Jack o Estripador: O Fantasma Que Nunca Foi Pego

Jack o Estripador: O Fantasma Que Nunca Foi Pego

"E se ele ainda estivesse por aí, espreitando nas sombras de Londres?".  (2025) Pense comigo: imagine uma Londres úmida, nebulosa e mal iluminada. Ruelas sujas, cheiro de pobreza e medo no ar. É o fim do século XIX, época em que o mundo começava a respirar industrialização, mas onde a miséria se arrastava como um fantasma pelas calçadas lamacentas de Whitechapel.

Foi ali, nesse reduto de desgraça social, que Jack o Estripador surgiu — ou melhor, se materializou — como uma figura saída de pesadelos e boatos noturnos. Um assassino em série cujo nome virou sinônimo de mistério, terror e até fascínio mórbido. E não é pra menos: sua identidade nunca foi descoberta , e os crimes cometidos entre agosto e novembro de 1888 continuam alimentando teorias, livros, filmes e até memes modernos na internet. Hoje, vamos mergulhar fundo nessa história que parece ter saído direto de um romance gótico. Mas cuidado: você pode sentir um frio na espinha ao ler isso tudo. Afinal, Jack... quem sabe... talvez ainda esteja nos observando.

O Bairro Maldito: Whitechapel sob a névoa do terror

Whitechapel, na segunda metade do século XIX, era o tipo de lugar onde ninguém queria estar depois que o sol sumia. Era o quintal da pobreza londrina, repleto de imigrantes judeus, prostitutas, operários exaustos e famílias inteiras amontoadas em cômodos sem ventilação. Era também um celeiro para o crime. Prostitutas trabalhavam nas ruas com a cara dura de quem já estava cansada de lutar contra o destino. Ali, vidas eram descartáveis como lixo. Até que alguém resolveu tornar esse cenário ainda mais insuportável. Alguém que não apenas matava, mas desmontava corpos como se fossem peças de carne num açougue.

Os Crimes: brutalidade cirúrgica ou insanidade sangrenta?

Jack o Estripador não matava rápido. Ele escolhia suas vítimas, geralmente mulheres vulneráveis, muitas vezes embriagadas ou em situação desesperadora. Os assassinatos ocorriam em locais públicos, mas isolados — becos escuros, pátios abandonados, cantos onde a polícia só ia quando já era tarde demais.

As marcas registradas?

Gargantas cortadas com uma precisão assustadora;
Abdomes abertos com violência quase cirúrgica;
Órgãos removidos de forma misteriosa;
Mutilações grotescas, como se o criminoso estivesse fazendo uma espécie de “exposição”.

Muitos especialistas acreditam que ele estrangulava as vítimas primeiro. Silencioso, eficaz. Nenhum grito, nenhum alarme. Só o som do tecido rasgando e da morte chegando. Essa característica tão precisa levou a uma pergunta que ecoa até hoje: Será que ele sabia o que estava fazendo?

FROM HELL

Jack Estripa carta

No meio do caos que tomava conta de Whitechapel, em outubro de 1888, chegou às mãos de George Lusk uma carta que faria qualquer um arrepiar: “De Inferno ”, ou “From Hell ”, como ficou conhecida. Não era só mais uma das centenas de cartas grotescas que a polícia recebia diariamente — não. Essa vinha acompanhada de algo inquietante: metade de um rim humano , cuidadosamente embalado em papel pardo. O remetente, com frieza sobrenatural, afirmava ter comido a outra parte. A carta em si era curta, mas cruelmente detalhada. Escrita com letras recortadas de revistas, parecia quase uma montagem feita por alguém que sabia exatamente como provocar medo — e fascínio. A mensagem dizia: “Espero que você goste deste pequeno presente. Eu vou mandar o pedaço que cortei da outra mulher para a polícia também. ” Era como se o autor estivesse desafiando as autoridades, rindo delas de dentro da própria escuridão. Muitos acreditam que essa tenha sido uma das poucas cartas realmente escritas pelo próprio Jack.

Jack Estripa cartahell traducao

O fato de o rim ter sido analisado posteriormente e mostrado sinais de cirrose — compatível com o consumo excessivo de álcool, algo comum entre prostitutas da época — deu ainda mais peso à possibilidade de autenticidade. Se era mesmo dele ou apenas mais uma brincadeira mórbida de algum imitador, ninguém jamais saberá. Mas uma coisa é certa: essa carta marcou a história do caso tanto quanto os próprios crimes . Até hoje, ela inspira livros, filmes e teorias, como no romance Dust and Shadow , onde a mente do Estripador é explorada como um labirinto sem saída.

DEAR BOSS

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Em setembro de 1888, Londres já vivia sob o peso do medo. Os crimes em Whitechapel se multiplicavam, e a polícia parecia andar às cegas. Foi então que uma carta inesperada chegou à Central News Agency: datada de 25 de setembro (embora carimbada no dia 27), ela começava com um simples “Dear Boss ” — Querido Chefe — e rapidamente chamaria atenção não só da mídia, mas de toda a cidade. Era a primeira vez que o nome Jack the Ripper aparecia — e ele mesmo o escrevera. A carta era assinada com esse apelido sinistro e trazia uma voz fria, quase zombeteira. O autor prometia que iria “dar um bom corte nas orelhas delas e mandar pro departamento de polícia ”, como forma de garantir que ninguém duvidasse dele. Escrita com letras recortadas e coladas, tinha um tom ameaçador e ao mesmo tempo provocativo, como se quem a escrevesse estivesse se divertindo com o terror que espalhava pelas ruas. E pior: poucos dias depois, outro crime brutal aconteceu, reforçando a suspeita de que aquilo fosse mais do que uma brincadeira de mau gosto.

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O conteúdo da carta foi inicialmente considerado uma farsa — afinal, tantas outras chegavam às mãos das autoridades diariamente. Mas quando Scotland Yard recebeu cópia do documento dois dias depois, o clima pesou de vez. A imprensa pegou fogo com a história, e o nome Jack o Estripador passou a ecoar em pubs, esquinas e salas de redação por toda Londres. Não era mais apenas um assassino: tinha virado personagem . E, ironicamente, foi graças a essa carta que ele entrou para a história.

O Médico Louco, o Príncipe Oculto ou o Açougueiro Enlouquecido?

Aqui entra a parte mais deliciosa (e assustadora) dessa história: as teorias sobre sua identidade . São tantas que se formos contar todas, teríamos matéria pra uns cinco artigos desses.

1. O suspeito realista: Aaron Kosminski

Um dos nomes mais fortes é o de Aaron Kosminski , um imigrante polonês-judeu diagnosticado com esquizofrenia. Tinha histórico de comportamento violento e vivia em Whitechapel. Em 2014, um livro lançado por Russell Edwards afirmou ter encontrado DNA em um xale pertencente à vítima Catherine Eddowes que combinaria com o DNA da bisneta de Kosminski. Controvérsia? Claro que sim. Muitos historiadores questionaram a metodologia. Mas a ideia pegou. Ficou mais real.

2. O príncipe perdido: O duque de Clarence

Uma das teorias mais bizarras e persistentes é a de que o próprio Príncipe Albert Victor, Duque de Clarence , teria sido Jack o Estripador. A conexão vem de um casamento secreto com uma católica romana, supostamente envolvendo uma prostituta, e um complô para encobrir o escândalo com os assassinatos. Teoria absurda? Pode ser. Mas o fato de envolver a família real britânica garantiu vida longa a ela. Hoje, muitos a consideram pura especulação fantasiosa. Mesmo assim, rendeu livros, documentários e até um filme com Johnny Depp.

3. O médico louco: Sir William Withey Gull

Outra teoria conspiratória aponta para Sir William Gull , um médico renomado da corte real. Dizem que ele teria liderado uma cabala que incluiria o cocheiro John Netley e o príncipe Clarence, eliminando prostitutas que sabiam demais sobre um possível segredo real. Doidera? Talvez. Mas tem elementos literários dignos de Sherlock Holmes.

4. O açougueiro: Lewis Carroll? Sério mesmo?

Sim, até Lewis Carroll , autor de "Alice no País das Maravilhas", foi cogitado. Isso porque ele fotografava crianças nuas e tinha obsessão por meninas pequenas. Alguns ligaram isso a um perfil psicológico compatível com o do Estripador. No entanto, essa teoria é vista com grande ceticismo.

Por que Jack virou lenda?

Se há tantos outros assassinos em série pelo mundo, por que Jack o Estripador continua sendo lembrado como um ícone do horror?

Simples:

Nunca foi pego ;
Escrevia cartas aos jornais , provocando a imprensa e a polícia;
Tinha um método cruel e calculado ;
Usava o medo como arma ;
E, claro, a mídia da época explorou cada detalhe com voracidade.

Ah, sim! Falando nisso...

A Imprensa Sensacionalista e o Nascimento do Crime Midiático

Naquela época, os jornais estavam crescendo. E Jack foi o primeiro caso verdadeiramente “viral” da história. Cartas atribuídas a ele foram publicadas — inclusive aquela famosa com a assinatura "Jack the Ripper" , que oficializou seu nome. A mais famosa delas, a carta “Dear Boss ”, datada de setembro de 1888, foi a primeira vez que o nome apareceu. Ela dizia que ele iria “dar um bom corte nas orelhas delas e mandar pro departamento de polícia”. Bizarro? Sim. Mas funcionou: todos os olhos se voltaram para Whitechapel. E a polícia? Bem, ela se mostrou totalmente despreparada. As investigações foram lentas, confusas, cheias de falhas. Jack parecia sempre um passo à frente.

Curiosidades Macabras que Você Nunca Ouviu

Vamos lá com alguns fatos bizarros e intrigantes:

Mais de 200 homens foram interrogados pela Scotland Yard durante as investigações;

Uma das vítimas, Mary Jane Kelly , foi encontrada completamente retalhada dentro de um quarto alugado. O corpo dela era irreconhecível;

Uma outra carta, chamada "Carta do Rim Sangrento ", veio acompanhada de um rim humano preservado em álcool — e alguns acreditam que fosse autêntico;

Em 1973, um homem chamado Gérald Dubois confessou ser Jack, mas não havia evidências concretas — e ele morreu sem provar nada;

Há quem diga que uma freira seria o verdadeiro Estripador , usando roupas religiosas para se aproximar das vítimas. Teoria sem provas, mas criativa.

Jack o Estripador na Cultura Pop: um mito que não morre

Jack virou personagem de quadrinhos, games, filmes, séries e até músicas. Tem versões dele em universos steampunk, em histórias de ficção científica, e até em produções brasileiras.

Quer exemplos?

Filme "From Hell" (2001) com Johnny Depp, baseado na graphic novel de Alan Moore;
Série "Ripper Street" , da BBC, que mostra a Londres pós-Jack;
Jogo "Assassin’s Creed: Syndicate" faz referência indireta aos assassinatos;
Músicas do Iron Maiden ("Murders in the Rue Morgue") e do grupo Ghost também fazem alusão ao tema.

É como se ele nunca tivesse morrido. Como se, a cada novo crime brutal, ele ressurgisse das cinzas da história para nos lembrar: “Eu ainda posso estar aí.”

Conclusão: O Fantasma Que Nunca Saiu de Londres

Jack o Estripador não é só um criminoso. Ele é símbolo de uma época em que o medo andava solto nas ruas. É representação da fragilidade humana diante do mal absoluto. É o vilão perfeito: invisível, cruel, imprevisível. Até hoje, pesquisadores, historiadores e curiosos tentam resolver o enigma. Uns gastam tempo, dinheiro e carreiras inteiras atrás de um pedaço de papel, uma foto, um vestígio que possa revelar quem ele realmente era.

Mas talvez o maior mistério seja justamente esse: ele nunca será encontrado.

E talvez, de alguma forma, ele prefira assim .

Então, da próxima vez que você ver uma imagem de um homem de chapéu preto, capa comprida e faca brilhando sob a luz fraca de um poste, não estranhe. Pode ser só o vento.
Ou pode ser ele, sussurrando:

“Você me viu?”