Parece um cenário saído de um filme futurista, não é mesmo? Mas, na verdade, essa realidade pode estar mais próxima do que imaginamos. Yuval Noah Harari, historiador e autor best-seller, já está levantando questões que parecem tiradas de um roteiro distópico: o que acontecerá com milhões de pessoas quando a inteligência artificial (IA) tomar conta dos empregos que hoje sustentam famílias inteiras? E, mais importante ainda, como vamos lidar com o surgimento de uma nova classe social – a “classe inútil”?
A ascensão das máquinas e o declínio da mão de obra humana
Imagine um mundo onde os robôs não apenas operam fábricas, mas também realizam cirurgias, defendem casos jurídicos e até criam arte. Parece impressionante, certo? Mas, ao mesmo tempo, assustador. Afinal, quem vai pagar as contas quando seu trabalho for substituído por algoritmos superinteligentes?
Harari argumenta que, à medida que a automação avança, veremos uma divisão clara na sociedade: de um lado, teremos a “classe trabalhadora”, formada por profissionais altamente qualificados que continuarão impulsionando a inovação e cuidando das máquinas; do outro, surge a “classe inútil”, composta por aqueles cujos empregos foram engolidos pela tecnologia. Sim, estamos falando de motoristas substituídos por carros autônomos, médicos substituídos por diagnósticos baseados em IA e até advogados trocados por sistemas capazes de analisar jurisprudências em segundos.
Mas calma lá! Antes que você comece a pensar que estamos caminhando para um futuro sombrio digno de Black Mirror , vale lembrar que essa transição traz desafios reais que precisam ser enfrentados. E aí entra a pergunta que não quer calar: como evitar que essa nova classe social seja marginalizada?
Quem será parte da “classe inútil”?
Se você pensa que isso só acontecerá com trabalhos braçais ou repetitivos, prepare-se para repensar. A IA já está invadindo áreas antes consideradas exclusivamente humanas, como medicina, direito e até educação. Profissões que exigem anos de estudo podem ser reduzidas a algoritmos eficientes e baratos.
Aqui, cabe uma reflexão: será que o ser humano perderá sua relevância no mercado de trabalho? Harari sugere que sim, pelo menos em termos econômicos e militares. Afinal, se uma máquina pode fazer o mesmo trabalho melhor e mais rápido, por que contratar um humano?
Mas nem tudo são nuvens negras no horizonte. Enquanto algumas funções serão extintas, outras surgirão. O problema é que essas novas oportunidades provavelmente exigirão habilidades altamente especializadas, algo que muitas pessoas simplesmente não terão acesso ou capacidade de desenvolver. Então, o que fazer com aqueles que ficarão para trás?
Os desafios da “classe inútil”: dinheiro e propósito
Vamos encarar os fatos: ninguém vive sem dinheiro, certo? Mas além disso, tem algo ainda mais fundamental – propósito . Como manter a saúde mental de uma população que acorda todos os dias sem nada para fazer? Como evitar que o tédio e o desespero tomem conta?
Harari alerta que essa nova classe social pode se tornar uma bomba-relógio. Sem renda e sem função na sociedade, essas pessoas correm o risco de se tornarem vítimas de desigualdade, descontentamento e até violência. Além disso, há outra questão crucial: como garantir que elas continuem felizes e produtivas, mesmo sem emprego tradicional?
Uma solução proposta é o Rendimento Básico Universal (RBU) . Nesse modelo, governos garantiriam uma renda mínima para todos os cidadãos, independentemente de estarem empregados ou não. Países como a Finlândia já testaram essa ideia, e os resultados foram promissores: aumento da felicidade, melhora na saúde mental e até maior confiança nas instituições.
Mas, claro, nem todo mundo concorda. Críticos dizem que o RBU pode incentivar a preguiça ou sobrecarregar os cofres públicos. Ainda assim, é uma ideia que merece atenção, especialmente quando pensamos no impacto devastador que a automação pode causar.
Reformas educacionais: preparando as próximas gerações
Outro ponto crucial é a educação. Se não sabemos quais empregos existirão daqui a 30 anos, como podemos preparar nossos filhos para eles? Harari afirma que o foco deve mudar: em vez de encher cabeças com dados e informações que logo serão ultrapassados, precisamos ensinar habilidades como criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas.
Isso significa que escolas e universidades precisarão repensar completamente seus currículos. Em vez de decorar fórmulas ou datas históricas, os alunos devem aprender a pensar fora da caixa. Afinal, enquanto máquinas podem processar números rapidamente, elas ainda estão longe de replicar a imaginação humana.
Um novo contrato social
Por fim, talvez seja hora de repensarmos nossos valores como sociedade. Hoje, o sucesso é medido pelo quanto ganhamos ou produzimos. Mas e se isso mudar? E se valorizarmos mais a criatividade, a empatia e a contribuição social do que o salário no final do mês?
Paul Mason, autor de Post-Capitalism , sugere que estamos caminhando para uma nova era de socialismo, onde o Estado desempenha um papel mais ativo na redistribuição de riquezas e na criação de políticas que beneficiem todos, não apenas os privilegiados. Será que estamos prontos para abraçar essa mudança?
Conclusão: o futuro é agora
Não dá para negar que a revolução da IA está chegando – e ela não pedirá licença. Mas, como sempre, o futuro depende de nós. Podemos escolher entre ignorar os sinais de alerta ou começar a construir uma sociedade mais justa e inclusiva.
Então, fica a pergunta: você está pronto para esse novo mundo? Porque ele já começou a bater à nossa porta.