Mistérios do Cosmos

O Incrível Caso Ufológico da Ilha do Caranguejo: Um Mistério Sem Respostas

O Incrível Caso Ufológico da Ilha do Caranguejo: Um Mistério Sem Respostas

Em uma manhã ensolarada e quente, quatro pescadores maranhenses zarparam de São Luís rumo à Ilha do Caranguejo, localizada a 25 km ao sul, na Baía de São Marcos. José Souza, de apenas 22 anos, estava entre eles.

Saudável e sem histórico de doenças, ele jamais poderia imaginar que seria sua última viagem. José, junto de seus irmãos Apolinário (31) e Firmino (38), e seu primo Auleriano Bispo Alves (36), embarcaram em um velho barco corroído, como faziam habitualmente, para cortar mastros de madeira.

Mas, naquela noite, algo terrível aconteceu.

A Ilha do Caranguejo, uma extensão de 40 km de comprimento por 11 km de largura, é uma região isolada, pantanosa e praticamente deserta, infestada de mosquitos e coberta de arbustos. Os poucos que se aventuram por lá vão em busca de madeira ou caranguejos. Naquele dia, os quatro homens passaram a tarde cortando árvores e empilhando troncos, planejando vender o material para construções simples. Após o árduo trabalho, por volta das 18h, fizeram uma refeição de carne e arroz e se prepararam para descansar no barco até a maré subir.

 Ilha do Caranguejo firmino

O plano era acordar à meia-noite, quando a maré enchesse, carregar os troncos e retornar a São Luís. A rotina era familiar para José, Apolinário e Auleriano, que já haviam feito essa viagem inúmeras vezes. No entanto, Firmino, novato na empreitada, mal sabia que essa seria uma noite que jamais esqueceria — ou lembraria, de fato, devido aos eventos inexplicáveis que se desenrolariam.

 Ilha do Caranguejo firmino doente

O Silêncio da Meia-noite

Por volta das 5h da manhã, muito além do horário habitual, Apolinário foi o primeiro a despertar, intrigado com os gritos de socorro que vinham da parte dianteira do barco. Auleriano, que havia dormido na traseira, estava deitado em uma poça d'água na área de carga, com dores intensas e sem qualquer lembrança de como chegara até ali. Ao ser retirado da água por Apolinário, foi constatado que ele tinha queimaduras nas escápulas e nas nádegas, mas, estranhamente, sua roupa permanecia intacta.

Apolinário então se voltou para verificar o restante da tripulação. Ao se aproximar de Firmino, que deveria estar dormindo na parte dianteira do barco, encontrou-o na traseira, gravemente queimado e inchado. Sua pele estava se descolando, e ele não respondia a estímulos. Com medo crescente, Apolinário correu até a rede de José, buscando ajuda. Foi nesse momento que o horror atingiu seu ápice. José estava morto, com o corpo já enrijecido, sua perna pendendo para fora da rede. Não havia sinais evidentes do que poderia tê-lo matado.

 Ilha do Caranguejo localização

O Desespero e a Viagem de Volta

Apolinário, tomado pela tristeza e pelo desespero, sabia que era o único capaz de salvar os outros dois homens. O barco estava preso na lama, e ele precisou esperar até as 14h para que a maré subisse e fosse possível começar a viagem de volta. Sem ajuda, ele precisou manobrar o barco de 12 metros sozinho. José jazia sem vida, Firmino permanecia inconsciente, e Auleriano se contorcia de dor pelas queimaduras inexplicáveis.

A jornada de volta a São Luís foi árdua. Apolinário, um homem de pequena estatura, lutava contra as ondas e o cansaço, enquanto Firmino rolava pelo chão da cabine, inconsciente. Ao anoitecer, o barco finalmente chegou ao porto, mas o pesadelo de Apolinário estava longe de terminar. Sem socorro imediato no local, ele precisou caminhar 10 km até a cidade para alertar as autoridades e buscar ajuda.

Firmino foi levado ao hospital em estado grave, enquanto Auleriano, mesmo com queimaduras dolorosas, ficou no barco ao lado do corpo de José até que a polícia chegasse. A autópsia não foi realizada devido ao avançado estado de decomposição do corpo de José, e a causa da morte foi registrada como um “acidente vascular cerebral, causado por choque emocional”.

A Mídia Entra em Cena

A primeira resposta veio rapidamente: os jornais e as estações de rádio de São Luís se apressaram em conectar o evento a avistamentos recentes de OVNIs. Não era incomum na época – a ideia de luzes misteriosas no céu fascinava o público. Embora os homens a bordo do barco não tenham relatado avistamentos diretos de OVNIs, o mistério em torno do que havia ocorrido naquela noite fez a mídia local criar uma narrativa. No entanto, apesar da cobertura intensa em São Luís, o caso não ganhou notoriedade nacional. Ficou restrito, inicialmente, às margens da Baía de São Marcos.

 Ilha do Caranguejo apolinário em hipnose

Roberto Granchi, filho da famosa ufóloga Irene Granchi, foi uma das primeiras pessoas fora da região a ouvir sobre o caso. Sua curiosidade o levou a conversar com um dos sobreviventes, Auleriano, e a compartilhar a história com sua mãe, que, por sua vez, repassou as informações a pesquisadores da área. Foi assim que a história começou a ganhar forma e atraiu o interesse de outros estudiosos do fenômeno OVNI.

A Investigação: Queimaduras Estranhas e Teorias Conflitantes

O que tornou o caso da Ilha do Caranguejo tão desconcertante foram as queimaduras inexplicáveis nos corpos dos sobreviventes. O chefe da polícia local, Clésio Muniz, ficou intrigado com a natureza das lesões. "Eu vi aqueles homens com queimaduras estranhas que não pareciam ser causadas por um fogo comum", disse ele.

E aqui começa a parte mais estranha: enquanto alguns médicos e investigadores sugeriram que um raio poderia ter sido o responsável, essa teoria não se sustentava completamente. O Dr. Carneiro Belfort, diretor do Instituto Médico Legal na época, examinou um dos sobreviventes, Firmino, e embora as queimaduras se assemelhassem às causadas por um raio, ele não podia garantir que essa tivesse sido a causa. "Firmino falou sobre ter visto um fogo antes de desmaiar", relembrou Belfort, deixando no ar a questão sobre o que, exatamente, causou o incidente.

Um segundo médico, Dr. José Oliveira, também apoiava a hipótese do raio, mas observou que, se fosse o caso, o barco e as roupas dos pescadores também deveriam ter sido danificados – o que não aconteceu. E havia ainda outro problema: Apolinário, um dos pescadores, que estava na parte mais baixa do barco, a mais próxima da água, deveria ter sido o primeiro a ser atingido pelo raio, mas saiu ileso. Isso complicava ainda mais as investigações, especialmente quando registros meteorológicos indicavam que não houve tempestades nem relâmpagos naquela noite.

 Ilha do Caranguejo laudo corpo delito

Hipnose e o Bloqueio Misterioso

Como se as teorias de raios e OVNIs não fossem suficientes, o mistério deu uma guinada ainda mais intrigante quando o Dr. Sílvio Lago, um médico experiente em hipnose, foi chamado para ajudar. Ele passou horas entrevistando e hipnotizando os sobreviventes, na esperança de que suas memórias pudessem fornecer respostas. No entanto, o que encontrou foi ainda mais perturbador: os homens pareciam sofrer de um bloqueio mental, incapazes de se lembrar de qualquer coisa significativa após terem ido dormir.

Esse tipo de bloqueio não era comum, segundo Lago. Ele sugeriu que algo mais profundo, além de trauma emocional, estava em jogo. "Uma hipnose muito profunda pode ter sido usada para impedir que eles se lembrassem de qualquer coisa", especulou o médico. O fato de Apolinário, que não tinha ferimentos, também ter esse bloqueio, indicava que algo extraordinário poderia ter ocorrido.

Troca de Lugares e Teorias Fantásticas

Outro detalhe que adiciona um toque surreal ao caso é o fato de que, ao acordarem, Firmino e Auleriano haviam trocado de posição a bordo do barco. Firmino, que dormia na parte da frente, foi encontrado nos fundos, enquanto Auleriano, que estava na popa, acordou na proa. Nenhum dos dois conseguia explicar como isso aconteceu. Para muitos, essa era a evidência de que algo além da compreensão humana havia ocorrido – talvez, especulava-se, os homens foram removidos do barco por uma força desconhecida, submetidos a algum tipo de experiência e depois recolocados no lugar errado.

 Ilha do Caranguejo laudo delito 2

Essa hipótese, embora fantástica, tem seus adeptos. Aqueles familiarizados com os fenômenos ufológicos não hesitam em sugerir que os pescadores possam ter sido abduzidos por uma nave extraterrestre. Os detalhes inexplicáveis – desde as queimaduras, passando pelo bloqueio de memória, até a troca de lugares – formam um quebra-cabeça que, para muitos, só pode ser resolvido com uma intervenção alienígena.

Problemas de saúde

Quando me encontrei com os três sobreviventes do misterioso incidente na Ilha do Caranguejo, esperava que suas mentes, de alguma forma, tivessem desbloqueado as memórias adormecidas daquele dia fatídico. No entanto, mesmo após todos esses anos, suas lembranças continuavam lacradas, como se o tempo fosse incapaz de desfazer o nó desse mistério. Voltei a São Luís em 1981 para conversar com Auleriano e Apolinário, e novamente em 1992, quando os três se reuniram comigo. Nenhum deles tinha qualquer recordação. Impressionante, né?

A questão intrigante não é apenas a perda de memória, mas também o efeito duradouro na saúde deles. Firmino e Auleriano, que sofreram queimaduras graves, atualmente desfrutam de boa saúde. Apolinário, no entanto, que saiu do incidente sem marcas físicas, tem enfrentado problemas. Cerca de um ano e meio após o ocorrido, ele começou a sentir fraqueza no braço esquerdo. Quando o entrevistei em 1981, ele já não conseguia segurar nada com a mão esquerda sem derrubar. Em 1992, com apenas 46 anos, ele tinha pouca força, dores de cabeça frequentes e dificuldade para andar. A estranheza? Ele nunca sofreu acidentes ou doenças que justificassem isso.

 Ilha do Caranguejo lesão corporal

Firmino, que no passado havia perdido peso e parecia, segundo a esposa, meio “desorientado”, agora está de volta à sua robustez e clareza mental. Embora sua mão esquerda esteja deformada, ele é capaz de realizar trabalhos leves e até administra uma pequena mercearia com sua esposa Maria, em um dos bairros mais humildes de São Luís.

Auleriano, cujas cicatrizes de queimadura quase desapareceram, voltou à Ilha do Caranguejo dois anos após o incidente. Continuou cortando madeira até 1991, sem testemunhar mais nada de incomum. Hoje, ele trabalha como guarda de segurança. Apolinário e Firmino, no entanto, jamais retornaram àquela ilha sinistra.

Um Segundo Mistério: Outro Grupo, Outra Tragédia

Se achou que a história terminava aí, você está enganado. Nove anos depois, em 28 de abril de 1986, outro grupo de quatro homens foi à Ilha do Caranguejo, também para cortar madeira. O cenário parecia se repetir, só que desta vez, uma vida foi perdida, outra ficou gravemente ferida, e duas pessoas sofreram sequelas misteriosas.

Depois de dois dias exaustivos, no final da tarde de 30 de abril, um dos homens, Juvêncio, começou a cozinhar. Veríssimo, um jovem de 21 anos, se queixava de desconforto e pediu alho para esfregar nos braços, acreditando que isso o ajudaria. Mas, de repente, Juvêncio desmaiou. Logo após, os outros dois, Anselmo e Lázaro, também caíram inconscientes. Veríssimo foi o único que não acordou. Quando Lázaro recuperou a consciência, encontrou Veríssimo morto no tombadilho, com sangue escorrendo de sua boca, mas sem marcas visíveis no corpo.

O lado direito da cabeça de Juvêncio estava queimado e inchado, um detalhe perturbador que nos faz pensar: o que causou esse ferimento? Os homens tentaram continuar a carregar a madeira no barco, mas a exaustão e os enjôos os forçaram a voltar para São Luís.

O Forte Estrondo

Assim como no primeiro incidente, nenhum dos sobreviventes conseguia explicar o que aconteceu. Mas havia um detalhe curioso: antes de desmaiarem, os homens ouviram um estrondo ensurdecedor vindo do mato próximo ao barco. No escuro, não conseguiram ver o que provocou o barulho. Um UFO esmagando árvores ao pousar? Ou apenas uma árvore caindo por causas naturais? O som era familiar para eles, mas a causa continua envolta em mistério.

Veríssimo, como Firmino, foi vítima de algo invisível, e novamente, a ligação com um fenômeno extraterrestre se torna uma possibilidade. As autoridades descartaram a ideia de intoxicação alimentar ou gás venenoso. Nenhum cheiro estranho foi percebido, e o que os abateu parecia ter vindo do nada. É curioso que, mais uma vez, o corpo da vítima já estava em avançado estado de decomposição quando o barco chegou a São Luís, inviabilizando qualquer autópsia conclusiva. A causa de morte de Veríssimo? "Não determinada."

Testemunhos Ousados

Durante minhas investigações, um homem da plateia que se reuniu para ouvir Juvêncio compartilhar sua história também relatou ter tido uma experiência com um UFO perto da Ilha do Caranguejo, em 1983. Segundo ele, um objeto brilhante pairou sobre seu barco e lançou uma luz intensa, obrigando ele e seus amigos a se esconderem no mato. Ele não estava sozinho; outros pescadores naquela área também relataram encontros com OVNIs naquele ano.

 Ilha do Caranguejo lesão corporal 2

Quando entrevistei Juvêncio pela última vez em 1992, ele parecia bem de saúde. No entanto, Anselmo e Lázaro, que não entrevistei diretamente, aparentemente não tiveram a mesma sorte. Ambos relatavam sentir dormência nas pernas e tonturas ocasionais. Coincidência? Talvez. Mas a repetição desses sintomas em diferentes incidentes torna difícil ignorar a possibilidade de algo maior em jogo.

E Se Não Foram UFOs?

Apesar de todas as especulações, não há prova concreta de que esses homens realmente tenham se deparado com um fenômeno extraterrestre. Nenhum deles se lembra de ter visto algo estranho. Mas, se não foram UFOs, o que então provocou esses desmaios, queimaduras e mortes? Alguma força invisível, sem dúvida, ainda assombra aqueles que ousam explorar a misteriosa Ilha do Caranguejo.

Notas Curiosas

  • Auleriano é uma variação de Aureliano, um nome comum no Brasil.
  • A semelhança entre as queimaduras de Firmino e um caso em Minas Gerais é inquietante. Uma mulher foi encontrada inconsciente no quintal de sua casa, com queimaduras graves nos braços, sem lembrar de nada. Testemunhas relataram ter visto bolas de fogo no céu nos dias que antecederam o incidente.
  • "Sabe, aquilo foi perigoso", comentou Ana Teresa anos depois. Ela estava certa.

REFERENCIAS: revista ufo, youtube, wiliedia, Ovnis Hoje, Mistérios e Mitos