Touradas...torcendo pelo touro, SEMPRE !!! Parte 1

touradastopo2( Comentário O Arquivo - Seguindo a lógica distorcida de "espetáculo cultural"... Porque nao voltamos a ter lutas de gladiadores?? Ahhh...mas são homens que lutam e morrem!!! Ver um animal majestoso como o touro ser torturado e morrer de forma estúpida e sem sentido realmente é bem mais "aceitável" afinal é apenas um animal, sem alma, sem vida.e portanto nao sofre e ele foi CRIADO justamente para isso !!! ) A tourada é um espectáculo tradicional de Portugal, Espanha e França, bem como de alguns países da América Latina: México, Colômbia, Peru, Venezuela e Guatemala. O essencial do espectáculo consiste na lide de touros bravos através de técnicas conhecidas como arte tauromáquica. Na cultura da península ibérica, o Circo de Termes parece ter sido um local sagrado onde os celtiberos praticavam o ...

sacrifício ritual dos touros. A estela de Clunia é mais antiga representação do confronto de um guerreiro com um touro. As representações taurinas de variadas fontes arqueológicas encontradas na península Ibérica tais como os vasos de Líria, as esculturas dos Berrões a bicha de Balazote ou o touro de Mourão estão quase sempre relacionadas com as noções de força, bravura, poder, fecundidade e vida que simbolizam o sentido ritual e sagrado que o touro ibérico teve na Península.

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A palavra tauromaquia é oriunda do grego ta???µa??a - tauromachia (combate com touros). O registo pictórico mais antigo da realização de espectáculos com touros remete à ilha de Creta (Knossos). Esta arte está presente em diferentes vestígios desde a antiguidade clássica, sendo conhecido o afresco da tourada no palácio de Cnossos em Creta.

A maior praça de touros do mundo é a "Plaza de Toros México" localizada na cidade do México e a maior praça europeia é a "Plaza de Toros de las Ventas", em Madrid. Numa tourada, todos os touros têm pelo menos quatro anos de idade. Quando os touros lidados ainda não fizeram os 4 anos diz-se que é uma novilhada.

A lide varia de país para país, em Portugal tem duas fases: a chamada lide a cavalo e ou menos corrente a lide a pé e posteriormente a pega. A primeira é levada a cabo por um cavaleiro, lidando o touro. A lide consiste na colocação de ferros, ditos farpas, de tamanhos variáveis, começando com ferros longos e culminando frequentemente com ferros muito curtos, ditos "de palmo".

 

 

Praça de Touros do Campo Pequeno em Lisboa.Em Portugal as touradas foram proibidas no tempo do Marquês de Pombal, após uma em que faleceu uma grande figura nobiliárquica estimada pelo monarca D. José. Voltaram a ser permitidas anos mais tarde mas sendo proibidos os chamados touros de morte, onde o touro não pode ser morto em praça pública. Em 2002 a lei foi alterada para permitir os touros de morte em locais justificados pela tradição, como na vila de Barrancos.

Júlio César durante a exibição do venatio introduziu uma espécie de "tourada", onde cavaleiros da Tessália perseguiam diversos touros dentro de uma arena, até os touros ficarem cansados o suficiente para serem seguros pelos cornos e depois executados. O uso de uma capa, num confronto de capa e espada com um animal, numa arena, está registado pela primeira vez na época do imperador Cláudio.


HISTÓRIA


touradas2É incerta a origem das touradas. Uns afirmam que ela surgiu na pré-história, outros remontam suas raízes ao século III a.C, na Espanha, onde a caça aos touros selvagens era um esporte popular. O fato é que, com a chegada da primavera da fé, no medievo, a tradição das touradas (com a morte do animal) já havia se consagrado na península ibérica, como uma prova de coragem, destreza e valor, sendo algumas festas populares devotadas a esse costume, como a de os touros serem perseguidos por um turbilhão de pessoas nas ruas, até a exaustão dos animais, sendo ainda repetido esses divertimentos em festas de casamentos, nascimentos e batizados, por famílias inteiras. Algo semelhante ainda ocorre hoje em dia como na Festa de São Firmino, em Pamplona onde, todo ano, mais de 2 mil pessoas correm dos touros soltos nas ruas da cidade espanhola. Contudo, o registro mais antigo de uma tourada semelhante a que vemos hoje data do século XII, precisamente ao ano de 1135, como parte dos festejos da coroação de Afonso VII, rei de Leão e Castela. Ao seu tempo, o toureiro representava um nobre cavaleiro que enfrentava o touro montado a cavalo e armado de uma lança. "Esse era o teste supremo na preparação dos cavaleiros medievais espanhóis" afirma o antropólogo holandês Marco Legemaate, especialista no assunto. Não é de se admirar, pois o lema de bravura do cavaleiro - "Mais vale morrer que covarde ser" - permitia aos cavaleiros medievais a caça, não de pássaros ou veados, mas, de leões. Isso já basta. Por sua vez, os plebeus ocupavam-se com o papel de escudeiro, que, a pé, ajudava a derrotar um dos animais mais ferozes da Criação. A partir daqui se dá uma incrível inversão de papéis, mediante uma reviravolta nos costumes da nobreza: Com a chegada à Espanha da dinastia francesa dos Bourbon, no início do século XVIII, a nobreza local abandonou diversões rústicas como essa para se entregar aos prazeres da corte, deixando a arena livre para camponeses e boiadeiros criarem a tourada moderna. Resultado: o antigo escudeiro assumiu o papel principal de toureiro e o cavaleiro (piqueteiros) passou a ser o mero coadjuvante que ajuda a diminuir a resistência do animal.

“Aí começam a surgir o repertório de técnicas e manobras e o conjunto de regras que definem a tourada como arte popular”, afirma Maria de La Concepción Valverde, professora de literatura espanhola da Universidade de São Paulo (USP). Um grande passo nesse sentido foi dado pelo primeiro toureiro profissional, o espanhol Francisco Romero (1700 – 1763), que codificou algumas regras à prática de tourear, e introduziu definitivamente elementos como a muleta, uma capa de 56cm consideravelmente menor que o capote, e a espada como ferramenta/arma para matar o animal, elementos estes que simplesmente re-significaram a precisão e o talento dos toureiros. Desde então, as touradas como as conhecemos, tornou-se uma febre durante todo o século XIX, especialmente “en la edad de oro del toreo”, entre os anos de 1910-1920, onde as arenas foram palco de dois grandes arquitetos da tourada, Juan Belmonte García, considerado o maior matador de todos os tempos e José Gómez Ortega, o Joselito ou Gallito, conhecidos por criarem manobras originalíssimas que levantavam o público de seus assentos.


OS RITUAIS


touradas3O desenvolvimento da tourada, como vimos no artigo “A tourada – sua História”, culminou, a partir do século XVIII, em modificações definitivas para a lide com touros bravos, partindo de certas regras e técnicas que sintetizaram o crescimento orgânico da tauromaquia. A palavra “tauromaquia” é oriunda do grego ταυρομαχία - tauromachia (combate com touros), e consiste em observar os princípios e regras na arte de tourear, codificados ao longo dos séculos, aos quais os toureiros devem respeitar para lograr as pontuações ao longo da temporada. Na Espanha, as temporadas ocorrem entre os meses de Março e Outubro, todos os domingos. Entre Maio e Junho temos início da alta temporada onde todos os dias há “corridas de touros”. Nessa mesma época acontece a "Feria de San Isidro'' (festa de touradas), quando acontecem as melhores touradas, com os melhores touros e disputas entre os toureiros. Os centros desses espetáculos ocorrem na “Plaza de Las Ventas”, “Plaza de Sevilha” (entre muitas outras) as principais da Espanha, onde se espremem milhares de pessoas para verem homens de valor desafiarem a morte. Ao longo do festival que dura 20 dias, no ponto alto das touradas em Madri, diariamente há corridas, que começam costumeiramente às 7 da noite (nessa época em Madri o sol se põe às 8 da noite). O festival apresenta touradas com Novillos (touros jovens) para iniciantes, em geral adolescentes, Rejones (touradas a cavalo) e Goyesca (tourada com roupas de época, que ocorrem oficialmente nos primeiros dias de setembro, com o início da “Feria de Pedro Romero”). Durante o festival é a única época em que se pode observar os touros de perto, em seus currais, antes de serem transportados para a Plaza, em La Venta de Batán.

Cada “corrida de toros” dura em torno de 2 horas, contudo não se fixa tempo para o término. Começa aqui um espetáculo carregado de significado, cheio de símbolos, costumes, tradição e cultura.

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“Desfile de Cuadrillas” ou “Paseíllo”

touradas_11Homens conversam, moças colocam suas mantilhas, jovens e velhos, todos aguardam o início da corrida. Música boa para um espetáculo nobre, agrupações musicais tocam os formosos pasodobles, elevando o espírito dos espectadores. Com a entrada das Cuadrillas dá-se o início da tourada. O “desfile de cuadrillas” ou “paseíllo” consiste em dar uma volta ao redor da arena com toda a equipe dos três matadores do dia (costumeiramente são três, mas podem variar), a fim de apresentarem-se ao público, saúda-los e dar início à tourada. Aqui, contudo, pode ocorrer uma cerimônia chamada “la alternativa”, na qual o toureiro mais veterano cede ao novillero ou toureiro principiante (que apenas lutava com touros jovens de 3 ou 4 anos), a preferência de abrir a corrida. Essa cerimônia atesta ao jovem toureiro o “diploma” de matador, conferindo-lhe o status de toureiro profissional. A cerimônia é concluída quando, ao chegar o momento da estocada, o toureiro veterano, que dora em diante será seu padrinho, dá ao seu afilhado “los trastos de matar” (a muleta e a espada), que por sua vez retribui o gesto dando seu capote ao veterano. O padrinho lhe dá alguns conselhos e um abraço, na presença de outro matador, que atesta o testemunho da cerimônia. Uma tradição belíssima que lembra os tempos de cavalaria, da primavera da Fé, nos tempos em que "havia escudos brancos, quando havia cruzados francos".

A ordem do desfile é regulamentada e assim definida: precedidos pelos “alguacilillos”, agentes encarregados de transmitir e executar as ordens do presidente da lídia, os “toreros” (toureiros) ou “rejoneadores” (matadores à cavalo), são situados por ordem de antiguidade desde que tomaram “la alternativa”. Vistos de frente, o toureiro da ponta direita corresponde ao mais veterano, sendo o do meio o mais novo e o da esquerda o intermediário. Por detrás da fila dos matadores, vão os três “banderilleros” do primeiro toureiro, na terceira fila os do segundo toureiro e na quarta fila os do terceiro, observando-se da direita para a esquerda a veterania de cada um. Segue-se, de dois em dois, os “picadores” montados a cavalo, ordenados pela antiguidade dos seus chefes. Por fim entram os “mozos de caballos” e “areneros”, assim como “los mulilleros”, que ficam responsáveis por removerem o touro morto da arena.


INÍCIO DA PRIMEIRA “FAENA”.


Depois do desfile das “cuadrillas”, a tourada começa em seguida, tendo início a primeira “faena”, secções de aproximadamente 20 minutos para cada toureiro, divididas, por sua vez em três subsecções chamadas “tercios”. Cada toureiro luta com 2 touros, dividido em dois turnos. Em cada turno os três toureiros lutam um após o outro, segundo a ordem de sua ‘antiguidade’.

O primeiro tercio da faena consiste na apresentação do touro recebido pelo toureiro por uma grande capa chamada “capote”. Os “tercios” são também ditos “suertes”. A primeira é a “suerte de verónica”.


1º Terço – “Suerte de Verônicas”

toradas5É com o capote, uma larga capa bicolor (fúcsia de um lado e amarela de outro), que o toureiro faz o reconhecimento do touro, sua bravura, força, modo de ataque e faz seus próprios julgamentos, definindo como lutará com o animal, avaliando sua coragem e a validade geral da luta. Detalhes como o modo de “chifrar” do touro são percebidos, enfocando o toureiro qual dos chifres é o mais acidentado, pois o chifre mais “arranhado” do animal corresponde ao seu ataque principal, ao seu golpe costumeiro, golpe que o toureiro terá que tomar cuidado... Um cuidado do qual depende sua vida. Uma dezena de “pases con capote” ilustra esse belo combate com o touro. O mais comum é a “verónica”, com a qual o toureiro recebe o touro segurando o capote com as duas mãos, incitando o touro para o ataque, e recuando a perna contraria para atrair a investida do animal, fazendo com que o mesmo passe por ele violentamente. Várias outras poderiam ser citadas e explicadas aqui, como a “media verónica”, “largas”, “gaonera”, as belas “chicuelinas”, “porta gayola” entre tantos outros tipos de passes com o capote, porém este artigo se detém a explicar os rituais da tourada como um todo. Prometemos um outro artigo com explicação, fotos e vídeos de cada um dos passes com “el capote”.

2º TERÇO – “SUERTE DE VARAS” OU “SUERTE DE BANDERILLAS”

Num segundo passo, entram em cena os picadores e os banderilleros. No primeiro tercio o matador procurou cansar o touro, de forma que pudessem entrar em ação os picadores, homens montados à cavalo portando uma lança de 2 metros de cumprimento, cuja extremidade encontramos a “puya”, instrumento cortante de forma triangular de 29mm de altura e 20mm de base em cada face do triângulo, encimada com uma cruz, que impede uma penetração mais profunda que o permitido no dorso do animal. Essa estocada é necessária para que se ponha a luta de igual para igual, entre touro e toureiro. Ademais, sem ela uma tourada nunca terminaria, pois o touro é um animal tão espetacularmente forte e feroz que bastaria um pouco de descanso para retomar rapidamente suas energias. A puya assim como as banderillas, visam algumas terminações nervosas que ficam por detrás do pescoço do animal, para diminuir a força dos músculos e das patas dianteiras do touro, tornando-o mais lento e sobretudo fazendo-o baixar a cabeça. O picador então atrai o touro em sua direção e neste momento se mede a bravura e se dosa a força do touro para o resto da lídia, fazendo-o sangrar, avaliando ao mesmo instante, sua reação ao castigo. Muito frequentemente, o touro em sua investida, faz derrubar o picador e seu cavalo vestido de com uma “armadura” de feltro e couro.

Em seguida, os banderilleros dão continuidade ao espetáculo. Sem dúvida, cabe a estes homens umas das mais corajosas tarefas da lídia: enfrentar o touro cara a cara, sem capotes ou muletas, ofertando o seu peito ao feroz animal. Por vezes, o próprio matador dispensa seus banderilleros da cuadrilla, e põe, ele mesmo, os três pares de banderillas no touro. A avaliação feita pelos jurados analisa três pontos da regra em se por as banderillas. 1) O banderillero deve chamar o touro desde certa distância; 2) Touro e toureiro devem começar a correr ao mesmo tempo e encontrarem-se de tal modo que pareça que vão se chocar um com o outro; 3) O toureiro deve sair do encontro de forma graciosa, tanto quanto possível, e sem medo, sem pressas.

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3º TERÇO – “SUERTE DE MATAR”

touradastopoApós a imposição das banderillas, o soar de uma música específica anuncia, como fim de uma obra de arte marcada com o selo trágico, o momento em que o matador é chamado para o combate final, lançando-se a “suerte de matar”. No fim desse tercio, ou o touro ou o toureiro ficará de pé. Nesta parte final da faena se dará o desfecho do combate, onde o tom sacrifical dessa arte expõe aos olhos dos espectadores a perigosa oferta de vida que touro e toureiro escancaram num combate justo e leal. Nesta etapa, o toureiro já teve tempo suficiente para conhecer o touro, a forma como ataca, sua bravura e sua força. Contudo, o mais importante não é o conhecer o animal, mas arrancar dele toda a sua ferocidade e brio, pois disso depende o sucesso do combate. A coragem, habilidade, ousadia, o porte e auto-controle do toureiro são minuciosamente avaliados pelo presidente da corrida e pelos espectadores. Dos passes dados com a muleta (capa vermelha de 56 cm) juntamente com a correspondência do touro à luta, resultará o prêmio do toureiro, o qual se jogará sobre o animal para tentar matá-lo. Os riscos nesse momento são iguais para ambos. Não poucos toureiros morreram justo neste trecho da lidia, ou saíram gravemente feridos. E não por insanidade ou simples descuido, mas sim como dizia o poeta João Cabral de Melo Neto porque “O sujeito tem de viver no extremo de si mesmo. Eu vejo isso na tourada. O bom toureiro é o que dá impressão ao público de que vai morrer”. O matador é obrigado a incitar o touro a atacá-lo violentamente e fazer tão feroz animal passar quase “roçando” no seu corpo. A isso se dá o nome de expornese (expor-se, arriscar-se), segundo os espanhóis. É esse o verbo mais apreciado em toda a lídia, do qual as ramificações naturais da elegância, domínio sobre o animal, habilidade e etc, são secundariamente analisados. O dever do toureiro é de proporcionar o melhor espetáculo ao público, e quanto maior a sua ousadia e investidas do touro às suas provocações, mais o público reagirá com júbilo a eventual vitória do matador.

Os trastos de matar (muleta e estaquillador), elementos principais para o desenlace da luta, são usados de forma que a espada fique dentro do capote, deixando o mesmo mais extenso. Isso, porém acontece geralmente nos primeiros passes. Para dificultar e proporcionar o exponerse, o toureiro retira a espada, tornando maiores os riscos no combate. Os principais “pases de muleta” são: “Natural”, “Derechazo”, “Trinchera”, “Pase de pecho”. Como dito, voltaremos a escrever sobre cada um deles, explicando seus movimentos, formas e condições.

Com o final dos passes, depois de ter levado o touro a exaustão de suas forças, o toureiro troca a espada falsa (rígida), pegando o estaquillador verdadeiro, uma espada bastante flexível. Pondo-se de frente ao touro, o matador o distrai com a muleta, apontando-a para baixo, de forma que o touro baixe a cabeça consideravelmente, deixando o dorso do animal à mostra, onde ele tentará enterrar sua espada num local chamado “el hoyo de las agujas”, de modo que a morte do animal seja a mais rápida possível. Algumas formas mais conhecidas de matar o touro são: “Recibiendo”, “Volapié”, “Al encuentro”, “Suerte Natural” e “Suerte contraria”.

O interessante é que até esse último momento dependerá a glória do matador. Se acaso ele der uma estocada perfeita, que vá direto no coração, o touro morrerá em segundos, ao contrário de sua glória. Caso não tenha sido exatamente no coração, as estocadas chamadas “trasera” ou “delantera”(respectivamente atrás ou diante do coração), o touro demorará mais a morrer, talvez precisando que se dê um golpe de misericórdia no seu cérebro com um tipo especial de espada, diminuindo o tempo de sua morte. Contudo, se o toureiro errar completamente a estocada, fazendo sofrer o touro, receberá uma vaia e desaprovação dos espectadores/críticos que simplesmente põe a perder toda a sua atuação na arena.

touradas12Em caso de ótima apresentação, o público levanta as "almohadillas" ou lenços brancos e os agitam no ar, pedindo para o presidente que o toureiro ganhe o “troféu”. O presidente da prova decide-se positiva ou negativamente. Se aprovar a premiação, colocará um ou dois lenços brancos no parapeito de sua tribuna, o que significa que o toureiro receber uma ou duas orelhas do animal morto, que serão cortadas por um dos seus auxiliares e entregues ao toureiro pelos alguacilillos. Se a corrida foi julgada de valentia e bravura máximas, o presidente coloca além dos lenços brancos, um verde, que significa que além das duas orelhas, seja cortado o rabo do touro e dado ao toureiro. Diz-se, neste caso de premiação máxima, que o toureiro terá ‘aberto´ a Puerta Grande, o prêmio máximo para um toureiro. Em atuações mais medíocres, o toureiro apenas se retira com sua cuadrilla, sem nenhuma premiação. Nos dois casos, após o fim da faena, o touro será arrastado pelos mulilleros, através de cavalos que arrastam o animal pelo chifre e o encaminham para o açougue, onde será tratado e vendida a sua carne a preços simbólicos.

Ainda na suerte de matar pode acontecer algo inusitado. Alguns touros por sua máxima bravura e excepcional coragem, por não cederem um momento sequer no combate, durante toda a faena, podem ser indultados pelo público por ser um animal fabuloso, decidindo assim que sobreviva. Além de ser muito raro nas touradas é uma cena que definitivamente coroa a arte da tauromaquia.

Conclusão

Este belo jogo de contrastes, que passa nos nossos olhos como um majestoso espetáculo da vida, trágica em si mesma, na qual homens enfrentam de pé a morte que a eles se apresenta, um combate entre homem e animal, da primazia da inteligência sobre a força bruta, da coragem sobre os instintos mais primitivos do homem, este belo conduzir representa o nosso efêmero peregrinar. Aqui estamos e somos peregrinos. Cabe a nós bem viver, brava e corajosamente, combatendo o bom combate.

PARTE 2