essa ideia, porém, tem um preço. A crença de que podemos transcender a nossa própria natureza física pode levar a um certo niilismo, uma sensação de que nada realmente importa além da nossa própria busca pelo aperfeiçoamento pessoal. Isso contrasta fortemente com as fés tradicionais, que pregam a compaixão, o amor ao próximo e o cuidado com os mais fracos.
Amor vs. Inteligência
E é aqui que se encontra a principal diferença entre o transumanismo e as religiões ortodoxas, especialmente o cristianismo. Para o cristianismo, o amor é o valor supremo. Como diz São João: "Deus é amor". Amar uns aos outros é a base da fé cristã. Já no transumanismo, a inteligência é vista como o valor mais importante. Não é à toa que muitos transumanistas focam em aumentar a capacidade cognitiva por meio de implantes cerebrais ou manipulação genética.
Bryan Johnson, um empresário transumanista, investiu milhões em uma tecnologia que, segundo ele, pode aumentar a inteligência humana. Para Johnson, "a inteligência é o recurso mais precioso que existe". E, realmente, se a sua visão de mundo é puramente materialista, faz sentido pensar assim. No entanto, essa busca pela inteligência pode nos afastar de algo que vai além dos neurônios: o amor, que é muitas vezes visto como algo transcendente, impossível de ser reduzido a simples processos químicos no cérebro.
O Futuro Humano: Amor ou Tecnologia?
À medida que caminhamos em direção a um futuro onde a biotecnologia e a inteligência artificial estão cada vez mais presentes, precisamos nos perguntar: o que realmente nos define como humanos? Será que um dia seremos capazes de nos "atualizar" para algo próximo ao divino, como prevê Yuval Harari, um dos mais renomados historiadores e defensores do transumanismo? Ou será que, ao buscar a perfeição tecnológica, estaremos abrindo mão daquilo que realmente nos torna humanos – nossa capacidade de amar, de nos conectar uns com os outros de forma genuína?
A verdade é que, mesmo que a tecnologia nos permita viver para sempre ou nos torne mais inteligentes do que nunca, sem amor, essas conquistas podem parecer vazias. No final, o transumanismo pode ser um caminho para a imortalidade, mas ele nunca conseguirá substituir algo tão profundo e essencial quanto o amor. Como São Paulo disse: "Se não tiver amor, nada serei".
E é aqui que a metáfora ganha vida. O transumanismo pode nos prometer voar alto, conquistar as estrelas e até desafiar a morte, mas, sem amor, continuaremos presos ao solo, com todas as nossas falhas e fragilidades humanas. Afinal, de que adianta viver para sempre se, no final das contas, não formos capazes de amar plenamente?