“O mal não dorme.” Essa frase pode soar como algo saído de um filme de terror, mas para muitas pessoas ao redor do mundo, ela é uma realidade assustadora. Afinal, será que possessões demoníacas existem mesmo ou são apenas fruto da imaginação humana, influenciada por filmes, religião e medo? Um psiquiatra renomado dos Estados Unidos está disposto a afirmar: sim, elas existem. E ele não está sozinho nessa crença.

Uma História que Começou com Ceticismo

Imagine você, formado nas melhores universidades – Princeton e Yale –, sendo apresentado a casos tão bizarros que desafiam qualquer explicação lógica. Foi exatamente isso que aconteceu com o Dr. Richard Gallagher, psiquiatra experiente e professor universitário na New York Medical College e na Columbia University. Ele começou sua carreira como qualquer outro médico: cético, racionalista e com os pés fincados na ciência. Mas o destino tinha outros planos para ele.

No início dos anos 1990, dois exorcistas proeminentes começaram a encaminhar pacientes para ele. Esses casos eram tão fora do comum que o deixaram perplexo. Uma dessas histórias foi a de “Julia”, uma sacerdotisa satânica que afirmava ser possuída por demônios. O que Gallagher viu mudou sua perspectiva para sempre.

O Caso de Julia: Entre o Humano e o Desumano

Julia era uma mulher inteligente, articulada e, aparentemente, em pleno controle de suas faculdades mentais. Até que algo mudou. Ela começou a exibir comportamentos estranhos: falar línguas desconhecidas (umas que nunca havia estudado), saber informações pessoais sobre as pessoas ao seu redor sem ter acesso a esses dados e até mesmo demonstrar uma força física impressionante, incomum para alguém de sua constituição.

Mas o mais perturbador não era apenas o que ela fazia, mas como reagia durante as sessões de avaliação. Quando confrontada com símbolos religiosos, objetos sagrados ou orações, ela entrava em um estado de agressividade extrema, como se estivesse sendo atacada por algo invisível. Gallagher, com toda sua formação científica, não conseguia explicar aquilo através de diagnósticos convencionais.

"Eu estava diante de algo que desafiava tudo o que eu sabia", ele disse em entrevista ao Telegraph . "Não era esquizofrenia, transtorno bipolar ou qualquer outra condição psiquiátrica. Era algo... diferente."

A Explosão do Satanismo e do Ocultismo no Mundo Moderno

Se você acha que possessões demoníacas são coisa do passado, prepare-se para uma surpresa. Nos últimos anos, o interesse por ocultismo, magia negra e satanismo cresceu exponencialmente – e a internet tem um papel crucial nisso. Sites, fóruns e vídeos ensinam rituais, invocações e práticas que antes eram restritas a pequenos círculos esotéricos.

O Vaticano, sempre atento a essas tendências, alertou recentemente que esse aumento no acesso ao ocultismo está diretamente ligado ao crescimento de casos de possessão demoníaca. Em um curso de treinamento para padres exorcistas realizado em abril, participantes foram informados de que a demanda por exorcismos está aumentando justamente por causa dessa combinação: menos fé cristã e mais curiosidade pelo sobrenatural.

E não é só o Vaticano que está preocupado. O papa Francisco, conhecido por sua abordagem direta sobre temas polêmicos, já declarou que Satanás "não é um mito". Para ele, o Diabo é uma presença real que "vaga pela Terra como um leão rugindo, buscando a quem devorar".

O Que Diz a Ciência?

Agora, vamos falar da parte que incomoda muita gente: a ciência. A maioria dos cientistas ainda trata casos de possessão demoníaca como manifestações de doenças mentais, como esquizofrenia, transtorno dissociativo de identidade ou até epilepsia. No entanto, há uma minoria crescente de profissionais que acreditam que nem todos os casos podem ser explicados dessa forma.

Gallagher é um desses profissionais. Ele enfatiza que o processo de discernimento – a etapa inicial que diferencia problemas médicos de fenômenos espirituais – é fundamental. "Eu sou psiquiatra. Eu sei reconhecer um transtorno mental quando vejo um", ele afirma. "Mas também sei reconhecer quando algo está além da minha compreensão científica."

Para ele, a chave está nos detalhes. Por exemplo, como explicar que uma pessoa sem qualquer conhecimento prévio de línguas antigas comece a falar fluentemente em aramaico ou latim? Ou como entender que alguém consiga levantar objetos sem tocá-los? Esses fenômenos, segundo ele, não podem ser atribuídos simplesmente à mente humana.

O Processo de Exorcismo: Entre a Fé e o Rito

Se você pensa que exorcismo é só aquele ritual dramático que vemos em filmes como O Exorcista , está enganado. Na verdade, o processo é muito mais complexo e envolve várias etapas.

Primeiro, há o discernimento, que inclui avaliações médicas e espirituais. Se nenhum diagnóstico médico for encontrado, e os sinais de possessão forem consistentes, o caso é encaminhado para um exorcista autorizado. Esse padre só pode realizar o ritual com a permissão do bispo local.

Durante o exorcismo, o padre reza em latim (ou outra língua aprovada pelo Vaticano) e usa símbolos religiosos, como água benta e crucifixos. Em alguns casos, a vítima precisa ser contida fisicamente para evitar que se machuque ou fuja. Muitas vezes, são necessários múltiplos exorcismos para que a pessoa seja "libertada".

Por Que Isso Está Crescendo?

Há várias teorias para explicar o aumento nos relatos de possessão demoníaca. Uma delas é o declínio da fé cristã em muitas partes do mundo. Segundo essa visão, quanto menos as pessoas se conectam com Deus, mais vulneráveis ficam ao mal. Outra teoria é que a internet facilitou o acesso a práticas ocultas, tornando-as mais acessíveis e, consequentemente, mais perigosas.

Países como Madagascar e Haiti, onde a crença em espíritos e possessões é quase universal, mostram que isso não é exclusivo do Ocidente. Mesmo nos EUA, cerca de 70% da população acredita no Diabo, e metade acredita que demônios podem possuir seres humanos.

Conclusão: Ignorar Não é Uma Opção

Independentemente de você acreditar ou não em possessões demoníacas, uma coisa é certa: as vítimas desses fenômenos estão sofrendo. E ignorá-las ou simplesmente rotular seus problemas como "doenças mentais" pode ser uma injustiça.

Como disse o Dr. Gallagher: "Eu me sinto obrigado a falar porque essas pessoas precisam ser ouvidas. Elas estão pedindo ajuda, e nós, como sociedade, temos o dever de oferecê-la."

Então, da próxima vez que você ouvir uma história sobre possessão demoníaca, pense duas vezes antes de descartá-la como pura fantasia. Afinal, o que sabemos sobre o limite entre o humano e o sobrenatural? Talvez, como dizem por aí, o mal não seja apenas uma ideia... mas algo muito mais próximo do que imaginamos.

Curiosidade: Sabia que o primeiro exorcismo registrado na história remonta ao século II a.C., na antiga Mesopotâmia? Os sumérios já praticavam rituais para expulsar "espíritos malignos" do corpo humano. Parece que essa história é bem mais antiga do que pensamos!