Parece história de filme. Ou talvez um romance de espionagem recheado de mistério, conspirações e jogos de poder global. Mas não é ficção — é realidade. E está escondida em documentos oficiais, arquivos secretos e análises geopolíticas que muitos prefeririam deixar no passado. Em 2012, uma onda de questionamentos sobre o papel das grandes elites financeiras e petrolíferas tomou força na internet.
Entre os nomes mais citados estava o dos Rockefeller , uma família cujo nome ecoa como sinônimo de riqueza, influência e controle silencioso. Porém, poucos sabem que há décadas, antes do advento das redes sociais e das teorias modernas de conspiração, a União Soviética já havia escrito um documento surpreendentemente detalhado sobre o clã norte-americano. Esse texto, intitulado "About Those Who Are Against Peace" ("Sobre Aqueles que São Contra a Paz"), foi traduzido pela CIA em 16 de dezembro de 1959. Sim, você leu certo: foi a própria Agência Central de Inteligência que resgatou e traduziu parte desse material, originalmente produzido pelo bloco soviético. Um paradoxo? Talvez. Mas as palavras ali escritas não parecem tão distantes daquilo que até hoje se discute nos bastidores da política mundial.
O Império que Não Dorme: Como Começou Tudo
A saga dos Rockefeller começa com John D. Rockefeller Sr., fundador da Standard Oil , empresa que dominou o mercado petrolífero americano no final do século XIX. Foi ele quem lançou as bases de um império que iria muito além do petróleo — estendendo-se ao sistema bancário (Chase Manhattan Bank), à educação, à política externa e até mesmo aos mecanismos de segurança nacional dos Estados Unidos. Mas o que faz essa família ser tão especial? É simples: eles não apenas acumularam fortuna; criaram uma estrutura de poder invisível, mas extremamente eficaz. Um verdadeiro "Estado dentro do Estado", como diria Machiavelli.
E o pior (ou melhor, dependendo do ponto de vista): fizeram isso sem nunca revelar realmente o tamanho de sua riqueza. Em 1957, o documento soviético estimava o capital sob seu controle em 61,4 bilhões de dólares — valor absurdo para a época. Hoje, quase sete décadas depois, ninguém sabe ao certo quanto vale a dinastia Rockefeller. Suas contas são tão opacas quanto os cofres suíços ou os offshores nas Ilhas Caimã.
O Complexo Militar-Industrial e o Alerta de Eisenhower
Se alguém achava que tudo isso era exagero soviético, eis que entra em cena ninguém menos que Dwight D. Eisenhower , presidente dos EUA entre 1953 e 1961. No discurso de despedida à nação, em janeiro de 1961, pouco antes da posse de JFK, Eisenhower fez algo inusitado: alertou o país sobre o perigo do chamado complexo industrial-militar .
“Nunca devemos permitir que o peso combinado do governo e da indústria ameace nossas liberdades ou processos democráticos”, disse ele, olhando fixamente para as câmeras.
Uma frase que ecoa até hoje. E o mais curioso é que esse alerta vinha de um homem que fora general durante a Segunda Guerra Mundial, chefe do Exército e comandante supremo da OTAN. Se ele, com todo o histórico militar, falava isso, talvez houvesse razão para preocupação. O documento soviético, por sua vez, mostrava como os Rockefeller eram peça-chave nesse jogo obscuro. Através do Council on Foreign Relations (CFR) , da Comissão Trilateral e do Grupo Bilderberg , a família ajudava a moldar decisões estratégicas globais longe dos holofotes — e longe do escrutínio público.
Educação como Arma: A Infiltração nas Universidades
Outro aspecto fascinante do relatório soviético é o foco nas universidades americanas. O texto menciona diretamente o financiamento das famílias Rockefeller à Universidade de Columbia e à Universidade de Chicago , instituições que, segundo o documento, serviram como incubadoras de ideias neoconservadoras. Hoje, vemos os frutos dessa influência em figuras como Henry Kissinger, Paul Wolfowitz e outros estrategistas que moldaram políticas de guerra e intervenção no Oriente Médio. O artifício era simples: investir em formadores de opinião, acadêmicos e futuros conselheiros governamentais. Uma estratégia tão antiga quanto eficaz.
América Latina: O Quintal dos Rockefeller
A obsessão dos Rockefeller pela América Latina também é bem documentada no texto soviético. Nelson Rockefeller, filho de John D. II, foi colocado à frente do Departamento de Assuntos Inter-Americanos durante o governo Roosevelt, uma posição estratégica que lhe permitiu exercer influência direta sobre países como Brasil, Argentina, Venezuela e México.
“O cheiro provocativo do petróleo os alcança desde o continente sul-americano”, escreveram os autores do relatório. E não era exagero. Empresas como a Creole Petroleum Corporation (ligada à Standard Oil) operavam livremente em solo latino-americano, muitas vezes com apoio tácito de governos locais comprados ou submetidos.
Mais tarde, durante o governo Nixon, Nelson trabalhou lado a lado com Henry Kissinger , figura central no golpe de 1973 no Chile, entre outras operações encobertas patrocinadas pela CIA. Um padrão claro: onde há petróleo, há interesse Rockefeller. E onde há interesse Rockefeller, há mudança de regime.
Espionagem, Mossad e a Escola de Jerusalém
Um dos trechos mais intrigantes do documento soviético é aquele que aborda a relação dos Rockefeller com serviços de inteligência. Segundo o texto, a família teria financiado a Escola de Estudos Orientais de Jerusalém , uma instituição que funcionava com dinheiro da ARAMCO (Arab American Oil Company) e estava sob supervisão direta do Mossad israelense. Essa escola treinaria agentes da CIA para missões no Oriente Médio. Era, em essência, uma academia de espiões camuflada sob o manto acadêmico. E aqui surge a ironia: enquanto o mundo via os Rockefeller como beneméritos da cultura e da educação, os mesmos recursos sustentavam operações de inteligência que moldariam conflitos no mundo árabe.
Bush, Soros, Murdoch... O Legado Rockefeller
O relatório soviético não pára nos próprios Rockefeller. Ele aponta para uma rede maior, composta por famílias e indivíduos que compartilham interesses comuns: Bush , Soros , Murdoch , Rothschild ... Todos elos de uma corrente que opera nos bastidores da política global. É claro que hoje, anos depois, vemos como essas conexões continuam vivas. George W. Bush, Dick Cheney, Donald Rumsfeld — todos tiveram papéis centrais no ataque ao Iraque em 2003, um conflito que muitos analistas ligam diretamente à busca por petróleo e controle energético.
O Silêncio dos Bilionários
O documento soviético fecha com uma frase dura, quase poética:
“A verdade é a história oculta de muitas guerras – é petróleo manchado com sangue.”
E é exatamente isso que assusta: a forma como o poder econômico pode se transformar em poder político e, por fim, em poder bélico. A elite petrolífera e financeira não apenas financia campanhas eleitorais; ela escreve as regras do jogo. E, quando necessário, muda o tabuleiro. No século XXI, vimos isso acontecer em lugares como Líbia , Síria e Iraque . Países ricos em recursos naturais, alvos de intervenções militares justificadas por narrativas duvidosas. Coincidência? Talvez. Mas coincidências demais começam a se parecer com padrões.
Conclusão: O Passado que Não Passa
Ao revisitar esse documento de 1959, o que mais impressiona é a atualidade de suas denúncias. O que parecia paranoia soviética na época, hoje ganha contornos de análise geopolítica precisa. Os Rockefeller ainda existem. Seus tentáculos ainda estão em toda parte. E, embora a União Soviética tenha desaparecido, seus registros permanecem como um espelho sombrio da realidade que muitos insistem em ignorar. Então, a próxima vez que você ouvir falar em Bilderberg, Trilateral ou CFR, lembre-se: trás dessas portas fechadas, há histórias que mudaram o mundo. E muitas delas têm a assinatura de uma única família. Seria o futuro do planeta decidido por mãos tão poucas? Só o tempo — e talvez mais alguns arquivos da CIA — vão nos dizer.