Salário Baixo? O Problema não é o Mercado, é o Estado

Salário Baixo? O Problema não é o Mercado, é o Estado

O Capitalismo Global Não é o Vilão – Você Está Sendo Enganado Sobre o Porquê do Brasil Ser Assim. Você trabalha duro. Todo mês, lá vem o salário — e com ele, a sensação de que nunca dá. R$ 10 mil no bolso? Parece bom. Mas depois dos impostos, da escola dos filhos, do plano de saúde, da segurança do condomínio, da manutenção do carro nas estradas esburacadas... sobra pouco. Quase nada. E você olha pro espelho e pensa: “Será que isso é só o preço de viver num país capitalista?”

Então alguém solta aquela frase clássica em alguma discussão no Twitter ou no churrasco de domingo: "O problema não é o Brasil. É o capitalismo global. Todos os trabalhadores sofrem igual." Parece profundo. Parece justo. Até confortável, porque tira a culpa de todo mundo — especialmente dos políticos. Mas e se eu te disser que essa frase é uma farsa bem engenhosa? Que ela serve exatamente para esconder o que realmente acontece por aqui? Porque o problema não é o capitalismo. O problema é que o Brasil joga esse jogo com as regras erradas — e de propósito.

O Grande Blefe: “Todos os Países Capitalistas São Iguais”

Claro, Estados Unidos, Alemanha, Japão, Brasil… todos são "capitalistas". Assim como todos os carros têm rodas, mas um Fusca não compete com um Tesla. Se você acha que a vida do trabalhador americano é igual à do brasileiro, vamos fazer um teste simples: Um engenheiro de software júnior nos EUA ganha entre US$ 75 mil e US$ 90 mil por ano. No Brasil? Entre R$ 70 mil e R$ 80 mil. Faz conta rápida:

US$ 80 mil = mais de R$ 460 mil (na cotação atual).
Em dólares reais, não em sonho de quem acredita na virada econômica do segundo semestre.
E não é só o número bruto. É o que sobra depois de pagar tudo.

O cara lá recebe em dólar, vive num país onde educação pública é boa, segurança pública funciona, estradas são mantidas, e o governo não inventa nova taxa a cada 37 dias. Já você aqui? Paga duas vezes por quase tudo:

No imposto embutido no produto.
No privado, porque o serviço público é uma piada.
Isso não é capitalismo.
É incompetência disfarçada de sistema.

Enquanto os EUA Cortam Impostos, o Brasil Cria Taxas Como se Fosse Promoção

Vamos direto ao ponto: Nos Estados Unidos, em 2017, o governo Trump fez algo impensável pra maioria dos políticos brasileiros: reduziu o imposto corporativo de 35% para 21%. Não foi favoritismo. Foi estratégia. Menos imposto → mais margem → mais investimento → mais emprego → mais salário. Resultado? Empresas como Apple, Google, Amazon cresceram, contrataram, pagaram melhor. O mercado de trabalho aqueceu. A economia entrou em modo turbo.

E aqui, em 2023 e 2024, o que fizemos?

Criamos 37 novas medidas de aumento de arrecadação em menos de dois anos. Tradução: uma nova taxa a cada 37 dias. Enquanto lá eles incentivam quem produz, aqui nós punimos quem gera riqueza. E o pior? Esse dinheiro não vai para escolas, hospitais ou estradas. Vai para programas eleitoreiros, ministérios fantasmas e cargos comissionados. Só em 2024, o governo destinou mais de R$ 170 bilhões em transferências diretas. Ótimo, né? Exceto quando você descobre que isso é financiado com impostos extras sobre quem trabalha e produz. É como se você fosse o único que coloca comida na mesa da família, e ainda levasse uma bronca por não dividir melhor.

Você Trabalha 153 Dias por Ano Só Pra Pagar Impostos

Sim, leu certo. O Tax Freedom Day no Brasil é em junho. Quer dizer: de 1º de janeiro até 1 de junho, tudo que você ganhou foi para o governo. Foram 153 dias só para sustentar o Estado. Nos Estados Unidos, esse dia chega em meados de abril. Metade do tempo. E olha: os americanos também reclamam de imposto. Mas lá, pelo menos, você vê o que está pagando. Lá, o imposto de venda (sales tax) aparece separado na nota fiscal: 7%, 8%, às vezes 10%. Transparente. Aqui? Você compra um celular de R$ 4.000 e R$ 1.400 são impostos embutidos. Você nem sabe quais são, nem onde vão parar. É roubo com nota fiscal. Segundo a OCDE (2023), a carga tributária brasileira é de 34% do PIB. A dos EUA? 27%. Sete pontos percentuais a menos. Em valores, estamos falando de mais de R$ 500 bilhões por ano saindo da economia real e indo para o caixa do Estado.

E o que o Estado faz com isso?

38 Ministérios, 1 Trilhão de Dólares em Estradas… e Nada Funciona
Os Estados Unidos têm 15 ministérios (ou departamentos, como chamam).
Uma economia dez vezes maior que a nossa.

O Brasil? Tem 38 ministérios. Sim, trinta e oito. Cada um com secretários, assessores, carros oficiais, jetons, diárias, viagens internacionais… Tudo pago com seu imposto. E o que esses ministérios fazem? Principalmente anunciar programas. Exemplo: o novo Minha Casa, Minha Vida, lançado em 2023 com orçamento bilionário. Soa bom? Ótimo. Mas segundo o TCU (2024), 30% dos recursos foram mal alocados. De cada R$ 10 que você pagou, R$ 3 sumiram em má gestão, superfaturamento ou ineficiência. É assim desde sempre. O PAC dos anos 2000? Histórico de atrasos, obras paradas, corrupção. O PAC 3? Mesmo modelo. Mesma promessa. Mesmo resultado. Enquanto isso, os EUA lançam um plano de infraestrutura de US$ 1,2 trilhão com metas claras, prazos definidos e fiscalização independente. Eles investem em portos, estradas, internet de alta velocidade, energia limpa. Nós? Inauguramos obra com faixa, bandeirinha e fotografia — e depois esquecemos.

Resultado?

Brasil está em 103º lugar no ranking de qualidade de infraestrutura (World Economic Forum). Estados Unidos, em 13º. E quem paga a conta? Você. Com pneu furado na estrada esburacada. Com suspensão arrebentada. Com alinhamento todo mês. Estima-se que o custo extra com manutenção de carro por causa das estradas ruins no Brasil é de R$ 2.000 a R$ 4.000 por ano. Por família. Converta isso: US$ 350 a US$ 700 por ano que você desembolsa porque o político prefere inaugurar obra nova a manter a antiga. Manutenção não dá foto. Obra nova dá campanha.

Educação: Você Paga Duas Vezes, e Seus Filhos Aprendem Menos

O Brasil gasta 15% do PIB em educação e saúde. Mais que muitos países desenvolvidos. Mas onde está o resultado? Estamos em 78º lugar no ranking de qualidade da infraestrutura educacional. Tradução: sua filha estuda numa escola pública com janela quebrada, ventilador parado, professor faltando, e ainda assim precisa de aula particular pra passar no vestibular. Dados da FGV (2023): famílias de classe média gastam, em média, R$ 42.000 por ano com escola particular. Isso é R$ 3.500 por mês. Dinheiro que poderia ser poupança, imóvel, aposentadoria, faculdade no exterior. Nos EUA, em subúrbios medianos, a escola pública é excelente. Gratuita. Sem mensalidade. Sem lista de material extorsiva. E o professor tem salário digno, condição de trabalho, respeito. Você já paga imposto? Lá, isso garante serviço. Aqui, você paga e ainda precisa pagar de novo. É tributação dupla. Disfarçada de “falha do sistema”.

Segurança: Você Paga Para Não Ser Assaltado

Outro exemplo brutal. Classe média brasileira morando em condomínio:

Paga R$ 400 a R$ 800 por mês de taxa de segurança.
Contrata vigilante privado.
Coloca câmera, cerca elétrica, porteiro 24h.

Por quê? Porque o Estado não cumpre a função básica de proteger você. Nos EUA, em cidades medianas, você não precisa disso. O policiamento é presente, as delegacias funcionam, há investigação. Você paga imposto? Sim. Mas ele volta em serviço. Aqui, você paga imposto e contrata substituto. É como se o Correios entregasse suas encomendas cobrando frete adicional.

Instabilidade Regulatória: O Pior Inimigo do Investimento

Empresário brasileiro pensa em expandir? Tem que calcular não só custo e demanda, mas risco político. Em 2023, o governo decidiu intervir na Petrobras para segurar preço da gasolina. Decisão populista. Eleitoreira. Resultado? Perda de R$ 180 bilhões na estatal (XP Investimentos). Quem pagou? O acionista minoritário. O fundo de pensão. O contribuinte. Em 2024, o governo começou a revogar partes da reforma trabalhista de 2017, que trouxe previsibilidade.

Resultado? Empresas congelaram contratações. Projetos pararam. Porque ninguém investe num país onde as regras mudam toda eleição. Nos EUA, o imposto corporativo é 21%. Ponto. As leis trabalhistas são claras. Contratos são respeitados.

Resultado? EUA atraem mais de US$ 400 bilhões em investimentos estrangeiros por ano. Brasil? Cerca de US$ 60 bilhões. Investidor não é idiota. Ele vai onde há previsibilidade. O Brasil está em 57º no ranking de competitividade global. EUA, em 12º. A diferença? Escolhas políticas.

O Salto Final: O Que Sobrou do Seu Salário?

Vamos fechar com um exemplo real.

Família brasileira:

Pai ganha R$ 10.000/mês (TI, considerado bom salário).
Após impostos, plano de saúde, escola, segurança, manutenção, etc.
Sobra R$ 1.000 a R$ 1.500 por mês.
Isso é 10 a 15% do salário.

Família americana:

Pai ganha US$ 6.500/mês (equivalente a R$ 37.000).
Após impostos, seguro-saúde subsidiado, educação pública gratuita, segurança pública eficaz…
Sobram US$ 3.400 por mês.
Isso é 52% do salário.

E esse dinheiro vira:

Poupança.
Investimento.
Viagem.
Aposentadoria.
Herança.

Aqui? Você vive no limite. Qualquer emergência vira drama. E o pior? Você ainda escuta: "Ah, mas é o capitalismo. Todo mundo sofre." Não. Você sofre por escolha política.

A Verdade Que Ninguém Quer Dizer

O capitalismo global não explora todos igualmente. Nos EUA, o sistema pode ter falhas, mas há um consenso básico:

Responsabilidade fiscal.
Estímulo à produtividade.
Respeito ao contrato.
Previsibilidade.

Mesmo com governos diferentes, republicanos ou democratas, esse chão comum existe. No Brasil, sob governos populistas — de qualquer cor partidária — o foco é outro:

Ganhar a próxima eleição.
Expandir o Estado.
Criar benefícios visíveis agora.
Ignorar o rombo futuro.

O resultado?

Juros altos.
Inflação persistente.
Carga tributária esmagadora.
Infraestrutura destruída.
Serviços públicos falidos.
Empresário com medo de investir.
Trabalhador com salário defasado.

É um ciclo vicioso criado por decisão, não por fatalidade.

Conclusão: Não é o Sistema. É a Escolha

A frase inicial era: "O problema não é o sistema político brasileiro, é o capitalismo global." Depois de tudo isso, a resposta é clara: É exatamente o oposto. O problema não é o capitalismo. É um sistema político que escolhe sabotar o capitalismo produtivo em nome do assistencialismo eleitoreiro. Não é falta de dinheiro. É má alocação crônica. Não é destino. É decisão consciente. E enquanto continuarmos culpando o "sistema global", os políticos seguem tranquilos, criando ministérios, aumentando impostos, inaugurando obras inacabadas… e torcendo para que você, trabalhador, continue achando que “assim é a vida”.

Mas não é. Assim é a escolha de quem manda. E a boa notícia? Escolhas podem ser mudadas. Basta deixar de acreditar na conversa fiada. E começar a exigir responsabilidade. Porque o seu trabalho merece virar riqueza — não dependência.