Livro demole "teorias" sobre o assassinato de Kennedy - 09/06/2007 - A verdade pesa 2,5 quilos. O promotor americano Vincent Bugliosi acaba de publicar a mais pesada prova, um livro de 2,5 quilos e 1 600 páginas, de que o presidente americano John Kennedy foi morto em 1963, em Dallas, pelo tiro disparado por uma única pessoa, Lee Oswald. Bugliosi demole cada uma das teorias conspiratórias segundo as quais Kennedy foi morto ora pela Máfia, ora pela KGB ou pela CIA, ora pelo seu vice-presidente... ou por Fidel Castro, por supremacistas raciais, por traficantes de droga franceses...
Eurípedes Alcântara - Ah... o assassino pode também ter sido Larry Crafard. Larry quem? Ora bolas, o vigia noturno do Carousel Club, a boate cujo dono era Jack Ruby, o homem que matou Lee Oswald. Crafard é o candidato a assassino preferido do maior de todos os autores de teorias conspiratórias, o promotor Jim Garrison, de Nova Orleans, vivido no cinema pelo astro Kevin Costner em JFK, filme de Oliver Stone, exibido no Brasil em 1991. Qual a evidência contra Larry Crafard? Depois do assassinato de Kennedy, o desempregado Crafard voltou de carona para sua cidade natal, no estado de Michigan. Só isso? Só. Mas é desse material que são construídas as teorias conspiratórias. A escassez de lógica, paradoxalmente, as torna bem mais difíceis de ser dinamitadas por provas reais.
Além de fluidas, incorpóreas, transmissíveis como o vírus da gripe no vagão do metrô, as teorias sobre a morte de JFK têm um grande aliado, a natural, e em muitos casos amplamente justificada, incredulidade das pessoas diante de versões oficiais. Sete de cada dez americanos recusam a idéia de que Lee Oswald agiu sozinho no dia 22 de novembro de 1963, em Dallas. Cinco em dez preferem acreditar que Deus criou todos os seres vivos como descrito no livro bíblico Gênesis a aceitar a teoria da evolução de Charles Darwin. Quatro em dez acham que o homem nunca foi à Lua e que a Nasa inventou tudo. O número de americanos que acreditam em anjos é maior que o daqueles que acreditam em antibióticos.
Mas, como Vincent Bugliosi mostra, não se pode colocar todo o peso da propagação das mentiras no caso JFK sobre os ombros das pessoas que acreditam nelas. O livro de Bugliosi tem o pomposo título de Reclaiming History, que pode ser traduzido para História Resgatada. Ele foi escrito não apenas para convencer o leitor de que Lee Oswald agiu sozinho mas para provar que as teorias conspiratórias não passam de idiotices produzidas por pessoas movidas pelas mais diversas razões. Essa é uma abordagem bem mais proativa do que, por exemplo, a adotada por outro formidável livro, Case Closed (Caso Encerrado), de Gerald Posner, que se limita a demonstrar que o tiro que matou Kennedy foi dado por Lee Oswald. Bugliosi faz um livro de combate. Ele assume o tom usado pelos promotores nos tribunais do júri. Quer e consegue incriminar Lee Oswald, que, pelas páginas de "História Resgatada", finalmente enfrenta a justiça dos homens – uma vez que Jack Ruby o colocou diante do tribunal divino dois dias depois do crime. Bugliosi consegue também, e o faz com um prazer indisfarçável, destruir as teorias conspiratórias que proliferaram depois da morte de Kennedy.
O promotor mostra que aqueles que produzem essas histórias e as defendem são gênios, alguns muito bem-intencionados, outros simplesmente profissionais da ilusão, embusteiros disciplinados, dispostos a mentir por dinheiro e fama, como o cineasta de JFK, Oliver Stone. Bugliosi entrevistou todas as pessoas que ajudaram Oliver Stone a coletar "dados" para o filme. Sem exceção, os pesquisadores relatam a obsessão do cineasta em recolher apenas relatos de pessoas que "discordem da versão oficial". O filme é o resultado dessa escolha. Em vez de ouvir, por exemplo, os cirurgiões e intensivistas que atenderam o presidente Kennedy no Parkland Hospital, de Dallas, onde ele chegou ainda com vida, Stone só entrevistou Charles ("Chuck") Crenshaw, um médico residente que foi até a sala de trauma número 1, onde Kennedy era atendido. Ele chegou ali sem ser convidado e o deixaram ficar apenas porque os especialistas estavam fora da cidade participando de um congresso médico. Crenshaw ficou dez minutos ao lado de Kennedy, ajudou a passar um cateter por algum vaso da perna do presidente na tentativa de fazê-lo chegar ao coração e reanimar suas batidas. Em vão. Crenshaw saiu da sala, do hospital e reapareceu anos depois com um livro sensacionalista intitulado A Conspiração do Silêncio.
Atrás apenas de Oliver Stone, o alvo preferido do promotor Bugliosi é o inglês Nigel Turner, produtor inglês de documentários autor de Os Homens que Mataram Kennedy, um filme exibido apenas na televisão na Inglaterra e nos Estados Unidos mas que foi visto por cerca de 100 milhões de pessoas. "O filme é simplesmente um desastre", diz Bugliosi. Ele pode ser visto ainda hoje dividido em seis capítulos no site do Google Video. É mesmo um desastre. Depois de dar vazão a todo tipo de teoria, o filme se concentra nos achados de um roteirista de Hollywood que, trabalhando sozinho, diz ter desvendado o mistério da morte de Kennedy. Seus assassinos, o filme não tem dúvida, foram contratados pela Máfia americana e vieram todos de Marselha, na França. A fonte do roteirista? Um traficante de drogas preso mas que se diz inocente e se propõe a contar tudo o que sabe sobre a morte de Kennedy em troca de sua liberdade. Bugliosi levanta minuciosamente a vida de cada um dos acusados pelo misterioso traficante e descobre que no dia do crime um estava, a serviço, a bordo de um navio militar francês em alto-mar e os outros dois se encontravam presos, cumprindo pena em presídios na França. Confrontado com esses fatos, o diretor Nigel Turner não vacilou: "São assassinos, você sabe. Assassinos sempre têm álibis".
O bravo promotor não se abate. Tem casca grossa e traquejo profissional para lidar com embusteiros. Em um dia ruim, ele é melhor do que os Stones e Turners da vida em seus melhores dias. Ele ataca as questões em todas as suas dimensões. Examina os aspectos psicológicos, técnicos, jurídicos, as circunstâncias familiares e sociais de cada uma das figuras vitais do livro. O perfil de Lee Oswald é, obviamente, o mais completo. Bugliosi revira todas as entranhas da vida do assassino de John Kennedy – suas visitas à antiga União Soviética, a Cuba e a seus amigos comunistas. Penetra nos labirintos psicológicos do assassino. Descreve manias, trejeitos, obsessões, fraquezas e a decisão mais profunda de "matar algum desses bastardos". Na preparação para atirar em Kennedy, Oswald tentou, sete meses antes, assassinar a tiros um general americano chamado Edwin Walker, mas falhou. Bugliosi mostra que, ao contrário do que propagam os conspiracionistas, Oswald, um ex-fuzileiro naval americano, tinha uma arma eficiente nas mãos e era excelente atirador. Os registros militares demonstram a consistência de atirador de elite. A mulher de Oswald, Marina, conta que ele praticava tiro ao alvo "todos os dias". Usava sempre o mesmo fuzil, um Carcano, arma de longo alcance que era, então, adotada oficialmente pelo Exército italiano. Oswald comprou o fuzil por 12 dólares e com ele matou John Kennedy. Diz Bugliosi: "Ele atirava tão bem com aquela arma que minha convicção é que nem precisou usar a mira telescópica para acertar a cabeça do presidente".
Demolidas as teorias mais estapafúrdias, o promotor centra fogo nas duas mais controversas e sérias questões: a chamada "bala mágica" e o fato de Oswald ter sido assassinado à queima-roupa por Jack Ruby, eliminando assim a chance de o suspeito ir a julgamento. A teoria da "bala mágica" é desmontada com a precisão de um relojoeiro. Ele não deixa dúvida. Os conspiracionistas estão errados quando sustentam que seria impossível uma mesma bala entrar pelas costas de Kennedy, sair pelo pescoço em um ponto acima do de entrada e depois ter atravessado o peito do governador John Connally, que viajava na limusine no banco logo na frente do presidente. Dali a bala seguiria em seu balé mágico até o punho de Connally para depois ferir-lhe a perna esquerda e cair mansamente no chão do carro. A bala foi encontrada, após tantas peripécias, quase intacta, na maca em que Connally foi levado para o hospital onde se recuperou dos ferimentos sofridos. Bugliosi demonstra que a bala não fez curvas. Ela atravessou como uma seta "carnes moles" no corpo de Kennedy e Connally, tendo encontrado um obstáculo mais resistente apenas no punho do governador (veja o quadro). O promotor mostra fotografias do projétil feitas em outros ângulos e que destroem as insinuações de que ele foi encontrado intacto.
Vincent Bugliosi chega então ao ponto mais perigoso de sua travessia, a explicação de que Jack Ruby não matou Lee Oswald em uma operação de "queima de arquivo". O promotor entra de sola com a força de convencimento lógico que o ajudou a condenar antes 21 assassinos em Los Angeles. O famoso jogador de futebol americano O.J. Simpson, acusado de matar a ex-mulher e o amante dela, escapou de ser processado por Bugliosi em 1995, mas não da condenação. No livro Outrage (Indignação), o promotor refaz o trabalho que a acusação não fez no julgamento real e com simplicidade demonstra como O.J. Simpson matou e se safou das garras da lei.
A bala mágica era um espinho na garganta a asfixiar as conclusões da Comissão Warren, o grupo de notáveis que examinou o assassinato de Kennedy nos anos 60. A comissão, que levou esse nome por ser chefiada pelo inatacável Earl Warren, presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, concluiu pela culpa exclusiva de Oswald. Segundo o Relatório Warren, Oswald agiu sozinho, tendo disparado três tiros contra a limusine presidencial. Um errou o alvo totalmente, o outro produziu ferimentos leves em Kennedy e Connally e um terceiro estourou os miolos do presidente. Bugliosi tirou esse espinho. Mas e o outro? Como explicar que Ruby possa ter burlado a vigilância e matado o suspeito antes que ele pudesse ser julgado e contar quais eram seus motivos, quem eram seus comparsas? O promotor, calma e metodicamente, mostra que Ruby matou Oswald por impulsividade, motivado pelo desejo de vingança e para satisfazer sua vontade interior, imperiosa de "fazer alguma coisa boa pelos Estados Unidos e por Dallas". Jack Ruby amava Kennedy como a um deus. Nas horas que se seguiram ao assassinato, Ruby chorava como uma criança e beijava constantemente uma foto do presidente que trazia no bolso do terno. Ruby morreu de câncer, na cadeia, condenado pela morte de Oswald. Os 2,5 quilos de verdade produzidos pelo severo promotor de Los Angeles vão enterrar para sempre as teorias conspiratórias sobre a morte de John Kennedy? Deveriam. Mas não vão. Nem Vincent Bugliosi acredita nisso.
Comentário do Arquivo - Procuramos aqui sempre que possível expor os dois lados da moeda, como é de praxe, para que o internauta tire suas própiras conclusões. Para nós ainda há coisas muito estranhas relativas a esse covarde assassinato. Curiosamente outra morte tão ou mais famosa esta ligada, a nosso ver, a este crime: a de Marilyn Monroe ! Outro fato curioso e extremamente conveniente foi a o assassinato do próprio acusado Lee Oswald. Temos aqui, em nossa modesta opinião, TRÊS assassinatos claros ! Fatos como estes JAMAIS acontecem por mero acaso, há muita sujeira escondida embaixo desse tapete...e que melhor forma de ridicularizar tais opiniões do que transformá-las em Teorias da Conspiração?? Com absoluta e total certeza.....HA MUITO MAIS COISAS ENTRE O CÉU E A TERRA DO QUE SONHA A NOSSA VÃ FILOSOFIA !!!
A mão da KGB no assassinato de JFK: a nova prova
Por Ion Mihai Pacepa, 25/11/2013 - “Para entender realmente os mistérios da espionagem soviética, de nada ajuda ver um filme de agente secreto ou ler um romance de espiões, pois isto é apenas diversão. Você precisa ter vivido naquele mundo de segredo e falsidade durante uma vida, como eu vivi, e mesmo assim pode não entender o que está acontecendo nos momentos mais obscuros, a menos que seja um dos pouquíssimos no topo da pirâmide.”
O presidente John F. Kennedy foi assassinado faz 50 anos, e a maior parte das pessoas ainda acredita erroneamente que o culpado foi a CIA ou o FBI, a máfia ou os empresários conservadores americanos. Também há 50 anos, o Kremlin deu início a uma intensa operação de desinformação mundial, de codinome “Dragon”, destinada a desviar a atenção da ligação da KGB com Lee Harvey Oswald. Há uma conexão entre os fatos: Oswald era um marine americano que desertou para Moscou, retornou aos Estados Unidos três anos depois com a sua esposa russa, matou o presidente Kennedy e foi preso antes de conseguir pôr em prática o seu plano de fugir para Moscou. Em uma carta datada de 1° de julho de 1963, Oswald pediu à embaixada soviética em Washington, D.C., para conceder à sua esposa um visto imediato de entrada na União Soviética e outro para ele separadamente (na carta, “separadamente” está escrito com erro de ortografia e sublinhado).
A operação “Dragon” do Kremlin está descrita no meu livro Programmed to Kill: Moscow’s Responsibility for Lee Harvey Oswald’s Assassination of President John Fitzgerald Kennedy. Em 2010, este livro foi exibido na Organization of American Historians junto com uma resenha do professor Stan Weber (McNeese State University). Ele descreveu o livro como um “novo e excelente trabalho exemplar sobre a morte do presidente Kennedy” e “leitura obrigatória por toda e qualquer pessoa interessada no assunto”. [1]
Programmed to Kill é uma análise real do crime do século da KGB cometido durante a era Khrushchev. Naqueles dias, o antigo conselheiro chefe da KGB na Romênia havia se tornado o comandante do onipotente serviço de espionagem estrangeiro soviético e me levou para os mais altos círculos da camarilha da inteligência do bloco soviético. O meu livro também contém uma apresentação real dos frenéticos esforços de Khrushchev para proteger o seu traseiro. Lembrando-se de que o assassinato do arquiduque Franz Ferdinand pelo terrorista sérvio Gavrilo Princip, em 1914, havia dado início à Primeira Guerra Mundial, Khrushchev temia que o conhecimento pelos EUA do envolvimento da KGB com Oswald podia ser o estopim da primeira guerra nuclear. Os interesses de Khrushchev coincidiram com os interesses de Lyndon Johnson, o novo presidente americano, prestes a enfrentar eleições em menos de um ano, e qualquer conclusão implicando a União Soviética no assassinato forçaria Johnson a tomar uma ação política ou militar indesejada, prejudicando ainda mais a sua popularidade, já baixa por causa da guerra no Vietnã.
De acordo com novos documentos da KGB, disponíveis após Programmed to Kill ter sido publicado, o esforço soviético para desviar a atenção do envolvimento da KGB no assassinato de Kennedy começou no dia 23 de novembro de 1963 – o dia imediatamente seguinte ao dia em que Kennedy foi morto – e teve início com um memorando para o Kremlin assinado pelo comandante da KGB Vladimir Semichastny. Ele pediu ao Kremlin para publicar imediatamente um artigo em um “jornal progressista em um dos países do Ocidente… mostrando a tentativa, por círculos reacionários nos EUA, de tirar a responsabilidade pelo assassinato de Kennedy dos verdadeiros criminosos, (ou seja), os racistas e ultra-direitistas, culpados pela propagação e crescimento da violência e terror nos Estados Unidos”.
O Kremlin concordou. Dois meses mais tarde, R. Palme Dutt, editor de um jornal britânico controlado pelos comunistas chamado Labour Monthly, assinou um artigo levantando o espectro do envolvimento da CIA sem oferecer a mínima prova. “(A maior parte d)os comentaristas” Dutt escreveu “suspeita de um golpe de ultra-direitistas ou racistas de Dallas… (que), com a manifesta cumplicidade necessária por parte de uma ampla gama de autoridades, exibe todos os carimbos de um trabalho da CIA”. A carta super secreta de Semichastny e o subsequente artigo de Dutt foram reveladas pelo ex-presidente russo Boris Yeltsin no seu livro The Struggle for Russia, publicado 32 anos após o assassinato de Kennedy.
Não é de admirar que Yeltsin tenha sido desalojado do palácio por um golpe da KGB transferindo o trono do Kremlin para as mãos da KGB – que ainda o segura com firmeza. Em 31 de dezembro de 1999, Yeltsin surpreendeu a Rússia e o resto do mundo ao anunciar a sua aposentadoria. “Entendo que devo fazê-lo” (2) explicou, falando em frente a uma árvore festivamente decorada para o Ano Novo junto a uma bandeira russa azul, vermelha e branca e uma águia russa dourada. Yeltsin em seguida assinou uma lei “no uso dos poderes do presidente russo” declarando que, sob o Artigo 92 Seção 3 da Constituição Russa, o poder do presidente russo seria temporariamente exercido pelo Primeiro Ministro Vladimir Putin, a partir do meio-dia de 31 de dezembro de 1999. (3) De sua parte, o recentemente designado presidente assinou um decreto perdoando Yeltsin, supostamente ligado a pesados escândalos de suborno, “de quaisquer possíveis delitos” e concedendo a ele “total imunidade” a processos (ou até mesmo investigações e interrogatórios) referentes a “toda e qualquer” ação realizada durante o governo. Putin também deu a Yeltsin uma pensão vitalícia e uma dacha do estado (4).
Logo em seguida, a pequena janela no arquivo da KGB, aberta com estrondo por Yeltsin, foi fechada silenciosamente. Felizmente, antes disso ele foi capaz de revelar o memorando de Semichastny, responsável por gerar a conspiração Kennedy que nunca mais parou.
O artigo de Dutt foi seguido pelo primeiro livro sobre o assassinato de JFK publicado nos Estados Unidos: Oswald: Assassin or Fall Guy? Escrito por um antigo membro do Partido Comunista da Alemanha, Joachim Joesten, foi publicado em Nova Iorque em 1964 por Carlo Aldo Marzani, antigo membro do Partido Comunista Americano e agente da KGB. O livro de Joesten alega, sem fornecer nenhuma prova, que Oswald era “um agitador do FBI com passado na CIA”. Documentos altamente secretos da KGB contrabandeados da Rússia pelo desertor Vasili Mitrokhin, com a ajuda do MI6 britânico, em 1993 – bem depois das duas investigações do governo americano sobre o assassinato terem sido concluídas – mostram que no início dos anos 1960, Marzani recebeu subsídios num total de 672 mil dólares do Comitê Central do Partido Comunista. Isto levanta a questão do porquê Marzani ter sido pago pelo partido e não pela KGB, da qual era agente. A carta recentemente liberada de Semichastny nos dá a resposta: no dia seguinte ao do assassinato, o Kremlin assumiu o controle da operação de desinformação destinada a culpar os Estados Unidos pelo assassinato de JFK. Por este motivo, Oswald: Assassin or Fall Guy? foi promovido por uma operação conjunta do partido com a KGB.
A primeira resenha do livro, altamente elogiosa, foi assinada por Victor Perlo, membro do Partido Comunista Americano, e publicada em 23 de setembro de 1964 na publicação New Times, a qual eu conhecia como uma fachada da KGB por ter sido impressa uma vez na Romênia. Em 9 de dezembro de 1963, o jornalista “progressista” americano I. F. Stone publicou um longo artigo no qual tentou justificar porque os Estados Unidos haviam assassinado o seu próprio presidente. Ele chamou Oswald de louco direitista, mas colocou a culpa real na “belicosa Administração” dos Estados Unidos, que estava tentando vender para a Europa uma “monstruosidade nuclear”. Stone foi identificado como agente pago da KGB, de codinome “Blin”.
Joesten dedicou o seu livro a Mark Lane, esquerdista americano autor, em 1966, do best-seller Rush to Judgment, segundo o qual Kennedy fôra assassinado por um grupo americano conservador. Documentos do Arquivo Mitrokhin mostram que a KGB enviou indiretamente dinheiro para Mark Lane (dois mil dólares) e que o agente da KGB Genrikh Borovik mantinha contato regular com ele. Outro desertor da KGB, o coronel Oleg Gordievsky (antigo chefe do posto da KGB em Londres) identificou Borovik como cunhado do general Vladimir Kryuchkov; Kryuchlov se tornou comandante da KGB em 1988 e em agosto de 1991 liderou o golpe em Moscou tentando recriar a União Soviética.
O ano de 1967 viu a publicação de mais dois livros atribuídos a Joesten: The Case Against Lyndon Johnson in the Assassination of President Kennedy e Oswald: The Truth. Ambos sugeriam que o presidente Johnson e a CIA haviam matado Kennedy. Logo foram seguidos por A Citizen´s Dissent, de Mark Lane (1968). Lane também viajou bastante mundo afora pregando que os Estados Unidos eram um “estado policial do FBI” responsável pela morte do seu próprio presidente.
Com tais livros, a conspiração sobre Kennedy nascera, e jamais morreria. A crescente popularidade dos livros sobre o assassinato de JFK encorajou todo o tipo de gente com qualquer conhecimento remotamente relacionado com o assunto a entrar na festa, cada qual vendo os eventos a partir de sua limitada perspectiva. Alguns milhares de livros foram escritos sobre o assassinato de Kennedy, e a hemorragia continua. A despeito desta crescente montanha de papel, uma explicação satisfatória da motivação de Oswald ainda precisa ser dada, primeiramente porque a importante dimensão do assunto da política externa soviética e da prática da inteligência soviética no fim dos anos 1950 e no começo dos anos 1960 ainda não foi relacionada com Oswald por nenhuma autoridade competente. Por que não? Porque nenhuma destas autoridades jamais pertenceu à KGB, nenhuma tem familiaridade com o seu modus operandi.
Por sua própria natureza, a espionagem é um empreendimento enigmático e dúbio, e nas mãos dos soviéticos desenvolveu-se e virou uma filosofia completa, onde cada aspecto tinha o seu próprio conjunto de regras testadas e precisas e seguia um padrão fixo. Para entender realmente os mistérios da espionagem soviética, de nada ajuda ver um filme de agentes secretos ou ler um romance de espiões, pois isto é apenas diversão. Você precisa ter vivido naquele mundo de segredo e falsidade durante uma vida, como eu vivi, e mesmo assim pode não entender o que está acontecendo nos momentos mais obscuros, a menos que seja um dos pouquíssimos no topo da pirâmide.
Por isso, fiz uma curta apresentação destes momentos sombrios, cruciais para entender como o Kremlin tem sido capaz de fazer todo mundo de bobo, levando todos a acreditar que os Estados Unidos mataram um dos seus mais amados presidentes. Clique aqui para ler “11 Facts That Destroy JFK Conspiracy Theories”. Vamos juntos retornar àquele mundo de espionagem e falsidade soviéticas. Ao fim do nosso resumo, espero que você concorde comigo de que os soviéticos têm uma mão no assassinato do presidente Kennedy. Também espero que depois você veja com olhos diferentes futuros documentos referentes ao assassinato de JFK. Talvez você possa descobrir manobras soviéticas/russas neles ocultas.
Notas:
1 - Stan Weber, “A New Paradigmatic Work on the JFK Assassination,” H-Net Online, October 2009, http://www.h-net.org/reviews/showrev.php?id=25348
2 - Barry Renfrew, “Boris Yeltsin Resigns,” The Washington Post, December 31, 1999, 6:48 a.m.
3 - Matt Drudge Report, December 31, 1999, 11:00 AM UTC.
4 - Ariel Cohen, “End of the Yeltsin Era,” The Washington Times, January 3, 2000, Internet Edition, cohen-20000103.
Publicado no site PJ Media em 20 de novembro.
Ion Mihai Pacepa, general da Securitate, a polícia política romena, é o oficial de mais alta patente que desertou do bloco comunista.
Tradução: Ricardo Hashimoto
Fontes: http://pt.wikipedia.org/wiki/Assassinato_de_John_F._Kennedy
Granma Internacional
http://forum.g-sat.net/showthread.php?t=164169
http://blog.controversia.com.br
http://www.genealogy.com/users/f/i/g/Dan-C-Fig/index.html
http://arquivoetc.blogspot.com.br