Xogum

xogum1O termo shogun (lit. "Comandante do exército"), em português xogum, foi um título e distinção militar usado antigamente no Japão. Era concedido diretamente pelo Imperador. Como título, é a abreviação de Seii Taishogun ("Grande General Apaziguador dos Bárbaros"), nomeação que até 1192 fora temporária e utilizada para se referir ao general que comandava o exército enviado a combater os emishi, ...

quem habitavam no norte do país. Desde o século XII até 1868 o xogum constituiu-se como o governante de fato de todo o país, embora teoricamente o Imperador fosse o legítimo governante e depositasse a autoridade no xogum para governar no seu nome. Durante este tempo, o Imperador viu-se obrigado a delegar completamente qualquer atribuição ou autoridade civil, militar, diplomática e judiciário a quem tivera tal título.

Durante os primeiros contatos com Ocidente e até mesmo em alguns países asiáticos como na China, o xogum era considerado como "rei do Japão", ignorando que existiam duas estruturas de autoridade. Atualmente alguns escritores e historiadores compararam o xogum com apelativos como "ditador militar" ou "generalíssimo" com a finalidade de explicar as suas funções a um público não familiarizado com a história do país.

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Ao governo do xogum conhece-lhe em português como xogunato e em japonês como bakufu (lit. "Governo desde a maku"). Durante a história do Japão existiram três xogunatos e o primeiro foi o estabelecido em 1192 por Minamoto no Yoritomo, conhecido como "xogunato Kamakura". Tal governo era controlado por apenas três membros do clã Minamoto, pois o poder fora usurpado pelo clã Hojo, quem sob o título de regentes nomeavam xoguns títeres crianças e jovens que recusavam ao cumprirem os vinte anos.

O segundo xogunato é conhecido como "Ashikaga" e foi fundado em 1338 por Ashikaga Takauji. Durante este xogunato quinze membros do clã Ashikaga mantiveram o posto até ser derrocado o xogum em 1573 por um proeminente militar do período Azuchi-Momoyama chamado Oda Nobunaga.[10] Oficialmente o governo de Yoshiaki durou até 1588, em que este renunciou ao seu cargo, embora a maioria dos historiadores assegurem que o xogunato terminou nesse mesmo ano, tal qual ocorreu de fato. O último foi o "xogunato Tokugawa", instituído oficialmente por Ieyasu Tokugawa em 1603[14] e culminou em 1868 depois da renúncia ao cargo de Tokugawa Yoshinobu, quando o Imperador Meiji retomou o seu papel protagonista na política do país e a figura do xogum foi abolida.

Regime espartano

Por Francisco Handa - Sob um regime espartano, o Japão conhece a paz e a guerra e consolida uma classe atípica: a dos samurais. Onde está o segredo do milagre japonês? De que forma o Japão conseguiu se tornar a segunda potência econômica do mundo? Perguntas como estas saltam das bocas de nós, ocidentais, com freqüência. Para respondê-las, no entanto, não é fácil se não retornarmos à sua formação histórica. Até a segunda metade do século XIX, o Japão mergulhou num longo período, que ficou marcado pelo domínio dos samurais, com o xogun à frente do governo. Principalmente nos 265 anos do xogunato Tokugawa, período em que floresceu uma cultura tipicamente nacional, o país se isolou completamente do mundo. O caráter do japonês é uma das remanescências dessa época. Quem sabe, essas influências talvez tenham pesado no seu sucesso?

Quem era o xogun

Antes de entrar na era moderna, que só aconteceu com a Reforma de Meiji em 1868, o Japão mergulhara cerca de 700 anos num período em que a casta que determinava os destinos da nação era formada por uma soldadesca corporativa denominada samurai. Os samurais, rudes e disciplinados oriundos do campo, surgiram justamente para defender a posse da terra o que acabaria provocando, mais tarde, o feudalismo japonês. A agricultura era, então, a principal riqueza e as sacas de arroz, a moeda de maior valor.

A nação nipônica sempre foi unificada através do Imperador. No entanto, com o apogeu dos samurais, o Imperador perdeu o poder junto com a aristocracia urbana e decadente. Passou então a ficar isolado no castelo em Kyoto, enquanto que o primeiro xogun, Yorimoto Minamoto, (generalíssimo que passou a administrar o Japão) mudou-se habilmente para Kumamoto. As outras famílias samurais que ganharam a estima da casa Imperial (Fujiwara e Taira), por outro lado, em vez de se fortalecerem, acabaram se deteriorando junto com a luxuosidade e conforto em que viviam os aristocratas.

Davas início, assim, ao controle do país pelos xoguns, samurais que, pela linhagem, tinham algum parentesco com a família Imperial. Os xoguns governavam em nome do Imperador e como unificador da nação e, para se conseguir essa unificação formava alianças com outros chefes samurais, eliminavam sumariamente os inimigos e as resistências através da força militar. Nesse tempo, o Japão era uma nação armada. Vale lembrar que, para os Minamoto derrotarem os seus arquiinimigos – Atira – chegarem ao poder, muito sangue foi derramado.

No último ano de Minamoto (1192-1333), houve uma tentativa de volta ao regime Ritsuryo (Imperador com poder), fato que ficou conhecido na história como Restauração Kemmu. Sem sucesso, porém, logo um outro xogunato foi implantado, a família Ashikaga (1338-1573). A restauração Kemmu durou apenas três anos.

Com Ashikaga, Kyoto retornou a capital, tendo o governo centralizado no Palácio das Flores. Durante esse governo, rebeliões nas aldeias por posse de terra, conhecidas por “Onin no Ran”, abalaram o sistema. Mas o país conheceu também as belezas das artes plásticas e intelectuais, com a construção do Pavilhão de Ouro (Kinkakuji) e o Pavilhão de Prata (Guinkakuji), além de testemunhar o surgimento do teatro Nô. No final de xogunato Ashikaga, no entanto, iniciou-se o Período “Sengoku Judai”, guerras civis que se alastraram entre os feudos e que culminaram com o desmantelamento do país.

Foi nessa época que o primeiro ministro ocidental chegou ao Japão. O mercador português, Fernão Mendes Pinto, em 1542, encalha nas praias de Kagoshima (antiga Satsuma) impelido por um temporal.

Aportam os Estrangeiros

A partir de Mendes Pinto, a rota para o Japão ficou reservada aos interesses da coroa portuguesa. De um lado, encontravam-se os jesuítas, de outro, os comerciantes. Tudo isso fez com que a configuração da história japonesa mudasse de rumo: a arma de fogo foi introduzida ao lado da fé cristã. As guerras internas continuaram e enfraqueceram o xogunato Ashikaga, enquanto que nos campos de batalha surgiam líderes sequiosos pelo poder. O primeiro deles foi Nobunaga Oda que, após muitas vitórias, acaba por ser traído e assassinado; vingado, porém pelo seu protegido Hideyoshi Toyotomi, que se torna seu sucessor. A unificação do país é conseguida através de guerras sucessivas entre as forças governamentais e os feudos rebeldes.

O livro Xogun mostra a chegada de um piloto inglês no comando de uma galera de bandeira holandesa bem no período que antecedia a derradeira batalha de Sekigawa em 1600. O piloto, ao qual se refere o livro Xogun é na verdade, Willian Adams, que se tornou conselheiro predileto de Ieyasu, o primeiro xogun da dinastia Tokugawa. Adams acaba os seus dias morrendo no Japão por ser impedido de retornar à sua terra, como mostra o romance.

No governo nas mãos dos Tokugawa (1603-1868), com capital transferida para Edo, uma nova política foi adotada: a do isolamento do país a qualquer interferência externa. O comércio foi abolido, os estrangeiros expulsos e a religião cristã proscrita. Com isso, o xogun pretendeu defender os interesses nacionais, provocando a auto suficiência e a paz. Para manter a tranqüilidade almejada, Ieyasu utilizou-se de alianças e manteve em seu castelo a família dos chefes militares das províncias.

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No período Tokugawa, de quase dois séculos e meio, formou-se a verdadeira face para se chegar ao japonês atual. Sem se preocupar com improváveis guerras, a vida urbana ganhou impulso, enquanto se consolidava o impulso japonês. Nem mesmo a Reforma Meiji veio modificar totalmente as regras que regulavam o espírito dos samurais. Tanto isso é verdade que usa-se o termo “samurai moderno” para os empresários japoneses. Tudo que acontece hoje em dia volta-se um pouco para os 700 anos de domínio samurai, em particular ao que a era Tokugawa transmitiu.

O Livro

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Xógun - A Gloriosa Saga do Japão (título original: Shogun) é um romance escrito em 1975 por James Clavell que se passa por volta de 1600 alguns meses antes da grande batalha de Sekigahara e que relata a ascensão do daimyo "Toranaga" (uma analogia a Tokugawa Ieyasu) ao Shogunato, vista pelos olhos de um piloto Inglês o qual os atos heróicos lembram as façanhas de William Adams.

Resumo

John Blackthorne é um piloto inglês capitão do Erasmus, um navio holandês que naufragou na costa do Japão. Ele e poucos dos sobreviventes da embarcação holandesa foram capturados por ordem do samurai Omi-san que os manteve aprisionados por dias em um buraco, até que os marinheiros soubessem se comportar de forma civilizada (pelos olhos dos japoneses). O daimyo de Omi-san, Yabu-san chega e resolve executar aleatoriamente um dos navegadores cozinhando-o vivo. Por sugestão de Omi, Yabu decide guardar as armas e o dinheiro que estavam a bordo do Erasmus em favor próprio, mas é traído por um de seus samurais que informa tudo a Toranaga (futuramente senhor, e daymio mais poderoso que Yabu), o que faz com que Yabu dê todos os bens para seu senhor. Como os japoneses não conseguiam pronunciar seu nome, Blackthorne foi chamado de Anjin que significa piloto.

Com um padre Jesuíta fazendo o papel de tradutor, o piloto foi interrogado por Toranaga. Por ser protestante ele tentou fazer com que o Daimyo ficasse contra os Jesuítas, fazendo com que Toranaga se surpreendesse ao saber que o Cristianismo era dividido em duas partes nos países europeus. A entrevista acaba quando Ishido, o principal rival de Toranaga, chega querendo saber sobre o "bárbaro", Blackthorne. Toranaga então manda o piloto para a cadeia acusado de pirataria para mantê-lo afastado de Ishido. Na prisão, Blackthorne conhece um padre franciscano quem lhe conta detalhes sobre as conquistas jesuíticas e o as trocas com o navio negreiro (Navio Negro). Os japoneses necessitavem da seda chinesa, porém eles não podiam negociar com os chineses diretamente. Os portugueses atuavam como intermediários, embarcando as mercadorias no Navio Negro, e assim obtendo muito lucro. Com a ajuda do padre, Blackthorne começa a aprender o japonês básico.

Após quatro dias de cativeiro, Blackthorne foi tirado da prisão pelos homens de Ishido mas estes são interrompidos por Toranaga que "captura" o piloto das mãos de seu rival. Em sua próxima entrevista, Toranaga utiliza uma outra tradutora, Mariko, uma japonesa convertida ao Cristianismo que se sente dividida entre sua nova fé e sua lealdade por ser samurai e a Toranaga.

No meio de tudo isso, Toranaga (que é um dos regentes) é "obrigado" pelo conselho de regentes a cometer um ritual de suicídio forçado. Para escapar dessa ordem, ele deve escapar do Castelo de Osaka, o que é feito com Toranaga se disfarçando de mulher em uma liteira com uma caravana de viajantes saindo do castelo. Blackthorne, por ironia do destino, percebe essa troca, e quando Ishido aparece no portão de saída do castelo e quase descobre a farsa, Blackthorne cria uma confusão salvando Toranaga, começando assim a conquistar a confiança do daimyo que controla a planície de "Kwanto" (que em nosso mundo "real" se chama Kanto), onde atualmente se localiza a cidade de Tóquio.

Aos poucos Blackthorne vai melhorando sua fala japonesa e se adaptando aos japoneses e sua cultura, e muitas vezes aprendendo a respeitá-la. Os japoneses, por outro lado, se sentem cada vez mais incomodados com a presença de Blackthorne, mas ao mesmo tempo ele é de valor inestimável devido a seu conhecimento do mundo. Algo que faz com que os japoneses comecem a pensar de outra forma é a tentativa de Blackthorne de cometer seppuku devido a um insulto. Ele mostrou coragem de tentar cometer suicídio sem perder sua honra o que deixou os japoneses impressionados. A partir disso os japoneses começaram a respeitá-lo mais e ele recebeu o status de samurai e hatamoto. Quanto mais tempo Blackthorne passava com Mariko, mais ele a admirava. O piloto então fica dividido entre sua afeição por Mariko (que é casada com um poderoso samurai, Buntaro), sua crescente lealdade para com Toranaga, e seu desejo de voltar a navegar a bordo do Erasmus para capturar o Navio Negro.

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Paralelamente a todos esses fatos, o livro também conta detalhes da briga entre Toranaga e Ishido, e também relata as manobra políticas da Igreja Católica Romana, particularmente dos jesuítas. Há também os conflitos entre os Daimyos cristãos (que estão interessados em preservar e expandir os poderes da Igreja Católica no Japão) e os Daimyos que são contra o Cristianismo e a favor do Budismo e do Xintoísmo, nativos da região.

Ishido mantém um grande número de familiares de outros Daimyos como reféns em Osaka, tratando-os como convidados. Enquanto ele mantê-los como reféns, nenhum outro Daimyo, nem mesmo Toranaga ousará atacá-lo. Ishido tem esperanças em forçar Toranaga ao castelo e, na presença de todos os regentes, ordenar Toranaga a cometer suicídio. Para livrá-lo desta situação, Mariko se oferece para ir até o Castelo de Osaka e enfrentar Ishido, a fim de libertar todos os reféns. No meio da viagem até Osaka, Mariko e Blackthorne se tornam amantes. O enredo se divide em dois livros, é uma combinação perfeita de um drama histórico (marcado por romance, sexo, coragem, e religião) e um drama político.


Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Xogum
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